Luz e Escuridão escrita por Dracule Mihawk


Capítulo 1
Luz e Escuridão - Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

A primeira Jerza que escrevo. Cara, estou empolgado!



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“I... I... Inacreditável! Ela derrotou sozinha todos os cem monstros! Este é o poder da guilda considerada a mais forte sete anos atrás! Senhoras e senhores! Esta foi uma vitória incontestável! Para ficar na história! Esta é Erza Scarlet, a Titânia!”

Horas e horas haviam se passado desde o Pandemonium, a prova que mostrara a todos os espectadores dos Grandes Jogos Mágicos as excepcionais habilidades de Erza “Titânia” Scarlet. Ainda naquele instante ela estava a se relembrar do que tinha feito mais cedo.

Crocus, a Capital do Reino de Fiore, preparava-se para dormir. As luzes nas casas e edifícios, uma a uma, apagavam-se; o silêncio ganhava força no ambiente; o negror da noite só não era absoluto devido à luminosidade dos postes e de alguns imóveis. Erza estava sozinha na sacada do alojamento da Fairy Tail A, seu time nos Jogos, observando as estrelas; fazia isso todas as vezes antes de dormir, pois achava prazeroso, revigorante. A brisa noturna a refrescar-lhe o rosto, a fazerem os longos cabelos ruivos dançarem.

Com os braços envoltos nos próprios seios, Erza conteve um suspiro. Depois, sorriu timidamente e falou ainda observando o vazio:

— Você foi reconhecido hoje... Jellal.

O mago da Crime Sorcière emergiu das sombras detrás de Erza, o rosto mascarado como Mistgun, ex-mago Classe S da Fairy Tail e, supostamente, competidor nos Jogos pela Fairy Tail B.

— Tudo está resolvido — ele falou, retirando a máscara do rosto e exibindo a feição serena. — O Yajima-san testemunhou a meu favor.

Erza balançou a cabeça devagar.

— O que houve?

Jellal aproximou-se dela, recostando as costas à murada da sacada, os braços cruzados, a o rosto mais apreensivo a encará-la.

— A magia similar à de Zeref — falou. — Durante a luta entre a Wendy e a Chelia da Lamia Scale. Era uma pessoa encapuzada, eu a vi na arquibancada.

Erza sobressaltou-se com aquela revelação. Aquela magia estranha era o principal assunto que levavam Erza e Jellal a se encontrarem às altas horas da madrugada; haviam combinado de, juntos, procurarem saber mais a respeito deste estranho fenômeno e, se fosse possível, detê-lo.

— Mas não conseguiu pegá-la, não é? — raciocinou Erza. — O Conselho te atrapalhou.

Jellal confirmou com a cabeça, desgostoso.

— Aparecendo da hora errada, para variar. Eu perdi aquela pessoa de vista completamente depois do incidente com o Conselho... Encontrá-la novamente poderá ser muito mais complicado.

— Eu entendo — disse Erza. — E farei o possível para descobrir qualquer coisa dentro dos Jogos.

— Falando nos Jogos... — O rosto de Jellal estava mais brando e flexível; aparentemente havia deixado de lado a busca pela magia maligna. — As pessoas ainda estão comentando o espetáculo dirigido pela Fairy Tail. Você, a Cana, o Laxus e a Wendy... Foi incrível, tenho de admitir.

Erza riu.

— Precisávamos de uma reviravolta para nos manter vivos no torneio.

— Uma excelente, eu diria. — Sorriu Jellal. — Depois de um começo bem problemático. Nunca vou me esquecer de meu duelo com o Jura. Se não fosse pela Meredy e pela Ultear...

— Você seria descoberto e nós prejudicados — interveio Erza. — Foi melhor assim, apesar de tudo. Não concorda?

Jellal deu-se por vencido e concordou com a cabeça.

— Hoje elas reclamaram e muito comigo também — prosseguiu Jellal —, principalmente a Ultear. Segundo ela, eu fui displicente na hora de seguir o encapuzado.

— A Ultear é bem rigorosa — elogiou Erza. — Entende as coisas rapidamente.

— O que está dizendo, Erza? — Jellal achou graça. — Que não entendo as coisas tão bem quanto a Ultear?

Erza afirmou com a cabeça.

— Você é um homem, Jellal. Sabe que estou certa. Durante a luta contra Jura você quase se revelou — disse Erza convencida. Jellal revirou os olhos.

— Tudo em nome da Fairy Tail — ele se justificou, conseguindo um sorriso de Erza.

— Você se daria bem com o Natsu. Aliás, você seria um ótimo integrante da Fairy Tail, Jellal...

O mago a encarou, Erza se interrompeu e ambos tornaram-se vítimas do silêncio noturno e, talvez, constrangedor.

— A Fairy Tail... — Jellal resolveu dizer algo. — É um ótima guilda... É divertida.

— Sim, ela é.

— Aposto que as festividades devido ao dia de hoje foram prolongadas. Sempre são, melhor dizendo.

Erza deu um sorriso divertido para o amigo.

— Hoje foi muito bom. O Natsu teve a ideia de surfar sobre tonéis de vinho usando uma placa. Gray e eu também participamos.

