Echos escrita por evyyn


Capítulo 1
Capítulo 1 - Craig, o cobertor


Notas iniciais do capítulo

os acontecimentos deste capítulo acontecem +- um ano antes dos eventos de Fireproof!

para quem ainda não conhece minha fanfic principal, aqui está o link: http://migre.me/pKWdY



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Craig estava parado no meio do quarto de Tweek, olhando para a cama vazia. Ele mordia o piercings em seu lábio enquanto arrastava o pé de um lado para outro, entediado. Ele soltou um longo suspiro antes de falar, pela terceira vez:

- Saia daí de baixo, Tweek.

Silêncio. Craig começava a perder a paciência, mas ao invés de se virar e sair pela porta, ele pegou seu celular e ligou para o celular de Tweek, que começou a tocar debaixo da cama. Tweek xingou baixo e desligou o telefone, mas não cedeu. Craig rolou os olhos e deitou no chão, de lado, ficando de frente para Tweek, que o encarava com os olhos e boca trêmulos.

- Oi. – Disse Craig, com um sorriso torto.

- Vá embora – Respondeu o outro, virando as costas para ele.

- Não me faça ir até aí em baixo te buscar – Craig esticou o braço e alcançou as costas de Tweek, que se afastou ainda mais dele, se espremendo contra a parede.

O sorriso fraco desapareceu do rosto de Craig quando ele pensou em seu tamanho e no tamanho da cama, mas começou a se arrastar para debaixo dela mesmo assim. Em poucos movimentos seu corpo já estava totalmente coberto, mas ele se mantinha afastado de Tweek por alguns centímetros.

- Buu! – Sussurrou Craig na orelha de Tweek, que tremeu inteiro e tentou se afastar ainda mais do outro, sendo impedido pela parede.

- Por que você está tão bravo, Tweek? – Craig, que estava acostumado a ser aquele que ignorava as pessoas, abria uma exceção para uma troca de papéis quando se tratava de Tweek.

Ele sabia que o loiro não iria responder e então, já sabendo a resposta, continuou a conversa:

- Eu disse não. – Craig puxou levemente o braço de Tweek para que pudessem se olhar – Eu sempre digo não. Você sabe disso.

- AAHH! – Tweek pulou, batendo a cabeça no estrado da cama – Ai! Não é nada disso. Eu não me importo.

Tweek finalmente virou de frente para Craig, com uma expressão furiosa, como se o estivesse enfrentando enquanto uma mão esfregava a cabeça, onde ele a tinha batido.

- Viu? Vamos sair daqui antes que você se machuque de novo.

- Não! – Tweek puxou seu braço, soltando-o do aperto de Craig – Vá se foder, Craig! Me deixe sozinho! GAAH! Estou pouco me fodendo pra você. Eu só quero ficar aqui em baixo. Sozinho.

Craig mordeu o lábio novamente, segurando o riso. Tweek podia ter uma boca muito suja quando estava em seu estado “sob pressão! Muita pressão! Gaaah!”.

- É claro que você se importa. – Disse Craig, afastando o cabelo de Tweek da testa, revelando uma grande área avermelhada que estava começando a inchar – Você gosta de mim.

Tweek fez uma careta enquanto Craig passava o dedão sobre o galo recém-formado.

- Você pode sair com a maldita garota que quiser. Eu não gosto de você.

- Eu não quero sair com garota nenhuma. Quero ficar aqui, embaixo dessa merda de cama, com você. – Craig tentou ficar mais confortável virando-se de barriga para cima, passando seu braço por debaixo do pescoço de Tweek. Seu braço e sua perna direitos ficaram para fora da cama.

Tweek não respondeu, mas se aconchegou automaticamente apoiando a cabeça no peito de Craig, como fazia desde que eram crianças. Começou com um indo a casa do outro para assistir desenhos, Craig gostava de chamar Tweek para ir em sua casa porque o garoto loiro gostava muito de Stripes, seu porquinho-da-índia. Com o passar dos anos, passavam mais tempo um na casa do outro do que em suas próprias casas, e durante as sessões de filmes na madrugada, Tweek sempre era o primeiro a adormecer, sempre usando Craig como travesseiro. Craig não se importava nem um pouco, pelo contrário, se sentia extremamente confortável ao perceber que Tweek finalmente se acalmava quando estava com ele, dormido em paz. Craig gostava de tê-lo por perto, e nenhum dos dois sabia direito quando aquilo tinha passado de ser somente uma amizade para “algo mais”. Talvez tenha sido assim desde sempre.

