Um mês de desespero escrita por Leon Yorunaki


Capítulo 43
XLII: Poison Sting


Notas iniciais do capítulo

Gente, eu sei que eu demorei de novo, podem me xingar de tudo o que é nome. Tanto a motivação quanto o tempo andam em baixa, mas ainda tenho uma obrigação moral de terminar essa história, então não se preocupem que cedo ou tarde eu termino isso aqui.

No mais, boa leitura!



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O único motivo plausível para que Himiko estivesse pronta no saguão do centro pokémon, dez minutos antes das seis da manhã, era o excesso de ansiedade a lhe impedir de dormir profundamente. As olheiras acentuadas em sua face não lhe permitiam dizer o contrário.

Já tivera a sua cota de boas notícias até então. Seus pokémon estavam em perfeito estado; até mesmo Nagrev, o Charizard arredio que tentou lhe matar após ter evoluído, não apresentava nenhum sintoma de que pudesse repetir o feito, tampouco algo a justificar sua fúria naquele momento. Himiko apenas aceitou as palavras da enfermeira, sem ter certeza se podia confiar nela.

Também tivera sua cota de más notícias, esta duplicada. Em primeiro lugar, descobriu que a pokébola branca que ganhara de presente de Rochard estava permanentemente danificada pela rachadura após a grande queda. O pokémon nela presente estava, para todos os efeitos, morto. Também havia um problema com o Swampert capturado logo em seguida, pelo qual Himiko teve uma resposta já esperada. O anfíbio recusava-se a aceitar que fora capturado, demonstrando completa insubordinação mesmo para com a equipe do centro pokémon.

E, apesar da recomendação para que enviasse ambas as pokébolas para o professor Birch, a treinadora decidiu não o fazer; do contrário, revelaria sua localização e teria que justificar o porquê de ter fugido de Brendan na tarde anterior, duas coisas que preferia evitar.

— Bom dia, Himiko! — Tyler anunciou sua chegada ao saguão com certa energia, apesar do peso que carregava em ambas as mãos e da expressão fechada da colega ao lado dele. — Vamos lá?

A voz do jornalista foi capaz de trazê-la de volta para a realidade. Tinham pouco mais de meia hora para embarcarem no navio que os levaria até Mossdeep e, a julgar pela quantidade de pertences da dupla e da forma como estavam empacotados, eles iriam a pé para o porto. Não era um percurso longo, mas, com nenhum deles em condições de andar depressa, não tinham tempo para desperdiçar.

Himiko colocava cada uma de suas cinco pokébolas em seu cinto, perguntando-se como alguém poderia estar tão radiante tão cedo. Logo a dúvida se esvaiu frente a um questionamento mais sério. Não havia visto o Gengar desde a noite anterior, pelo qual questionava a si mesma se ele o seguiria. Podia não sentir a presença dele por ali, quase se esquecendo de sua existência, mas a julgar pelo comportamento do pokémon na véspera duvidava que ele fosse desistir dela tão fácil.

Passou então os pouco mais de dez minutos de lenta caminhada pensativa, pelo qual os jornalistas respeitaram. Talvez fosse por conta do peso que carregavam, dividido em duas caixas contendo o que a treinadora supunha serem os equipamentos de gravação deles. Em condições normais ela se ofereceria para ajudar com o peso, mas as instruções médicas de não realizar esforço já estavam sendo desrespeitadas pela mochila que ela levava pendurada sobre o ombro bom.

Não demorou até que embarcassem no grande navio, com espaço para talvez umas trezentas pessoas. Sua estrutura dividia-se entre três andares, sendo o piso superior restrito à tripulação. A maior parte dos passageiros ficava no nível inferior, aonde uma grande sala central continha os assentos individuais, bem como uma lanchonete.

As cabines ficavam no andar intermediário, pelo qual Himiko teve certa dificuldade de aceder; pensou por um momento em usar algum de seus pokémon para que este carregasse a mochila, mas no fim das contas não seria necessário.

