A Missão escrita por StefaniPPaludo


Capítulo 9
Capítulo 7




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A aula de Júlio me pareceu ter terminado cedo demais, ele explicava bem, mantinha sempre um tom autoritário e superior, mas muito melhor do que se comparado ao Alexandre.
Logo que ele saiu, voltou o Alexandre para dar aula de defesa pessoal. Essa seria a última aula teórica e a partir de manha começariam as aulas práticas onde deveríamos lutar uns contra os outros.
"Que legal!" pensei. Eu estaria mais uma vez em desvantagem: apenas com uma aula teórica. Aposto que eu iria ir muito mal nessa luta, e qualquer que fosse o meu oponente, ele me venceria. Mas não vou me preocupar com isso agora, só amanha, na hora da luta.
Também boiei bastante nessa aula, sem ter presenciado as outras, só que ao contrário da anterior ela demorou para passar e quando terminou eu continuei na sala esperando a próxima aula e só me dei conta de que havia acabado quando meus colegas saíram animados da sala.
Demorei mais um pouco até guardar minhas coisas e fui pela primeira vez ao meu alojamento, onde estaria a minha cama e a de meus colegas. Havia uns 5 alunos lá e eu entrei já procurando minha cama, que não tive dificuldades em encontrar, pois todas tinham o nome do ocupante escrito bem grande na parede em cima da cabeceira da cama. Ela ficava bem ao canto, do lado esquerdo. Percebi que parecia uma cama normal, como a que eu tinha em casa, o que era de surpreender, porque do jeito que as coisas eram ali, já estava desconfiada que todos dormissem no chão frio.
Não pude mais aguentar de cansaço e me deitei de barriga para cima, sentindo um alívio enquanto meus músculos relaxavam. Fechei os olhos por alguns minutos até que ouvi uma voz chamando meu nome:
– Oi Liss- abri os olhos rapidamente e vi na minha frente aquela menina que havia conversado comigo na primeira aula do dia, a morena alta de cabelo curto que havia se apresentado para mim, mas que eu não lembrava mais o nome.
– Oi — respondi, me levantando e me sentando na cama. Eu me recusava a ficar de pé, ainda estava muito cansada.
– Lembra de mim? Sou a Carol .
– Claro que eu lembro. - tentei parecer simpática e convencê-la de que me lembrava quem ela era.
– Então, esse é meu amigo Danilo — ela apontou para um menino ao seu lado, alto e um pouco forte, com cabelos lisos e castanho claro que caiam sobre a testa.
– Prazer senhorita. Sou Danilo Anthoni, ao seu dispôr. - o menino se apressou em apresentar-se ele mesmo, e me deu uma piscadinha com o olho enquanto apertava minha mão.
– O prazer é meu. - sorri, tentando entrar na brincadeira de Danilo e tentando me lembrar de onde eu conhecia seu sobrenome.
– Acho que o seu dia não deve ter sido fácil. O que acha de ir jantar junto com nós?
– Acho ótimo, Carol. Estou mesmo morrendo de fome. - eu sabia muito bem ser simpática e sorrir quando queria, por isso que achava tão estranha estar em um lugar com pessoas tão frias. Mas pensando bem a Carol e o Danilo não me pareciam assim também. Pelo menos para mim eles haviam sido bem simpáticos.
– Ah! Imagino que esteja, hein. Ficar sem almoçar é uma barra. - Danilo mostrou-se solidário comigo e exibiu seu sorriso radiante.
– Também, aquele Alexandre é um nojento. A menina chegou hoje, precisava pegar tão pesado com ela? Nenhum de nós sabia nada no primeiro dia. - foi a vez de Carol me defender.
– Mentira. Eu sabia. Já sabia a maioria dos exercícios e tinha um ótimo preparo físico. - não era de se estranhar então que Danilo já tivesse alguns músculos.
–Você é um caso a parte! Não vale ter alguém que te ensine na família. - parecia que haviam esquecido da minha presença e estavam em uma discussãozinha particular.
