(Como uma onda - Lulu Santos ♪)

Abril de 2001

O primeiro ano sem Tinker foi extremamente difícil para mim e para as outras meninas. Os primeiros meses foram os mais doloridos. Os primeiros aniversários de cada, ninguém mais queria festa, preferíamos nós juntar ou passar com a família. No meu aniversario eu queria chorar, mas fazer nove anos só não foi ruim, porque Regina estava lá.

— Qual é você é a princesa guerreira Emma. — Regina dizia tentando me animar.

— Hoje eu sou o Joxer, não enfrento ninguém. — Respondi desanimada.

— Se você vai ficar com essa cara feia e não quer sair, então eu acho que vou ter procurar outro campeão para me defender. O Graham da rua de baixo daria um bom campeão. Afinal uma Rainha amazona não poder ficar sem um protetor.

 Graham era um garoto da que morava a duas quadras de nós, e viviam implicando com a nossa turma. E tínhamos uma regra, não andávamos com meninos.

— Aquele molenga? Eu duvido. E nem sabe o que chackram como é que ele vai te proteger Regina? — Rebati com a minha melhor voz de brava.

Aquele sentimento estranho, de que só eu podia protegê-la surgiu pela primeira vez. E eu não tinha ideia que estava sentindo ciúmes dela pela primeira vez na vida.

— E nem adianta me olhar com essa cara Emma, você é que dando uma de chata hoje.

— Esta bem eu aceito ir ao shopping ver o filme, mas eu escolho o filme. Vi minha moreninha me olhar com olhar vitorioso, no final ela sempre me dobrava. — Quero assistir Historia sem fim. E eu continuo sendo o seu campeão, só eu posso te proteger.

— Fechado minha princesa guerreira. Minha mãe passa as 16h00minhrs para te pegar. — Ela me respondeu toda animada. Veio até mim me deu um beijo na bochecha e saiu dizendo que ia se arrumar.

 Aquele foi meu melhor aniversario e foi um momento só nosso. Nossas mães esperavam no lado de fora da sala de cinema. Era apenas para nós dar a sensação de liberdade, mas hora ou outra elas colocavam a cabeça entre a porta, para verificar se ainda estávamos lá. Comemos pipoca coberta de chocolate e tomamos suco de laranja, porque Regina odiava refrigerante. Ela se agarrou em mim em algumas partes do filme, e eu sentia mesmo que era a pessoa que a protegeria para sempre. O meu melhor aniversario, e foi só porque Regina estava lá.

(...)

Maio de 2002

Olhar para o lugar vazio, da pequena na mesa do almoço nós dava a certeza que aquilo era definitivo e que uma parte de nós tinha ido embora com Tinker.

— Eu sinto falta dela. — Regina foi a primeira a se pronunciar entre nós.

— Eu também sinto Regina. — Confessei.

— Todas nós sentimos Mills. – Ruby completou.

— Eu sinto falta até dela choramingando, para ir atrás da gente. — Belle admitiu ao lado de Ruby.

Acabamos nós entreolhando na mesa, e caímos na gargalha. Doía não ter Tinker conosco, mas era bom lembrar-se das coisas que tínhamos vivido junto dela. E de alguma forma aquilo passou a ser nosso consolo. E sempre quando a saudade batia e a tristeza pela falta dela nós pegava de jeito, buscávamos nossas melhores lembranças. Passou a ser nossa fuga, e assim a vida parecia menos dolorida.

No começo passamos a ligar para Tinker todo fim se semana, todas as meninas iam para minha casa e nos escondíamos no sótão. Colocávamos o telefone no, viva voz e conversa durava ao menos uma hora. Contávamos as novidades e dizíamos o quanto sentíamos falta dela.

— Eu to dizendo pequena, a Ruby morreu de medo de entrar na velha mansão do senhor Gold. — Eu contava nossa ultima aventura e Tinker morria de rir do outro lado da linha.

— Lucas eu não acredito que você virou uma frouxa. — Tinker zombou de Ruby e todas nós caímos na gargalhada.

— Ele era um cara assustador está bem. E a Regina também estava com medo ok.

— É claro que eu estava com medo. Se o senhor Gold nos pegasse lá minha mãe ia me botar de castigo por um mês. – Regina se defendeu.

