Por Trás da Seriedade escrita por Lilly Belmount


Capítulo 1
Capitulo 1


Notas iniciais do capítulo

BOA LEITURA!



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A noite tão desejada pela banda The Fallen finalmente havia chegado. Há algumas semanas planejaram dar um festa que pudesse se tornar épica ou o que chegasse perto disso. Queriam acima de tudo aproveitar o tempo livre que tinham antes de retornarem aos seus próximos shows. A agenda tão lotada não lhes permitiam tanto tempo livre. Uma única oportunidade de realizarem suas festas lendárias. Eles estavam esperançosos de que novas pessoas pudessem comparecer.

Logo mais cedo os rapazes foram até o colégio Bennington High School entregar os impressos para aquela noite triunfante. A cada jovem que saía era uma nova esperança. Dentre eles, a garota tão esperada poderia aparecer. Esperaram pacientemente até que o último aluno saísse do colégio, infelizmente a garota não estivera ali para assistir a aula. Não tendo mais o que fazer, Jared guardou o último folheto em seu bolso e se pôs a caminhar de volta para o carro. Um fio de esperança nasceu nele ao ouvir risadas de garotas se aproximarem. Lá estava ela, linda e sorridente acompanhada de sua amiga. Um sorriso doce que fazia com ele tentasse ao menos retribuir.

— Esperando alguém? — Perguntou Julie a Jared.

— Preciso falar com a sua amiga! — Exclamou Jared num sorriso enigmático. Puxou-a de canto segurando delicadamente em sua mãe — Ficaria muito feliz se pudesse comparecer a festa que darei hoje a noite. Te espero lá. — Despediu-se dela dando-lhe um beijo em sua bochecha.

A garota não sabia como reagir. Seus pés haviam sido enterrados na terra de alguma maneira. Desconhecia tal comportamento de Jared para com as pessoas, não era daquela forma que ela ouvia falar de um astro do rock. Muito menos dele. Algo de diferente estava acontecendo. Olhou para sua mão relembrando o toque. Calmo e suave. Uma aproximação arriscada, mas que lhe fizera sentir-se bem.

Não iria esquecer facilmente aquela cena. A noite seria um desafio muito grande para ambos. Ela teria de enfrentar os seus pais para conseguir permissão para ir até a festa e ele tinha de ser forte o suficiente para não mostrar o seu eu de verdade.

A música soava alta demais no bairro de Keaton. De onde quer que vinha, a música conseguia chamar a atenção de todos que por ali circulavam. O bairro todo parecia se comunicar com o evento que ali acontecia de forma intensa e agitada demais. Carros e mais carros paravam diante da casa iluminada e movimentada. Uma movimentação que não era tão esperada pelos anfitriões, pois esperavam apenas uma determinada quantidade de pessoas em sua casa, mas não faziam questão de estragar a diversão de quem ali se encontrava, não eram de estragar a comemoração e alegria das pessoas. Só queriam curtir o melhor momento de suas vidas enquanto podiam. Mesmo que ainda não fossem estudantes ou sequer dos mesmos círculos sociais, The Fallen era gentil e educado com as pessoas, independente de quem fossem elas.

As garotas que ali estavam esperavam ansiosamente por um dos anfitriões. Um rapaz que sabia encantar e seduzir como ninguém. Seus belos olhos azuis que pareciam penetrar na alma diante de uma comunhão intensa. Uma voz que causava arrepios quando este falava bem próximo de seus ouvidos. Alguém que era sedutor sem fazer o mínimo de esforço. Tinha o seu jeito único de prender a atenção da mulherada. Independe qual fosse a idade, todas se sentiam atraídas por ele. Um magnetismo que não havia explicação alguma, apenas deveria ser sentida.

Haviam bastante jovens se entregando ao doce som da melodia que preenchia o ambiente. Não eram músicas que desrespeitassem regras ou sequer crenças, mas permitia que cada um deles sonhassem com um mundo paralelo, um lugar melhor para se viver sem ser reprimido, sem leis, sem regras, sem ditadores para lhes comandarem. Evan e Trevor caminhavam dentre os convidados prestando atenção a tudo o que acontecia a seu redor. Algumas pessoas os paravam para conversar, mas sempre conseguiam dar um jeito de escaparem. Muitos queriam detalhes sobre os seus novos trabalhos, porém nenhum deles tinham permissão para lhes dizer. Desejavam apenas curtir aquela festa maravilhosa.

Jared estava mais sério do que antes. Mesmo com a festa acontecendo, nada parecia ser capaz de tirá-lo daquela máscara de seriedade. Algo o preocupava demais, portanto ninguém parecia notar. Tanto que ele andava de um lado para o outro, provavelmente a procura de um rosto conhecido. A maioria das pessoas que estavam em sua casa não eram conhecidos seus. Apenas pessoas a procura de diversão, à procura de algo para alegrar o fim de semana. O que era preciso para que Jared sorrisse? Alguém deveria ser capaz de assim faze-lo. Ou talvez quem ele tanto desejava a presença ainda não estivesse por ali. Admitia para si mesmo que ela nunca sairia de sua casa para uma festa dele. Já deveria estar acostumado.

