The Gray War escrita por Maxtrome


Capítulo 8
Capítulo 8 - Etihw está de volta


Notas iniciais do capítulo

Depois de tanto tempo, estou finalmente de volta!
E não, eu não morri!



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“Yosafire! Ei, Yosafire, acorde!” alguma voz angelical entrava no ouvido de Yosafire.

Aos poucos, os olhos foram abertos. Aqueles olhos vermelhos, que refletiam uma inocência, que refletiam o amor e a vontade. Yosafire ficou olhando, mas tudo estava embaçado.

“Meus óculos...” ela disse, baixinho. Froze pegou os óculos vermelhos e entregou a ela. Yosafire limpou-os e colocou no rosto. Depois, sentou-se.

A demônio olhou em volta. Viu Froze, Macarona, Rawberry, Lowrie e Greif.

“Vocês estão bem!” Yosafire disse, e começou a sorrir.

“Sim, estamos. Yosafire, você se lembra de algo de ontem à noite?” Froze perguntou. Como sempre, estava muito séria.

“Eu me lembro de... O monstro. O que era? Aquele leão, não sei.”

“Ela não se lembra de nada de ontem à noite, pelo jeito. Acho que o desmaio foi grave. Venha, vamos andando.” Greif disse.

“O que? Mas o que aconteceu? Alguém pode me explicar?” Yosafire perguntou.

“Explicamos no caminho. Nos siga.”

“Yosa... Vai ficar tudo bem, eu estou junto a você.” Rawberry consolou.

Yosafire balançou a cabeça, dizendo que concordava, e todos começaram a andar. Eles estavam em uma campina, indo para uma parte da floresta com áreas bem escuras pelas folhas das árvores.

Yosafire percebeu que tinha um bolso em suas roupas onde havia um caderno pequeno, cheio de desenhos. Ela começou a olhá-los e ficou feliz com isso. O primeiro era uma flor. Não uma qualquer, mas uma que só existia onde ela vivia. Uma flor rosa, que só abria com pó mágico. “Não era um pó mágico, era só a areia da praia. Mas eu adorava brincar com isso” Yosafire lembrou.

Ela passou os desenhos. Viu a pequena casa onde vivia. De acordo com o que via os desenhos, começou a se lembrar dos animais que viviam por perto: vacas, porcos, entre outros.

E então parou em um desenho que achou que não estaria mais no caderno. Rawberry notou que ela segurava algo, e perguntou o que era aquilo.

“Isso são apenas lembranças. É a única recordação que tenho. Nesse caderno tenho desenhos do lugar onde eu vivia. Minha mãe nunca gostou da guerra, e fugiu comigo para um lugar bem distante daqui. Lá só havia paz e o que precisávamos para sobreviver. É o lugar mais bonito e colorido que conheci. Aqui é apenas como... uma guerra cinza no meio de um jardim cinza. Cada desenho representa algo para mim. E esse, eu fiz com a minha mãe. É algo pequeno, apenas uma roupa.”

Ela mostrou o desenho. Era um suéter vermelho, bem grande, que parecia muito aquecedor e acolhedor. Yosafire disse que deveria ser feito com o tecido mais macio que sua mãe já tinha encontrado. A calça seria bem simples, com um vermelho mais claro. E também tinham as botas, vermelhas também, mas com uma grande parte macia, com vários fios brancos.

“Imagine-se usando isso, Yosafire” Sua mãe aconselhou, sorrindo, há muitos anos.

“É tão lindo, estou tão feliz!” Yosafire estava muito elétrica de alegria “E vamos conseguir fazer tudo isso sozinhas?”

A mãe fez que sim, com a cabeça.

“Começaremos agora. Primeiro pegamos esse tecido, e começamos a costurar.”

Yosafire, agora, só tinha recordações. Uma lágrima estava caindo de um de seus olhos.

“Isso foi tudo o que conseguimos fazer naquela noite.” A demônio mostrou a Rawberry um pedaço de tecido vermelho. Rawberry tocou o pedaço e sentiu algo mágico.

“Parece especial! Como era ela? Sua mãe?”

