Um mês de desespero escrita por Leon Yorunaki


Capítulo 7
VI: Thunder


Notas iniciais do capítulo

Eu sei que ninguém reclamou (na verdade, ninguém nem mesmo opinou, sou forever alone mesmo T.T), mas partindo da suposição de que a ação está em um ritmo meio devagar (eu precisava desenvolver os personagens)... vou dizer que acabou a moleza.
Não estou fazendo jus ao título? É porque ainda nem começamos!



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Himiko talvez se arrependesse depois por ter tomado tal atitude, mas tinha certeza de que, pelo sorriso que ela colocara no rosto de Wally, valeria a pena. Ele estava bastante animado, ansioso para chegarem à Rota 102, aonde ela iria ajudá-lo a capturar um Pokémon. O sol estava forte naquele horário, dando a eles bastante visibilidade mesmo por entre as árvores, mas mesmo assim Himiko estava um pouco receosa de algo sair errado.

— Vamos com calma, Wally. Não sabemos o que pode acontecer. Pokémon podem ser bastante perigosos! — alertou Himiko.

— Ok, você é quem sabe, estou em suas mãos. — Wally teve um pequeno calafrio de ansiedade, enquanto segurava a pokébola vazia que usaria para capturar seu companheiro de viagem.

Não demorou muito até que encontrassem um Pokémon. Considerando quem Wally era, Himiko pensou que talvez não fosse uma boa ideia capturar um Pokémon agitado como um Poochyena. Mas quando ela percebeu um vulto que se mexia por trás de um arbusto, se surpreendeu.

Era um Ralts. Assim como Futa, ele tinha não mais do que quarenta centímetros (Himiko notou que ele era ligeiramente mais alto e esguio que Futa, inclusive. Talvez seja um pouco mais velho, pensou ela).

— Wally, se prepare para jogar a pokébola! — sussurrou Himiko.

Não fora difícil. Pelo contrário, quando o pequeno Ralts viu o garoto com a pokébola, fez um gesto bastante inusitado para um Pokémon selvagem. Com seu pequeno braço, apontou para Wally, olhando para o garoto. Era como se ele quisesse ser capturado. Himiko sorriu.

— Pode jogar! — disse ela.

Wally sorriu enquanto atirou a esfera, já esperando por aquele momento. Sua alegria se fez completa quando a pokébola parou de se mexer, sinal de que o Ralts havia sido capturado com sucesso, e correu para abraçar Himiko, que estava alguns metros à frente. Ela, surpreendida por estar de costas para o garoto olhando para a pokébola ao chão, quase foi derrubada novamente, mas conseguiu se equilibrar.

— Eu não sei como posso te agradecer! — disse Wally. Uma lágrima corria de seu rosto.

Himiko não olhou para Wally naquele momento. Não queria mostrar a ele que havia se emocionado também. Se alguém tivesse feito algo assim por mim quando eu era mais nova…

— Prometa que vai cuidar bem dele! — Himiko engoliu o choro antes que ele viesse.

— Pode deixar, Himiko. — Wally a apertou, seus braços pressionando as costelas da garota, fazendo com que ela soltasse um gemido, ao que ele afrouxou um pouco. — Desculpa. Eu te machuquei, não foi? — disse ele.

— Tudo bem… — Himiko tentava recuperar a compostura. — Temos que voltar agora, seus pais devem estar preocupados com você!

— Tem razão… — disse ele. — Eles já devem ter voltado para almoçar, vamos logo!

Wally saiu correndo, em uma velocidade que mesmo Himiko teve dificuldade para acompanhar.

E isso porque ele tem problema no coração, pensou ela.

— — —

Não demorou até que chegassem de volta a Petalburg. Himiko despediu-se de Wally em frente ao Centro Pokémon, enquanto ele agradecia mais uma vez pela ajuda da garota.

— Se você passar algum dia por Verdanturf, me procure! — disse Wally

— Com toda a certeza, vou querer saber sobre a cirurgia. — Himiko respondeu, sorrindo. Não pode deixar de se alegrar pelo garoto. Ele nem parecia a mesma pessoa que esbarrara nela na porta do ginásio horas atrás.