Craig chegou a sair com algumas garotas - e um garoto -, mas percebeu que nenhuma das duas coisas tinha muita graça para ele. Até que em uma dessas noites em que os dois estavam em seu quarto, assistindo a um daqueles documentários sobre atividade paranormal que estava passando na TV a cabo, Craig olhou para Tweek, que estava assistindo a TV todo embolado no edredom de Craig com medo do documentário, e Tweek o olhou de volta, com olhos amedrontados. Naquele instante Craig sentiu vontade de beijá-lo. Eles deviam ter 14 anos na época, mas Craig não ficou nem um pouco confuso. Naquele momento ele entendeu o que queria, e era Tweek. E de alguma forma tinha quase certeza de que Tweek o queria também. Sem pensar muito sobre o que ele estava fazendo, ele abaixou o edredon da cabeça de Tweek e o beijou.

Naquele dia, Tweek saiu correndo da cama e ficou trancado no banheiro até às três da manhã. Craig ficou sentado do lado de fora esperando pacientemente para que Tweek a abrisse, escrevendo alguns bilhetes e os passando por debaixo da porta, já que não podiam falar alto para não acordar seus pais, que dormiam no quarto no final do corredor.

“Se você abrir a porta, desço agora na cozinha para te fazer café”, dizia um dos bilhetes, que fez Tweek quase abrir a tranca, mas voltou a fechá-la. “Se você sair daí prometo nunca mais te beijar”, dizia outro bilhete, mas o silêncio se seguiu. Craig deu um sorriso e escreveu o último bilhete: “Se você não sair agora, nunca mais tento te beijar”. Tweek demorou alguns segundos para abrir a porta, mas não saiu. Craig entrou no banheiro e o puxou para fora, descendo as escadas para preparar o prometido café, e tentar aquele beijo novamente. E desde então assim têm sido as madrugadas quando um passa a noite na casa do outro... Filmes, beijos e café.

Craig aninhou-o, puxando-o para mais perto e pousando o queixo com cuidado no lado da testa de Tweek que não estava machucado, e só falou novamente quando sentiu as batidas do coração de Tweek diminuírem, sinal de que ele havia se acalmado.

- Eu gosto de você. – A voz de Craig saiu baixa e rouca, e ele pôde sentir o próprio hálito quente na pele de Tweek.

Craig sentiu as mãos de Tweek agarrarem com força sua camiseta enquanto o loiro escondia o rosto no tecido, tentando se esconder das palavras de Craig, que por sua vez usou a mão do braço que envolvia Tweek para levantar o rosto do garoto. Craig o encarou por um longo minuto, até ter certeza que Tweek não surtaria, antes de encostar seus lábios nos dele. Por um instante pareciam congelados no tempo. Mas Tweek abriu seus lábios bem devagar, o que Craig já sabia ser uma permissão para que pudesse mover sua língua pelos lábios do outro garoto, abrindo ainda mais o caminho para um beijo que começou debaixo da cama e terminou em cima dela.

~*~

Os dois estavam deitados na cama, cobertos pelo grosso cobertor que era o preferido de Tweek. Ele dizia que o fazia se sentir protegido, que era como se nada pudesse atravessar um cobertor tão grande para lhe fazer mal. Craig achou graça e disse que daria um nome para o cobertor: Craig.

Os últimos raios de sol alaranjados entravam pela janela do quarto, atingindo o garoto loiro, Craig e Craig, o cobertor. Pela segunda vez no dia Tweek estava apoiado no peito de Craig, quase dormindo, enquanto o outro bagunçava carinhosamente seus cabelos loiros.

- Se você deixasse eu poderia dizer para as meninas que me chamam para sair o porquê de eu não querer sair com nenhuma delas. – Disse Craig, e sentiu o coração de Tweek voltar a acelerar – Se você dissesse que gosta de mim...

- Eu não gosto de você. – Respondeu Tweek, quase num sussurro.

Craig soltou um riso de descrença e apertou ainda mais o corpo de Tweek contra o seu, ficando um longo tempo em silêncio, tomando coragem para o que estava querendo fazer a uma semana. Ele empurrou Tweek e sentou na cama, pegando suas roupas do chão e as vestindo.