Situaram-se inicialmente ela e Tyler dentro da cabine reservada a eles, de tamanho até razoável para um navio daquele porte, apesar de ter menos da metade do espaço de um dormitório como os dos centros pokémon. Eram dois os beliches, um encostado em cada parede, ocupando quase metade do cômodo. Restava apenas um curto corredor central, no qual o rapaz organizava os pertences para montar sua câmera em um tripé.

Himiko, já sentada em uma das camas, começava a tremer com a seriedade da situação que se aproximava, o que não passou despercebido ao outro:

— Não fique nervosa, vai ser só mais uma conversa!

Era fácil para ele falar daquele modo, estando tão habituado a situações como aquela. Não era ele a sofrer as consequências por alguma besteira que ela deixasse escapar, não era ele quem tinha um alvo sobre sua testa, tendo escapado de morrer por algumas vezes naquela jornada.

A chegada de Gabrielle ao recinto, minutos depois da partida do navio, aumentou a tensão da garota.

— Acredita que eles não quiseram me dar a relação de passageiros? — A repórter desabafou, como se sua profissão lhe desse soberania absoluta. — E você, garota, não precisa ficar assim travada não, você não vai virar celebridade depois disso!

Era uma tentativa de fazer Himiko rir e, apesar de ela não o ter feito, sentiu certo alívio em sua tensão. Era somente uma entrevista, a qual provavelmente seria editada para durar não mais que um minuto ou dois para ser exibida na televisão.

— Certo. Esqueça a câmera e olhe para mim! — Tyler ordenou em seguida, enquanto Gabrielle colocava as caixas uma sobre a outra, bloqueando a porta. Havia uma tranca metálica, verdade, mas ela era incapaz de impedir que alguém determinado pudesse abrir a porta pelo lado de fora.

— Entendi — respondeu ela. — O que eu falo?

— Conte do início. Queremos saber sobre o último dia vinte e três, você esteve no ginásio em Mauville, não foi? O que você se lembra desse dia?

Himiko começou a narrar os acontecimentos desde o momento em que entreouviu Rhavili ao telefone, percebendo que o ginásio iria ser aberto em breve. Não era difícil para ela, pelo menos não mais do que havia sido o interrogatório feito por Looker em outra oportunidade, já em Petalburg.

Talvez a treinadora tenha deixado passar um ou outro detalhe pelo que ela se lembrava, mas os momentos mais importantes, como a batalha em dupla com Wally a seu lado, a interrupção pelo invasor despencando pelo teto, a explosão do Solrock e a fuga do trio para o centro pokémon em Mauville, tinham suas descrições vívidas e em detalhes. Não esqueceria daqueles momentos, não quando a morte de dois de seus pokémon por um erro dela persistiam em lhe assombrar, não quando teimava em reviver aquela cena em sua mente, evitando as falhas cometidas na esperança que a realidade mudasse de acordo.

— Você teve contato com algum deles depois do acontecido?

— Estive em Mauville outra vez há quatro dias, Rhavili estava por lá, mas não conversamos sobre isso.

— Faz sentido. Tem algo mais que queira dizer a respeito?

— Hm… não. Só espero que a polícia possa esclarecer logo esse caso.

Após um breve silêncio e um gesto rápido de Gabrielle, a entrevista estava encerrada.

— Viu como não foi difícil? — Tyler perguntou, sorrindo para a treinadora.

— Eu não sei… ainda tenho receio. Tem algo de mais sério acontecendo ou não teriam fechado os ginásios depois disso.

— Você não foi a única vítima, Himiko. Houveram casos parecidos em Petalburg, Rustboro e Sootopolis na mesma semana, mas estão fazendo de tudo para que não saiam nos jornais. Não podemos nem chegar perto do ginásio, a polícia não deixa…

— É só ver que até a Elite se calou a respeito. — Gabby complementou. — A impressão que dá é que não querem que os treinadores se envolvam no assunto.

— É até engraçado pensar que fizeram a mesma coisa quando os Rockets atacaram em Kanto — Tyler interrompeu —, e no fim das contas foi um treinador comum que os derrotou…

— Acho que eles estão com medo de alguém morrer no processo — respondeu Himiko.