— Você? — Jellal balançou a cabeça, imaginando a Titânia com as duas pernas sobre uma plaquinha, sorrindo confiante, surfando barris. — Você me espanta, Erza. Hoje mesmo você lutou contra cem monstros e os venceu sozinha. Ficou bastante ferida, pelo que me lembro.

— Valeu o esforço. — Erza deu com os ombros. — Tudo em nome da Fairy Tail, não?

E sorriram um para o outro. Não perceberam que estavam muito próximos, com os olhos se encontrando e, consequentemente, se perdendo a contemplação mútua.

— Seu rosto... — sussurrou Jellal. — Está machucado...

Ele não conteve o próprio desejo e pousou de leve a mão sobre a bochecha direita de Erza. A mulher vacilou com o olhar, desviando-o de repente do de Jellal, que ainda tinha o polegar passeando sobre a pele da Titânia.

Quando Erza reergueu os olhos castanho-escuros para o rosto do homem à sua frente, ele percebeu o que estava fazendo naquele minuto de deslize. Desconcertado por ter-se deixado levar pelos próprios sentimentos, pelos próprios desejos, afastou a mão do rosto dela. O que Jellal não esperava era Erza conseguir interceptar-lhe a mão, mantendo-a próxima do próprio rosto. Agora, sentindo a mão dela a segurar a dele, o mago olhou-a confuso.

— E-Erza? O que...?

— Eu sei. Foi melhor para nós dois nos afastarmos, não é? Digo, depois do que houve... Depois do...

E, juntos, lembraram-se de quando se reencontraram após sete anos separados um do outro. Recordaram-se daquela conversa particular, do sol poente ao horizonte, da brisa marítima, dos rostos tão próximos, dos lábios se tocando...

— Como líder da Crime Sorcière devo seguir à risca as regras de minha guilda — falou Jellal com os olhos fitos em Erza. — A punição é uma delas... Eu não posso, Erza. Você é da luz e eu sou da escuridão. Eu não posso te amar, não podemos...

— Esta é a sua punição — repetiu Erza, branda. — Eu te entendo e sei que é o certo a ser feito...

Jellal assentiu, abaixando, por fim, a cabeça.

— Mas... — Erza continuou, para a surpresa do mago que, quando voltou a olhar para a jovem, viu-a sorrir radiantemente como nunca tinha visto. — Quero que saiba, Jellal, que não há o conceito de “luz” sem que haja o de “escuridão” e vice-versa. São dois extremos que se completam.

Ele, estático, viu os dedos dela irem em direção à máscara que servia para cobri-lo na boca, disfarçando-o de Mistgun. Apesar de já estar abaixada, Erza puxou-a um pouco mais, descobrindo o queixo do rapaz. Jellal, por sua vez, contemplou o rosto ruborizado de Erza e soube que, assim como ela, ele também estava um pouco corado, incerto sobre o que estaria prestes a acontecer.

Sentiu o corpo dela encostar-se ao dele e a troca de calor que procedia entre eles. Os olhos observando-se, analisando-se; os lábios a menos de dez centímetros de distância, de forma que as respirações puderam ser sentidas um pelo outro.

— Nós dois não... — ele sussurrou com a voz mais rouca.

— Eu peço desculpas a você, Jellal... Eu só...

Não houve mais palavras, apenas um beijo simples que se tornou mais urgente, mais desesperadamente apaixonado com o decorrer do tempo. Erza, com os dois braços, enlaçou o pescoço de Jellal. Este a trazia mais para perto, envolvendo-a, com um braço enquanto a outra mão explorava as costas da Titânia, sentindo os cabelos dela, a cintura...

Separaram-se quando escutaram um ruído de porcelana se espatifando sobre o chão, a voz resmungada de Natsu Dragneel e a repreensiva de Lucy Heartfilia.

— Aqueles dois... — Erza sorriu, ainda abraçada a Jellal.

— Erza, eu tenho que ir agora — falou nitidamente constrangido e insatisfeito por não poder ficar ali, naquela sacada, também. — Sobre hoje...

— Não se preocupe — ela o acalentou. — Eu tenho a minha resposta, não, nós temos nossas respostas, Jellal.

Jellal sorriu, afastando-se aos poucos da amada.

— Você limpou as trevas no meu coração, Erza. Quando tudo terminar, eu espero poder...

— Vá logo... Eu estarei esperando por você. Sempre.

As mãos unidas, pausadamente, separaram-se. Jellal recolocou a máscara sobre o rosto e desapareceu entre as sombras. Erza sorriu serena e olhou para o céu noturno outra vez. Nada disse, apenas contemplou as estrelas e a beleza da noite.

Jamais se esqueceria daquele dia.

— Erza! — O grito ensurdecedor de Natsu rasgou o ar e quase assustou a ruiva. — A Lucy quebrou o vaso!

— Não quebrei, seu mentiroso! — bradou Lucy contra Natsu. — E pare de gritar a essa hora da noite!

Erza riu consigo, suspirou lentamente e, virando-se, sussurrou para si:

— Hora de voltar à realidade.

E, com um chute violento, abriu a porta, perguntando furiosa o que estava acontecendo, assustando Lucy e Natsu ao mesmo tempo.


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Notas finais do capítulo

Obrigado por ler!Até mais o/