The Gray War escrita por Maxtrome


Capítulo 14
Capítulo 14 - A Cidade do Sol




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Uma tragédia estava acontecendo. O céu, anteriormente azul, e um pouco acinzentado pelas nuvens, agora estava vermelho. As chamas nas árvores se espalhavam pelo solo e pelo céu e brilhavam quase tanto quanto o sol. Os anjos e demônios observavam aquilo sem entender nada. Só sabiam que era algo de ruim.

Todos estavam totalmente confusos. Eles não sabiam quem eram os aliados e quem eram os inimigos. O demônio, que chegara primeiro e que usava o cachecol em formato de asas tinha queimado o Castelo Blanc, mas não o castelo Black. Os demônios do Gray Garden estavam em dúvida sobre ele.

Mas todos podiam afirmar de que o deus que chegara depois era um inimigo, por ter usado seus anjos para capturar Etihw e Kcalb.

De todas as portas dos castelos saíam anjos e demônios para saber o que estava acontecendo. Quando todos estavam lá fora, totalizavam-se aproximadamente cinquenta anjos e cinquenta demônios.

Os anjos de Siralos começaram a voar em direção ao campo de batalha para levar mais pessoas até o portal. Todos começaram a correr e voar.

“Aqueles são os anjos de Siralos, um deus de outro mundo, e demônios de Ivlis, o diabo de outro mundo!” Naregi, a bibliotecária dos anjos, gritou.

“Espere... Você disse... outros mundos? E você sabe dizer o que eles querem?” Um anjo de cabelo marrom, que usava óculos, perguntou.

“Eu não sei, Hussie. Nos livros da biblioteca só têm mitos e lendas falando sobre eles. Não sei nem se são verdadeiros. Só tenho certeza que são eles. E pelo jeito não querem nos ajudar!”

Quando os dois olharam para frente novamente, viram dois anjos de Siralos vindo em sua direção. Cada um voou em uma direção para conseguirem escapar.

Todos os outros anjos também voavam para todos os lados. Eles estavam desesperados. Foi quando começaram a prestar atenção nos demônios do outro lado. Eles também pareciam desesperados, e não malvados, como sempre pareciam na guerra entre eles.

Alguns anjos continuaram correndo e ignoraram. E outros, a menor parte, sentiram dó. Eles finalmente compreendiam o que os demônios passavam todos os dias. Era o mesmo que eles. A sensação de ver os amigos machucados, pessoas se separando e a dor que sentiam fisicamente. E também a dor que sentiam no interior, por, no fundo, estarem fazendo maldades.

Um anjo de cabelo azul claro, depois de tanto sofrimento, não  aguentou ver aquilo. Deu seu máximo e voou, tentando salvar uma demônio de cabelo rosa, que estava sendo puxada pelo ar por um anjo loiro de Siralos. A expressão dessa demônio era de raiva e medo.

O anjo de cabelo azul segurou no braço da demônio e a puxou. O outro anjo, de Siralos, que foi pego de surpresa, não foi rápido o suficiente para segurar a vítima novamente.

O anjo de cabelo azul planou até os dois tocarem seus pés no chão. A demônio, que ainda não tinha visto quem a salvara, apenas disse, com um tom de voz sério:

“Obrigada por me salvar. Qual é seu nome?”

“Eu me chamo Marty, e você?” O anjo respondeu.

“Eu me chamo Raspbe...” a demônio, Raspbel, irmã de Rawberry, iria responder, quando virou-se e viu que era um anjo que a salvara. “Por que você me salvou? Eu sou uma demônio, não anjo.”

“Eu acho que isso não importa agora...”

Raspbel o ignorou e saiu voando em direção oposta a ele.

“Quem ele pensa que é?” Pensou, tentando não olhar para trás.

Ela não seguiu o exemplo de Marty, mas outros anjos e demônios viram aquilo e mudaram sua atitude. Eles pararam de correr e tentaram salvar quem estava por perto. Ninguém mais podia aguentar as dores da guerra. Se um podia ignorar aquilo tudo, outros também podiam.

