100 coisas para fazer quando se é uma bruxa escrita por mity
Na terça seria a prova, e eu estava mais ou menos preparada, pois havia passado duas horas da noite anterior estudando.
A parte legal de não ser popular na escola, é que quando você não quer falar com ninguém, é isso que acontece, ninguém vem falar contigo.
A não ser pelo Castiel, que decidiu ser meu amiguinho agora. Eu ia deixar, porque isso também fazia parte do meu plano. Ele andava com a Kathleen pra lá e pra cá, mas aquilo não me incomodava nem um pouco. Quer dizer, incomodava pelo fato de que assim, eu iria demorar mais em questão de executar o plano. Mas eu já tinha tudo em mente.
— Oi, Cass. – Eu disse para ele, sentando ao seu lado na cantina.
— Oi. E aí? – Ele respondeu quando me viu.
— Como vão as coisas com a Kathleen? – Perguntei, como quem não quer nada.
— Ahn... Ela é só minha amiga, Rebecca. Quer dizer, nós estávamos tendo algo, mas aconteceram algumas coisas com ela e acabamos só na amizade.
De algum modo, aquilo me deixou um pouco aliviada, mas não deixei transparecer.
— Pois é, eu encontrei com ela esses dias. Ela parecia um pouco abatida. Nem parece a mesma pessoa.
— Sim, ela está passando por dificuldades. E como somos amigos agora... Bem, estou fazendo o que amigos fazem, tentando fazer a situação não parecer tão ruim.
— Entendo. – Fiquei pensando por alguns segundos se deveria ou não convidá-lo para sair. Não pense que eu estava interessada nele. – Então, você gostaria de... Ahn... Sair hoje à tarde? Não sei, tomar um café ou...
— Espera. – Ele me interrompeu. – Você está me convidando para sair? É você mesma? – Ele tirou uma com a minha cara, e começou a rir.
— Só estou tentando ser legal, okay? Não somos amigos agora? Além do mais, quero agradecer de alguma forma por você ter se preocupado comigo. Enfim, você quer? – Tentei deixar a situação o menos estranho possível.
— Tenho que ver na minha agenda se eu estou disponível...
— Castiel!
Ele deu risada da minha frustração. Ele tinha o dom de me irritar.
— Tudo bem, eu quero sim. Que horas posso passar na sua casa?
— Como sou eu quem está convidando, deveria ser eu a te buscar. Mas como é você que tem carro aqui, e como sei que você é um cara legal e... – Ele começou a sorrir de lado enquanto me olhava. – O que foi? – Olhei pra minha roupa, pra ver se não tinha algo sujo. – Do que você está rindo? – Ele começou a rir mais ainda. Até que percebi que ele estava tirando uma comigo. – Podemos voltar ao assunto? Acho que precisamos entrar na sala, está quase batendo o sino.
— Sim, mas preciso saber a hora que devo ir à sua casa. – Ele levantou a sobrancelha esquerda.
— Certo. Passe umas quatro horas.
— Está combinado então. Até de tarde.
Ele pegou sua mochila e seguiu até o corredor dos armários. Eu esperei alguns segundos para fazer o mesmo.
Minha primeira aula era de história, com o Sr. Harper, meu professor menos adorado.
— Bom dia, pessoal. – Ele nos cumprimentou quando entrou na sala.
— Bom dia, Sr. Harper. – Nós respondemos em uníssono.
— Como última atividade do semestre, não irei dar prova ou trabalho individual em sala. Bom, irei dar um trabalho, mas não em sala. Vou levar vocês e minha turma do terceiro ano ao Museu Estadual do Tennesse, aqui em Nashville. Acho que alguns de vocês já devem ter tido a oportunidade de conhecê-lo, não? Certo, mas não será tão simples. O trabalho de vocês lá será de escrever o máximo de nomes de obras possíveis que vocês encontrarem por lá e fazer uma pesquisa – na internet, de preferência – sobre a data, autor, local e material usado. Aqui está o bilhete de permissão para vocês entregarem aos seus responsáveis. – Ele começou a entregar os bilhetes de carteira em carteira.
•••
Às três e meia da tarde, deu estava pronta, esperando o Castiel. Talvez eu estivesse um pouco ansiosa. E nervosa. Bom, seria o primeiro encontro que eu teria com ele.
Dim dom, a campainha fez às 3h56. Quatro minutos adiantado.
Abri a porta para ele.
— Uau, você está muito bonita. – Ele disse, olhando para minha roupa – uma saia rodada floral com uma blusa branca básica e um blazer azul royal.
— Você também está. – Sorri.
Ele vestia uma calça jeans de lavagem clara e uma blusa preta e um sapato casual.
Gritei tchau pra minha avó e entramos no carro.
— Onde vamos? – Perguntei enquanto ele dirigia.
— Pensei em passearmos pelo parque e tomar um café.
Eu geralmente não era muito fofa ou romântica, então não sabia reagir muito bem a um “encontro”.
Castiel estacionou o carro na frente de uma cafeteria, e nós entramos no estabelecimento. Pedimos nossos cafés – o meu de chocolate branco com morango, gelado, como sempre – e fomos passear pelo parque, que ficava perto da cafeteria.
O parque podia ser resumido em verde. Tinha passarelas para andar e grama, muita grama; Árvores por todos os lados que os olhos enxergavam; bancos para sentar na sombra; e pessoas por todos os lados, passeando com sua família, com seus cachorros, fazendo caminhada, praticando esportes, casais. E eu e Castiel.
— É uma pena você estar indo embora. – Ele comentou, meio cabisbaixo.
— Eu não vou embora. – Respondi. – Apenas vou estudar lá. Nos finais de semana, eu volto.
— Mas mesmo assim. Sabe, vai fazer falta.
Continuamos a andar, com passos lentos. Ele fez um sinal com a mão, como quem vai começar a falar, mas desistiu.
— O que foi? – Indaguei.
— Ahn... Nada.
— Ué, fala. – Pedi.
— É só que... – Ele começou a dizer, mas então parou, e foi se aproximando de mim.
No início fiquei sem o que fazer, até que ele me beijou. E eu deixei. E deixei meu copo de café cair também.
— Parece que vamos ter que comprar outro café. – Eu disse.
— Isso é o de menos.
E continuamos a nos beijar.
— Eu acho que nós não deveríamos nos beijar. – Balbuciei quando nossas bocas se separaram.
— Nós não deveríamos muita coisa. E você vai embo... É, mudar de escola. Temos que aproveitar.
— Tá me pedindo em namoro, Castiel? – Brinquei.
— Namoro eu não digo, mas amizade colorida, pode ser.
As coisas estavam fluindo exatamente de acordo como eu queria.
Nós caminhamos mais um pouco e fomos embora.
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