— Eu só pedi para ir embora porque tinha dever de casa para fazer. — Belle se adiantou em dizer.

— Parece que foi uma aventura e tanto meninas, talvez possamos repetir na primavera. — Tinker continuou a conversa.

— Isso significa o que estou pensando pequena? — Perguntei já me animando com á noticia.

— Sim Emma, minha mãe me deixou passar as férias na sua casa.

Não preciso contar que a comemoração foi em coro. Depois de quase um ano longe e só se falando por telefone Tinker ia voltar para casa. Não para sempre, mas ao menos iríamos matar a saudades dela.

(...)

Junho de 2002

As férias de primavera chegaram rápido, e a ansiedade que ficamos com a volta de Tinker a Storybrooke se tornou imensa. Aprendemos naquela época como era bom rever novamente alguém que amávamos. No fim de semana seguinte estávamos eu e meus pais no aeroporto aguardando a pequena chegar, as outras meninas não puderam vir cada uma tinha compromissos, mas sabiam que daria as melhores boas vindas a Tinker. E quando ela apareceu no desembarque à única coisa que fiz foi correr para abraça-la.

— Pequena que saudades. — Eu disse assim que a abracei.

— Nem me fala Cisne, eu também estava com muitas saudades. — Ela me respondeu toda serelepe. Quando finalmente nós largamos percebi quando como um ano podia fazer diferença, mesmo para crianças. Tinker tinha mudado assim como cada uma de nós. Seus cabelos já não estavam longos, ela tinha crescido.

— Você cresceu pequena. — Comentei.

— Você também Emma. Minha mãe diz que é normal, como somos crianças estamos sempre crescendo.

— Isso é verdade, Belle diz isso o tempo todo.

 Enquanto matávamos a saudades nossas mães conversam sobre as novidades. E depois de alguns minutos a mãe de Tinker fez mil recomendações a ela. Sabem aquela coisa típica de mãe, quando vai deixar o filho passar alguns dias na casa de um amigo.

— Tinker se comporte, obedeça a Mary Margaret. Escove os dentes todos os dias, e ajude nas tarefas.

— Está bem mãe, eu já sei. A senhora disse isso o tempo todo quando estávamos no avião. — A pequena reclamava com sua mãe.

— Meg não se preocupe, Tinker é um amor de menina. Nunca deu trabalho algum e tenho certeza que não dará durante as férias. — Minha mãe interviu. E aquilo pareceu ser suficiente para mãe de Tinker encerrar o assunto. Depois disso, elas se despediram, e finalmente estamos voltando para casa e levando a pequena conosco.

Quando chegamos em casa as meninas já esperavam na porta e não preciso dizer que foi a maior bagunça. Abraços apertados, algumas lágrimas e maior certeza de todas. Amávamos a pequena e um ano longe provou que ela realmente importava para nós.

— Eu não acredito que você finalmente está aqui Tinker. — Belle comentou.

— Mais eu estou me comportei o ano todo. E eu não queria passar férias em outro lugar, que não fosse aqui com vocês.

— Temos tanta coisa para contar. — Regina completou.

— E uma surpresa também.

— Que surpresa Ruby? — Tinker perguntou curiosa.

— É uma surpresa Tinker, então você vai ter esperar para ver.

As primeiras semanas das férias foram incríveis, e a surpresa que preparamos para Tinker foi a melhor. Finalmente conseguimos concluir nossa casa da arvore, na macieira do meu quintal.

— Uma casa na arvore. — A pequena gritava animada. — Eu não acredito que vocês conseguiram terminar.

— Uma hora a gente ia conseguir, e além do mais não fizemos sozinhas, pequena. – Respondi tão animada quanto ela.

— E Tinker o tio David e meu pai ajudaram. — Regina explicava. 

E foi naquele lugar só nosso que passamos a maior parte do verão, e foi lá vivemos as melhores historias. A história da macieira era peculiar. Minha mãe e a mãe de Regina a plantaram quando minha mãe me esperava e Regina tinha um ano e meio, elas diziam que seriam nosso elo para sempre e de certa forma foi.

Na segunda semana de férias, o dia mais esperado tinha chegado o meu aniversario. Eu ia entrar na idade de dois dígitos, e aquilo entre nós era algo grande.

