Eu te amo. escrita por Secret


Capítulo 1
Minha esposa querida.


Notas iniciais do capítulo

Não faço ideia do porquê, mas eu resolvi escrever um yuri.Aproveite!



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Você fica tão linda dormindo.

Mas acho que nem imagina que eu te observo. Apenas velando seu sono.

Não é como se eu fosse dormir mesmo...

Já fiquei tempo demais na cama. No escuro. Apenas te esperando.

Você sabe disso, não sabe?

Mas, mesmo assim, prefere ignorar.

Está tudo bem.

Eu te amo!

Quando você chegou te abracei fortemente.

Você não retribuiu, mas permitiu e isso é o bastante para mim.

Senti ao menos três fragrâncias diferentes. Perfumes dos mais variados grudados em sua pele.

Sua noite foi boa, não?

Quem você “pegou” dessa vez? Homens, mulheres, garotos, garotas...?

Você nem se esforça mais para esconder.

Acho que, no fim, você nem se importa.

Mas está tudo perfeito.

Eu te amo!

Você me beijou, seus cabelos negros acariciaram meus ombros.

Foi apenas obrigação, nós duas sabemos.

Você nem liga mais em fingir que eu te satisfaço.

Não isso não importa.

Eu te amo!

E repeti isso diversas vezes enquanto estávamos na cama.

E você apenas respondeu com “eu sei”. Como sempre...

Por que nos casamos mesmo?

Ah é! Eu lembro!

Eu sempre amei você. Sempre, sempre, sempre.

E você sempre soube disso. Sempre, sempre, sempre.

E você sempre ignorou isso. Sempre, sempre, Semp...

Ah não! Espere! Não foi sempre!

Um dia você se embebedou por uma mulher qualquer que te deu um fora.

O que ela tinha que eu não tenho?

Eu te consolei. Mesmo que você pisasse em mim.

Eu te amo!

Você me beijou com desespero.

No fim só queria esquecê-la, não é?

Mas não me importou antes, e não importa agora.

Pois foi nosso primeiro beijo.

E, para mim, foi perfeito.

Nosso mês de namoro passa como um borrão na minha mente.

Sorrisos falsos, beijos gélidos, uma tentativa desesperada sua de esquecer alguém.

Minha felicidade era apenas artificial. Mas felicidade falsa ainda é felicidade, não?

Eu te amo!

Depois de um mês de namoro nos casamos.

Você fez isso apenas por impulso. Para provar para a “qualquer” que estava ótima sem ela.

Eu não ligo. Casamos afinal!

Você não sorriu em nenhuma foto...

Eu lembro sua frase. A mais importante na minha vida:

“Eu aceito”.

Foi tão mecânico, tão frio...

Mas foi perfeito.

Eu te amo!

Nossa lua de mel não foi especial.

Você foi para uma balada de quinta e me deixou de lado para pegar cinco pessoas diferentes.

Cinco por minuto.

Afinal, você beija qualquer um que apareça na sua frente.

Por que parece que seus beijos com eles são melhores que os nossos?

Todo dia você volta para casa de madrugada.

Todo dia posso sentir a mistura de álcool, perfumes diferentes e sexo.

Já é quase seu cheiro natural.

Todo dia você me beija quando volta e diz “senti sua falta”.

Todo dia é mentira.

Todo dia eu digo que te amo.

Todo dia você responde com um “eu sei”.

Se for uma data especial, com um “eu também”.

E isso é o clímax da minha felicidade.

Lembra o nosso primeiro encontro?

Antes de tudo, antes do namoro, casamento ou amor.

Eu te odiava.

Você era apenas a vadia bêbada que pega qualquer um.

E eu era a garota chata que não vai a baladas.

Você era a garota com mil e um amigos, namorados e “peguetes”.

Eu era a garota que ficava ouvindo música no canto e que todos acham metida demais para se misturar.

Todos menos você.

Você apenas me convidou para uma das suas boates de beira de estrada, mesmo contra todos.

Depois descobri que te desafiaram a fazer isso.

Você ganhou 20 dólares, eu comecei a gostar de você.

Todos ganharam no fim, não?

Seu charme é natural. Sua dança hipnótica. Seu aroma memorável.

Não é à toa que todos gostam de você.

Você é a única pessoa que eu conheço que pega 20 amigos e amigas na mesma festa sem ficar mal falada.

Deve ser parte do seu charme.

Só sei que depois disso passei a te amar.

Foi algo repentino e intenso.

Eu me declarei várias vezes, e você apenas ignorava.

Mas tudo está certo.

Eu te amo!

E estamos casadas.

E você me ama.

Então está tudo ótimo!

Mesmo que você não diga, você me ama.

Lembra-se de quando eu perguntei exatamente isso?

“Você me ama?”

E sua resposta foi um falso: “Claro, minha querida”.

Tudo bem.

Eu te amo!

E você me ama!

Você sequer sorriu no fim da frase.

Mesmo assim foi tão gloriosa.

