A brisa fria que dava início ao inverno invadiu todo o cômodo. Os longos cabelos castanhos do Black moveram – se levemente, fazendo-lhe acordar. Seus olhos azuis celestes observaram o lugar. James dormia profundamente na cama ao lado, quase caindo da mesma. Nas camas da frente, Remus estava abraçado a um grosso livro de Defesa Contra As Artes Das Trevas e Peter estava no meio de vários papeis de doces.

Ele sentou e, ainda um pouco embriagado pelo sono, levantou - se. Ao passar pela cama de Remus, observou o relógio que se encontrava no móvel ao lado da mesma, três da manhã.

Porque ele estava acordado às três da manhã? Não fazia a menor ideia.

Foi ao banheiro, lavou o rosto e, como sabia que não conseguiria voltar a dormi tão cedo, desceu as escadas para o salão comunal.

Surpreendeu – se ao perceber que havia uma garota sentada numa das poltronas do local. A mesma observava o fogo crepitar na lareira, parecia estar perdida em pensamentos. Sirius aproximou – se tendo uma visão melhor da mesma. Os cabelos longos e loiros – quase brancos - caiam por sobre os ombros, trajava um grosso roupão e tinha nas mãos uma enorme xícara, que o mesmo deduziu ser de Chocolate Quente.

— Sirius Black, estava imaginando quando você iria aparecer. – A voz da garota era doce e ao mesmo tempo monótona, ela ainda mantinha o olhar fixo no fogo da lareira.

— Vejo que sabe meu nome. Agora, que tal me dizer o seu? – Indagou sentando numa poltrona próxima.

— Prince. Mia Prince. – Respondeu bebendo um pouco do conteúdo da xícara.

— Prince? Acho que nunca ouvi esse sobrenome antes. – O garoto comentou em um sussurro.

— É americano. Eu morei nos Estados Unidos até os 10 anos. – Mia respondeu, dirigindo o olhar para Sirius.

O garoto teve uma visão completa do rosto dela. A pele branca como a neve que começava a cair, os lábios rosados e os olhos mais belos que Sirius já virá, de um verde tão claro que podiam ser comparados ao cinza.

— E em que ano você está? Como nunca te vi por aqui? – Sirius não pode deixar de transparecer sua curiosidade.

— Estou no quinto ano. Talvez você não quisesse me ver. - Ela voltou a observar o fogo

— E por que eu não ia querer te ver? – Indagou depressa.

— Sabe, as pessoas me abandonam, esquecem de mim. Já estou acostumada. – Respondeu a menina.

Ela levantou – se e foi em direção a janela mais próxima. Sirius a seguiu e não pode deixar de observar que, com a luz da lua sobre si, ela ficava ainda mais linda. Sua pele branca brilhava, seus olhos ficavam mais claros, e seus longos cabelos se tornavam loiro prateados. O Black não pode deixar de compara – lá a um anjo.

— Como assim? Porque alguém abandonaria você? – Agora eles estavam frente à frente.

Mia não respondeu, apenas olhou nos olhos de Sirius. E ambos acabaram perdidos naquela troca de olhares. Sirius se aproximou da garota e pousou suas mãos na cintura da mesma, então tomou os lábios dela para si em um delicado selinho. A garota prendeu seus dedos nos cabelos dele, enquanto o mesmo aprofundava o beijo. Seus corpos estavam queimando, Sirius puxou Mia para mais perto de si – se é que isso era possível – e a garota cravou suas unhas no ombro esquerdo dele. Quando o ar começou a lhes faltar, Sirius foi parando o beijo com leves selinhos.

— Você ainda não me respondeu. – Afirmou o garoto com a testa colada na de Mia.

— Eu sou como a neve, no começo, todos adoram. Mas conforme o tempo passa, ela se torna um estorvo. – Ela ainda mantinha os olhos fechados.

— Essas pessoas não passam de idiotas. Você é perfeita. Elas não percebem isso. – Sirius agora acariciava lentamente as bochechas de Mia.

— Você diz isso porque ainda não me conhece direito. – Respondeu a menina agora observando Sirius.

Ele, então, passou seus braços ao redor do pequeno corpo a sua frente e pousou sua cabeça na dela. Mia, por sua vez, passou seus braços ao redor da cintura do maior e enterrou a cabeça em seu peito, se permitindo chorar.

— Mesmo quando te conhecer direito, não irei me decepcionar. Porque todos nós temos defeitos e são esses defeitos que nos fazem especiais. – Sirius comentou enquanto acariciava os cabelos macios de Mia.

Eles continuaram assim por mais alguns minutos, até que Mia afastou a cabeça do peito de Sirius, olhou em seus olhos e lhe deu outro beijo. Dessa vez mais calmo, mas, ainda assim, quente e cheio de paixão.

— Obrigado. – A garota sussurrou baixinho quando se separaram.

— Por nada. – Respondeu ele.

Mia voltou seu olhar para janela, então virou – se para Sirius novamente.

— Acho que já está na hora de você ir. – Comentou a garota.

— Como assim? Ir para onde? – Indagou depressa.

— Não se preocupe, se é esse o seu desejo, você voltará a me ver em breve. – Exclamou a garota com um leve sorriso.

Sirius a tomou em outro abraço.

— Vou te contar uma coisa. Eu sempre gostei da neve. – Ele deu uma piscadela e antes de tudo escurecer pode ver um enorme sorriso no rosto da menina.

Então, o garoto abriu os olhos e percebeu que estava de volta ao seu quarto.

“E tudo não passará de um sonho. Mas com toda certeza, o garoto iria sonhar mais vezes com aquela bela menina. ”