— Dez anos Cisne finalmente. — Tinker gritava toda animada.

— É só um numero pequena.

— Não é só um numero Emma. — Regina dizia se intrometendo como sempre. — Você esperava por isso desde seus cinco anos. E bem sua mãe deixou que festa fosse a fantasia se anima. E ainda tem o bônus a Tinker está com a gente, nossa turma toda reunida.

— Eu vou animar, só não sei se quero uma festa à fantasia Regina.

— Ah, você quer sim. Eu vou de Gabrielle e você será minha Xena Emma.

Ouvir aquelas palavras foi, como mágica e me animei rapidamente. E a festa foi incrível, não que tivesse nada de extraordinário, mas ter Regina como par e desfilando comigo para todo lado valeu por tudo. E havia o bônus de ter todas as minhas amigas comigo. Ruby como sempre passou a festa encantada com o mágico, ela se sua fantasia de chapeuzinho vermelho fez sucesso entre os meninos. E isso deixou Belle bem chateada, mas no final da festa elas estavam juntas como sempre brigando, mas ainda sim juntas. Tinker se fantasiou de sininho e ficou a coisa mais fofa do mundo, embora ela odiasse que todos os adultos apertassem suas bochechas e a chamassem de fofinha, a cada cinco segundos. O segundo melhor aniversario da minha vida, e não tive nada do que reclamar.

Os dias restantes foram sem grandes acontecimentos mais aproveitamos todos eles, afinal uma hora as férias acabariam e Tinker voltaria para casa. E a segunda vez que nós despedimos dela, não foi tão ruim quanto à primeira. A primeira era cheia de incertezas, e segunda foi cheia de esperança. Nutriam um sentimento tão forte umas pelas outras que tínhamos certeza que juntas poderíamos passar por qualquer coisa. E talvez pelo fato de estarmos crescendo e mudando a cada dia, de um jeito ou de outro cada de nós passava a enxergar o mundo à volta de forma mais clara, isso parte de crescer e aprender as coisas da vida.

(...)

Agosto de 2002

Enquanto o resto do ano se passava eu tive certeza que tudo iria mudar, e as mudanças vieram rápidas.  Mais nem todas nós estavam prontas para as coisas que iriam acontecer.

— Emma só me abraça, por favor. — Regina falava chorosa se jogando em meus braços.

 Eu era sua campeã, tinha jurado protegê-la. E foi o que fiz a abracei de modo protetor.

— Calma Regina, respira e me diz o que aconteceu. — Ela me olhou com olhos cheios de lagrimas e desabou a chorar.

— Meus pais Emma, eles vão se separar.

Eu queria dizer para ela que tudo ficaria bem, mas adultos tinham a estúpida ideia de sempre complicarem as coisas. E só descobri isso quando me tornei uma adulta. Eu não podia fazer nada para mudar a situação, eu só tinha dez anos então tentei da melhor forma consola-la.

— Adultos sempre complicam tudo, mas pense pelo lado bom, vai ganhar dois presentes no natal.

— Minha mãe está grávida Emma e não é do meu pai. Ele ficou uma fera e vai sair de casa.

Naquele ano a família de Regina desmoronou e eu tentei ser para ela um alicerce para que ela não desmoronasse junto.

— Eu sei que é ruim ter pais divorciados, mas tem um neném no meio. Você vai ganhar um irmão ou irmã pensa nisso morena. —Eu dizia tentando anima-la.

Sua reação foi me abraçar forte e apertado, e me fazer prometer algo.

— Promete que nunca vai embora Emma. Promete que nunca vai me deixar, e sempre será minha princesa guerreira.

— Eu prometo Regina, eu nunca vou te deixar. Afinal um campeão jamais abandona sua Rainha.

Aquele ano foi o ano das mudanças, Regina se tornaria irmã mais velha, e algumas semanas depois descobri que eu também. Ruby entrou tirou seu primeiro dez em matemática e Belle a primeira nota ruim. E Tinker entrou para equipe de natação, a vida era feita de mudanças e tudo mudava constantemente. As ondas do mar, as flores e estações do ano, mas amizade que tínhamos ainda permanecia intacta.