- Vamos, coloque uma roupa também. - ele disse para Tweek – quero te levar em um lugar.

- Onde? – Perguntou Tweek, levantando e começando a procurar por suas meias antes que Craig respondesse.

- Sem perguntas. – Craig levantou, puxando sua calça e fechando o zíper – Sem perguntas e compro uma nova xícara para sua coleção.

- Por que você sempre tenta negociar trocas comigo para me convencer a fazer as coisas? – Perguntou Tweek, abotoando sua camisa.

- Porque funcionam. – Craig vestiu sua surrada jaqueta de couro, levantando a gola, só porque adorava a expressão de desejo que Tweek não conseguia disfarçar quando ele fazia isso. – E porque gosto de te dar presentes. Vamos?

Os pais de Tweek ainda estavam no café, mas o carro da Sra. Tweak estava na garagem. Craig ainda não tinha idade para dirigir, mas quem ligava? Ele não tinha idade pra fazer muitas das coisas que fazia. Nem para a que estavam indo fazer, mas isso nunca fora um problema.

- Que horas seus pais vão voltar hoje? – Perguntou ele a Tweek, já pegando as chaves do carro.

- Tarde. Minha mãe tem uma consulta com a Dra. Evergreen depois que fecharem o café.

Os dois entraram no carro, e Craig acendia um cigarro ao mesmo tempo que tirava o carro da garagem. Tweek olhava de um lado para outro, preocupado com que algum dos vizinhos estivesse olhando pela janela e os visse saindo com o carro.

- Procure alguma coisa boa no rádio, Tweek – Craig queria distraí-lo para que ele não ficasse tão paranoico, querendo saber onde estavam indo ou se algum conhecido os veria e os delataria para os pais dele.

Enquanto Tweek passava pelas estações de rádio, Craig estava discando para um contato de sua agenda no celular. Demorou apenas alguns toques para que o atendessem.

- Ei. Sou eu, Craig. Estou com Tweek e pensei que poderíamos passar aí para fazer algo legal... Você está livre agora?

- Você está fazendo tudo errado, sabia? – Reclamou Tweek, abaixando o volume do rádio para tentar escutar com quem Craig estava falando – Dirigindo enquanto fuma e fala no celular...

- Algo pequeno, prometo. Tem como? – Continuou Craig no telefone, ignorando Tweek – Encare como um retorno ao favor que te fiz semana passada.

- ...Você quer nos matar? – Craig olhou com um sorriso afetado para Tweek, fazendo um sinal para que o loiro ficasse em silêncio – Porra, Craig! Olhe pra frente!

Craig voltou a olhar pela rua, e deu a última tragada no cigarro, jogando-o pela janela, antes de falar novamente com a pessoa do outro lado da linha:

- Certo. Estaremos aí logo.

Craig desligou o celular, e quando falou novamente se dirigia a Tweek:

- Pronto. Desliguei o celular e não estou mais fumando. Feliz?

- Só vou ficar feliz quando me disser para onde estamos indo.

- Aposto que vai ficar ainda mais feliz se não fizer nenhuma pergunta e ganhar aquela caneca, hã?

Tweek rolou os olhos e afundou no banco do carro, bufando teatralmente.

- Calma. – Disse Craig, colocando uma das mãos que estavam no volante no joelho de Tweek – Já estamos quase lá.

Tweek olhou para a mão em seu joelho. Ele sentiu vontade de colocar sua mão por cima da de Craig, mas não o fez. Ele virou o rosto para a janela e ficou olhando as casas e lojas de South Park ficarem para trás conforme eles passavam por elas.

Quando Craig parou o carro, Tweek logo reconheceu o lugar e ficou confuso:

- Você tinha marcado algo pra hoje?

Tweek conhecia aquele lugar muito bem. Ele já tinha acompanhado Craig até o estúdio de tatuagem algumas vezes antes; sempre que Craig ou Kenny iam até lá para fazer uma nova tatuagem, Tweek estava lá. Tremendo dos pés à cabeça só de ouvir o barulho da maquininha e imaginar a dor.

- Não, acabei de marcar um horário pra gente enquanto vinha pra cá.

- Pra gente? – A voz de Tweek falhou – GAHH! Você ficou maluco? AHH!

Craig desceu e deu a volta no carro, abrindo a porta de Tweek.

- Vai ser legal. Você precisa logo começar a rabiscar esse corpo branquelo. Eu sei que você gosta das minhas tatuagens.

