Por Trás da Seriedade escrita por Lilly Belmount


Capítulo 10
Capítulo 9




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O som do despertador era insuportável demais. Cindy pegou o pequeno aparelho e tacou para bem longe de si. Olhou de um lado para o outro, infelizmente nem a noite foi o suficiente para ajudá-la a esquecer o que acontecera na noite anterior. Olhava para o teto de seu quarto, parecia tão sem vida, sem cor. Infelizmente teria de deixar o seu refúgio para mais um dia de aula. Tudo o que mais desejava era não encontrar com Mellody. Pelo menos por um dia. Um dia sem todo o tormento e preocupações seria mais do que o ideal.

Cindy decidiu se levantar e foi até o banheiro tomar um banho para melhor despertar. Todos os seus problemas seriam deixados de lado por ela, mesmo que fosse um esforço muito grande a ser feito. Mostraria a Mellody que as suas ameaças não lhe colocariam para baixo. Seria um dia de novas batalhas e novas conquistas, só dependia dela para que o dia fosse muito bem aproveitado.

Assim que se aprontou, ela foi para o colégio. Andar era um bom remédio para se manter centrada, podia pensar e refletir tranquilamente enquanto caminhava pelas ruas ainda sem movimento. No meio do caminho encontrou com Peter. Não tinha nada contra o garoto, mas Peterera dono de uma beleza sem igual. Olhar profundamente em seus olhos azuis a deixava desconcertada sem contar que em alguns momentos ele conseguia lembrar o próprio Jared.

— Como você está, Cindy? — Quis saber ele.

— Vivendo um dia de cada vez, mas estou bem. — Suspirava a jovem — Obrigado por perguntar.

— Tem certeza? Estou te achando um pouco distante...

— Vai dizer que não ficaria atordoado depois de bombar numa matéria? — Ironizou Cindy divertida.

Peter revirou os olhos.

— Isso é normal, Cindy. Não dá para ser perfeita em tudo.

Cindy corou.

— Mas os meus pais ainda não sabem da minha nota. Era uma das provas mais importantes e consegui me dar mal. — Murmurava ela.

— Fica tranquila! Vai dar tudo certo e irá recuperar essa nota. — Aconselhava Peter — É só pedir para fazer algum trabalho extra.

— Tomara!

— Acredite! Seja positiva.

Por que era tão dificil resistir aos encantos de Peter. Ele possuia tudo o que uma garota desejava: uma bela aparência, lábios que convidavam para um deleite, braços fortes e principalmente sabia como agradar, ser fiel a quem amava. Se conheciam desde a quarta série e sempre dividiam segredos e sonhos. Peter não fazia parte de seus sonhos mesmo que ele desejasse. Era nitido que ele possuia algum interesse em Cindy, mas ela não demonstrava sentir algo a mais.

Se tornava complicado demais pensar que seu amigo nutria algum sentimento por ela. Nunca se imaginou ao lado dele. Caminhavam lado a lado ora conversando ora em silêncio. Infelizmente era o dia em que Roberta chegava um pouco mais tarde. De fato um dos piores dias.

Enquanto estivesse com Peter ao seu lado tudo estaria bem. De um jeito único ele a fazia esquecer dos seus problemas. Contava-lhe a respeito das suas viagens para fora do país e do quanto as regras de conduta eram diferentes das quais eles conviviam.

Foram diretamente para a aula. As primeiras aulas foram bem tranquilas. Não havia sinal algum da existência de Mellody. O dia não poderia estar melhor do que desejaria. Durante as aulas, Mellody sempre dava um jeito de mandar bilhetinhos com ameaças para Cindy.

" Ah querida! Espero que esteja vivendo um dos seus piores dias, acredite ainda irá piorar demais".

A raiva crescia evidentemente em Cindy. Todos aqueles bilhetes precisavam ter um fim imediato. Depois que os lia amassava com toda força que possuia em suas mãos como se desejasse que aquele pedaço de papel virasse um grão de poeira.

O dia se transformava rapidamente. Concentrar-se na matéria não estava sendo nada fácil. O professor de geografia sabia explicar muito bem a sua matéria, mas a mente confusa de Cindy fazia com que ela visse algo surpreendente e fora do comum. Por um instante viu Jared explicando a matéria detalhadamente.

"Meu Deus! Estou ficando paranóica!" Pensava ela.