— Além da Roxanne, você quer dizer — Gabby interviu. — Talvez haja mais mortos a serem encontrados. Wattson e Norman foram espertos, fugiram antes, mas vai saber se não foram pegos também…

— Melhor nem pensar nisso… — Himiko desconversou.

— Sem querer ser rude nem nada — Tyler tomou a palavra outra vez —, mas temos que preparar a reportagem agora, e seria interessante se a gente chegar em Mossdeep com a edição pronta…

— Oh, me desculpe, não quero atrapalhar!

— Deixe disso, Himiko, você ajudou bastante.

— Se quiser pode deixar a mochila aqui — complementou Gabby. — Sei que você não pode estar carregando muito peso por causa de ontem.

Himiko então pegou apenas os objetos mais importantes, como a bolsa com o dinheiro e a Pokédex, deixando o resto dos pertences com a dupla. Podia não confiar muito neles, mas depois de ter dado a entrevista, já tinha entregue a eles mais do que qualquer de seus pertences se quisessem ferrar com a vida dela.

— E se você encontrar a Larissa por aí outra vez, queremos conversar com ela também se tivermos chance — completou Tyler, notando a surpresa na face de Himiko.

— Encontrar quem?

— A Rhavili, ué. Achei que soubesse o nome real dela…

— Oh… — Não que Himiko não suspeitasse que Rhavili fosse apenas um apelido, sendo exótico demais para um nome próprio, mas nunca passou pela cabeça dela perguntar a respeito. — Tudo bem, aviso sim.

Gabrielle já havia desbloqueado a passagem, de modo que a treinadora pudesse sair com tranquilidade. E alívio, apesar de que este vinha em decorrência da entrevista. De fato, fora muito mais rápido e indolor do que lhe parecia, tirando-lhe uma preocupação de sua cabeça.

E, de tudo o que descobrira durante a conversa, era a última informação que mais lhe incomodava, justo a mais inocente delas. As mortes e os ginásios fechados não lhe preocupavam tanto mais, estando ela decidida a se manter longe dessa confusão.

Sua memória lhe trazia de volta o centro pokémon de Mauville, três manhãs antes, momentos antes de sua fuga desesperada após aquela ligação de Steven. Um ato quase frustrado por Rejane; a Lombre havia sentido a presença de sua antiga treinadora, teimando com Himiko para que a procurassem.

O nome dessa treinadora era também Larissa.

Seria forçar a barra pensar que pudesse se tratar de Rhavili? Será que a coordenadora de aparência amigável, sempre com um sorriso no rosto, pudesse ser também uma treinadora sem escrúpulos a ponto de abandonar um pokémon daquela forma?

— Só tem um jeito de descobrir, não?

A voz rouca dentro de sua mente fez com que a treinadora perdesse o equilíbrio, por pouco não caindo sentada no chão. Já estava no andar inferior do navio, indecisa se rumaria em direção aos assentos ou se iria se isolar na área de carga junto à popa. Ao reconhecer aquele que a incomodava, decidiu pela segunda opção ao responder com um grito repleto de raiva.

— Você quer me matar? Nunca mais faça isso!

— Não precisa fazer esse drama todo — a voz respondeu —, nós dois sabemos que não foi para tanto.

— Além de insistente quer tirar uma com a minha cara! — Himiko bradou, agora mentalmente. Sabia que o Gengar iria entendê-la de qualquer forma, do mesmo jeito que Futa fazia.

— Você pode até fingir que está com raiva de mim, mas, no fundo, você não se aguenta de curiosidade, quer que eu lhe diga tudo, mas só aquilo que você quer ouvir… — ele fez um breve silêncio, apenas para interromper a garota em seguida. — Antes que você pergunte, pode me chamar de Nolan.

— Convencido e irritante… Você é muito parecido com o Futa…

— Muita coragem sua de me comparar com aquele Gardevoir… mas tem uma diferença muito grande entre nós dois: você confia nele.

— Futa já me deu motivos o bastante para que eu pudesse confiar.

— Eu no seu lugar não fecharia meus olhos para um pokémon que tentou te matar por duas vezes.