Você me ama.

Lembra quando eu não te conhecia?

Eu não.

Não lembro como eu dormia sem antes te esperar por horas na escuridão.

Não lembro como eu comia sem antes me preocupar se você comeu.

Não lembro como eu conversava com pessoas que não eram você.

Não lembro como era não te amar.

Já disse que te amo?

Puxa. O sol já está nascendo.

Mais uma noite sem dormir.

Minhas olheiras ficarão mais evidentes. Será que eu ainda consigo disfarçar com maquiagem?

Você nunca comentou sobre elas.

Não sei se não quer me magoar com comentários da minha aparência, se percebeu, mas não se importa o bastante para falar, ou se simplesmente não olhou direito para meu rosto esse mês.

Estou inclinada à última opção.

Tudo bem.

Eu te amo!

Não posso mais te observar.

Tenho que maquiar minhas olheiras.

E meus braços também.

Será que você lembra isso?

Foi quando você passou dois dias inteiros fora.

Depois de uma discussão qualquer.

É claro que eu estava errada.

É claro que, quando você voltou, eu me joguei a seus pés e me desculpei.

É claro que você sempre está certa.

Eu me senti tão mal por quilo.

Será que você ficou magoada esses dois dias?

Espero que não.

Deixar-te mal por dois dias seria imperdoável.

E seria ingratidão também, minha bela esposa.

Eu te amo!

Fiquei com a consciência pesada demais e me joguei da escada.

Doeu, mas eu mereci.

Você já estava em casa naquele momento.

Apenas reclamou para eu parar de fazer tanto barulho.

Você estava ocupada entretendo sua companhia no nosso quarto.

Eu gritei um “desculpe” e fui para meu canto.

Qual foi a última vez que saí de casa?

Nossa casa.

Por que eu tenho que sair? Aqui eu tenho tudo que preciso.

Você.

Naquela mesma noite dormimos abraçadas no sofá.

Foi tão perfeito.

Eu te amo!

Pronto. Já estou maquiada.

Agora tenho que fazer seu café da manhã.

Eu odiaria ver você acordar e não encontrá-lo na mesa.

Oh não! Acabaram os ingredientes.

Acho que terei que sair.

Eu odeio sair da nossa casa.

Todos lá fora me olham estranho.

Os estranhos me olham com curiosidade.

Isso não me incomoda.

Os conhecidos me olham com pena.

Isso me incomoda.

Quando os conhecidos cochicham algo com os estranhos, eles passam a me olhar com pena.

Isso me incomoda mais.

Mas não posso deixar de fazer as compras. Você odiaria isso.

Apenas sigo em frente.

Prontinho. Pão, leite, ovos, queijo, presunto, café, chá...

Tudo que você pode querer!

Nenhum dos nossos vizinhos te conhece.

Não quer fazer mais amigos do que já tem?

Quem sabe consiga mais “casos de uma noite” assim?

Alguns conhecidos na rua dizem que eu sumi.

E que eu estou muito magra.

E que parece que eu não dormi.

Eles perguntaram se eu estou bem.

Eu disse que estou ótima, e deixei claro que você cuida de mim.

O olhar de pena deles passou para preocupação por um segundo.

Mas eu fui embora antes de alguém mais quisesse me incomodar.

Não quero chegar e te encontrar acordada.

Mas foi o que aconteceu.

Você estava tão estranha quando eu cheguei.

Disse que já estava na hora de termos uma conversa séria.

Disse que todo nosso relacionamento era falso.

Disse que você era falsa.

Eu disse que você é uma pessoa incrível e estava sendo muito dura com você mesma.

Perguntei se o problema foi algo que eu fiz.

Você me olhou de um jeito diferente.

Parecia paciência.

Então disse com todas as letras que você não existe.

Eu ri nervosa.

Você disse que não era piada.

Quando você ficou tão séria?

Eu choraminguei e perguntei o motivo dessa conversa estranha.

Você me abraçou.

Isso foi incrível! Você nunca me abraçou antes por vontade própria.

Depois repetiu gentilmente que você não existia.

Que eu precisava esquecer você e buscar ajuda.

Que todas as minhas lembranças eram fantasia.

Por que você está dizendo isso?

Eu sei que você não me ama.

Mas, se não pode me amar, apenas minta para mim. Engane-me!

É isso! Eu quero que você minta para mim!

Eu te amo!

Você piscou confusa e me olhou.

Parecia triste.

Mas só por um segundo. Depois seu olhar frio voltou.

Você apenas se desculpou e perguntou o que tinha para comer.

Como se lesse meus pensamentos.

Você me conhece tão bem.

Eu te amo!

E então, você disse com todas as letras que me amava.

Minha felicidade transbordou em lágrimas.

Eu sei que são mentiras, mas pela primeira vez parece verdade.

Isso é tão perfeito.

Apenas minta para mim.

Eu te amo tanto.

Eu te amo!


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Notas finais do capítulo

Espero que tenha agradado.



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