Ninguém está em casa escrita por Kashinabi Chan


Capítulo 1
Capítulo único!


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem da minha pequena redação ^~^

Gostaria de poder ter mais o que escrever aqui, mas como não tenho...

Tenham uma boa leitura o/



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Jasmine bateu o pé com força no chão e berrou:

— Não ligo se você vai embora por causa do seu emprego! Eu vou ficar aqui!

— Com o quê, Jasmine? — perguntou sua mãe, com voz calma, não se mostrando impaciente. Acostumara-se com o humor alterado da filha frequentemente.

— A casa! A casa é minha e vou morar nela! Pode tirar suas tralhas daqui! Agora a casa será minha, já que não a quer!

Sua mãe soltou um suspiro irritado. Levantou-se da cadeira de onde estava sentada e andou por toda cozinha, sem saber ao certo o que faria com a filha.

— Jasmine, a casa é alugada. Se quiser ela, terá de começar a pagar o aluguel.

Aqueles palavras haviam tirado toda a confiança da menina de dezessete anos. Seus olhos amoleceram por um momento, juntamente com sua expressão, mas foi muito brevemente.

— Quer saber, não preciso de uma casa velha! — gritou Jasmine e entrou no quarto, pegando uma mochila preta velha e uma sacola antiga de supermercado.

Pegou algumas blusas, calças jeans e enfiou tudo de uma vez na mochila. Na sacola, jogou um chinelo e um par de tênis. Pegou seu violão feito com madeira clara, cor bege e colocou a mochila nas costas. Passou pela cozinha, antes de quase sair pela porta dos fundos. Com os pés quase tocando o lado de fora da casa, sua mãe pergunta:

— Para onde vai?

— Para qualquer lugar. Não precisa fingir que se importa.

A mãe ficou surpresa com as palavras. Quase faltou-lhe o que responder.

— Você... Não vai a lugar algum! — ordenou. — Não pode simplesmente decidir que vai fugir!

— Não irei fugir. Irei para qualquer lugar — Jasmine lhe respondeu com a voz calma, mas podia notar-se que havia raiva nas palavras.

— Quando vai voltar?

— Nunca. — Foram as últimas palavras da menina, antes de fechar a porta dos fundos com força e sair correndo rua afora.

Correu até o parque que havia ali por perto. Deitou-se em um banco, usando a mochila como travesseiro. O violão estava apoiado do lado, juntamente com a sacola em que estavam os sapatos. Era noite e as estrelas cintilavam no céu. Adormeceu em poucos minutos.

Jasmine acorda quando o sol das dez da manhã perturba-lhe os olhos. Seu estômago faz um barulho abafado e só então percebe que estava morrendo de fome. A menina começa a caminhar pelas ruas, enquanto praguejava em voz baixa, por não ter lembrado de ter pegado um pouco de comida.

Ela foi até a padaria mais próxima. Pediu que lhe dessem pão, mas alegaram que só dariam se tivesse dinheiro para comprá-lo.

Jasmine tentou em outros estabelecimentos que ofereciam qualquer tipo de comida e nada. A manhã e a tarde se arrastaram com a menina ouvindo o som do estômago, implorando por comida. Pouco antes do pôr-do-sol, a garota se sentia imunda. Procurou por um banheiro público e o achou, isolado. Lá havia três chuveiros e todos eles jaziam quebrados, mas um deles ainda jorrava um pouco d'água, o que serviria pra àquela situação.

A menina se despiu e banhou o corpo com dificuldade, entretanto, aquilo teria de ser o suficiente.

Quando saiu do banheiro público, a noite já havia caído. Olhou de um lado para o outro a procura de um lugar que ela poderia dormir. A essa hora estava muito longe do parque que havia dormido na noite anterior. O único lugar que encontra é no chão de uma rodoviária que já estava com os portões trancados.

Jasmine sentou-se ali mesmo, com as costas na grade branca e gelada. Pegou seu violão e fez algumas notas avulsas. Não havia mais nada para fazer. De repente umas palavras vieram a sua cabeça. De início não faziam-lhe sentido, mas logo tomaram forma de uma letra de uma música que acabara de inventar:

— "Eu não poderia te dizer por que ela se sentiu daquele jeito. Ela se sentia assim todos os dias..."

Quando se deu conta, estava falando dela mesma. Não queria admitir isso para si mesma, então continuou cantando em terceira pessoa:

— "Eu não podia ajudá-la. Simplesmente a assisti cometer os erros mais uma vez."

Uma lágrima escorreu pela sua bochecha, mas mesmo assim continuou:

— "O que está errado agora? Muitos, muitos problemas. Não sei de onde ela pertence."

Suspirou, enquanto parava as vibrações das cordas com a mão. Sua inspiração acabara ali. Foi uma boa letra, pensou ela antes de adormecer no chão de cimento com a cabeça em cima da mochila.