E isso gerou um pouco de confiança, até mesmo entre inimigos.

Mas não adiantou. O exército de Siralos estava muito forte. Em um momento, os anjos também começaram a capturar os demônios de Ivlis. Porém, aquele foi um trabalho mais difícil já que Ivlis ainda tinha poder para fortalecer seu exército.

Em um lugar, no alto, em cima da floresta do norte, estavam voando cinco demônios de Ivlis e um de Kcalb. Um anjo de Siralos chegou e tentou levar um dos subordinados de Ivlis para o portal.

Então, o demônio de Kcalb empurrou o anjo para ter alguma chance de salvar o outro demônio. Mas ele foi capturado no lugar.

“Socorro! Me ajudem, eu salvei um de vocês!” Ele gritou, desesperado, mas nenhum dos cinco demônios veio ajudar. Esse demônio observou o Gray Garden ficar menor enquanto era levado em direção à floresta.

Em outro lado, Macarona e Froze estavam de pé, no campo de batalha, uma ao lado da outra. Elas observavam tudo aquilo, assustadas, tentando prestar atenção em tudo.

“Macarona, fique aqui! Não podemos nos separar!” Froze dizia. Ela parecia séria, mas Macarona conseguia perceber que sua amiga estava assustada.

Já Macarona mostrava que estava com muito medo. Os olhos vermelhos nunca tinham mostrado tanto medo quanto ela estava agora. Ela pensava que tudo estava perdido, que nunca mais iria ver o Gray Garden que ela conhecia.

“Froze, eu estou com medo. Quando voltamos para cá eu soube que meu pai estava desaparecido. Agora, minha mãe e os seus pais foram levados para um lugar que nem sabemos onde. Tudo isso no meio de uma invasão de anjos do sol em nosso mundo, o que vai destruir o velho Gray Garden para sempre. Sem contar sobre tudo o que passamos para chegar até aqui, com Yosafire e Rawberry.” Macarona disse rapidamente.

“Não fale sobre essas traidoras. O que importa é que estamos aqui e vamos lutar para encontrar nossos pais, e vamos vencer. Certo?” Froze explicou, um pouco brava.

“E-eu vou tentar...” Macarona disse, hesitando.

O problema é que enquanto conversavam, um anjo de Siralos veio voando rapidamente e segurou Froze pelos braços, levando-a em direção à floresta.

Froze e Macarona gritaram ao mesmo tempo. Macarona tentou segurar o braço de Froze, falhando. Ela tentou voar atrás, mas quando abriu as asas, tropeçou em uma pedra que estava no chão.

“Froze! Não!” Ela gritou. “Não, não! Isso não pode estar acontecendo! Agora eu estou sozinha! Primeiro a Yosafire, depois a Rawberry, e agora até mesmo a Froze!” Macarona disse para si mesma, tremendo.

Ela correu em direção a uma das florestas em volta do campo de batalha. A floresta oposta à direção em que os anjos estavam levando as pessoas. Quando ficou bem escondida pelas folhas, sentou-se encostada a uma árvore, dobrou as pernas e escondeu o rosto com as mãos.

“Isso não pode estar acontecendo, só pode ser um pesadelo! Por favor, seja um pesadelo! Eu quero apenas acordar, mesmo que seja no acampamento com Greif, Lowrie, Rawberry, Yosafire e Froze! Tudo, menos isso! Por favor!” Macarona pensou.

Depois, ficou quieta e começou a chorar. Não era um pesadelo.

“Eu sou apenas uma covarde que não tem coragem nem para ajudar as pessoas que ama... Talvez eu mereça isso tudo.” Ela pensou, tristemente.

E nesse momento, alguém chegou ao lado dela e a segurou pelo braço, e começou a puxá-la pelo ar. A menina gritou tão alto que todos em volta conseguiram ouvir. Eles estavam voando a uma altura muito grande e conseguia ver tudo lá de cima. Depois, eles começaram a descer. O vento batia em seus rostos e seus cabelos balançavam bagunçados. Então, chegaram a uma clareira na floresta ao norte.