Uma garota ruiva, baixinha passou perto dele mandando-lhe um beijo apaixonado acompanhado de um suspiro profundo do qual ele foi capaz de sentir medo. Fora totalmente reprimida pelo o olhar do rapaz. Se ela estivesse com as amigas ao seu lado, provavelmente estariam achando que ele era malvado e que as suas intenções era a de magoar as pessoas mesmo sem conhece-las. O que ele poderia fazer? Infelizmente nada. Nenhuma delas fazia o seu tipo, nem mesmo a sua namorada fazia. Talvez ela servisse apenas como uma desculpa para não ser assediado a todo momento, não gostava de que ser perseguido por tantas pessoas com as mesmas intenções, pensamentos e atitudes. Nenhuma das garotas que estavam em sua casa lhe interessava, fugiam dos seus ideais, das suas vontades.

Mistérios envolviam a vida de Jared. Nunca ousara contar o porquê de toda aquela seriedade que lhe preenchia a sua vida de forma intensa. Preferia que assim a sua vida fosse, sem demonstrações de afeto, amor ou carinho. Não haveria riscos de se machucar. Ter certos sentimentos aflorados o assustava. Ninguém o entenderia, não da forma que ele desejaria. Gostaria de ter a devida oportunidade de contar qual era o grande mistério que atrapalhava a sua vida. Todos aqueles anos sofria em ter um segredo que o mundo não sabia. Decidido caminhou até a mesa de bebidas e se serviu de cerveja. A bebida o ajudaria a ter bons pensamentos antes que acabasse ficando louco. Um único copo parecia ter sido pouco para ele, no entanto tomou mais dois copos seguidos sem ser interrompido. Durante aquela festa muitas novidades poderiam surgir.

Antes mesmo que ele pudesse pegar a sua guitarra, Mellody havia acabado de chegar. Andava em sua direção confiante naquele vestido vermelho que definiam ainda mais as suas curvas estonteantes. Ela sempre acabava colocando todas as outras garotas no chão, destruindo os seus sonhos mais belos e preciosos. Ao se aproximar ainda mais de Jared ela o puxou para um beijo bem demorado. Ele tentava recuar, mas ela sabia como dominá-lo por completo. Mellody gostava de mostrar a todas aquelas garotas a quem Jared pertencia. Tudo tinha de ser do seu jeito. Namorar Jared Colleman exigia muito esforço e confiança, e Mellody no entanto parecia possuir as qualificações necessárias para não ser tirada de seu posto com tanta facilidade.

— Como você está, meu amor? — Perguntou Mellody ao partir o beijo.

Jared passou a mão pelos cabelos pousando uma delas em sua cintura.

— Estou bem. — Respondeu ele simplesmente frio.

— Não parece, está com cara de preocupado. Não gosto de te ver assim, meu gostoso.

— Relaxa, Mell. Isso não tem nada a ver com nenhuma outra garota, se é nisso que está pensando.

— Eu sei, amor. Não consigo imaginar a minha vida sem você.

Jared ia responder, mas preferiu guardar o comentário para si mesmo. Acabaria causando uma grande confusão com a garota e não era o que ele desejava. Não naquela noite. Queria apenas pensar na sua diversão e na dos seus convidados, de tocar sem parar enquanto a sua mente o transportava para qualquer outro lugar desde que Mellody não fizesse parte. Longe de todo aquele caos do qual vivenciava todos os dias.

— Preciso chamar os rapazes para tocar.

Quando Jared ia saindo para ir em direção aos seus companheiros, Mellody o segura pelo braço com força.

— O que é agora? — Perguntou ele irritado.

— Só preciso te fazer uma pergunta.

— Não pode esperar para depois? — Rebateu ele.

— Poderia, mas preciso da resposta agora.

— Rápido — Ordenou ele.

— Por que você nunca me chamou de "amor"?

— Ah qual é? — Disse Jared irônico — Mellody você sabe muito bem o porquê. Não precisa de explicação. Certas coisas não precisam ser pedidas Mellody, mas sim conquistadas. Infelizmente você não conseguiu conquistar esse direito sobre mim.

— Poxa, pelo menos uma vez eu queria te ouvir me chamar de amor. Uma única vez. — Resmungava Mellody mimada.

Jared não gostava do comportamento de Mellody. Não aceitava a forma como ela lidava com as pessoas. De se sentir maior do que ela parecia. Estava sempre disposta humilha-las. Isso era errado. Insuportável.

— Tudo bem, meu "amor" — Disse ele frio dando ênfase na palavra "amor".

Mellody animada em ouvir o que sempre desejou pulou no colo de Jared e começou a enchê-lo de beijos. Estes que ele tentava se esquivar. Detestava quando ela se "apoderava" dele. Não precisava de tudo aquilo. Preferia quando estavam brigados, assim cada um ficava em seu canto e não existia encheção de saco. Ela apenas se importava em gastar para esquecer toda a briga e nada mais. Ele se tornava independente durante semanas livre para pensar e fazer o que mais desejava. Um alivio. Era muito para uma pessoa só.

