PDV Daniel

Eu só acho que eu que deveria levar ela embora já que foi eu quem a trouxe, mas se o Elidio faz tanta questão assim, então que seja, mas eu sei o porquê que ele está tão atencioso, com certeza ele deve estar interessado nela sem sombras de dúvidas, ele é sempre sem vergonha mesmo... Pera ai, mas porque estou dando tanta importância pra isso? Quer dizer, isso é ridículo! O Elidio é solteiro, e ela, depois que namorou o Rafinha, eu acho que está solteira também, eles poderiam ter alguma coisa, mas será que chegam a namorar? Eles não combinam, ele não tem nada haver com ela, mas será que ela está gostando dele? Daniel para de pensar nisso, o que te importa se eles combinam ou não? Não era nem pra está imaginando eles... Mas de fato ela está muito bonita mesmo, eu confesso que me senti diferente depois de vê-la essa noite... Ah, claro que não, to viajando já!

Nova mensagem

20h58min – Karina: Pelo jeito vc ñ volta hj né?

– Fala sério, ainda está cedo! .:Falava sozinho um pouco irritado com a perseguição da Karina:.

20h59min – Eu: Eu ñ durmo na casa do Andy, mas já estou voltando pra casa!

Antigamente a Karina não era tão grudenta assim, eu já estava me sentindo um pouco sufocado com isso.

20h59min – Karina: Ótimo! Estarei te esperando. Beijos

Eu não iria fazer questão de respondê-la, pra mim esse último SMS dela pareceu provocativo, mas vou deixar pra lá, isso não é motivo de discussão, pelo menos espero que ela não queira discutir. Eu apaguei as luzes dos cômodos da casa, tranquei a porta com a chave extra, já que o Elidio estava com a chave do carro e ele provavelmente levou a chave que estava pendurada na porta da casa do Anderson também, e meu carro estava na minha casa, então tive que pegar um táxi e assim começar meu trajeto para o interrogatório que Karina com certeza iria fazer.

PDV Suzanna

Por todo o caminho fomos conversando sobre música e comida, era legal ter a presença do Elidio, cada vez mais eu me dava conta que eles não eram tão ruins e que eu estava errada sobre eles.

– Só ir reto agora, você vai ver um portão grande feito de madeira! .:Dizia apontando para o lado esquerdo da rua:.

– É ali onde estão aquelas pessoas na frente? .:Lico perguntava e era exatamente o lugar que estávamos indo:.

– Isso! .:Respondi e ele foi parando o carro, logo pude ver Luna e ela parecia não está muito feliz. Sai do carro e o Barbixa fez o mesmo, dando a volta na frente do carro parando ao meu lado na calçada:.

– Oi Luna, foi mal, me atrasei um pouquinho, só um pouco... .:Disse sorrindo tímida me aproximando dela, lhe dando um abraço como desculpas, e que bom que ela retribuiu o abraço, assim vejo que ela não estava brava comigo:.

– Pensei que você não viria mais garota! .:Luna disse e encerramos o abraço. A pessoa que estava com Luna na calçada era Samantha, a prima dela, ela me odiava não sei por que, mas eu não estava nem ai pra ela, porém sou educada para cumprimenta-la, até porque ela faz parte da banda da minha amiga.

– Olá Samantha! .:Eu disse e ela ficou me olhando, dando um sorrisinho irônico apenas. Então lembrei que eu estava acompanhada e apresentei rapidamente o Lico para elas:.

– Então, esse é o Elidio um amigo e convidado para nos assistir ensaiando hoje, e Elidio essa é Luna minha melhor amiga e a prima dela Samantha! .:Disse apresentando fazendo gestos com as mãos e elas claro cumprimentaram ele com beijos no rosto e abraços:.

– Eu sei quem é você, você é um dos Barbixas não é? .:Luna perguntou radiante:.

– Isso mesmo, prazer em conhecer vocês! .:Elidio dizia sorrindo, ele parecia estar a vontade com elas:.

– O prazer é todo meu! .:Luna retrucou em disparada total, dai eu já não sei se ele continuou confortável dessa vez:.

Todos nós entramos para poder ensaiar apenas um pouco, porque já estava tarde e Luna tem família, eles precisavam dormir, apesar de ser sábado. Porém durante o ensaio o Lico não parava de olhar pra mim e eu realmente estava ficando com vergonha, e vou te contar, só fiquei envergonhada o tarde inteira, até porque o jeito que o Dani me olhou durante a ida à casa do Andy até o jantar me deixou sem jeito e agora ficou na minha mente. Hoje foi o dia que eu pensei que jamais aconteceria. O Lico sorria tão belo pra mim, e como se não fosse apenas ele me olhando, as duas no outro canto do sótão o espiavam sem disfarçar e o que eu poderia fazer? Se minha amiga Luna ficou interessada no Lico ficarei sabendo mais cedo ou mais tarde:.

