–O quê? —perguntei, quase rindo. Aquilo só podia ser uma brincadeirinha sem graça que inventaram para comemorar a volta de Klaus e a morte de Kai. Mas não era.
Elijah continuou me olhando, totalmente sério. Comecei a achar que era tudo verdade, o que ele confirmou algum tempo depois.
-Me diga que é uma brincadeira —falei, sentando-me numa cadeira, esquecendo um Klaus confuso que estava praticamente ao nosso lado.
-Eu esqueci quem? —ele apareceu de repente.
Droga! Por mais que estivéssemos um pouquinho longe, ele era um híbrido. E mesmo tendo uma parte de sua memória totalmente perdida, ele não perdera seus poderes sobrenaturais. Continuava sendo o antigo Klaus que matava por ódio ou prazer.
Ele me esquecera certo? Nada mais justo do que voltar a ser difícil para ele. Talvez aquele amor possa até voltar.
Sorri cinicamente e decidi ser a Caroline que não se importava com nada. Seria fácil, já que era só eu me lembrar da época em que fiquei sem humanidade.
-Mesmo que isso tenha tudo a ver com você, iremos fingir que não —falei, dando o sorriso mais cínico que pude. Era difícil voltar a ser tão difícil quando eu já havia me entregado a ele por completo. E agora ele está assim, sem saber que um dia me conheceu.
-Opa, loirinha! Não sei se você me conhece, mas sou Klaus Mikaelson, o híbrido Original. Caso não saiba, posso te matar em menos de um minuto —ele disse, com um tom que fez com que meu corpo arrepiasse.
Mas se fosse para morrer nas mãos do homem que eu amava e que eu tinha certeza de que bem no fundo me amava também, que fosse ao verdadeiro estilo da antiga Caroline Forbes.
-Uau! Era para ser uma ameaça? —falei, rindo. Infelizmente fui a única e ficou parecendo como se eu fosse uma grande idiota, coisa que eu certamente não era.
Elijah me encarava, sério, assim como seu irmão. Droga! Eu aguentava um Mikaelson me fitando com um olhar ameaçador, mas os dois? Já era demais para mim!
Cansada daquela guerra silenciosa, me levantei, decidida a ir para a minha antiga casa, por mais que ela lembrasse minha mãe.
Ah, minha mãe. A que morrera há pouco tempo por ter sido ignorante demais, quando recusara a voltar a ser a velha Liz. Eu sentia falta dela até demais e pensava na possibilidade de desligar minha humanidade novamente, já que agora o amor da minha vida esquecera da minha existência e estava me lançando ameaças há cada minuto e minha mãe simplesmente morrera.
Não. Como eu poderia pensar naquilo? Eu não precisava de um homem para sobreviver! E minha mãe, bem... eu era forte suficiente para superar sua morte. A dor continuaria, mas e daí? Meus amigos me ajudariam a suportá-la. Com certeza a xerife gostaria de ver sua filha seguir um lindo e prazeroso caminho na vidinha de órfã.
Mal pude perceber quando Elijah me tocara, iniciando uma terrível dor de cabeça com direito a vários fantasmas de pessoas conhecidas andando ao meu lado.
Lá estava toda a família de Elena, o pai de Bonnie, Vicki, Lexi e, bem, Liz Forbes.
Eles vinham em minha direção e aqueles que eu já matara me davam socos, o que fez com que eu caísse no chão.
-Elijah! Faz isso parar! —implorei, de repente lembrando-me das minhas forças como vampira.
Levantei-me e tentei lutar contra eles, o que foi uma ideia terrível. Vieram mais deles e percebi que eram dez vezes mais fortes do que qualquer vampiro, lobisomem ou até mesmo híbrido.
-O que está acontecendo? —pude ouvir Klaus perguntar enquanto eu gemia de dor.
-Eu não sei —Elijah confessou —O que devemos fazer?
-Vá procurar nossas irmãs e deixe que eu cuido disso —o híbrido falou.
Klaus me pegou no colo e todos os fantasmas assassinos e assustadores desapareceram.
A última coisa que pude dizer antes de desmaiar em seus braços foi um sincero agradecimento.

[...]

-Caroline? —alguém perguntou.
-Bon? —falei, sem ao menos precisar abrir os olhos para identifcar quem era.
-Está se sentindo melhor? Ficamos preocupados com você.
Esfreguei meus olhos para se adaptarem a luz que atravessava a janela e levantei um pouco o corpo, percebendo que estava no quarto que dividia com Klaus.
-Como chegamos aqui? —ignorei sua pergunta, não de propósito, mas porque realmente queria saber como havia chegado ali tão rápido. Não devia ter feito nem 3 horas desde que eu desmaiara nos braços de Klaus.
-Você dormiu por 3 dias! —ela revelou.
-O quê? —perguntei, dando um pulo na cama.