- Meus pais nunca iriam deixar!

- Eles não têm que deixar! Minha mãe alguma vez me deixou fazer alguma das que tenho?

- Não, mas ela até chegou a chorar quando descobriu que você as tinha feito.

- Seus pais não vão descobrir. Vamos fazer algo pequeno. Você pode esconder. Vai ser algo nosso. Outro segredo. Nós somos bons em guardar segredos.

Tweek olhou para Craig e viu a expressão vulnerável no rosto do amigo-barra-namorado-barra-segredo que tinha visto poucas vezes na vida. Craig queria muito aquilo, Tweek podia ver no jeito inquieto como ele mastigava o piercing enquanto esperava por uma resposta.

- Pelo menos vamos entrar e te mostro no que estou pensando. – Continuou Craig, tentando convencer o outro garoto – Se você não gostar vamos embora.

Tweek deu de ombros e entrou no estúdio, sendo seguido por Craig, que sorria convencido. Os dois foram recebidos pelo tatuador, Robb, que era amigo de longa data de Craig. Ele os levou para o fundo do estúdio, onde a “mágica”, ou tortura, como pensava Tweek, acontecia. Ele encarava de longe a maquininha, piscando repetidamente ao imaginar a agulha furando sua pele.

O tatuador sentou-se na mesa onde fazia os desenhos para as tatuagens e os dois sentaram de frente para ele.

- Então, o que vai ser dessa vez, Craig? – Perguntou Robb, separando os materiais para o decalque.

Quando Craig respondeu, ele se dirigiu a Tweek:

- Lembra de quando éramos mais novos? De quando brincávamos de astronautas?

Tweek ficou vermelho, notando como Craig parecia nervoso, como se desse o seu melhor para convencê-lo a fazer a tal tatuagem. Tweek fez que sim com um sinal da cabeça; aquela era uma das lembranças preferidas que compartilhava com Craig.

- Eu pensei que... Um foguete... Um pequeno... E um planeta, também pequeno... Um em mim, e o outro em você. Sabe? Algo assim...

Craig pegou um dos lápis e um dos papéis que estavam em cima da mesa de trabalho de Robb e começou a rabiscar algo, terminando em poucos segundos e virando o desenho para que Robb e Tweek pudessem ver. Era um pequeno foguete, como os que costumavam fazer de papelão, e um planeta – provavelmente saturno, a julgar pelo anel ao redor.

Tweek sabia que não podia recusar aquilo. Era perfeito. Era... Romântico.Romântico até demais, e isso o deixou preocupado. Ele olhou alarmado de Craig para Robb, temendo que o tatuador pudesse entender o que havia por trás daqueles desenhos inocentes.

Craig sabia no que Tweek estava pensando e ficou irritado. Será que pelo menos uma vez ele poderia não ligar para o que os outros iriam pensar?

- Ele já sabe, Tweek. – Disse Craig, batendo na mesa com menos força do que realmente queria - Mais pessoas sabem de nós dois do que você imagina.

- O quê??? – Tweek ficou tão surpreso que levantou da cadeira em um pulo, derrubando-a.

Robb continuava de cabeça baixa, fingindo examinar o desenho, sem querer se intrometer no assunto.

Craig esperou alguns minutos, até que Tweek se acalmasse um pouco e sentasse novamente, para responder:

- Ninguém que você não queira que saiba... Mas Kenny e Robb sabem. – Craig pensou em falar que tinha quase certeza que os pais de Tweek também sabiam, mas pensou que isso causaria uma reação incontrolável, e ele não queria isso no momento. – E eles não ligam, não é mesmo, Robb?

O tatuador deu de ombros e olhou sorrindo para Tweek, tentando tranquiliza-lo.

- Está tudo bem, Tweek. Acho que vocês ficam bem juntos.

- Nós não estamos juntos! – Respondeu Tweek, a voz falhando novamente.

Craig esfregou as sobrancelhas com força e trocou um olhar cansado com o tatuador.

- É, foda-se, nós não estamos juntos. Foda-se. Melhor assim? – Disse Craig, sem olhar para Tweek – Vai fazer essa porra comigo ou vamos embora?

Tweek estremeceu. Era raro, extremamente raro Craig perder a paciência com ele. Era a única pessoa com quem Craig não era um completo babaca, e talvez Tweek abusasse um pouco disso. Ele se sentiu mal por estragar algo que era evidentemente tão especial para o outro garoto.