Acabamos o ensaio e Luna insistiu que tomássemos alguma coisa ou comesse algo, mas eu estava muito cansada e com sono, e o rapaz concordou comigo, deixando Luna um pouco chateada. Então nos despedimos e fomos embora, e quando estávamos dentro do carro, Lico estava quieto, colocou a chave no contato que ligou o mesmo, pra prosseguimos para o caminho da minha casa o silêncio reinava entre nós dois, meus olhinhos estavam até se fechando, mas eu sabia que não podia dormir o Lico não sabia onde ficava meu apartamento, mas eu estava com tanto soninho, com tanto sono, até que o rapaz começou a puxar assunto, isso era bom, eu não podia acabar dormindo ali.

– Você toca muito bem! .:Lico disse sorrindo, porém de olho na rua:.

– Muito obrigada jovem! .:Eu disse um pouco sonolenta, mas estava nítida ainda:.

– Você realmente parece cansada, quer que eu coloque o nome da sua rua no GPS pra você dormir um pouco? .:Ele perguntou olhando algumas vezes pra mim:.

– Imagina, não moro longe da Luna, se você virar na próxima direita, você vai descer a rua e depois virar a esquerda e chegaremos na minha! .:Eu disse e logo bocejei colocando a mão na boca:. – Desculpa, acho que preciso dormir. .:Disse e soltei um sorriso baixo:.

– Ah, então chegaremos rápido, eu conheço esse bairro, as ruas são curtas... .:Ele disse começando a andar com o carro, porém o silencio voltou, eu queria conversar, juro que queria, mas não sabia o que falar, era estranho ficar nessa situação, e eu não queria que ele achasse que eu era uma companhia antipática, até porque eu era antipática somente com aqueles que eu não tinha amizade, que era o caso dele e do Daniel antigamente, mas agora é diferente, mas será que o Lico liga pra isso?:. – Suzanna, eu queria que você me passasse seu celular?! .:O barbixa disse e logo pude ver que ele já estava descendo a rua que eu havia falado:.

– Claro, me dá seu celular para eu marcar pra você! .:Eu disse com tom de cansada e ele rapidamente tirou o celular do bolço da frente da calça e me deu. Marquei meu nome e número e salvei na sua lista de contatos, e ele já estava na minha rua:.

– Qual é o seu condomínio? .:Ele perguntou desacelerando o carro:.

– Vai em frente, é no final da rua... .:Disse, e eu ainda tinha o celular dele nas minhas mãos, mas apenas estava segurando para depois devolve-lo:. – É esse aqui Elidio! .:Disse apontando para o prédio, Ele parou o carro na frente da portaria:.

– Chegamos rápido, achei que era mais longe! .:Ele parecia desanimado nas palavras que havia acabado de dizer:.

– Era pra eu morar mais longe? .:Perguntei com tom irônico:.

– É que eu queria passar mais tempo com você, pra conversar, sabe, é isso. .:Ele disse agora me olhando nos olhos:.

– É, bom, que pena então, eu acho, quer dizer... .:Eu tinha ficado surpresa com a resposta dele, eu não sabia o que dizer:. - Vamos marcar pra sair todo mundo junto, o que você acha? .:Ele continuava me olhar fixamente e então ele disse:.

– Suzanna, vamos sair só nós dois? .:Ele disse permanecendo imóvel, apenas com seu charme impecável, com uma mão apoiada no volante do carro e a outra mão pousada na sua coxa, ele sorria docemente:.

– Sair só nós dois, é que, é que... .:Minha respiração estava mais forte e por mais lindo que ele estava ali me chamando pra sair, tinha uma coisa que me impedia de aceitar aquele convite, me lembrando vagamente de algo que eu queria com todas as minhas forças esquecer, Rafael:. – Acho melhor não, desculpa Elidio, mas não posso. .:Disse entregando o celular do rapaz, me desprendendo do cinto de segurança e abrindo a porta do carro levando minha bolsa junto:.

– Suzanna, espera! .:Elidio disse e antes que eu pudesse sair completamente do carro ele me segurou pela minha mão:. – Me desculpe, eu disse algo errado? .:Ele agora refletia um semblante confuso:.

– Não, você não fez nada de errado, nós conversaremos outro dia, eu preciso ir agora. .:Disse com um olhar de angustia, mas não por causa do Lico e sim por causa das lembranças que me atormentavam:.

– Tudo bem... .:Ele disse me soltando e eu apenas sai do carro e logo fechando a porta deste, eu dei uma última olhada para dentro do carro, para aquele belo rapaz, que me olhava também, mas me afastei e sai de encontro a escaria da portaria:.

Meu medo de acabar gostando de alguém, medo de me apaixonar por outro amigo do Andy, medo de amar e não ser amada, era uma mistura de frustação e desejo, desejo de ter alguém e esquecer-me de tudo o que passou, e frustação de repetir tudo de novo.