Himiko até ameaçou argumentar de volta, paralisando-se quando os fatos retornavam a sua memória. Não podia negar que por duas vezes esteve muito próxima de morrer devido a ações de Futa: a primeira quando ele era ainda um Ralts e, incapaz de controlar seus poderes, deixou-a desacordada por três dias; a outra se deu no processo de evolução para Gardevoir quando, hospitalizado após colocar-se na frente dela para protegê-la de uma ferroada de uma Beedrill, acabou drenando boa parte da força vital da garota. Mas entre isso e afirmar que Futa tentara lhe matar havia um certo exagero.

— De onde você tirou essa ideia maluca?

— Do próprio Gardevoir, de quem mais? Percebi enquanto conversávamos ontem.

— Pois eu digo que você está mentindo, Nolan. Está querendo me colocar contra o pokémon que salvou minha vida para poder rir da minha cara depois, como você tentou fazer lá na floresta. Mas eu não mordo mais a sua isca…

— E é por isso que ninguém te fala as coisas, trouxa! Com essa atitude agressiva, quem teria coragem de te contrariar?

— Tá, e o que você quer que eu faça, que eu dê mais valor nas palavras de um desconhecido do que às dos meus amigos?

— Eu nunca te pedi para acreditar em mim, mas vê se abre o olho, porque esse teu… amigo, pode estar te usando!

— Tudo bem, vou me lembrar disso. — Himiko bufou, contrariada. — E aproveitando que você está nessa de querer me ajudar, vê se me erra!

— Também vou me lembrar disso, senhorita estressada — ironizou o fantasma —, mas saiba que quando a merda acontecer, eu vou estar por perto só para te dizer que eu avisei!

E, para o alívio da treinadora, ele se afastou, deixando-a sozinha com as dúvidas que ele plantara.

Talvez o Gengar não estivesse errado em suas afirmações, afinal; quisesse ela admitir ou não, Futa era um pokémon de personalidade forte, por vezes misterioso demais para com ela. Sua mania irritante de atropelar os pensamentos da treinadora já os havia colocado em apuros, como o da véspera, por conta daquele teletransporte malsucedido.

Mas ao colocar na balança todas às vezes em que ele salvara sua vida, o saldo era positivo demais para que ela pudesse tomar a proposição de Nolan como verdadeira. Até porque, se ele realmente a quisesse ver morta, não precisaria se esforçar tanto para salvá-la. E, principalmente, não teria se sacrificado por ela quando da ferroada da Beedrill, ficando ele à beira da morte.

Seus pensamentos logo se voltaram para o último acidente, pelo qual foi levada às pressas para o hospital, toda quebrada. Ou melhor dizendo: para a ausência de memórias a respeito do ocorrido.

E se não tiver sido um acidente?

As dúvidas voltaram a lhe incomodar. Talvez Futa tivesse alguma responsabilidade no ocorrido naquela tarde em Fortree, o que explicaria o porquê de ele não querer falar a respeito.

Himiko sentiu-se nauseada com o pensamento, por pouco não lançando o café-da-manhã em direção ao mar. Não que o balanço do navio não colaborasse para essa sensação, mas ela conhecia o seu corpo para saber que não era só por causa da viagem.

Ela fazia tentativas forçadas de se lembrar daquela tarde, mas sentia que sua mente estava coberta por uma névoa, como se houvesse um vazio desde a saída do centro de treinamentos de Rangers em Fortree. Toda e qualquer lembrança depois lhe parecia forçada e vaga, como se sua imaginação tentasse preencher o espaço vazio.

Sua cabeça doía, uma leve tontura lhe atingindo. Forçar-se daquela forma não lhe fazia bem, mas sentia que precisava fazê-lo. Se o esquecimento fosse uma obra de Futa, somente ela poderia vencê-lo.

Entre tantas memórias vagas, via agora um grande buraco em uma floresta. Algum local afastado da cidade, supunha. Sentia que aquela memória era mais real do que as outras. Talvez Futa a tivesse feito cair, e os machucados fossem consequências da queda?

Sua perna esquerda fraquejou, fazendo com que tombasse para o lado; a perna direita, por conta do acidente, persistia incapaz de suportar todo o peso da garota.