“Ela era linda. O cabelo era verde, como o meu, porém, mais longo. Bem mais longo. A última noite que a vi, ela estava com um vestido azul... Azul e branco. Era bem grande, e o mais bonito que ela tinha. Ela mesmo havia costurado. Os detalhes eram tão perfeitos. ELA era tão perfeita!”

E então, abaixou a cabeça e começou a chorar.

“O que aconteceu com ela?” Rawberry perguntou. “Certo, não precisa falar. Conte quando achar melhor.”

Elas ficaram caladas e continuaram andando. Uma brisa passou, trazendo o cheiro de pêssegos.

“Pêssegos. Como estou presa em meu passado.” Yosafire pensou. Ela estava de cabeça baixa. “O que é melhor? Ficar triste por não ter mais isso ou ficar feliz por ter vivido isso?”

“Yosafire? Está na hora de contarmos o que aconteceu na noite anterior” Froze chamou.

Yosafire levantou a cabeça e olhou. Sussurrou alguma coisa e andou até onde Froze estava. “Por que sempre está séria?” pensou. O rosto de Froze estava sério e frio. Mas quando olhava em seus olhos... Via felicidade. A demônio não conseguia entender.

“Ontem à noite, aquele leão atacou você. Você tentou lutar com uma lança, mas ele te feriu gravemente. Lowrie e Greif correram para te ajudar. Lowrie tinha uma espada que parecia mágica. Ela brilhava a cada ataque que o monstro levava. Greif transformou-se em um grifo e atraiu o leão para longe de você.”

Yosafire imaginou a cena. Froze continuou a contar:

“Quando Greif atraiu o leão para longe, Lowrie os seguiu, disse algumas palavras e incrivelmente voou e alcançou o leão. Ele ficou se segurando no pelo dele, enquanto Greif estava na frente, correndo.

Lowrie levantou a espada e fechou os olhos. A espada começou a brilhar muito. Então, ele abaixou os braços bem rapidamente e fincou a espada no lugar onde ficava o coração do monstro.

Quando tudo já tinha terminado, vimos que você estava ferida no braço. Eles pegaram algumas ervas que tinham guardadas e com um pouco de água, fizeram um tipo de creme que foi colocado na ferida. Você foi curada, mas as ervas acabaram. Agora estamos indo pegar mais.”

Yosafire não tinha o que dizer da história. Apenas ficou calada e continuou andando. Froze percebeu que havia algo errado com ela.

“Está tudo bem?” Froze perguntou.

“Sim, claro.” Yosafire respondeu, mentindo.

***

“Eu não deveria ter confiado em você, Lucy! Ou melhor, Etihw!” Kcalb estava entrando no quarto onde Etihw ficava presa, e falava em voz alta.

Atrás dele, estava Wodahs e outros dois demônios desconhecidos por Etihw.

Kcalb olhou para o quarto e viu Lucy deixando a forma de demônio e transformando-se em Etihw novamente, dentro de um feixe de luz.

“Você nunca me alcançará. E nunca terá realmente Wodahs como seu aliado! Kcalb, você cometeu um grande erro!” Etihw gritou enquanto abria a janela.

“Está na hora” pensou.

Fechou os olhos e começou a dizer algo em outra língua, uma língua que apenas Kcalb entendeu.

“Não devia usar tanto sua magia, deusa. Principalmente depois de uma transformação” Kcalb alertou, ironicamente.

Asas translúcidas apareceram nas costas de Etihw. Eram finas, mas resistentes e grandes. Eram asas de fada.

“Não escapará agora!” Kcalb gritou. Fez igual Etihw, fechou os olhos e falou as mesmas palavras.

Asas negras, com várias pontas surgiram nas costas de Kcalb. Era semelhante às de todos os demônios, mas muito mais resistente.

Etihw voou bem alto e observou o campo de batalha. Era dia, e estava tudo muito nublado. Trovões eram ouvidos. Os anjos e demônios batalhavam. E Kcalb estava voando atrás dela.

Quando percebeu, Etihw começou a voar mais baixo em direção à floresta. Kcalb pegou uma pedra negra que se transformou em uma espada.