— Te amo Jay. Nunca vou te abandonar.

Jared sentiu um arrepio estranho percorrer todo o seu corpo. Aquilo não poderia estar acontecendo. Mellody não poderia estar se declarando para ele. Tudo o que ele mais detestava era ser declarado. Ele não merecia, não gostava de demonstrações. Largou Mellody no chão e partiu para o quintal dos fundo. Precisava arejar os pensamentos. Por sorte não havia tantas pessoas para compartilhar o lugar. Teria um minuto de paz antes de começar a tocar. Adorava sentir o vento da noite tocar-lhe a face. Uma sensação de calmaria espalhava por seu corpo. Gostava de olhar para as árvores cobertas por pequenas lâmpadas. Um pequeno toque que o fazia lembrar de casa, de sua mãe.

Detestava quando sentia que tudo em seu mundo iria dar errado, de que não poderia contar com as pessoas que sempre desejou. Tudo estava errado. Jared se sentia sufocado nessas situações. Olhou para a casa do vizinho e notou que as luzes ainda estavam acesas, normalmente sempre dormiam mais cedo ou saíam de casa. Tantos pensamentos o confundiam. Sua vontade era de simplesmente voltar no tempo e fazer algumas escolhas serem diferentes, ter pessoas especiais na sua vida como sempre deveria ter sido. Queria que aquela garota estivesse ali, mesmo que fosse para não lhe dizer nada, mas ao mesmo tempo lhe dizer tudo. Em seu coração a chamava da esperança ainda ardia fortemente.

Infelizmente não poderia tomar decisões precipitadas em relação a Mellody. Sua vida lhe pertencia de algum modo e se detestava por esse fato caótico na sua vida. Se pudesse, não hesitaria em deletar aquele momento da sua vida. Ela usava este fato para que Jared nunca terminasse com ela. Deveria haver alguma saída. Se detestava pelo simples fato de ter compartilhado o seu maior segredo a ponto de que ela conseguisse ouvir. Sua vida desde então havia se tornado um inferno.

Gostaria que tivesse sido diferente na época, assim não teria tantos problemas, mas também não teria conhecido outras pessoas que mudaram a sua vida para melhor. Continuou por ali até que um de seus parceiros e melhor amigo de banda fora lhe chamar.

— Jay, está tudo bem?

Jared fora despertado de seus pensamentos. Olhou rapidamente para Trevor e se pôs a falar.

— Gostaria de dizer que sim, mas infelizmente não estou. — Respondeu Jared.

— Deixa eu adivinhar... O problema é a Mell?

— Sempre! Sinto que ela me suga demais.

— Por que não termina com ela? Jared, do que adianta ficar com alguém durante tanto tempo, se ela te sufoca? Você está se acabando com esse relacionamento. Tem de se libertar do que te faz mal.

Jared respirou fundo. Fitava o amigo fortemente.

— Só preciso de um motivo certo. Sei como a Mellody vai reagir diante do termino do namoro e segundo porque ela sabe de muitas coisas que poderiam acabar com a banda.

Trevor riu inocente. Não fazia ideia do quanto seu amigo sofria com a pressão de Mellody.

— Eu sei que ela é louca demais. Agora, vamos deixá-la pra lá, precisamos tocar para as pessoas. Afinal, foi para isso que elas vieram. Vamos dar diversão a elas. Permitir que elas sonhem um pouco mais com as nossas belas músicas compostas por ti.

Jared se virou completamente para Trevor dando-lhe uns tapinhas no ombro.

— Ainda bem que te tenho como bom amigo. Sempre me ajuda dando conselhos sábios.

Trevor começou a gargalhar sem parar.

— Nunca mais fale desse jeito comigo. Jay, você fica parecendo uma menina. Isso é assustador demais.

— Tudo bem. — Jared se rendia — Vamos arrasar agora.

Jared e Trevor caminharam para o hall de entrada. Assumiram as suas posições no palco improvisado. O trio começou a tocar a melodia de sua música mais conhecidas. Logo os convidados começaram se mover maravilhadas no ritmo daquela música inebriante. Os olhos de Jared brilhavam de pura alegria. A sensação de estar no palco o acalmava demais, um lugar sagrado onde ele poderia ser quem realmente era. Não poderia ser reprimido. O amor pela arte sempre falava mais alto do que se esperava. Desde criança Jared sempre seguia o seu sonho. Tomava cuidado para que todas as nações que ouvissem a sua música se inspirassem, levasse algo para a vida, pois valia a pena repassar as mensagens que lhe fizeram chegar até aquele ponto da história musical.