-Isso mesmo que a senhorita ouviu. —ela riu.
-Oh, meu Deus! —praticamente gritei, arrependendo logo depois. Não gostaria de ver Elijah nem Klaus naquele momento, mas confesso que estava curiosa para saber dos últimos acontecimentos dos irmãos Mikaelson e também do que realmente acontecera comigo naquele dia. Mas pelo que parecia, eles também não sabiam de nada. Simplesmente estavam esperando eu acordar para contá-los cada detalhe. —Onde eles estão? —perguntei, sabendo que Bonnie saberia de quem eu estava falando.
-Ah... —ela olhou para o chão —Klaus está obcecado com a ideia de achar Hayley, mesmo que isso custe a vida de alguém. Decidimos não contá-lo sobre sua morte... —lancei-lhe um olhar reprovador —ainda —ela completou. —Sinto muito, Care. Mas parece que ele pensa que é apaixonado por ela.
Acho que ela ficou surpresa porque eu não fiquei triste com aquela notícia. Mas eu sabia o porquê: sabia que isso um dia aconteceria e vinha me preparando para esse momento desde que essa ideia maluca —que não parecia mais tão maluca agora —passou pela minha mente, no mesmo dia em que fiquei sabendo que era apenas mais uma vampira comum para Klaus.
Alguém bateu na porta, o que fez com que eu e Bonnie olhassemos imediatamente para ela. E lá estava ele. Klaus Mikaelson, o híbrido Oriinal que poderia me matar em menos de um minuto, como ele mesmo dissera.
Limpei a garganta e Bonnie entendeu que eu desejava ficar a sós com ele.
Quando ela finalmente saiu do quarto, fechando a porta, ele foi o primeiro a falar.
-Pode por favor me falar o que aconteceu naquele dia? Deixou minhas irmãs preocupadas.
Seu tom foi mais grosseiro do que eu esperava, considerando que eu dormira por 3 dias e acordara agora. Ele deveria me dar flores ou chocolate, talvez até um abraço, o que valeria mais do que qualquer presente, considerando o estado que ele estava.
O fitei por alguns minutos até finalmente perceber que ele esperava por respostas. Quando ia falar, por alguma razão, fechei minha boca novamente, o que fez com que ele ficasse nervoso.
-Acabe logo com isso! Já não basta ficar na minha casa, pertubando toda a minha família? Diga o que aconteceu ou vá embora dessa casa! Melhor ainda... vá embora de nossas vidas! Já cansei de tudo o que você fez.
Lágrimas escorreram pelo meu rosto e eu quis gritar de raiva por deixá-las cair enquanto estava na frente dele. Mas então uma frase que minha mãe costumava me dizer me veio a mente, fazendo com que eu ficasse mais forte.
"Não deixe que a humilhem. Você não vale mais nem menos do que eles, então seja forte e deixe esse queixo erguido. Ninguém pode julgar ninguém, mas podemos nos esforçar para sermos pessoas melhores do que éramos antes e tentar simplesmente ignorar as bobagens que dizem por aí."
Sequei as lágrimas rapidamente e me levantei, calçando minhas pantufas. Percebi que estava com uma roupa boa para ir até minha casa, que não ficava muito longe daqui. Então, sem ao menos me despedir, peguei minha bolsa e saí dali, deixando-o confuso.
Ele queria ser um monstro? Pois bem, eu também seria um e mostraria a mesma capacidade de lutar. Porém, eu agiria com sabedoria, coisa que estava faltando naquele híbrido!
Mas enquanto caminhava em direção a minha casa, várias perguntas surgiram.
Como aqueles fantasmas me tocaram? E, só para início de conversa, porque eu estava os vendo? Por que tudo aquilo começara justamente quando Elijah me tocara e por que Klaus se mostrara tão compreensível naquele momento? Ah, e quais coisas eu fiz a ele? Passamos apenas alguns minutos juntos desde que o salvaram e ele voltara sem me conhecer. E, sem de esquecer de um ponto importante... por que só parara quando aquele híbrido que parecia me odiar tanto agora me pegara no colo?
-Caroline! —ouvi alguém me chamar. Me virei e percebi que era Enzo. Sério que o deixaram vivo? Eu gostava dele,era um bom amigo mas poderia nos causar problemas. Enfim... se fosse ficar quieto, sem ficar procurando por encrenca, certamente nos daríamos bem novamente.
-Fique quieta. Tem uma borboleta em sua cabeça —ele disse, tocando meu cabelo.
De repente foi como se aquele dia voltasse. Os mesmos fantasmas apareceram, só que agora não estavam mais me dando socos nem nada do tipo. Apenas gritavam nos meus ouvidos, o que era um pouco melhor do que me bater. Bem, só um pouquinho.
Comecei a gritar novamente e antes que percebesse, já estava nos braços de Enzo, desmaiando novamente.