“Parece que teremos que batalhar” Etihw pensou, pronta para pegar a pedra branca que também se transformaria em uma arma. Mas não a encontrou “Onde está o meu colar?” Etihw estava preocupada procurando.

Ela entrou na floresta e voou entre as árvores. Kcalb vinha atrás. Etihw era boa no voo, e conseguia desviar de todos os obstáculos. Kcalb, nem tanto. Ele cortava a maior parte dos galhos e folhas no caminho.

Etihw estava pensando e em um último segundo antes de chegar numa pedra, voou para cima, para o céu aberto. Kcalb não contava com a presença do obstáculo. Mas depois de anos de guerra, é claro que tinha reflexos. Ele fez com que os pés ficassem virados para frente, assim o impacto seria absorvido.

Para a sorte do diabo, funcionou. Ele bateu na pedra com os pés e voltou para o outro lado. Mas quando subiu, não encontrou mais Etihw.

“Maldita!” pensou, enquanto voava em direção ao campo de batalha.

Etihw tinha se escondido entre as árvores, em outro lugar. Passou despercebida de um lado a outro até chegar no lugar onde ficava o castelo Blanc. Depois, voou até a torre principal. Era o melhor lugar onde ela poderia estar.

Quando chegou na janela, suas asas foram se desfazendo. Ela entrou e viu duas demônios e uma anjo.

“Chelan!” Etihw gritou e a defendeu, quando viu que uma das demônios, com cabelo rosa, pulava em direção a ela. Etihw levantou as mãos, pronta para usar magia para derrotar as demônios, quando Chelan a impediu.

“Chelan, o que está fazendo?” Perguntou. A anjo apontou para Dialo, a demônio de cabelo vermelho.

“Etihw... Deusa! Posso explicar o que está acontecendo. Meu nome é Dialo.” Dialo disse. Etihw olhou para ela e começou a pensar.

“Fale. Quaisquer coisas que fizerem de mau e vocês estão mortas.” Etihw ameaçou.

“Eu conversei com Chelan. Eu tinha entrado aqui e me disfarcei de anjo. Mas quando conheci Chelan, algo aconteceu. Algo diferente aconteceu. Eu me senti... diferente, algo que eu não conseguiria explicar. Então nós percebemos que a paz seria melhor do que a guerra: Nosso plano é manter as pedras principais sua e de Kcalb mais fortes, para que nenhum seja derrotado. Assim, teremos mais tempo para pensar em paz.” Dialo contou. Ela realmente estava dizendo a verdade, Etihw deduziu. Depois de tantos anos vivendo, aprendera a interpretar os sentimentos de cada pessoa.

“Isso é verdade, Chelan?” A deusa perguntou. Chelan assentiu, balançando a cabeça. “Certo, não posso as impedir. Também acho que a paz seja a solução, mas acho que isso não funcionará. Sinto muito, mas coisas muito ruins estão acontecendo. Dialo, você poderá ficar aqui e terá um quarto para dormir. Agora preciso verificar se está tudo bem.” Etihw explicou. Depois se virou a Raspbel: “E quanto a você? Também está no plano?”

“Nunca! Graças a vocês, minha irmã está morta! Kcalb vai saber que tem uma traidora em seu reino! Você irá pagar, Dialo!” Raspbel gritou, bateu as asas e saiu voando.

“Vocês podem proteger a torre por enquanto? O feitiço de proteção já está ficando fraco. Tenho que conversar com Grora, preciso ver se está tudo certo.”

“Sim, podemos. Obrigado por acreditar em mim, Etihw.” Dialo sorriu. O sorriso era realmente verdadeiro. Etihw saiu pela porta e foi encontrar Grora.

***

Grora estava no quarto onde dormia. Era um quarto pequeno, mas confortável. Havia uma cama simples, com um colchão bem macio. Os lençóis eram cinza. A cama era de madeira e tinha vários detalhes com desenhos de flores.

Grora, antes da guerra, era uma artista. O seu principal quadro era de um navio. Um grande navio. Na assinatura do quadro, estava escrito “Capitã Grora”.

“Sonhos esquecidos...” ela pensou, sorrindo.