Sem pedir permissão ao professor levantou-se e foi para o banheiro lavar o rosto. Precisava afastar todos os seus pensamentos caóticos, sair daquele país... talvez fazer uma visita para a sua tia Amelie fosse uma solução.

Faltava poucos minutos para o intervalo e ali ela preferiu permancer até recuperar a cor natural do seu rosto. Algumas pessoas acabriam perguntando o porquê dela sair da sala daquele jeito, mas não responderia nada. Não era necessário dar satisfação a respeito da sua vida. Logo o banheiro estava ficando cheio e a megera indomada havia acabado de entrar.Expulsou todas as garotas que ali estavam. Queria um momento a sós com Cindy. Seria pedir demais para ter a supervelocidade e sair dali?

— Soube que o Jared ainda está correndo atrás de você! — Afirmava Mellody com um olhar desafiador

— O que você quer? — Perguntou Cindy incomodada.

— Simplesmente... que você convença o Jared de que eu sou a melhor pessoa para ele. Diga apenas coisas boas como se estivesse recomendando uma amiga para ele. O convença a ver que a nossa vida juntos pode ser muito mais colorida e cheia de aventuras. Despreze-o de vez em quando e assim poderá se referir a mim como se eu fosse a meelhor pessoa desse mundo.

— Impossível! — Sussurrava a garota saindo do banheiro.

— Repita — Pedia Mellody furiosa segurando no braço de Cindy. Dali ela não sairia tão cedo.

— Vai ser impossível, pois ele está fazendo uns shows durante uns dias e não sei quando volta.

— Melhor ainda, pense bem no que vai dizer.

A petulância de Mellody crescia.Tinha de dar um fim nessa história, ninguém poderia tratá-la daquele modo e não iria deixar isso acontecer.

— Melhor que isso... diga você mesma a ele.

Saiu deixando a víbora pasma. Pelo menos assim poderia se sentir um pouco mais leve. Por pouco tempo, mas já era o suficiente para que se concentrasse em algo mais importante. As ameaças na escola estavam deixando de ocorrer diariamente, mas chegavam por outros meios de comunicações e sempre se sentia mal ao ler palavras insultantes que mais pareciam com estacas afiadas. Seus pais não poderiam sequer imaginar o que sofria com as ameaças.

Ao sair do banheiro, Cindy foi para o refeitório. Se sentia perdida por não ter Roberta ao seu lado. Suas lágrimas insistiam em rolarem pelo seu rosto.

— Ô garota! — Chamava Peter — Está tudo bem?

Ela levantou o rosto calmamente e forçou um sorriso.

— Nunca mais estarei tão bem quanto eu desejo. — Murmurava Cindy.

— O que aconteceu para estar assim? Cadê a garota animada que veio comigo para o colégio? — Pergutava Peter com a voz afetada.

— Tantas coisas acontecem durante o dia que listá-las seria a pior tarefa do mundo. Só estou cansada de viver a mesma rotina sempre, com as mesmas pessoas chatas e insuportáveis... — Notou Mellody passando bem perto de onde estava sentada.

— Eu não sou chato e insuportável. — Rebateu Peter.

Peter não compreendia a mensagem que Cindy queria passar.

— Claro que é, Peter! Só sendo sua amiga para te aturar tanto. — Brincava Cindy.

— O que importa é que eu te faço sorrir e brincar. Isso já é o suficiente. Assim me sinto especial.

Ela sorriu fraco. Peter não conseguia deixar de imaginar um relacionamento com Cindy.

Depois do intervalo, Cindy torcia para que não tivesse mais nenhuma aula ao lado de Mellody. Roberta infelizmente não conseguira comparecer ao colégio. Tinha de ser um motivo muito especial para que ela se ausentasse. A cada minuto era uma surpresa para a própria Cindy. Até quando aguentaria todo o tormento?

O fim da aula foi como um balsámo para a jovem. Toda a atmosfera estava pesada e ela precisava distrair a cabeça, fingir que nada havia acontecido. Ao chegar em casa, ela estranhara a presença de Luiza. Seu pai conversava atenciosamente com a garota.

— Luiza? — Perguntou Cindy desconfiada.

— Oi Cindy! Teria alguns minutos livres? Preciso conversar contigo.

— Claro! Vamos para o meu quarto.

As garotas foram rapidamente para o quarto. Cindy jogou a mochila na cama enquanto Luiza preferia sentar-se na cadeira.

