The Gray War escrita por Maxtrome


Capítulo 6
Capítulo 6 - A Escolha




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/616451/chapter/6

“Kcalb...?” disse Wodahs, olhando para o irmão. Depois, olhou para as próprias mãos, e percebeu que não estava mais invisível.

“Acho realmente impressionante um simples anjo como você estar aqui. Deve ter achado alguma entrada, não é mesmo?” falou Kcalb, com tom de ironia.

“Argh... A poção não funcionou pelo jeito!” Wodahs gritou.

Kcalb ficou quieto, com uma cara de quem não tinha entendido nada. Então, continuou:

“Parece que você finalmente resolveu voltar, não é mesmo?”

“Ah, voltar! Estou aqui para motivos sérios!”

“Como...?”

“Sérios... E secretos.”

“Pode falar, irmão. Tenho tudo sobre controle.”

“Por que eu deveria confiar em alguém como você? Um diabo, traidor, que só destrói tudo.”

“Wodahs. Por que tudo isso? Você também era pra ser assim. Mas não, resolveu se juntar aos anjos. A escolha foi sua. E agora, está sofrendo por isso. Cada perda, cada anjo morto. E o seu amor, o que você fará sem ele?”

“Amor...?”

“Se você estivesse aqui, com toda a sua força e vontade, junto com a dos outros demônios, nós iríamos vencer essa guerra... E dominar esse mundo.”

“Se eu tivesse escolhido ser um demônio, tudo estaria do mesmo jeito. Em questão de guerra, é claro. Mas eu fiz certo. Antes de me tornar quem eu sou, eu escolhi quem eu queria ser. Uma escolha errada me destruiria.”

“Wodahs, você nasceu para ser um demônio. Não um anjo. Não tente mudar quem você é.”

Wodahs ficou parado ao ouvir aquelas palavras. Ficou pensando. Palavras que ecoaram em sua mente.

“Você pode pelo menos ficar aqui por um tempo para conversarmos?” perguntou Kcalb, tentando convencê-lo.

“Bom... Talvez podemos conversar, mas duvido que irá me convencer” respondeu Wodahs.

***

"Estou aqui. Para fazer algo que vai mudar tudo em nosso mundo. Estou aqui para vingar meus amigos perdidos. Estou aqui para destruir o reino dos anjos e fazer com que os demônios vençam a guerra.

Tenho muitos motivos, não é mesmo? Mas finalmente estou pronta para entrar no castelo. Irei vingar o que fizeram com minha irmã, que provavelmente nunca mais vou vê-la nessa vida.

Isso é tão triste... Anjos são horríveis! É, eu posso estar chorando mesmo, mas sou forte, e não posso desistir! Passando pelo campo, derrotando todos em meu caminho. Já estou quase chegando.

Ainda não sabe quem eu sou? Pode me chamar de... Raspbel."

Raspbel era uma demônio, irmã mais velha de Rawberry. Todos pensavam que ela era pacífica e fraca, e que nunca seria capaz de ferir alguém. Mas quando descobriu que nunca mais veria a irmã, sua raiva foi despertada.

“Nunca vou lhes perdoar, anjos!” disse ela, escorrendo uma lágrima.

Seus cabelos eram rosas, e longos. Os chifres eram da mesma cor do cabelo. As asas ficavam escondidas. Os traços eram iguais aos de Rawberry.

As roupas eram sombrias e escuras. Ela tinha uma saia cinza e um colar com um pequeno morcego, além de alguns sapatos com morcegos, também.

Ela começou a voar enquanto chegava em frente ao castelo. Quando os anjos chegavam perto, ela se defendia com a lança dupla: uma ponta de cada lado. Estava mais poderosa do que nunca.

30 metros para chegar até a janela... 20, 10, 5 e...

“Raspbel?” uma anjo, sozinha na janela disse seu nome.

“Gyaaaah!” Raspbel pulou em cima dela e tirou sua arma “Eu nunca... Vou lhes perdoar!” gritou, enquanto levantava a lança, pronta para matar a inimiga.

“Calma, sou eu!” a anjo gritou, tentando empurrar Raspbel “Dialo!” finalmente disse quem era.

“D...Dialo?” Raspbel falou enquanto abaixava a lança “É você mesma?” Então a abraçou, enquanto um pouco de sua esperança voltava.

“Os anjos estão vindo para cá! Siga-me!” alertou Dialo, correndo pelo corredor.

As duas esconderam em uma pequena sala e deixaram a porta aberta com uma fresta para poderem ver. Eram quatro anjos, mas todos pareciam iguais: Cabelo amarelo claro, roupas cinzas e brancas, e a boina branca. E as asas, como a de todos os anjos, brancas e cheias de penas.

Esperaram os anjos passarem para Dialo começar a dar explicações.

“Vamos, agora me explique tudo! Por que está aqui, com essas roupas, desse jeito?” perguntou Raspbel.