Seu quarto também tinha algumas prateleiras com livros de arte, e sobre histórias, que geralmente nem pareciam ser ficção.

“Seria bom se essa guerra fosse ficção!” Grora pensou. Agora com raiva.

Grora estava em sua hora de descanso. Resolveu colocar sua jaqueta e ficou deitada na cama, pensando. Ela imaginava se o mundo realmente era pra ser tudo aquilo. Não fazia sentido.

Ela estava quieta, quando alguém bateu na porta.

Grora levantou-se e abriu a porta. Quando viu, não sabia o que pensar. Realmente não tinha ideia.

“Etihw? É você?” Grora perguntou emocionada.

“Sim, Grora. Voltei. Eu estava no castelo Black, para descobrir informações, mas tive que voltar agora porque Kcalb me descobriu.”

Grora abraçou Etihw, e a deusa ficou parada, e então abraçou-a também. Depois Grora se soltou e esperou Etihw continuar a falar.

“Tudo está certo? Anjos feridos? E as estátuas?”

“Eu acho que tudo ficou bem. Bem, o Wodahs foi tentar te procurar, no castelo Black. Viu ele lá? Ah, sim, as estátuas estão ativadas e parece que tudo está certo com elas.”

As estátuas eram uma forma de defesa do castelo. Eram estátuas mágicas que ficavam nos corredores impedindo que os inimigos passassem. Dialo e Raspbel tiveram sorte ao conseguir entrar sem encontrar uma em seus caminhos.

“Grora, vou contar como foi. Depois disso iremos ao campo de batalha. Já está na hora de ajudarmos os anjos.”

Etihw levou pouco tempo para contar o que aconteceu enquanto estava no castelo de Kcalb.

“Mas você não encontrou nada demais?” Grora perguntou.

“Eu fui tentar encontrar informações sobre acordos de Kcalb com outros mundos. Não achou que eu iria voltar sem nada, achou?” a deusa disse, mostrando um papel que tinha guardado.

“Mas agora fale se viu Wodahs lá!”

Etihw ficou quieta por um momento.

***

Passou o resto do dia e a noite. No dia seguinte, todos estavam prontos para a guerra. Todos estavam em suas posições. Grora não tinha conseguido dormir à noite, mas estava de pé para a batalha. Não podia mais acreditar.

Ela olhou para todos os lados. Em um, o enorme Castelo Blanc. No outro, o castelo Black. Nos outros dois lados, cercando o campo de batalha, havia apenas árvores.

O campo de guerra era grande. Muitas batalhas já tinham ocorrido, e só teve um resultado: perdas.

Principalmente a que Grora sentia agora. Ela olhava para os demônios tentando não chorar. Os monstros da noite iam embora se esconder na escuridão das florestas, enquanto os dois times rivais saíam dos castelos e ficavam em seus postos.

“Eu cometi um erro...” a voz de Etihw ecoava na cabeça de Grora. “E isso levou a uma tragédia. Eu menti todo esse tempo para Wodahs. Não menti, escondi um segredo. E não vou mais escondê-lo para você.”

Etihw contou a história sobre o passado e Grora ouviu com atenção.

“Então você estava mesmo sendo influenciada por essa pessoa com a capa branca?” Grora tinha perguntado.

“Infelizmente, sim. Ela provavelmente conhecia alguma magia de manipulação...”

No momento atual, quase todos os demônios já tinham saído do castelo. Kcalb já vinha chegando.

“E isso prejudicou não só a mim. O Wodahs...”

Os demônios estavam quase todos em suas posições. Faltava apenas Kcalb.

“...Foi influenciado pelo Kcalb...”

Kcalb chegou com outro alguém. Mas um anjo. Era verdade.

“...E não está mais junto a nós.”

Uma lágrima caiu dos olhos de Grora. Tudo parecia perdido.

O que era muito bom para alguém na floresta, apenas observando.


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Notas finais do capítulo

Já sabem quem é a pessoa encapuzada?
Deixem nos comentários o que acharam, vou ler tudo!
Quando eu reli esse capítulo eu comecei a achar que eu sou meio cruel...