**********

Jared sempre se mostrara um cara muito sério no colégio onde estudava. Tão sério que alguma pessoas preferiam não conversar com ele. Temiam que ele pudesse ser arrogante e principalmente ignorante com elas. Afinal era melhor serem precavidos, principalmente quando não se conhece a história de vida destas pessoas. Até mesmo segredos obscuros poderiam ser guardados a sete chaves. Uma história que não se tratava de domínio público. Ser discreto funcionava muito bem com Jared. Sua vida seguia do jeito que sempre quisera, tinha conquistado muitos objetivos. Muitas pessoas não compreendia o porquê de ele agir dessa forma. Precisava ser assim para que algumas pessoas o respeitasse. A seriedade não o atrapalhava em quase nada.

Já havia se passado alguns meses que ele terminara o ensino superior. Fora obrigado por sua mãe, cursar uma boa faculdade. Dentre muitas que ele pudera escolher, optara pela Julliard. A distância era o seu problema, gostava de ficar em Londres, haviam pessoas que o prendiam ali, naquela realidade. Quando podia visitava a sua mãe em Los Angeles, mas a sua agenda como cantor era muito cheia. Necessitava conciliar todas as suas tarefas, mesmo que isso lhe exigisse viajar todos os dias em horários completamente diferentes. Sempre que podia saía algumas garotas, apenas por diversão estas que só se importavam pela sua posição social, pelo o que ele representava, mas sempre colocava sua banda em primeiro lugar, o que era essencial para a sua vida. Independentemente de quem fosse a garota, ela sempre seria colocada em última opção. Só seria número um se a garota valesse a pena e o fizesse se sentir diferente a todo e qualquer momento.

Cindy sempre fora uma típica fã da banda The Fallen. Mas como toda fã que se preze ela sempre foi muito apaixonada por Jared. Um amor que crescera de forma inexplicável, mas forte. Nunca tivera coragem de lhe dirigir a palavra quando estudavam no mesmo colégio. Trocar uma única palavra se tornava mais difícil do que ela poderia imaginar. Quando reunia forças para se aproximar dele sempre havia muitas garotas à sua volta, no entanto desistia e ia para casa decepcionada consigo mesma e lamentava mesmo sabendo que ele estava tão perto. Saber que ele morava perto dela, se tornara o motivo de suas alegrias. Da sua alegria constante. Com a ideia de serem vizinhos a vida de Cindy complicara bastante. Sempre havia alguém interessado em passar um bom tempo conversando com ela do lado de fora. Isso a irritava demais e muitas vezes ela não os conhecia. Chegara a conversar com os seus pais a respeito de sua transferência para outro colégio, mas eles não quiseram lhe dar ouvidos. Insistiam em dizer que aquele colégio era fundamental para a vida dela. Só que eles não conseguiam imaginar o abuso que Cindy sofria dessas pessoas.

Mesmo que uma parte dela desejasse sair daquele colégio outra queria permanecer ali, pois apreciava a presença de Jared naquele lugar, mesmo não sendo dos mesmos círculos sociais. Com ele por perto poderia sonhar como sempre desejara. Raramente se falavam, apenas trocavam olhares desconcertantes que eram capaz de tirar o ar. Toda vez que o via, Cindy ficava com as pernas moles e por pouco não conseguia sair de onde estava. Este era um dos únicos motivos que a alegrava. Talvez o que fosse mais sensato.

**********

Fim de semana. Momento perfeito para se dar uma grande festa com direito ao melhor da vida. Toda a vizinhança comentava sobre a grande festa dos rapazes, esta era uma oportunidade que Cindy não poderia perder. Passara o dia inteiro procurando algo que pudesse agradar a ela mesma e aos convidados dele. Estes momentos de procura eram raros, mas ela estava empolgada com a ideia da festa. Seria a primeira vez em que estaria numa festa dada por ele. Sua vida poderia mudar dali em diante.

Cindy de seu quarto ouvia a música a preencher. Seu coração disparava ao se imaginar indo para aquela festa. Sua vontade era muito grande, precisava ganhar coragem para ir até a casa de Jared, mesmo eles sendo vizinhos. Ela não era insegura, mas quando pensava nele, seu mundo parecia mudar completamente. Talvez fosse apenas os seus sonhos ainda de infância falando alto.

Sentada em sua cama com o notebook apoiado sobre as suas pernas, Cindy visualizava alguma fotos que Roberta havia lhe enviado a alguns dias atrás. Fotos do dia em que foram para o show da banda The Fallen. Ah como elas se divertiram tanto no show. Demorou alguns dias para que elas pudessem começar a voltar a andar. Pularam tanto que seus músculos ficaram doloridos demais. Andar se tornava uma missão impossível. Seus pais ficaram preocupados, mas ao mesmo tempo se divertiam com a situação. Era diferente ver a animação naquela garota, pois viam que a sua filha estava vivendo a melhor fase de sua vida.

Após organizar as fotos ela largou o pequeno aparelho e foi para a sala de estar. Chegando lá procurou por sua mãe, mas não obtivera um bom resultado no entanto tentou ver se ela se encontrava na cozinha. Acertara de vez em sua decisão. A viu cantarolar de um lado para o outro, decidiu-se sentar próximo à bancada. Apenas a observava em silêncio, momentos como este eram raros naquela casa. Uma alegria que Brenda sempre continha dentro de si. Não era o tipo de pessoa que sempre gostava de demonstrar os seus sentimentos. Brenda terminava de preparar o jantar e até então não tinha visto que sua filha estava esperando por ela.