Quando estavam a poucos metros do chão, a pessoa soltou Macarona e ela caiu em um portal verde, sem saber o que veria a seguir.

***

Sua mente girava. Ela não sabia onde estava. Olhou para chão e viu pedras com um tom de laranja desbotado. O chão estava cheio de poeira e ela estava ajoelhada olhando nele. Suas pernas estavam doloridas.

“Macarona!” Alguém gritou. Ela olhou para cima e viu muitos anjos e demônios, mas vindo em sua direção, estava Froze. A anjo abraçou Macarona e a levantou.

“Froze! O que aconteceu? Onde nós estamos? Nós morremos?” Macarona perguntou, quase sorrindo por ter reencontrado Froze, mas com voz de desespero.

Ela olhou em volta. Anjos e demônios estavam por toda parte. Kcalb estava conversando com algumas pessoas e Etihw vinha correndo em sua direção.

“Macarona, você está bem?”

“Espera, espera. Eu não estou entendendo nada!”

Nesse momento, Macarona foi derrubada no chão por um demônio que caía sobre ela.

Esse demônio estava chorando. Ele tinha o cabelo preto e chifres, também pretos, pontudos. Macarona o empurrou e saiu de baixo dele.

O demônio disse, soluçando:

“Onde eu estou? Eu estou com medo!”

Kcalb também correu até ele. Todos os anjos e demônios os observavam. Etihw disse:

“Acalme-se! Está tudo bem e tudo ficará bem!”

O demônio parou um pouco para respirar. Depois de alguns minutos, ele finalmente disse:

“Foi horrível! Eu parecia estar sozinho. Havia demônios do fogo e anjos do sol por toda parte. Eu estava me escondendo e esses demônios me encontraram. Eu pedi ajuda, mas eles me seguraram e me levaram para o meio do campo de batalha. Também tinha... Um rato lá. Eu não sei como, mas ele se transformou em um demônio. Então ele se juntou a seu amigo. Os dois tinham óculos escuros, e eu não me lembro dos cabelos.” Ele parou de falar um pouco, fechou os olhos e tentou se lembrar. Os anjos e demônios atrás estavam parados, apenas observando e esperando segunda ordem antes de fazer qualquer coisa.

Ninguém entendia o porquê de Etihw e Kcalb estarem lado a lado sem brigar, por isso estavam em dúvida sobre o que fazer.

O demônio, então, continuou:

“Eu acho que estou me lembrando de alguns detalhes. Eles conversaram entre si, me observando para não me deixar fugir. Acho que um se chamava Emalf. Quando um anjo do sol chegou perto, eles me empurraram e eu fui levado no lugar deles, e enquanto eu estava voando, não vi mais nenhum anjo ou demônio do Gray Garden. Parece que não tem mais ninguém lá.”

“Malditos sejam esses demônios de Ivlis! Eles estavam trabalhando para mim e agora estão usando os demônios de meu exército para não serem capturados! Traidores!” Kcalb disse, com raiva. Então olhou para Etihw.

“Qual é seu nome?” Etihw perguntou ao demônio de cabelo preto.

“Joseph.”

Quando ela percebeu que o assunto estava finalizado, a deusa virou-se para Macarona e disse:

“Não se preocupe. Fique aqui com Froze.”

Andou até uma pedra alta e subiu nela. Kcalb foi atrás. Os dois estavam de pé lá em cima, olhando para todos. Todos estavam olhando para eles também.

Etihw começou a falar:

“Olá a todos. Como já sabem, eu sou Etihw, a deusa do Gray Garden. Vocês devem não estar entendendo o que está acontecendo, mas tudo será explicado. Como viram, está havendo uma invasão no nosso mundo. Não sabemos o objetivo disso, mas existe alguém que quer roubar nosso mundo. Ele tirou nossos poderes e nos trouxe para cá. E agora estamos no mundo dele.”