Wally se distanciou, sorrindo, enquanto corria de volta para sua casa. Himiko havia insistido para acompanhá-lo, mas ele não quis — achou que seria arriscado demais, e seus pais poderiam perceber que ele havia saído. Como se não fossem perceber quando verem o Ralts… Espero que entendam.

Himiko voltou para o Centro Pokémon, esperando ter alguma notícia sobre o Sentret. Logo que entrou, porém, percebeu que já estavam esperando por ela.

— Que bom que voltou, temos novidades! — disse uma das enfermeiras, a mesma que a recebera na noite anterior.

Himiko se alegrou a princípio, mas logo percebeu que não era exatamente o que estava esperando.

— Então… Nós não conseguimos descobrir o que ele tem. — explicava ela para a treinadora. — O estado dele é estável, não há risco de morte, mas ele simplesmente não reage a nenhum estímulo.

Ela fez uma pausa, enquanto Himiko a observava. Sabia que havia algo mais a ser dito.

— Falamos com o Prof. Birch mais cedo, e ele entrou em contato com um colega dele que se interessou pelo caso. A gente acredita que ele pode vir a entender o que aconteceu com seu Pokémon, mas precisamos de sua permissão para que possamos enviar seu Sentret ao Prof. Elm.

Himiko teve uma reação dúbia ao ouvir isso. Por um lado, ela sabia quem era esse professor, e tinha certeza que ele era bastante capaz e cuidaria bem do Sentret. Por outro, era o mesmo professor que a havia negado um Pokémon quatro anos antes.

Ela levou alguns minutos até tomar uma decisão, mas acabou por deixar o orgulho de lado e aceitar a proposta. Até porque, mesmo que o professor reconhecesse a garota pelo nome, o fato de ela ter se tornado uma treinadora não estaria mais sob a alçada dele. E de qualquer forma, caso ela recusasse, provavelmente não conseguiria carregar a culpa de ter se omitido.

Após assinar um documento autorizando o envio do Sentret para o professor Elm, em Johto, Himiko começou a se preparar para partir. Acreditava que, se partisse logo, conseguiria chegar a Rustboro antes de anoitecer.

Foi cerca de uma hora depois, após se alimentar e efetuar os preparativos necessários, que ela finalmente colocou o pé na estrada. Enquanto passava mais uma vez em frente ao ginásio de Norman, Himiko teve a sensação de estar sendo observada por alguém do outro lado da rua. Olhou para o lado, mas não havia ninguém. Nem mesmo havia algum lugar aonde uma pessoa pudesse se esconder.

— Algum problema, Himiko? — Futa, que seguia à frente, perguntou.

— Não foi nada, eu acho… — Himiko respondeu. Devo estar imaginando coisas.

— — —

Himiko se surpreendeu ao encontrar uma praia após menos de vinte minutos de caminhada. Petalburg não apresentava nenhum indício de ser uma cidade litorânea, e ela logo viria a descobrir o porquê.

Havia uma quantidade de placas anunciando o perigo iminente. Aquela praia era um habitat natural de Sharpedos (uma espécie de Pokémon tubarão, pelo que estava sinalizado), tornando o banho naquelas águas proibido naquela região (para não dizer perigoso). O local acabou se tornando mais como um píer dominado por pescadores, que partiam dali para seu trabalho.

A treinadora andava distraída pela grama que crescia em volta, quando tropeçou em alguma coisa pesada, porém macia, indo novamente ao chão. O gorjeado que ouviu denunciava que Himiko havia chutado um pássaro, provavelmente tão distraído quanto ela. A grama alta que disfarçava a presença do Pokémon ajudou a amortecer a queda, mas não impediu que ela se machucasse ao ser atacada por uma bicada na perna direita. A dor fez com que a garota, por reflexo, chutasse o pássaro com a outra perna, pelo qual se arrependeu imediatamente. Era certo que o Pokémon iria chamar o resto do bando assim que tivesse oportunidade.