Brenda retirou uma mecha de cabelo da frente de seu rosto.

— Algum problema, querida?

— Nenhum... — Mentiu Cindy — Só estava te observando mesmo.

Brenda a encarou estranhamente.

— Você nunca foi de fazer isso, garota. Pode começar a falar.

— Estava no meu quarto, ouvindo a música que invadia o meu quarto... — Brenda a interrompeu sorrindo.

— Não me diga que você quer ir a essa festa na casa do nosso vizinho?

— Não sei. Não tenho certeza.

— Por quê? — Indagou Brenda curiosa.

— Sei lá. Se eu tivesse alguém para ir comigo, quem sabe?

Brenda ficou séria.

— Que horas você voltaria?

— Cedo.

Brenda no entanto nada mais falou. Cindy entendeu como uma resposta negativa, afinal sua mãe não aceitava muito as suas ideias. Se fosse por Cindy ela já teria pegado estrada a fora. Teria ido conhecer o mundo, como ele realmente é. Descobertas estas que fariam bem a ela. Um novo olhar se abriria, sensações novas despertadas.

Decidida, Cindy voltou para seu quarto e por ali ficou vagando em pensamento. Nunca se sentira tão ansiosa em toda a sua vida. Esperava que a sua mãe mudasse de ideia de repente. Precisava aproveitar a vida enquanto lhe restava tempo. Ouvir aquelas músicas faziam com que Cindy saísse rodopiando pelo seu quarto animada. Rodopiou tanto que acabou caindo de tanta tontura. Esperou que aquela vertigem passasse. Fora até a janela e se pôs a observar a movimentação na casa ao lado. Todos pareciam tão felizes, tão livres de si mesmos. O dia havia sido cheio de surpresas, afinal Jared a convidara pessoalmente. Seu coração disparava ao pensar no toque das mãos, da sensação que sentira ao estar frente a frente com ele.

Não demorou para que o jantar ficasse pronto e Brenda a chamasse desprendendo-a de todo aquele pensamento. Até então, Cindy já havia desistido do fato de ir para aquela festa. Razões sensatas e concretas se apoderaram dela. Não teria com quem conversar por ali, ficar em casa era a sua única solução.

Na hora do jantar conversava aos sussurros com sua mãe:

— Sinceramente não sei o que faço a seu respeito minha filha.

— O que? Como assim? — Perguntou Cindy desentendida.

— Você está crescendo e devo admitir que está na hora de eu permitir que aproveite um pouco mais da sua vida. Vá a essa festa!

— Não sei se devo ir, mãe! — Exclamou Cindy insegura.

— Claro que deve minha filha. Você é jovem, aproveite. Aliás, ele é um gato, quem sabe rola algo. — Apoiava a mãe animadamente.

— Mãe, é impossível, ele tem namorada, e segundo eu gosto dele como cantor. Alguém que conheço do colégio, simples assim. — Explicou Cindy.

— Aham, eu sei muito bem como é. Meu amor, eu já tive a sua idade. Sei o quanto você quer ir para essa festa.

— Mãe não vai dar certo.

— Tente garota. — Incentivava Brenda.

— Não sei. — Cindy estava confusa olhando para seu celular, onde havia uma foto dele de um show que ela havia ido. — Posso tentar, mas se der errado...

Brenda a interrompeu:

— Nada vai dar errado, querida.

— Você diz isso porque é a minha mãe.

— Eu hein, mas que garota travessa. Você nunca vai saber se não tentar.

— Travessa? EU? Nunca! — Ela riu — Vou tomar um banho para ir lá.

Brenda às vezes surpreendia a própria filha. O tipo de pessoa que nunca deveria ser desafiada. Havia muito mais a ser esperado daquela mulher do que um mágico com seus belos truques e efeitos.

Ao sair do banho, Cindy colocou sua melhor roupa — a que ela considerava para aquela ocasião — Usou um pouco de maquiagem para dar um melhor visual e arrumou o seu cabelo de modo impecável, como se ela estivesse fazendo parte de um conto de fadas. Seu rosto doce e suave refletiam a sua alegria por estar diante da sua liberdade, de todos os pensamentos que um dia tivera. Assim que ela terminou de se aprontar desceu para a sala, onde estava sua mãe. Sua mãe estava distraída vendo o filme com seu pai. Ela olhou aquela cena encantada. Se imaginava um dia constituindo a sua família, mas tinha de estar realmente pronta para as novas responsabilidades, novos desafios.

Ficaram surpresos ao ver a tamanha produção da garota. Cindy ficava encantadora quando se dedicava a mudar o seu visual. Sua beleza natural sempre atraia muitos olhares.

— Gostaram? — Perguntou Cindy sorrindo entrando na sala. Parando apenas para que seus pais a observassem melhor.