Quando ela parou um pouco, Kcalb continuou:

“Não sabemos por que ele nos quer aqui, mas eu duvido que seja uma coisa boa. Devemos nos unir e pensar com calma. Siralos, o invasor, fez um plano para nos distrair com a guerra, enquanto podíamos ter vivenciado a paz e expandido nosso poder.”

“Agora, estamos sem muitas opções. Eu sei que pode ser difícil, eu sei que pode ser estranho, mas vamos ter que nos unir. Anjos e demônios, trabalhando em grupo, finalmente, pela primeira vez.” Etihw completou.

Todos ficaram em silêncio, apenas pensando. Poucos tinham pensado naquela possibilidade. Alguns começaram a sorrir, porque a guerra finalmente tinha acabado e a batalha contra Siralos poderia ser a última batalha.

“Eu não concordo!” Alguém gritou, no fundo, fazendo todos olharam para ela. Era Raspbel. “Esses anjos são todos traidores! Graças a eles nunca mais verei minha irmã e meus pais. Kcalb, pense novamente. Essa deusa provavelmente está tentando roubar seu poder, isso só pode ser um golpe.”

Antes que Kcalb ou Etihw pudessem responder, mais alguém gritou.

Nós somos traidores? Da última vez que eu confiei em uma demônio eu tentei ser otimista, nós viramos amigas e depois ela tentou me matar!” Era Froze.

“Froze, por favor, acalme-se!” Macarona falou baixinho ao seu lado. A anjo apenas ignorou.

Depois desses argumentos, todos começaram a conversar entre si.

Eu não vou aceitar essa trégua depois de tanto tempo de guerra! Quem concorda comigo, siga-me” Raspbel disse. Alguns demônios saíram do meio da multidão e ficaram ao lado de Raspbel. Eram poucos. Cinco.

Todos olharam para eles, com medo de que eles tentassem atacar. Mas apenas saíram voando para longe.

“Não! Esperem!” Etihw e Kcalb gritaram, mas nenhum deles resolveu escutar.

“Raspbel, não! Nós éramos amigas!” Uma demônio, que ainda tinha resolvido ficar com Etihw e Kcalb, gritou.

Nesse momento, Raspbel olhou para trás. Viu uma de suas melhores amigas no tempo da guerra, talvez a melhor. Ela tinha cabelos longos e escuros como a noite e olhos tão escuros quanto os cabelos.

“Mary, me desculpe. Mas eu não posso continuar aqui.” Raspbel respondeu, triste. Depois, virou-se novamente e continuou a voar.

Todos ficaram em silêncio. Aquilo acontecera tão rápido. Depois de alguns minutos, Froze disse:

“E-eu também não aceito ficar aqui com demônios traidores. Quem quiser vir junto, é só me seguir.”

Ela começou a voar em direção oposta. Alguns anjos, aproximadamente dez, voaram atrás delas. Depois de alguns segundos, ela olhou para trás. Macarona não estava a seguindo.

Froze estranhou aquilo.

“Macarona?”

Macarona estava com os olhos fechados e parecia estar com raiva.

“Eu não posso fazer isso. O fim da guerra... foi o que eu sempre esperei. Eu sempre quis viver em paz, por isso eu tentei o meu máximo e ainda continuo tentando. Eu estou cansada de ter você decidindo as coisas por mim. Me desculpe, Froze.”

Quando ouviu aquilo, Froze quase se desequilibrou e caiu. Mas em vez disso, ela simplesmente se virou e continuou a voar. Sem deixar que ninguém percebesse, uma lágrima caiu de seu olho.

***

Todos estavam confusos. Etihw estava de cabeça baixa. Ela sussurrou e apenas Kcalb pôde ouvir:

“Isso não vai dar certo.”

Kcalb ouviu isso e tentou dizer algo para consolá-la, mas não encontrou as palavras certas.

Depois de dez segundos, ouviram Macarona resmungando:

“Eu não acredito que eu fiz isso! Eu abandonei minha melhor amiga! Isso não pode ser verdade... Por que tudo isso começou a acontecer?”