“Tudo bem, tudo bem, vou explicar: Há alguns dias, eu consegui entrar aqui no castelo por falta de defesas em uma janela. Consegui achar as roupas dos anjos em uma sala que parecia um armário. Então, comecei a explorar para ver se achava a entrada da torre principal, mas descobri que o acesso a ela é mais fácil por fora, porque existe um tipo de proteção mágica ou um código para entrar. Mas de qualquer jeito, estou tentando reunir alguns demônios para podermos destruí-la e finalmente acabar com todas as defesas de Etihw. Temos que aproveitar principalmente porque Etihw não está aqui e...”

“Ei, espera!” Raspbel interrompeu Dialo “Etihw não está aqui?”

“Sim, no mesmo dia que eu invadi o castelo, parece que Etihw tinha sumido.”

“Hum... Isso é uma ótima notícia. Precisamos montar um plano.”

***

“Está na hora de vocês morrerem!” disse o homem de cabelo preto, avançando em direção a Yosafire.

“Nãaaaaaoooooo! Por favor, não me mata, eu sou muito jovem pra morrer!” Yosafire fez um drama e começou a gritar, acordando as outras garotas que ainda estavam dormindo.

E então, ouviu uma gargalhada, vindo de ninguém mais ninguém menos que o homem de cabelo preto. Yosafire e Macarona ficaram com uma cara estranha, como de quem não estava entendendo nada.

O homem continuou rindo, até que a mulher deu um tapa nele, para pará-lo.

“Vocês acreditaram mesmo que eu ia matá-las?” perguntou o homem, com um sorriso no rosto.

“É claro! Quem chega a alguém e fala que vai mata-lo?” perguntou Macarona, ironicamente.

Froze e Rawberry levantaram e saíram das árvores, e se assustaram quando viram os visitantes. E então, finalmente, a mulher com cabelo branco perguntou:

“Meu nome é Greif. E esse é meu irmão, Lowrie. Nós moramos nessa floresta há alguns anos, e nunca vimos alguém por aqui. O que fazem aqui, crianças?”

“Nós só estamos perdidas” respondeu Froze.

“Mas é perigoso ficar aqui à noite sem nenhuma proteção” avisou Lowrie.

“Nos proteger de que? De loucos como vocês que vem atrapalhar nosso sono profundo?” perguntou Froze, e depois continuou: “E nós não estamos sem proteção.”

“Nós não somos loucos. Só estamos caçando e vimos algumas pegadas vindo para cá” explicou Lowrie.

“Mas agora que já dissemos quem somos, digam quem são vocês” Greif mandou. Sua voz era meio rouca.

“Eu sou Froze. Essas são minhas amigas Yosafire, Rawberry e Macarona. Nós fomos arrastadas pelo vento.”

“Mas que coisa rara. Anjos e demônios agindo como amigos, trabalhando juntos. O que fez vocês mudarem assim de ideia?” perguntou Greif.

“Nós somos diferentes. Ficamos presas aqui nessa floresta e não sabemos voltar. Se brigássemos, todas nós morreríamos.”

“Talvez nós podemos levá-las de volta ao amanhecer, porque não queremos mais ninguém na nossa floresta. Combinado?”

“Tudo bem...”

Alguma coisa passou pelas árvores, correndo. Todos ouviram o barulho das folhas e olharam para lá. Lowrie desembainhou a espada e as quatro meninas pegaram suas armas de guerra, que estavam guardadas em suas árvores. As seis pessoas ficaram em um círculo observando todos os lados.

Mas nada. A criatura que fizera aquele barulho parecia ter sumido.

“Ela ainda está aqui” contou Greif, agora mais séria. “Sinto seu cheiro.”

Todos continuaram observando atentos. De um lado estavam as árvores e a densa floresta, e do outro, a planície, com um mato muito alto, de onde Greif e Lowrie vieram.

O coração de Yosafire tinha começado a bater rapidamente, e cada vez ela ficava com mais medo. Começou a tentar abrir os olhos mais atentamente. E finalmente, um tipo de leão pulou em cima dela, rugindo.

“Gyaaaah” gritou, enquanto usava o sabre contra a fera.

Todos viraram para o seu lado e começaram a ferir o monstro, que não era exatamente um leão. À primeira vista, ele parecia ser um desse mamífero, mas ele não tinha dois pares de perna. Tinha seis. Sim, aquilo era horrível de se olhar. Mas o mais estranho era que ele conseguia encolher um par de pernas e o esconde entre os pelos.

“Como isso é possível?” pensou Rawberry, assustada.

E então, o mais estranho aconteceu quando ele abriu a boca e começou a soltar uma rajada de fogo.

“Ei, isso é um leão ou um dragão?” gritou Yosafire, enquanto corria.

Algum barulho sinistro começou a ser ouvido, vindo de Greif. Seus olhos ficaram amarelos, e ela começou a magicamente se transformar. As asas ficaram bem maiores. Da sua boca, nasceu um bico. As orelhas cresceram, e as mãos ficaram como as de um grande pássaro. Ela começou a andar de quatro, enquanto as pernas ficavam com pelos e um rabo de leão apareceu.

“O que foi isso?” as quatro garotas perguntaram para si mesmas.

“Vocês não sabiam?” Lowrie falou, chamando a atenção delas. “Greif vem de grifo.”