— Filhinha é você? — George estava surpreso com o que vira — Nossa! Agora eu sei que tenho duas mulheres em casa. Minha bebê está crescendo e se tornando uma mulher. — Disse ele se levantando para abraçá-la — Por favor, não venha me arrumar um genro. — Brincou George.

— Não se preocupe, pai. Só vou a uma festa e nada demais.

— Assim espero. Confio em ti, mas não nas pessoas que lá devem estar.

— Não seria tão imprudente a ponto de não cometer erros.

George sorriu aliviado.

— Eu te entendo, meu amor. A questão é que as pessoas muitas vezes quando estão em festas, permitem que a sua vida saia dos eixos e sua mãe e eu prezamos pela sua segurança.

— Vou ficar bem... — Cindy despedia-se deles.

— Está linda, filha. Boa festa.

Cindy nada disse, apenas deu um beijo em seus pais, e saiu em direção à porta. Ao ver que estava havendo uma grande movimentação de pessoas de seu colégio, quase desistiu. Afinal ela estaria se sentindo um peixe fora d’água. Era apenas uma festa e não uma palestra. Ali ela não seria obrigado a falar com todos, exceto se alguém fosse até ela. Lembrando-se da conversa com sua mãe ela seguiu em frente. Entrando na casa ela percebeu que Jared cantava a música que fez o maior sucesso quando lançada. Aquela música é uma das favoritas de Cindy. Estava nem um pouco interessada em saber quem estava por ali, queria apenas curtir a festa. Podia olhá-lo sem que ninguém a repreendesse, o que poderia ser bom, já que fora sozinha.

A casa realmente estava cheia e andar pelo espaço parecia impossível. Ficar parada apenas olhando-o cantar parecia o certo. Jared estava deslumbrante, seu visual não era de um todo bem elaborado, vestia algo simples, mas que valorizava a sua beleza natural. Vestia uma calça jeans clara, com uma camisa preta em gola "v", complementando com um jaqueta de couro preta. Jared se movia com graciosidade hipnotizando-a cada vez mais. Aos poucos a casa foi ficando vazia, a maioria das pessoas decidiram irem tomar um ar. Haviam alguns que estavam fumando cigarros, mas não a incomodava.

— Espero que estejam curtindo! — Disse Jared antes de sair do palco improvisado — Vou fazer uma pequena pausa e daqui a pouco retornaremos com muita música boa.

Ao que tudo indicava parecia que a festa tinha começado há um tempão. Não parecia exatamente como que ela pensava. Se tornava melhor do que ela poderia esperar. Algumas pessoas a encaravam de um modo como nunca antes na vida, mas não a intimidava. Seu único foco era a diversão e nada mais. Não vira exatamente para onde Jared havia ido de fato. Desprendida de qualquer pessoa, ela decidiu ir para o jardim dos fundos. Ali as pessoas conversavam tranquilamente, sem se preocuparem com quem estava ao seu redor.

Uma mão tocou levemente o ombro da garota.

— O que você está fazendo aqui? — Perguntou Peter surpreso.

Cindy o olhou estranhamente.

— E você? — Indagou cruzando os braços.

— Preciso mudar um pouco a minha rotina. Sempre a mesma coisa, uma hora cansa sabe?

Cindy revirou os olhos sem graça. Peter poderia ser uma boa pessoa quando queria, mas sempre cercava a garota e a sufocava. A desejava de forma intensa, mas a garota sempre deixara qual era as suas intenções.

— Sei como é, Peter...

A garota não conseguiu terminar de falar ao presenciar onde Jared se localizava. Ele estava perto da mesa das bebidas, era o momento perfeito. Precisava se aproximar dele, infelizmente quando ela começou a caminhar, Peter a acompanhava. Entretanto conseguira avançar bastante de onde estava, faltando apenas alguns passos, eis que chega Mellody. A namorada de Jared. Aquela situação sim deixava qualquer um embaraçado. Mellody beijava-o com uma voracidade, que fazia com que Cindy se contorcesse com vontade de vomitar.

Ao partir o beijo, Mellody encarava Cindy furiosa.

— O que essa garota está fazendo aqui?

— Quem Mell? — Procurava Jared.

— A Cindy! — Rosnou ela.

— Para com isso, Mell. Ela está no canto dela, não falou com ninguém desde que chegou.

— Está defendo ela porquê?

— Só estou dizendo o que vejo! — Resmungou Jared.

Logo de princípio sua presença não fora notada ali. Jared voltou a cantar novamente. Alguns dos garotos ali presentes serviram uns drinks para Cindy. Peter não a abandonava a todo custo. Andava de um lado para o outro na tentativa de se esquivar da perseguição. Ora ficava na sala ora ia para fora da casa sempre em constante movimento. A quantidade de bebida que Cindy havia ingerido já causava uma grande vertigem. Para tudo que olhava parecia girar. Não sabia se eram as suas pernas que estavam leves ou se o chão sobre qual pisava flutuava.