Etihw ouviu aquilo e olhou para a multidão de anjos e demônios. Então percebeu que não podia desistir. Alguns tinham desistido e ido embora, mas ainda tinham vários sobrando. Vários confusos, mas felizes por não terem mais que guerrear.

Anjos e demônios, finalmente, estavam misturados como se fossem todos iguais.

Etihw foi andando até onde estava Macarona e disse, com uma voz calma:

“Macarona, você fez a coisa certa.”

“Eu fiz?” Ela respondeu, chorando.

“Froze provavelmente não sabe o que está fazendo. Todos esses anjos e demônios que foram embora devem estar confusos... O máximo que você pode fazer é não seguir o exemplo deles. Você é especial por estar acreditando que isso pode funcionar.”

“Mas...”

“Eu tenho certeza de que tudo terminará bem se trabalharmos juntos. E agora eu acabei de perceber que se ficarmos parados aqui sem fazer nada, Siralos vai dominar nosso mundo para sempre e vamos apenas morrer sozinhos.”

Todas as pessoas que estavam lá olhavam para elas e ouviam suas palavras. Eles começaram a olhar em quem estava em volta. Anjos e demônios.

“Etihw tem razão. Não podemos descansar enquanto não encontrarmos alguma pista. Devemos explorar.” Alguém gritou, no meio da multidão.

Todos sorriram, inclusive Etihw e Kcalb.

“Vamos lá! Todos juntos!” Kcalb gritou, sorrindo.

Com uma ordem de Etihw e Kcalb, eles começaram a andar pelo mundo plano, e pediram que se alguém avistasse algo, deveria avisar imediatamente. Eles não iriam desistir.

***

Siralos estava no Gray Garden, observando seus anjos lutarem contra os demônios de Ivlis. Igls Unth, a anjo que representava a luz de Siralos, veio voando até o deus, dizendo:

“Siralos, eu não me sinto bem por estar com Ivlis aqui. Não quero vê-lo novamente.”

“Acalme-se, Igls. Tudo terminará bem. O exército deles está forte, mas tenho certeza de que venceremos. Estou quase terminando de apagar todo o fogo na floresta.” Disse Siralos, calmamente.

Igls achou aquilo estranho. Mesmo com tantas coisas acontecendo, Siralos ainda parecia muito calmo. Ele não se sentia preocupado por Ivlis estar lá e estava muito confiante.

Mas, então, ela chegou à conclusão que devia se acalmar igual ao deus. Eles tinham altos níveis de magia e um exército bem treinado. Aquela guerra não duraria muito tempo.

“Pelo menos os antigos habitantes do Gray Garden já estão mortos, certo?” Ela perguntou.

“Infelizmente não. Mesmo se eu colocasse algum feitiço para mata-los imediatamente quando atravessassem o portal, o feitiço seria desfeito, já que usei grande parte da minha força para trazer o sol para esse mundo.” Siralos respondeu, prestando mais atenção no fogo da floresta, com os braços levantados, tentando estabilizar tudo.

Igls ouviu aquilo e ficou um pouco preocupada.

“Mas existe alguma chance de eles voltarem?”

“Apenas se eles encontrarem o outro portal, que fica escondido na Cidade do Sol. De qualquer jeito, isso não vai acontecer. Anjos e demônios presos no mesmo lugar. Eles com certeza vão se matar, e os que sobreviverem eu mesmo matarei quando derrotarmos Ivlis.”

Igls ficou parada observando tudo. Não havia mais nenhum anjo ou demônio do Gray Garden. Ainda existiam as Vilas dos Anjos e dos Demônios que não lutavam na guerra, mas ela percebeu que não precisava se preocupar com eles. Ela já tinha vasculhado os dois castelos e as florestas em volta. Não tinha encontrado ninguém.

“E mesmo que algum dos grupos chegue à Cidade do Sol... Tem uma armadilha esperando eles. Não será capaz de mata-los, mas será capaz de prendê-los.”

Isso tranquilizou ainda mais Igls.

