Mundo medonho escrita por Helen


Capítulo 2
O básico.




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  Meireles pegou um piloto e começou a rabiscar uma criatura totalmente escura, humanoide, magrela e que tinha um olhar medonho e branco.

— Este aqui é o inimigo de vocês. — disse Meireles, apontando para o quadro. — Temos aqui uma forma básica e simples dos Medos, que se encaixa na categoria "físicos", que são Medos de nível 1 a 3.  O máximo de nível dos Medos é o nível 10. Mas é raro encontrar um acima de 6 em campos de batalha.

— Explique isso melhor. — pediu Agatha.

— Temos os Medos, certo? Eles são divididos em três categorias: Físicos, Psicológicos e Psico-físicos. Os físicos são os mais simples. Eles chegam até o nível 3. Os psicológicos chegam até o nível 6. Os psico-físicos são os mais fortes, e estão entre o nível 7 até o 10.

— O que são esses níveis? — interrompeu Ronald.

— É a classificação que fizemos. Entre cada nível há uma considerável diferença de força, forma e influência. Os Medos simples são de 1 a 3, os equilibrados são os de 4 a 6 e os complexos são de 7 a 10.

— Hum... eles são muito diferentes em suas formas?

— Depende bastante. Os medos de coisas concretas, palpáveis, se parecerão com o fator que os origina, se formos usar como exemplo um Medo de Gatos, ele será parecido com um.

Meireles desenhou uma forma humanoide com orelhas, patas e cauda de gato. Era magrela e com olhos fofos, que pareciam implorar por algo.

— Que fofo. — disse Agatha, sorrindo um pouco.

— É fofo, mas se tocar sua cabeça, você se torna uma Medrosa. — Meireles deu uma risadinha irônica.

— Aliás, uma coisa que eu sempre quis perguntar é... — começou Ronald — Como começou todo esse negócio de Medos e guerra?

— Poucos fazem essa pergunta. Fico feliz por você querer saber o porquê de estar lutando. — ele se animou como se há tempos quisesse contar essa história.

O homem se sentou em uma mesa. Depois de relembrar um pouco, começou:

— Essa é uma guerra que começou antes de vocês nascerem, desde duas décadas atrás. O medo é um problema muito antigo, que impossibilita muita coisa. Um dia, um rapaz veio com um projeto de retirar o medo da raça humana. Demorou bastante até que concordassem, mas finalmente aconteceu. Eles retiraram a parte do cérebro responsável por criar o medo, e acabaram a armazenando. O dono da ideia decidiu fazer algo com esses miolos. Experiências foram feitas e os Medos surgiram. Com a "materialização" dos medos completa, eles foram estudados em ilhas artificiais ao norte do globo. Depois de serem isolados, os Medos passaram a viver lá, junto com seus criadores. Não sabemos muito bem o que aconteceu nesse meio tempo, até que então, houve o que chamamos de "O Grito".

— Aquele quadro que vivem falando? — arriscou Ronald.

— Nem. Seria bom se fosse só um quadro. — Meireles se levantou da cadeira, sério. — "O Grito" foi um ato que declarou a guerra, e trouxe à tona parte do medo que acharam que havia sido removido. Não sabemos especificamente de qual criatura saiu isso, mas apenas podemos reconhecer que ela é muito poderosa.

— Como foi esse "grito"?

Aterrorizador. Surgiu de repente na ilha onde os Medos estavam isolados, e causou um amplo impacto. Todas as pessoas que ouviram ele de perto "ganharam" seus medos de volta, e assim surgiram os Medrosos. Cremos que é uma criatura que pode trazer o medo de volta à humanidade. Há alguns que apostam que essa criatura seja o medo mais terrível da humanidade, mas infelizmente não temos ideia do que seja.

— Só consigo sentir pena dele. — Agatha deu uma risadinha. — Tenho certeza que a raça humana irá aniquilar esse ser.

— De qualquer forma, eles tem apenas um ponto fraco. Já que tem a capacidade de se regenerar, apenas uma lâmina especial pode os cortar, mas isso vocês vão aprender depois. Agora que vocês já sabem o básico, acho que é melhor eu resolver as coisas aqui enquanto vocês voltam pra casa e buscam suas coisas.

Meireles deu a Ronald a chave de um dos quartos. O homem explicou como chegar lá e até desenhou um mapa no quadro. Disse que os esperaria até que voltassem. Eles foram e voltaram para a mesma sala, e Meireles ainda estava lá. Alegre por não terem desistido, o homem começou a guia-los pelo prédio dos Intrépidos, depois, claro, de coletar suas informações básicas. Mostrou alguns lugares, mas nada muito específico. No fim da excursão, parou em frente a uma porta simples de metal. Ele mandou Ronald a abrir com a chave e apresentou o quarto dos dois. Não mudava em quase nada do antigo, o que era bom. Meireles falou sobre a rotina. Depois disso ele saiu do quarto e deixou que os jovens explorassem por si só. Como Ronald era explorador por natureza, logo se cansou daquele pequeno local e saiu, procurando mais coisas para descobrir. Agatha apenas se deitou na cama de baixo, e descansou.

...

Ronald voltou algumas horas depois, quando já era noite. Ele parecia muito animado, e não conseguia ficar quieto por muito tempo. Sempre precisava contar um fato, uma novidade, algo engraçado que viu, pessoas com quem conversou, etc. Agatha se sentia sortuda por ter alguém tão sociável e coletor de novidades. Não precisava sair do lugar: Ronald já fazia todo o trabalho duro.

— Você devia ter ido ver por si só! — disse Ronald, em meio a um sorriso. — Ia amar tudo!

— É mais fácil você ver e depois me contar. Sabe que eu não tenho tanto jeito com pessoas.

— Não sei como. — ele cruzou os braços atrás da cabeça, deitado na cama de cima. Depois de uma pausa, abriu um sorriso maroto. — Você tem medo delas, é?

— Claro que não, imbecil. — o fato de possuir medos era quase uma ofensa, para Agatha. — Tiraram os medos de mim quando eu nasci, que nem como aconteceu com todo mundo.

— Ok, ok, desculpa. — sentindo a aspereza na voz da amiga, Ronald se desculpou e resolveu que melhor apenas dormir. Desceu da cama e desligou a luz. — Boa noite, Agatha.

— Boa noite, Ronald.


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