Tem alguma coisa errada!

Sabia que não era a respeito das memórias. Não era mais a sensação de tontura que lhe afligia, mas sim uma ardência na perna. A visão falhava por vezes em consequência da dor, borrando-se por instantes.

Reunindo forças, alcançou uma das pokébolas em seu cinto; liberando Rejane, a qual respondeu com um jato de água na face da treinadora.

— Força, Himiko! Você tem que ficar acordada! Vou procurar ajuda!

Levou talvez um minuto após ela ter se afastado para que os curiosos se aproximassem, mantendo uma curta distância dela.

— Será que ela está bem? — perguntou uma das vozes.

— Tem algum médico por aqui?

— Acho que aquilo pode ser sangue!

Enfim um deles se aproximou; Himiko supunha ser um dos tripulantes do navio, a julgar pelas vestes brancas e pela pequena caixa que trazia consigo.

— Você consegue me ouvir?

Ele prestava os socorros iniciais; percebendo que ela estava consciente, colocou a cabeça dela de lado enquanto checava os sinais vitais. A treinadora sentia-se esvaziar naquele momento, como se bastasse a ela fechar os olhos para que tudo sumisse.

— Vai doer um pouco agora! — A voz do rapaz lhe trouxe de volta para a realidade, ou talvez tivesse sido o incômodo a retornar próximo ao tornozelo esquerdo, como se algo a perfurasse ali. A ardência voltava pela região, sua perna queimando como brasas.

— O que foi isso? — Perguntou ela, com a voz rouca, porém, firme.

— Tenha calma, vai ficar tudo bem! — A resposta vaga do socorrista lhe soou preocupante, como se não fosse ficar nada bem. — Fique parada agora, preciso lhe aplicar uma injeção!

— Mais uma?

— Calma, é só essa!

Himiko observava o rapaz colocando a agulha em sua perna, poucos centímetros acima da primeira perfuração, agora coberta por um curativo de tamanho considerável; percebeu também uma mancha de sangue ao lado no chão, levemente escurecido.

E então notou que o que achava ter sido uma injeção anterior era um ferrão, de talvez dois ou três centímetros de comprimento e, ao que tudo indicava, era o responsável por deixá-la naquele estado.

— Isso era… veneno?

— Foi só uma ferroada pequena, não vai lhe fazer grande mal. Mas receio que o ferrão tenha algum tipo de veneno sim — o homem fez uma pausa, tentando confortar a garota com um sorriso. — Respire fundo agora, mas devagar. Isso vai ajudar com a sua perna!

Himiko puxava o ar com força talvez exagerada, fruto de sua raiva. Haveria de ser coisa daquele Gengar, com toda a certeza; ele tinha certas características de produção de toxinas, pelo menos era o que se lembrava do que aprendera quando mais nova. A medida que a ardência na perna foi passando, também percebia seu engano, já que o fantasma não tinha nenhum ferrão para que pudesse executar o golpe. Por maior que fosse a coincidência dela ser atacada instantes depois de ele sair.

Afinal, como lhe alertara Steven naquele dia, existiam pessoas desejando sua morte. Não duvidava que aquela tivesse sido uma tentativa de se livrar dela, partindo de alguém que estava dentro do navio.

— Consegue se levantar? — Perguntou o socorrista, notando que a expressão de Himiko não denunciava mais dor. — É, como pensei, pronta para outra. Vem comigo, se sentir fraqueza pode se apoiar em mim!

Os dois seguiram em direção ao saguão central, logo atrás dos últimos curiosos que, em sua maioria, já tinham retornado para seus lugares. Dirigiam-se para a lanchonete, aonde ele lhe providenciou um copo de água com sal.

— Sei que o gosto é ruim, mas você precisa beber isso — explicava ele —, vai ajudar a conter os efeitos do veneno.

— Obrigada! — Himiko deu um sorriso fraco, tentando puxar conversa. — Como você sabe tanto sobre isso, você é médico?