Himiko, porém, teve uma ideia louca. Não havia tempo para chamar a ajuda de Futa ou outro de seus Pokémon, mas ela decidiu por atirar uma pokébola vazia no pássaro antes que ele pudesse se recuperar. Isso lhe daria alguns segundos de vantagem em uma batalha (ou fuga, o que seria mais provável naquela ocasião)

Mas ela estava com sorte. O Pokémon pássaro fora capturado. Himiko não tinha nem ideia de que espécie era aquela, e levou alguns minutos até se lembrar de que possuía uma Pokédex, já quando voltava a se concentrar em seu destino.

Taillow, o Pokémon andorinha; dizia o guia. Possui uma personalidade forte, e jamais recua em seus combates, mesmo contra adversários maiores que ele. Taillow é um Pokémon bastante jovem e requer cuidados especiais até seu crescimento para Swellow, porém costuma afeiçoar-se facilmente a um treinador quando capturado.

A Pokédex trazia ainda informações detalhadas sobre os hábitos de vida de cada Pokémon, o que facilitaria (e muito) o treinamento do Taillow que ela havia capturado. Mas a preocupação maior de Himiko era com a escuridão que se aproximava de súbito enquanto ela adentrava a Floresta de Petalburg.

O local era habitat de diversas espécies de Pokémon insetos, que se adaptaram facilmente às copas densas que filtravam a luz do sol e dificultavam a viagem da treinadora. Por outro lado, Himiko notava ocasionalmente ruídos de movimentação, um sinal claro de que haviam treinadores no local, por mais discretos que eles tentassem ser. Bom sinal, pensou a garota.

Ela levou quase meia hora para atravessar a parte mais densa da floresta, sem encontrar ao menos um Pokémon. Himiko havia estranhado a situação, mas decidiu não reclamar — era muito melhor do que ser perseguida por alguma Beedrill ou outra espécie mais perigosa que pudesse viver naquele local.

Foi quando ela notou o primeiro Pokémon em seu percurso, em uma clareira alguns metros adiante. Assemelhava-se a uma ninfa bastante desenvolvida, que se encontrava ao pé de uma árvore a sua frente. Não era grande para um Pokémon, mas era um inseto e ligeiramente maior do que Futa, o que era o bastante para deixar a treinadora receosa. E nesse instante de hesitação, ela sentiu alguma coisa passando ao lado de sua cabeça, não a acertando por pouco mais de um palmo.

Era uma pokébola. Ela traçava uma curvatura perfeita em direção ao inseto.

Himiko olhou para trás, encontrando um jovem treinador escondido por entre um grupo de folhagens que ela ignorara. Ele aparentava ser ainda mais novo que Wally, mas possuía uma aparência muito mais viva que este. Pelo contrário, sua pele levemente queimada era um sinal de que o garoto era bastante ativo, além de habituado àquele ambiente hostil — o extremo oposto do garoto criado em uma redoma e cheio de cuidados que ela conhecera mais cedo.

O garoto deu um sorriso desdenhoso ao notar a adversária.

— Você quase me acertou! — Himiko levantou a voz, ao que foi silenciada por um gesto do outro treinador.

— Fale baixo! — ele disse, apontando para cima. Himiko não chegou a escutar, mas conseguiu fazer a leitura labial, enquanto notava o motivo do pedido de silêncio. Havia algumas dúzias de casulos Pokémon pendurados ao topo das árvores, de uma maneira que se camuflavam quase perfeitamente entre as folhagens. Era quase certo que Himiko havia passado por algumas centenas de Pokémon como aqueles desde que adentrara a floresta, sem nunca ter notado sua presença.

— Está bem. — Himiko moveu os lábios, quase sem emitir som, enquanto aproximava-se lentamente do garoto. — Mas tome mais cuidado!

Ele manteve o sorriso no rosto.

— O mundo é dos espertos. — disse ele. — Não fosse isso você ia pegá-lo antes de mim.

Ele tem um ponto, pensou a treinadora.