- Eu quero o planeta. – Disse Tweek, apontando para a folha – Assim. Exatamente como ele desenhou. Você pode fazer isso? Fazer o desenho dele em mim?

Craig olhou para Tweek de canto de olho, e pareceu mais relaxado, mas ainda estava irritado.

- Fácil, fácil. – Disse Robb, tentando aliviar o clima – Onde vocês vão querer fazer?

Craig, um pouco mais animado, continuou a explicar sua ideia para Robb e Tweek, e pediu para que Tweek desenhasse um foguete para que também pudesse tatuar o desenho com os traços dele. Robb trabalhou nos decalques e então nas tatuagens, que não demoraram nada e não doeram nem um terço do que Tweek achava que doeria.

Cerca de uma hora depois os dois saíram do estúdio e entraram no carro em silêncio. Craig estava colocando o cinto quando a mão de Tweek o interrompeu:

- Você ainda está bravo comigo? – Ele perguntou, segurando o cinto para que Craig não o afivelasse – Eu fiz o que você pediu. Ainda vou ganhar minha caneca?

Craig fechou os olhos e riu, deixando o cinto de lado e virando o corpo no banco para que ficasse de frente para Tweek.

- Não, não estou bravo. – Respondeu Craig, suspirando fundo antes de continuar – É só que...

Craig mordeu o lábio, segurando as palavras que viriam a seguir. Ele balançou a cabeça, afastando os pensamentos.

- Nada. Não é nada. Obrigado por vir aqui comigo hoje. – Ele mostrou a tatuagem para Tweek – E por topar compartilhar mais um segredo comigo. Se isso te fizer se sentir melhor, quando eu não puder te abraçar na frente dos outros, ou te beijar... – Craig inclinou o corpo na direção de Tweek - Quando eu não puder te olhar como se você fosse a única coisa boa na minha vida de merda porque você não quer que os outros saibam que eu amo você...

Tweek sentiu os dedos de Craig tocarem levemente seus lábios, e o local queimou comoo resto de seu rosto queimava com as palavras de Craig. Dessa vez ele não se preocupou em olhar pela janela do carro para ter certeza de que ninguém estava olhando para eles.

- ...Ou quando alguma garota me chamar pra sair e eu não puder falar que não quero nada com nenhuma delas porque tenho você... Antes de sair correndo pra se esconder debaixo da sua cama, olhe pra sua tatuagem e lembre que eu sempre, sempre, sempre vou preferir estar ao seu lado, fazendo todas essas coisas, do que fingir que você é só um amigo pra mim, como Clyde ou Token. Mas se pra poder te beijar, dormir com você e ter você ao meu lado quase 24 horas por dia nós tivermos que viver a porra de uma mentira e nos esconder de todo mundo... Ok. Eu aguento. Mas só faço isso porque é o que você quer.

Tweek ficou em silêncio, apenas sentindo o toque dos dedos de Craig em seu rosto. Mesmo relutante ele puxou Craig pela jaqueta, diminuindo ainda mais a distância entre eles, e o beijou. Quando se separaram, Craig ligou o carro.

- Vamos voltar. – Ele disse, apoiando a mão que não estava no volante novamente no joelho de Tweek – Craig, o cobertor está esperando por nós.

Dessa vez, no caminho de volta, Tweek não ficou observndo a paisagem pela janela. Ele olhava para Craig, juntando coragem para dizer a única coisa que ainda não tinha sido dita entre eles.

- Craig?

- O que foi? – Craig respondeu olhando de canto de olho para Tweek, mas logo voltando os olhos para a rua.

- Eu gosto de você. – Tweek queria ter dito isso olhando para Craig, mas era muita pressão... Olhar para os fios desfiados nas mangas de sua camisa era muito mais fácil.

- É, eu sei. – Craig sorriu, convencido.

Tweek olhou para a mão de Craig em seu joelho e de novo sentiu vontade de juntar a sua mão a dele. E foi o que ele fez dessa vez, entrelaçando levemente seus dedos com os de Craig. Ele sentiu Craig apertar sua mão, e olhou sorrindo para as tatuagens em seus dedos anelares, que se completavam. E se sentiu em paz, como se sentia poucas vezes. Sentiu-se completo, como só se sentia quando estava ao lado de Craig.


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