— Decidiu abandonar a Mell? — Questinou Cindy — Só assim poderia vir até a minha casa.

Luiza puxou uma mecha de seus cabelo para trás da orelha.

— Não me odeie, Cindy. É a Mellody quem comete as maioress atrocidades contigo, não eu. — Pedia Luiza humilde.

— Tudo bem — Ela se dava por vencida. Sentou-se de frente para Luiza — O que você queria conversar comigo?

— Sei que você ama o Jared incondicionalmente, mas por favor, se afaste dele, a Mellody está obsecada em o ter de volta. Ela fará tudo o que é possivel para que fiquem longe um do outro. — Explicava Luiza desesperada. — A Mellody quer te ver morta.

Cindy gelou diante da revelação. Mellody poderia ser capaz de fazer qualquer coisa. Nunca foi tão complicado notar esse lado demente de Mellody. Sempre dera indicios de sua loucura quando era mais nova.

— Agradeço a preocupação, mas eu não tenho mais nada com ele. Diga a ela que o caminho está livre... Não preciso tê-lo ao meu lado para saber que o amo. Meu coração sempre o amou e talvez continue o amando.

— Seus sentimentos pelo Jared são puros e intensos, Cindy. Isso é tão bonito de se ver. Só quem ama de verdade é capaz de libertar o outro.

— Não posso libertar aquilo que nunca foi meu... Luiza minha paixão pelo Jared não tem explicação, não tem cientistas capazes que possam entender, nem mesmo eu consigo. Sempre sou pega de surpresa ao notar algo que ele faz de diferente. É como se eu conseguisse enxergar a alma dele. Saber quem o Jared é de fato.

Luiza sorriu encantada.

— Em todos esses anos de amizade com a Mell, nunca a vi falar da mesma forma como você... isso o que você sente é muito mais do que amor... — Ela sorria docemente — Até parece que foram um casal em outras vidas. Espero um dia ser capaz de amar alguém com a mesma intensidade que você! — Luiza abraçou Cindy — Meus pais estão me esperando... desejo toda a sorte do mundo. Nos veremos em breve.

— Aonde vai? — Questionou Cindy curiosa.

— Vamos nos mudar para Los Angeles... meu pai foi transferido semana passada. Definitivamente estou livre das loucuras da Mellody Strancer.

— Que sorte a sua! Seja muito feliz no seu novo lar!

— Você também. Manda um abraço pra Roberta.

Cindy assentiu e acompanhou a garota até a porta.

Luiza nunca foi uma pessoa tão ruim, não soube apenas escolher a pessoa certa para ser amiga. Admitia para si mesma que a atitude que tivera foi grandiosa demais. Jamais esqueceria a preocupação dela para com Cindy.

"Mellody quer te ver morta"

Essas palavras não saiam da cabeça de Cindy. De certa forma ela deveria ficar apavorada com a ideia de ser morta por alguém, mas não havia anda que pudesse prendê-la naquele mundo, exceto seus pais. Já não tinha mais nenhum contato com seu irmão, seus pais sabiam se virar nos momentos mais dificeis, mas enquanto tivesse forças lutaria pela sua vida.

George apareceu na entrada da sala e se pôs a observar a sua filha.

— O que aquela garota queria aqui, filha? — Perguntou George preocupado.

— Só veio se despedir... o pai dela foi transferido para Los Angeles. Faziamos muitos trabalhos juntos quando a Roberta não comparecia ao colégio.

— Pensei que fosse alguma daquelas garotas que adoram arrumar confusão.

— Fica tranquilo. Não me envolvo com pessoas assim.

Ela deu um beijo no rosto de seu pai e foi para o seu quarto. Havia muito o que fazer do colégio, principalmente queimar os últimos bilhetes ameaçadores. Pegou os seus cadernos e ficou sentada se dedicando a estudar. Precisava se esforçar mais e não deixar que os seus problemas atrapalhassem a sua vida escolar.

Ficou concentrada enquanto folheava os seus livros e cadernos. Sua mente fica mais calma e a concentração se tornava maior. Infelizmente o seu celular insistia em tocar, Cindy não queria desprender-se dos estudos, mas deu uma olhada para saber quem era. Jared Colleman. Não o atendeu e assim desligou por completo o aparelho.

Não teria distrações tão cedo, não pensaria nele. Jared seria apenas mais uma mera lembrança na sua vida dali em diante.


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