Enquanto observava, reconheceu uma pessoa voando a poucos metros. Ele estava voando em direção ao castelo de Kcalb. A anjo voou atrás dele e entrou em uma das janelas do castelo, o seguindo.

Lá dentro, as colunas eram cinza escuras e o chão era xadrez.

“Ivlis?” Ela chamou.

O demônio se assustou, pois estava de costas. Virou-se rapidamente e disse:

“Igls? Por que está me seguindo?”

“Não é óbvio? Nós somos inimigos agora. Não posso permitir que faça coisas secretas. Eu estou observando tudo.” Ela disse com determinação.

Ivlis ficou parado. Ele estava tentando procurar alguma coisa que ajudasse a derrotar Siralos. Quando percebeu que Igls iria lutar contra ele, apenas disse:

“Precisa ser assim?”

Igls não entendeu.

“O que você quer dizer?”

“Tudo isso que aconteceu foi porque... Eu questionei o trabalho de Siralos. Eu não queria que tudo tivesse tomado esse rumo. Nós éramos amigos. E ele mudou isso tudo. Você ainda concorda com tudo o que ele faz?”

“E-eu...”

“Você era a única pessoa em que eu confiava. A única pessoa que eu amava. E até você me traiu. Traiu nossa amizade. Você realmente concorda com o que Siralos fez e está fazendo?”

Igls hesitou. Pensou sobre o que Ivlis estava dizendo.

Eles ficaram quietos por um tempo, olhando um para o outro. Os dois se lembraram do tempo em que eram como irmãos. O tempo todo juntos, quando tudo era alegre.

“Mas a escolha é totalmente sua” Ivlis completou.

Igls, depois de alguns minutos, disse:

“Pode fazer o que quiser. Não vou interferir.”

Ela saiu pela janela e voou para longe. Ivlis a viu voando na direção de Siralos novamente. Depois disso, continuou a vasculhar o castelo.

***

Etihw, Kcalb e os anjos e demônios tinham acabado de chegar na Cidade do Sol. Eles levaram algumas horas, mas o céu ainda estava alaranjado, em um pôr do sol. O tempo parecia estar parado naquele mundo.

A cidade ficava depois de uma floresta e de um campo de girassóis. Era um lugar grande e bonito. As casas eram brancas e, ao longe, era possível ver um palácio.

Eles ficaram na praça principal. Todos se reuniram lá.

Era uma praça grande o suficiente para todos estarem dentro. Tinha um formato circular e possuía vários canteiros com girassóis, e também alguns bancos de madeira. O chão da praça era feito com pedras claras amareladas, muito bonitas. Em alguns dos canteiros, tinham também pequenas árvores que deixavam o lugar ainda mais bonito.

No meio da praça havia uma fonte seca. Ela era grande, feita de pedra e brilhava no sol. Etihw e Kcalb ficaram em frente à fonte. Etihw começou a falar:

“Agora que estamos aqui, devemos procurar pistas. Por favor, dividam-se em grupos e...” Ela dizia até ouvir um barulho de metal. Nesse momento, grades começaram a aparecer por todos os lados da praça circular. Elas começaram a ir para cima e se fechar no formato de uma esfera.

Kcalb, quando viu aquilo, segurou a mão de Etihw e deu um salto, conseguindo sair antes de as grades os trancarem lá.

Todos gritavam e se perguntavam o que estava acontecendo. Etihw e Kcalb também estavam assustados. Todos estavam presos.

“Acalmem-se! Tudo vai dar certo!” Etihw gritou.

Alguém no meio da multidão respondeu a ela:

“Você fica falando o tempo todo para todos se acalmarem e que tudo vai dar certo. Por que você não pode simplesmente aceitar que nem tudo vai dar certo?”

“P-porque...” Etihw começou a responder, e quando viu que aquilo parecia não ter solução, abaixou a cabeça. As grades eram muito resistentes, nem ela e nem Kcalb possuíam magia, não sabiam como poderiam voltar para o Gray Garden... Tudo estava perdido.