Acordou assustada e antes de levantar em disparada por ter sido encharcada com um balde de água gelada, ouve uma mulher gritar:

— Nada de mendigos aqui!

Jasmine fitou a mulher com os olhos pegando fogo. Apenas pegou suas coisas e mais uma vez partiu, mas sentia um ódio profundo pela mulher tê-la encharcado e principalmente seu violão. Instantaneamente sentiu vontade de chorar, porém, se conteve.

Passou o resto da manhã inteira sentada num ponto de ônibus, secando com uma das blusas que não fora encharcada, o violão.

A tarde passou rapidamente enquanto ela implorava por comida a pessoas ou lojas. Não havia conseguido nada. Seu estômago roncava e estava se tornando insuportável. Tudo que conseguiu achar foi metade de um sanduíche numa lata de lixo. Quando levou-o a boca, tinha um gosto horrível, mas serviu para calar o estômago por um tempo. Pouco tempo.

Na noite daquele dia, não havia estrelas. Apenas nuvens que se moviam devagar. Pegou seu violão mais uma vez. Tinha gostado de ter criado aquela música improvisada na noite anterior. Dessa vez lhe veio letras novas:

— "É onde ela deita. Machucada por dentro. Sem nenhum lugar para ir; para secar seus olhos. Machucada por dentro."

A última frase saiu quase como um gemido. Sentiu seu coração apertado. Nunca parara para pensar no quanto sentia-se frágil.

— "Abra seus olhos e olhe para fora. Encontre as razões pelas quais você tem sido rejeitada. Só que agora você não consegue achar o que deixou para trás."

Sua voz estava lhe abandonado por conta das lágrimas. Tentou cantar mais alguns pedaços:

— "Seja forte agora. Muitos, muitos problemas. Não sei de onde ela pertence."

É então que se desmancha em lágrimas. Mal para para pensar de onde vieram, apenas as derrama. Ela havia escolhido um parque qualquer para dormir naquela noite. Como mendigos já tomavam conta de todos os bancos, teve de se deitar na grama que pinicava.

No dia seguinte, acordou tarde. O céu estava perto do seu pôr e ela se levanta, sentindo ainda o incômodo da grama em sua pele. Foi difícil adormecer na noite anterior.

Jasmine limpa a grama que grudou na sua roupa e nas suas coisas e forçou-se a procurar um banheiro público. Estava fedendo a suor e a água que a mulher jogara nela no dia anterior.

Quando achou um banheiro, percebeu que ali havia um espelho rachado. Seu cabelo e sua aparência estavam detestáveis.No que me transformei?, pensou a garota não acreditando no que estava vendo.

Pegou um pente quebrado que estava abandonado por ali e tentou lavar os cabelos na pia. Não tinha chuveiros por ali. Enquanto lutava com os nós que a faziam soltar gritos, outra letra veio a sua mente: "seus sentimentos, ela esconde. Seus sonhos, ela não consegue alcançar. Ela está perdendo a cabeça. Ela está caindo para trás. Ela não consegue encontrar seu lugar. Ela está perdendo sua fé. Ela está caindo. Ela está por aí."

De repente entrou em desespero e gritou. Gritou tão alto que ficou fazendo eco por um bom tempo no banheiro deserto. Saiu em disparada do banheiro, desesperada, sem saber o que fazer. Já havia escurecido e estava chovendo forte. As coisas ao longe haviam se tornado sem forma para ela, por conta da grossura dos pingos de chuva.

Largou suas coisas para trás e correu. Correu para qualquer lugar. As roupas já pesadas no corpo, sentindo uma tremenda dor no estômago pela fome. Tudo é tão difícil..., pensou Jasmine, querendo novamente se derramar em lágrimas. Mais uma letra da música perturbou sua mente: "ela está perdida por dentro, perdida por dentro."

Continuou a correr e quando parou, quase desmaiando pelo cansaço e a fome, estava na porta de casa. Correu até lá e bateu na porta com força. Chutou, socou, gritou... Ninguém apareceu.

Girou a maçaneta e descobriu que a porta estava aberta. Quando entrou, sentiu uma dor tremenda no peito. Não havia nada lá. Tudo estava vazio. Sem móveis, sem pinturas, sem... sua mãe. Seus olhos bateram em cada parte da casa e nada. Nem um sinal.

"Ela quer ir para casa, mas ninguém está em casa", pensou e aquela era a única parte da música que faltava.


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Notas finais do capítulo

Uma das minhas músicas favoritas *emoji batendo palmas*

Para quem quiser ouvir a música e descobrir o quanto ela é perfeita...:

http://letras.mus.br/avril-lavigne/82415/

Espero que tenham gostado e não se esqueçam de comentar... Quero saber muito o que acharam do meu pequeno One Shot ^~^

Aproveitando a oportunidade, dê uma passadinha na minha primeira fanfic, talvez goste dela tanto quanto eu ^~^:

http://fanfiction.com.br/historia/487942/O_que_uma_garota_deve_fazer/

Até outro dia o/



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