— Na verdade, não, mas tenho boas noções de primeiros-socorros. Sem contar que as águas por aqui são infestadas de criaturas venenosas, então acabei aprendendo uma coisa ou outra sobre isso.

—Entendo… Algum pokémon no mar deve ter atirado um ferrão em mim, pelo visto…

— Eu não tenho tanta certeza… aquele era pequeno demais para ser de um Qwilfish… — ele baixou a voz em seguida, para que os passageiros próximos não o ouvissem — eu estava prestes a te perguntar se você viu algum pokémon venenoso a bordo, na verdade.

— Só um Gengar que estava me perseguindo desde ontem… mas ele não tem ferrão, tem?

— Que eu saiba, não.

Os dois ficaram em silêncio, momento no qual Himiko tomou o restante daquele líquido turvo de gosto ruim.

— Isso me lembra que tenho que procurar minha Lombre, e agradecê-la por ter te chamado.

— Mas eu não vi nenhuma Lombre. Eu estava passando quando te vi caída…

— Entendo… se não se incomoda, preciso ir atrás dela!

— Vá com cuidado, por favor! Especialmente nas escadas!

Himiko então saiu em direção aos andares superiores, perguntando-se em qual inferno aquela pokémon estaria metida. Conhecendo-a bem, suspeitava que ela nunca teria procurado ajuda para Himiko, mas sim o responsável por tê-la atacado. Uma péssima ideia, a julgar pelo comportamento agressivo da pokémon.

De fato, bastou sair do saguão para ouvir a voz esganiçada de Rejane, gritando em um dos andares superiores:

— Abre essa peste de porta!

Himiko tremeu com a frase. Sabia o que aquela expressão significava para a pokémon, vendo-a usar somente quando estava com raiva. Mais um motivo para que se apressasse, encontrando-a próxima a uma das cabines, do lado oposto à que visitara mais cedo.

Sabendo que não conseguiria subir as escadas sem ajuda, viu-se obrigada a chamar por Futa, tendo em sua telecinesia o auxílio necessário para que pudesse alcançar o piso superior.

— É ela, Himiko! — Rejane se explicava, antes que a treinadora pudesse perguntar o motivo da confusão. — Eu a vi entrar aí, não tou doida!

Sem ter uma janela para poder verificar do que se tratava, restava-lhe acreditar ou não nas palavras da Lombre. Decidiu-se pela primeira opção, dando um solavanco na porta capaz de romper o fraco trinco que a mantinha fechada.

E, apesar do inesperado, não se surpreendeu ao ver a jovem acuada na cama inferior do único beliche do quarto. Reconheceria aquela expressão de medo e aquele rosto amendoado em qualquer lugar, mesmo que desta vez ela estivesse emoldurada por longos cabelos castanhos ondulados, ao invés da peruca azulada com a qual se acostumara a vê-la usando.

Era, obviamente, Rhavili. Ou melhor dizendo: Larissa.


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Notas finais do capítulo

Sobre o capítulo, prefiro não me manifestar muito por aqui, pois sabemos que a treta vai ser grande no próximo...

Notas do in-game:
Okay, como queira ou não isso aqui é Pokémon Emerald, no jogo tem toda uma ladainha a respeito dos vilões que querem capturar os lendários, então vou fingir que essa parte nunca existiu e simplesmente pular toda aquela frescura e só atualizar os níveis para depois da treta. Até porque foi uma piada, já que os níveis dos treinadores Aqua e Magma não foram ajustados e eu só estava uns vinte níveis acima por conta disso...
Só lembrando que os pokémon no jogo, apesar de eu implicar o contrário na fanfic, foram essenciais no time, então os níveis vão ser atualizados de acordo.

Status do time:
Pokémon: 6
Futakosei (Gardevoir) Lv. 67; Bold, Synchronize.
Ikazuchi (Manectric), Lv.68, Serious, Lightning Rod
Nagrev (Charizard), Lv.67, Naive, Blaze
Rejane (Lombre), Lv.69, Bold, Swift Swim
Nolan (Gengar), Lv.66, Docile, Levitate
? (Swampert), Lv.67, Relaxed, Torrent

Mortes: 9 +0 = 9



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