— Vá com calma! Ninguém quer uma disputa aqui… — Himiko havia alcançado o garoto, que se levantava de seu esconderijo. Ela surpreendeu-se ao notar a altura dele. O garoto não devia ter mais do que doze anos, e já alcançava a mesma altura de Himiko (ainda que ela tivesse uma baixa estatura aos seus dezessete anos, era um feito considerável).

— Não podia correr o risco. — ele parecia notar a insegurança da garota naquele local. — Ah, consegui capturar o Nincada, vamos!

O garoto tinha bastante prática em andar por aquele ambiente. Conseguia avançar com uma boa velocidade por entre as árvores, e ao mesmo tempo sem fazer barulho. Himiko seguiu-o, tendo relativa dificuldade de não fazer barulho, ao qual foi repreendida ao alcançar ele.

— Muito barulho. Não reclame se os Dustox lhe atacarem. — Ele olhava sério para a garota, e por ela não ter respondido, continuou. — Eles ficam furiosos quando são acordados antes de anoitecer.

— Tá bom… — Himiko tentava não fazer nenhum barulho. — Qual o caminho mais rápido para eu chegar a Rustboro?

— Hmm… — o garoto pensava por alguns instantes, enquanto analisava aonde estavam. — Me siga!

Himiko decidiu não questionar o garoto. Ela não duvidaria se ele dissesse que morava na floresta.

— Qual o seu nome? — perguntou ela, ainda silenciosamente.

— James. — respondeu ele, sem se virar. — E fique quieta se quiser sair inteira daqui.

— O que houve? — perguntou ela.

Ele apontou para cima. As copas das árvores naquela parte da floresta eram menos espessas, dando a eles uma boa visão do céu. Ainda assim, parecia mais difícil a cada momento andar pela floresta devido a fraca iluminação, visto que nuvens cinzentas escureciam o tempo mesmo que o anoitecer estivesse longe. Pelo visto, a tempestade seria tão intensa quanto, se não pior que a da noite anterior.

Himiko tratou de prestar atenção no caminho trilhado por James, o acompanhando tão sorrateiramente quanto podia ser. Não haviam se passado nem mesmo três minutos até que as primeiras gotas de água caíssem, o que fez com que o garoto sinalizasse para que ela se apressasse.

E foi aí que ela escorregou em uma raiz de árvore coberta de musgo, indo ao chão com um farfalhar de folhas secas. Não havia sido nada demais para Himiko, mas assim que ela se levantou, viu James a encarando com um olhar assustado, com o dedo apontado para cima. Himiko olhou, e encontrou um casulo com espinhos flutuando sobre sua cabeça, que se aproximava cada vez mais. Sua vontade era de gritar, mas ela conseguiu se controlar a tempo para sair da direção do Pokémon. Por impulso, usou uma de suas pokébolas vazias para capturá-lo, literalmente encostando nele com a esfera. James pareceu aliviado com a atitude tomada por Himiko, mas sinalizou para que ela se apressasse.

Nesse momento, um relâmpago caiu sobre a árvore mais próxima a Himiko. Naquela fração de segundo, ela pensou em como seria difícil sair dali, agora que os Pokémon da floresta definitivamente seriam acordados com o barulho do trovão.

Só que Himiko nunca soube o que aconteceu a seguir.

Por estar molhada, ela recebeu parte da descarga do relâmpago. A garota desmaiou antes mesmo de atingir o chão novamente.


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Notas finais do capítulo

O que vai ser de Himiko?
O que vai acontecer com seus pokémon?
Eu sou uma pessoa má mesmo, vou deixar vocês curiosos. No próximo capítulo tem mais!

Notas do in-game:
Tutorial, bla bla bla.
Mais duas adições ao time, yeah! Mas tirando isso, o percurso não teve nada de interessante. Algumas batalhas sem graça contra treinadores, e só.

Status do time:
Pokémon: 5 (adições marcadas com *)
Ralts Lv. 12; Bold, Synchronize.
Bellsprout Lv. 13; Bold, Chlorophyll
Poochyena Lv. 10; Bold, Run Away
*Taillow, Lv.7; Mild, Guts
*Silcoon, Lv.7; Serious, Shed Skin

Mortes: 1 +0 = 1



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