Ela bebia todas, e Jared do palco apenas observava um tanto que curioso. Ao que tudo indicava ele estava mais que preocupado. Ele a assistia tentando ser forte, resistindo diante das bebidas lhe ofereciam. Mesmo de longe conseguira ler os lábios da garota pedindo por água. Ninguém ali se importara em ajudá-la. Por um único momento ele queria sair do palco para ir ajudá-la, mas Mellody poderia acabar fazendo cena e estragar tudo. Cambaleando de um lado para o outro, Cindy esbarra em Mellody derramando cerveja em sua roupa.

— Mas que merda, garota! — Reclamou ela – É cega por acaso?

— Desculpa, não enxerguei a vaca na minha frente.

Depois de alguns segundos foi que ela descobriu que havia dito aquilo:

"Não era para ter saído" Pensou ela.

A festa no mesmo instante parou. Todos ali presentes começaram a notar a discussão que havia entre as garotas. Uma movimentação fora do comum para aquela ocasião. Evan e Jared saíram do palco improvisado, seguindo em direção as garotas. Jared estava começando a se enfurecer. Não gostava quando atrapalhavam seu ensaio. Gostava do que fazia. Muitas pessoas já haviam se aglomerado em torno delas para verem no que daria aquela confusão, no fundo todos torciam para que elas saíssem nos tapas. Para arrumar confusão todos os convidados pareciam estar em sã consciência.

Mellody estava muito nervosa, suas mãos chegavam a tremer na tentativa de se controlar, mas não por muito tempo. Tinha de liberar toda aquela energia acumulada ou ficaria louca. Deu um tapa em Cindy que a fez cair. Jared empurrava todos a sua frente e correu para ajudá-la levantar. Por um momento Cindy esqueceu o que estava acontecendo a volta se concentrando apenas no cheiro dele. Aquilo era muito melhor do que o cheiro de seu irmão. Não que ela gostasse. Pois era um cheiro muito diferente, o verdadeiro cheiro que ele exalava. A masculinidade de Jared lhe acalmava. Ainda no chão, Jared a examinava preocupado. Ver aquela cena melosa só fez com que a raiva de Mellody crescesse ainda mais.

— Jay! — Gritou Mellody furiosa — O que você está fazendo com essa garota?

Mellody queria continuar a briga, mas Evan a impediu:

— Caralho! Para com isso Mell... Não está vendo que ela está bêbada? — Disse ele segurando os pulsos dela com força.

— Para com isso, você — Ela berrou — Não está vendo que essa garota só atrapalha a nossa vida? Eu sabia que nada de bom poderia vir dela. Sempre a tentação. O diabo a atazanar tudo o que conquistei.

— Mell, vai embora já, sai da minha casa. Não aguento mais te ouvir falar desse jeito das pessoas sem ao menos conhecê-las — Jared respirou fundo — ACABOU! Está tudo acabado.

Todos os convidados se entreolharam, assustados, indignados, pois o grande namoro de Jared Leto e Mellody Strancer estava acabado e tudo isso por causa de uma simples garota. Uma garota que até então não apresentava nada de legal, de útil para a sociedade que viviam. Ser firme e rude era fácil para ele. Só não podia aceitar o fato de sua vizinha — a primeira — ser machucada, por uma patricinha mimada, no qual por anos ele a designou como namorada. Não haveriam palavras suficientes para descrever o quanto mexido ele ficara. Mellody não precisava ser tão rígida. A insegurança de Mellody gritava sempre que o via com qualquer outra garota, caso não fosse ela.

— Evan!

Jared falou baixo com o irmão que já havia entendido o recado e aos poucos a casa que estava cheia se encontrava vazia.

— Um dia, Jared você vai se arrepender de ter me largado. — Praguejava ela.

Jared fez um sinal para que Trevor cuidasse de Cindy enquanto ele ia falar com Mellody.

— Como é que você pode ser tão má,hein? Será que não pensa nas consequências que podem ser geradas. Não pense,você que serei bonzinho daqui pra frente.Agora você irá conhecer o meu pior lado.

Mellody ficou altiva.

— Cuidado,Jay com as pessoas com quem você se relaciona.Elas não duram para sempre.

Ele deu as costas e assim ela se foi.Trevor fez um sinal para que Jared fosse o mais rápido possivel. Cindy estava ficando cada vez mais agitada em seus braços.Jared correu e a segurou.

— Preciso ir pra casa! — Disse ela tentando se soltar.

— Jared, acho melhor ela passar a noite aqui ou em outro lugar, mas que seja longe dos pais dela...

— Porque os pais dela vão querer matá-la e depois nós. — Concluiu Jared.

Ele passou a mão pelos cabelos, preocupado. Pensou no que poderia fazer. Teve a brilhante ideia de passar no hotel onde ele costumava passar noites. Estas que precisavam de silêncio para refletir acerca dos acontecimentos rotineiros. Claro que seria meio complicado com aquela garota que estava em seus braços, ela estava muito bêbada. Parecia que ela havia tomado toda a adega. Era muito embaraçosa a situação em que se encontravam.

— Vou levá-la pra aquele hotel no centro da cidade.

— Tudo bem... mas o que eu digo se os pais dela vir procurá-la?

