Era uma quinta-feira ás quatro da tarde, quando eu sai para levar meu amigo Jet até o ponto de ônibus para ele ir pra faculdade, estava uma tarde gelada e eu trajava calça comprida e uma blusa de mangas, estava realmente frio... Enquanto nós dois caminhavamos para o nosso destino, cerca de uns trinta ou quarenta metros da minha casa eu observava os careos estacionados quando notei gato debaixo de um carro Preto, estava frio para ele estar na rua, abaixei-me e reparei que ele estava machucado, olhei pro meu amigo Jet e disse:

- Jet, pode ir sozinho? Eu preciso ver o que faço aqui com ele... - Abaixei a cabeça triste, Ele olhou pra mim abaixando a cabeça entendendo o meu lado.

- Pode deixar... Se cuida ok? - Ele me abraçou e saiu em direção ao ponto de ônibus, eu voltei correndo pra casa, conversei com a minha mãe mas ela disse que não podíamos acolher animais no nosso prédio e que não tínhamos condições já que ela ajudava um lar pra crianças carentes... Não gosto de crianças , Liguei para todos os meus amigos e ninguém podia ficar com ele, Lucy tinha um cão, Natsu já tinha um gato assim como Sting e Rogue. .. Estava tão desesperada para conseguir uma ajuda que fiz algo que nunca imaginei que faria... Liguei para Gajeel.. Garoto que não gosta de mim e me zoa todo dia, mas sei que ele gosta muito de gatos... Apesar de durão ele nunca escondeu o amor pelos felinos, peguei o telefone dele com Natsu e liguei do meu celular, ele tocou por alguns segundos até que ouvi aquela voz grossa e interessante mente calma.

- Alô? - Suspirei, era a hora. - Alô..? Tem alguém na linha?

- Gajeel..? - Perguntei meio acanhada.

- Sim, sou eu... Quem é? - Ele perguntou com curiosidade na voz.

- Sou eu... Levy... - Suspirei novamente olhando pro relógio, Estava quase na hora de eu ir pra aula...

- Ora anã, o que quer? Finalmente se rendeu ao meu charme e veio querer ficar comigo?

- Sem gracinhas Gajeel. Eu... - Hesitei antes de falar. - Preciso de sua ajuda...

- Quê??? A mais inteligente da sala precisando da ajuda de um bruto como eu? - Ele riu, que idiota. - Fala aê o que "cê" quer.

- Eu achei um gatinho aqui na minha rua... Ele tá machucado e não posso ficar com ele...

- Tsc, Eu estava me arrumando pra ir pra balada, tenho cara de abrigo pra bicho?

- Não custa tentar... A noite já vai chegar e está frio demais hoje... Tenho medo dele morrer...

- Bom, se vira. Vou faltar hoje na aula, avisa o professor, inventa alguma coisa, sei lá, fala que eu tô doente.

- Como se ele fosse acreditar... - Minhas esperanças se perderam ali, suspirei novamente, lágrimas brotavam de meus olhos e eu solucava ao telefone, ele deu uma risadinha idiota e eu disse: - Tudo bem... Tenho que ir pra aula... Tchau Gajeel... - Não podia faltar senão perderia a bolsa, fui pra escola naquele crepúsculo triste e frio, senti o frio passar pelo meu corpo, antes de ir passei numa vendinha e comprei dois potes e um pouco de ração para gatos, deixei debaixo do carro que ele estava - encolhido e sujo - e sai sem conter o choro, o que seria daquele gatinho? Morreria ali? Por um instante desejei ter perdido a bolsa mas ficado para arranjar um lar ou alguma solução para o pobre gatinho, por um momento desejei que a noite não chegasse pois o pequeno não ia sobreviver ao frio... Eu sempre amei a noite calma e silenciosa, Mas nesse dia desejei que o dia durasse mais... Ao chegar na aula meus amigos me consolaram com palavras de afeto, foi o dia letivo mais longo da minha vida, quando a aula acabou saí correndo e fui verificar debaixo dos carros, Ele não estava mais lá... Será que o encontraram? Me lembrava do pequeno gatinho preto que estava se contorcendo de frio, aninhado em si mesmo numa tentativa de conter o frio que sentia... Voltei a chorar... Fui pra casa pensando naquele pequeno gato, Não conseguia dormir nem queria porém o sono me venceu e eu adormeci.

Acordei pela manhã e fui procura-lo novamente e nada. Resolvi perguntar para um vizinho mas de nada adiantou, me senti falha... Me senti horrível... Até que resolvi dar uma volta e perdida em pensamentos fui parar num bairro nobre onde vi Gajeel com toda a sua postura grosseira enfrente a um veterinário, Resolvi espiar e para minha surpresa ele estava lá, o pequeno gatinho parecia limpo quando a enfermeira deu pra Gajeel segurar, ele o acariciou e ela o levou de volta para a área de tratamento intensivo, corri e abracei Gajeel com força, ao ver-me ele sorriu e beijou a minha testa.

- O Lily ficará bem... - Eu o encarei, como ele sabia que esse era o nome que eu queria dar a ele? - Vi você falando desse nome pra Lucy... Achei legal e coloquei nele....

- Obrigada... Eu já não continha minhas lágrimas e o abraçava bem forte, ele sorriu e ficamos lá por algumas horas...

Hoje, passaram-se três anos e estamos noivos... É o Lily está melhor que nunca com a sua namoradinha Shagotte e sua filhote Charle.

Posso não ter mudado o mundo... Mas mudamos a vida daquele gatinho... Senti como se tivessemos uma vida em nossas mãos.