Ela ficou de cabeça baixa até ouvir o som de asas vindo de trás, de fora da praça. A deusa olhou para trás e viu o grupo de anjos, que tinha se separado deles antes de irem até a cidade, correndo atrás do grupo de demônios. Eles provavelmente tinham se encontrado enquanto exploravam e agora estavam lutando.

Aquilo prendeu a atenção de todos. O grupo de anjos parecia assustador e o grupo de demônios parecia estar perdendo. Eles não aguentariam por muito tempo.

Macarona olhou aquela cena e viu que uma demônio parecia estar muito mais fraca do que os outros, e poderia estar correndo grande risco. Essa demônio tinha o cabelo rosa, e isso parecia lembrar alguém. A anjo viu, de dentro da grade, os olhos rosa da demônio que se assemelhavam muito a Rawberry.

Ela se lembrou de todo o tempo que passara com Rawberry enquanto estavam perdidas.

“Ela parece a Rawberry” Macarona pensou. “Talvez uma parente... E parece estar em perigo!”

Milhares de pensamentos vieram em sua cabeça. Ela não queria ver ninguém sofrer. Precisava fazer algo. Mas o quê? Não tinha nenhuma chance. Fechou seus olhos e pensou em Rawberry. Imaginou que pudesse ajuda-la. Quando abriu os olhos novamente, eles estavam com um tom de vermelho muito mais forte.

Os dois olhos começaram a brilhar, e então...

Um segundo depois, Macarona estava na frente do grupo de demônios, os protegendo dos anjos.

Froze, que estava tentando ataca-los, ficou surpresa. Todos na multidão se impressionaram com o que tinha acontecido.

“O quê? Macarona?” Froze gritou, surpresa. Seus olhos lacrimejaram por rever a amiga, mas contra ela.

“Froze, você não acha que isso é demais? Você não percebe o que está acontecendo? Essa guerra boba já acabou. Não vê que os nossos problemas agora são muito maiores?”

“Mas são demônios, eles são traidor...”

“Não, eles não são!” Macarona interrompeu. Ela nunca tinha feito isso antes, e Froze ficou muito assustada em relação a isso. “O que aconteceu com Yosafire, você não vê? Tinha outra pessoa lá, outra pessoa que parecia estar a influenciando. E logo depois, um deus estranho de outro mundo invade o nosso. Você não consegue entender?”

Froze pensou por alguns segundos. Abaixou a cabeça e pensou por um tempo. Depois, disse, ainda de cabeça baixa:

“Nossa, como sou uma tonta. Como pude ser tão burra? Eu não pude nem pensar direito...”

Todos observaram aquilo. Froze sempre agira parecendo ser forte, sempre certa do que estava fazendo. E agora ela estava reconhecendo o próprio erro.

“Siralos... A maldição do sol... Isso é algo muito maior do que a guerra. Como não pude ver isso? Sim, eu estava errada.”

Ela soltou sua arma e voou em direção aos campos de girassóis que ficavam em volta da cidade.

Macarona começou a voar atrás dela, mas Froze disse:

“Por favor, eu preciso de um tempo sozinha.”

Macarona resolveu respeitar Froze e voltou para onde Etihw e Kcalb estavam.

Ela observou que os anjos e demônios que minutos atrás estavam lutando, agora estavam se desculpando.

“Bom...” Kcalb começou a falar. “Temos aqui mais de dez pessoas. Assim, poderemos procurar pistas e achar um jeito de libertar as pessoas que estão presas na praça o mais rápido o possível.”

“Sim! Eu vou começar a procurar, precisamos começar agora mesmo!” Disse Macarona, e logo depois começou a voar.

Enquanto sobrevoava a cidade, percebeu um lugar um pouco afastado que parecia ser importante.

“A prisão. Deve haver algo lá.”

Ela voou naquela direção e parou na entrada. Lá dentro estava escuro, mas não muito. A anjo ficou com medo, mas entrou mesmo assim. Era hora de fazer algo para ajudar a todos.


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