— Ah sei lá... — Pareceu pensativo — Inventa qualquer coisa.

Evan jogou a chave para seu irmão. Trevor aproveitou para ir para sua casa, precisava apagar aquela noite de sua mente. Pelo menos alguma parte dela. Jared não disse nada, simplesmente saiu de casa preocupado com a garota. Temia que ela pudesse acabar desmaiando de uma hora para outra. Ela era muito leve para ser de media estatura. Carregou-a até o carro, colocando-a exatamente no banco de trás, entrou e ajeitou o retrovisor. Cuidou de tudo para que ela ficasse confortável. Deu partida no carro e de instante em instantes ele olhava para ela de uma forma como ninguém havia visto. Queria entender o porquê dela ter comparecido a festa naquele noite. Tantas vezes a convidara, mas nunca comparecera, não sabia se por medo ou se porque seus pais não permitiam. De repente ele se viu tendo lembranças do dia que se conheceram.

— FLASHBACK: MODE ON —

"Eu havia acabado de me mudar para Londres, era um dia muito frio. O mais frio dentre os quais já presenciei durante os meus shows. Não conhecia ninguém por ali e de fato quase todo mundo me conhecia. Caminhar em direção a minha nova casa se tornava complicado demais. Felizmente faltavam poucos objetos para que eu pudesse concluir a mudança. Estava com um pouco de dificuldade para encontrar a chave da casa, quase me desesperei. Continuei procurando ao redor das plantas. Notei quando saiu uma garota loira com um belo sorriso estampado em seu rosto delicado, segurando algo, vindo em direção a mim. Quase morri do coração, pensei que ela fosse me matar de longe ou que fosse uma daquelas fãs malucas. Sim, eu já sofri muito com as fãs desse tipo, mas até então conseguia me acostumar. De alguma forma eu deveria estar acostumado com as atitudes delas, mas ela vinha calmamente, que, no entanto eu consegui respirar aliviado.

Ela se mostrava muito delicada, simples e tranquila. Me perguntava se a conhecia de algum lugar, pois seu rosto me era familiar.

— Posso ajudá-lo? — Perguntou ela sorridente.

— Não sei... Talvez... Sabe onde tem um chaveiro? Eu acho que perdi a chave principal.

— Tem a chave extra? — Insistiu ela.

— Deve estar com o meu irmão.

— Deu sorte. — Ela sorriu tímida.

— Sorte? — Perguntei espantando.

— É que a corretora da casa trocou a fechadura e deixou essa chave comigo, para que eu pudesse te entregar— Ela estendia uma das suas mãos.

— Poderia abrir pra mim é que estou um pouco ocupado!

Ela apenas assentiu com a cabeça, eu vi que ela entrou na minha frente e colocou um pote em cima da mesa de centro, voltou rapidamente para me ajudar com as coisas. Ela era muito linda. Havia um ar de simplicidade nela que me encantava de forma intensa. Se é que assim eu poderia dizer. Ela era muito simpática.

— Cindy! — Ela se apresentou sem que eu pretendesse lhe perguntar algo.

— Acho que não preciso me apresentar — Ela apenas riu já indo em direção à porta — O que tem no pote?

— Torta. — Ela me respondeu sorrindo.

— Não quer comer comigo, Cindy?

— Não, obrigado. Fica para uma próxima oportunidade.

Eu a vi sair de minha casa como uma pessoa que tivesse visto um monstro. É, eu precisava melhorar e muito. Muitos motivos se passavam na minha cabeça para que eu fosse sério daquele jeito. Sabia que isso afastava as pessoas de perto de mim, mas não fazia ideia de que pudesse afastar aquela garota. Passei dias e dias com aquela imagem na minha cabeça, principalmente quando estava sozinho. Vagava em meus pensamentos só para poder recordar desse dia. Ela era muito diferente das outras garotas. Seu jeito meigo a fazia se tornar especial diante dos meus olhos. Tinha tudo para ser a garota.

— FLASHBACK: MODE OFF —

Depois daquele dia ele nunca mais tinha a visto, chegaram a estudar no mesmo colégio, mas raramente conseguiam se esbarrarem. Já a convidara várias vezes para ser seu par em festas colegiais e ela nunca apareceu. Pensava que ela deveria ter medo dele. Era difícil vê-lo sorrir, era muito sério. Uma seriedade que ninguém o compreenderiam, o achariam um idiota. Um alguém que não conseguiria se libertar do passado.

Aos poucos ela começou a se despertar, faltava poucos quilômetros para que eles chegassem ao hotel. Pelo retrovisor, ele observava a luta que era para Cindy se manter sentada.

— Tudo bem?

— Não!

— O que você está sentindo?

— Dor de cabeça... e vontade de vomitar.

— Tenta aguentar um pouco...estamos chegando.

Ali mesmo no banco, ela se ajeitou e ficou deitada. Para tudo o que olhava girava, as luzes da avenida a deixavam pior. Piscara algumas vezes para afastar as confusões de cores, mas manter os olhos fechados parecia o certo a se fazer.


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Notas finais do capítulo

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