Continuaram com isso por mais alguns minutos até que se lembraram que eu estava com fome e me levaram ao refeitório. Ele era exatamente como se imagina o refeitório de uma escola: mesas enormes, com bancos de cada lado, dispostas em fila pelo salão. E em um lugar mais a parte, algumas mulheres vestidas com avental e toca, servindo a refeição para todos.
Não conversamos muito enquanto comíamos e eu deixei meu olhar vagar pelo salão do refeitório, percebendo os grupos de pessoas nas mesas: havia os mais velhos que se sentavam em um canto como se não quisessem se misturar com os demais, os que estavam na meia idade e que conversavam, olhando um para o outro e esquecendo de suas comidas e os mais jovens que se juntavam em grupinhos de 5 a 10 pessoas, conversando, rindo e comendo.
Já estava acabando minha refeição quando percebi entrando pela porta o Júlio. Ele passava rápido pelas mesas, com seu corpo alto e imponente. Sua farda perfeita o fazia parecer ainda mais inabalável. Ele se dirigiu a nossa mesa e se pôs ao lado de Danilo, mas ainda de pé. Cumprimentou eu e a Carol com um leve aceno na cabeça e se abaixou para falar alguma coisa no ouvido do Danilo.
Somente quando ele foi embora que me dei conta: o sobrenome do Danilo era Anthoni, e o do Julio também. E a Carol havia dito que alguém da família havia ensinado a Danilo os exercícios. Estava claro:
–Vocês são irmãos? - perguntei espantada com minha descoberta.
– Somos. Por quê? - Danilo respondeu indiferente.
– Ah... Nada. Só que vocês não são tão parecidos. - na verdade agora reparando bem, os olhos escuros dos dois eram iguais.
Ele riu e deu de ombros. Continuei com a minha curiosidade:
– Mas e como pode vocês dois terem sido designados para a mesma função? Eu sempre soube que irmãos eram separados.
– Nem sempre. E além do mais nosso pai era militar, então nosso sobrenome já é conhecido aqui e herdamos os genes físicos dele.
– Entendi. Mas quer saber de uma coisa? Vocês parecem tão diferentes na personalidade. Você parece bem amigável e seu irmão às vezes me dá um pouco de medo. - Porque eu tava dizendo isso pra ele mesmo?
– Todo mundo diz isso, mas eu não consigo entender o porquê. Ele é bem simpático também. Em casa é melhor do que eu. Melhor nessas coisas de ajudar os outros e tal.
– Eu nunca consigo acreditar quando você me diz isso, Danilo. Quando ele dá aula pra nós parece tão estúpido... - Carol se intrometeu.
Não pudemos deixar de rir do comentário da Carol.
– Acho que ele tem que manter a aparência de durão ou sei lá. Mas aposto que se vocês conhecessem ele de verdade nunca imaginariam que ele viria parar aqui.
– E o que ele queria contigo? - Será que a Carol e o Danilo tinha algum envolvimento amoroso? Ela parecia aquelas namoradas ciumentas que querem saber de tudo.
– Bem... não sei. Pediu que eu fosse pro quarto dele mais tarde. Deve estar com saudades do gostosão aqui. Ele saiu em férias e só voltou hoje. Diz que foi lá numa cidade não sei a onde, acho que o nome é Crytur. Passou um mês inteiro por lá, sem conhecer ninguém, não sei se não tava em uma missão secreta e as férias eram apenas uma desculpa.
Crytur era a minha cidade, e ele havia mesmo passado um tempo lá. Se não conhecia ninguém como poderia ter escolhido aquele local como férias? Não era uma cidade turística. Que cara esquisito.
Quando terminamos nosso jantar, meus novos amigos foram caminhar um pouco por aí, até a hora do toque de recolher. Mas eu resolvi fazer alguma coisa mais produtiva: fui para o alojamento e fiquei lendo os livros que havia recebido, para tentar recuperar a matéria perdida.


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Notas finais do capítulo

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