“Então você também pode virar um grifo?” perguntou Rawberry “Afinal, vocês são irmãos”

“Ah, não contamos? Não somos realmente irmãos, somos considerados irmãos porque vivemos juntos desde crianças.”

“Ah, bem.”

***

“Ei, Dialo!” chamou Raspbel, agora disfarçada com as roupas dos anjos “Essa aqui é a biblioteca?” perguntou.

“Acho que sim, Raspbel. Por quê?” indagou Dialo.

“Lá no castelo Black, os maiores segredos são escondidos na biblioteca. Talvez o segredo para a torre principal seja encontrado lá.”

“Mas como vamos achar isso?”

“Você distrai a bibliotecária e eu procuro o código.”

“Tudo bem. Vamos.”

As duas entraram. Dialo chegou perto do balcão e disse:

“Ei, senhorita...” Ela olhou o nome em um crachá do balcão “...Giovana!”

Giovana era uma mulher meio jovem. Os olhos eram castanhos, e o cabelo era marrom e longo. Ela tinha orelhas de gato na cabeça, e também uma auréola, como a maioria dos anjos. Também tinha as asas bem longas e usava um casaco longo. No seu colo havia um gatinho siamês.

“Olá, tudo bem? Sou Giovana, mas pode me chamar de Ninha, que é meu apelido. Bom, é uma longa história.”

“É, eu tenho uma pergunta. É... Hum...” Dialo estava pensando no que perguntar.

“Pode perguntar, não tenha vergonha!”

“Por que nós não temos o risco de os demônios vierem nos atacar à noite, se não estamos defendendo as janelas?”

“Ah, você não sabia? Bom, é que toda noite, vários monstros criados por Yarg são libertados. São diversos monstros tão fortes que podem destruir qualquer um. Tanto os terrestres quanto os que voam. Duvido que alguém consiga sair de noite e passar pelo campo de batalha sem ser morto ou ferido gravemente.”

“Isso é assustador. Realmente” afirmou Dialo. Então, veio uma dúvida: “Ei, mas quem é esse tal de Yarg, que criou os monstros?”

“Yarg? Ah, sim, da antiga lenda de Etihw e Kcalb. É uma história que poucos conhecem, de onde tudo começou. Posso contar um resumo, mas se você quiser saber mais detalhadamente, aconselho a procurar o livro, em alguma das estantes. Vou contar o que eu sei, o que me contaram. O livro é difícil de achar, e sinceramente, eu nunca o li. Diz a lenda que antes só existia o deus, Yarg...”

***

“Bom, Wodahs, está na hora de eu te convencer” disse Kcalb, naquela sala. Ele e o irmão estavam sentados, um em cada sofá. “Você já deve conhecer a lenda de Yarg, não é mesmo?”

“Ouvi quando era mais novo, de Etihw.”

“Vamos relembrar, então. Diz a lenda que antes só existia um deus, Yarg. Ele vivia sozinho nesse mundo. Mas desde o começo, criou o mar, o céu, a terra, os animais, as plantas, o sol, a lua e as estrelas. Mas ele percebeu que precisava de pessoas para serem poderosas. Criou os anjos e demônios, e só havia paz naquele mundo. Então, com um pouco de sua parte negra, criou o mais forte demônio, Kcalb. E com sua sombra, alguém que não era um anjo nem um demônio. Era Wodahs. Essa pessoa ia crescer e aprender sobre o mundo. E quando fosse maior, escolheria o que quereria ser. Então, os anjos imaginaram que também precisavam de um anjo maior. E juntos, criaram Etihw. Mas os demônios não aceitaram, porque achavam que só o grande Yarg poderia criar um líder para eles. Então, Wodahs, que não concordou com os demônios, resolveu escolher ser um anjo. E a guerra, finalmente, começou. Yarg, ao ver aquela discórdia, sumiu e nunca mais foi encontrado.”

Wodahs ouviu aquilo e ficou pensando.

“Mas eu não lembro muito bem de ter feito isso.”

“Você é especial, Wodahs. Você nunca envelheceu desde aquilo. Você é quase imortal. Mas de qualquer jeito, essa história não está completamente certa. Todos os historiadores foram treinados para espalhar essa versão errada. Os únicos que sabemos a verdadeira história somos eu e Etihw. Na verdade, Etihw não foi criada pelos anjos, e sim por Yarg, junto com nós dois. Nós três somos irmãos. Etihw foi criada por toda a parte branca de Yarg. Eu, pela parte negra. E você, pela sombra. A parte negra feita pela luz. Mas, os dois povos começaram a brigar. Por quê? Por que lutaram? Por que se destruíram? O motivo deve ter se perdido no tempo. Mas o motivo não importa. O que importa é que você tem uma escolha. Se você resolver se mudar para esse lado, se nós conseguirmos vencer, você poderá ser o mais poderoso.”

Wodahs começou a ficar confuso. Não entendia o que era certo. Escolher lutar por Etihw ou por Kcalb. Os dois eram seus irmãos, mas teria que derrotar um ou outro.

“Eu escolho... Eu...”


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!