O garoto acordou, ele estava em um quarto estranho, os lençóis eram brancos, assim como as paredes. Uma pequena estante ao lado de sua cama era coberta com diversas caixas de remédios, lápis de cor, canetas e folhas. O menino agarrou uma das folhas caídas no chão; era um monstro, o Minotauro, ele se recordou rapidamente.

Uma forte dor de cabeça o acertou, ele começou a se recordar de diversas coisas, era como se houvessem despejado um balde gigante de memórias em sua cabeça. O garoto fechou os olhos e os apertou fortemente. Ele se recordava;

Seu nome era Percy Jackson, ele era filho de Poseidon e lutava contra monstros mitológicos. Mas... oque ele fazia ali? onde estavam seus amigos, e principalmente, onde estava Annabeth, sua namorada? ele enfiou as mãos nos bolsos de sua calça, em busca de sua caneta-espada, Anaklusmos. Sem a achar, ele se desesperou. Fechou os olhos e forçou a cabeça, tentando se lembrar de como chegara ali. ele novamente os abriu os olhos... não se recordava de nada, absolutamente nada. Então, no canto do cômodo, ele notou alguém;

Era um adolescente. Usava um moletom azul marinho, com a estampa de um tridente. Uma calça jeans cinza e um tênis all-star. Tinha olhos verdes e cabelos negros... era ele mesmo! e, o pior, aquele clone seu carregava sua espada mágica.

Jackson se ergueu da cama num salto e ficou frente a frente com seu clone, que estava arrogantemente parado ali. Com a mão esquerda enfiada no bolso do moletom, com a direita ele segurava a espada, que se encontrava apoiada em suas costas.

- Q-quem é você?! - Percy perguntou.

- Ora ora, amigo. - O clone falou, zombeteiro. - Não precisamos nos apressar, certo? você já me viu antes, por que todo este alvoroço?

Sem palavras, Jackson não respondeu.

- Isso mesmo, se acalme. - O clone então disse, levando Percy até a beirada da cama e fazendo-o sentar.

- C-como pegou minha espada? - Jackson questionou. - QUEM É VOCÊ?

Uma poltrona vermelha materializou-se atrás do Percy clonado. Ele se sentou, calmamente antes de responder:

- Eu acho que você já sabe.

- Não, eu não faço a mínima idéia. - Percy disse. - Onde está Annabeth?

De repente, o impostor começou um riso incessante, uma risada zombeteira, de puro humor, como se oque o garoto tivesse dito fosse a melhor piada da história. Enquanto ele gargalhava, Anaklusmos caiu de sua mão, e Percy rapidamente a agarrou, apontando-a para o farsante.

- Me explique tudo AGORA, ou eu corto sua garganta. - Ele ameaçou.

- Sério? - o impostor sorriu de lado. - O que vai fazer com isso? me riscar?

- FALE! - Percy insistiu. - QUEM É VOCÊ?

- É muito simples, amigo. - Venho como resposta. - Eu sou você.

- C-como...

- É simples. - O outro interrompeu a pergunta de Percy. - Você sabe como venho parar neste quarto?

- N-não.

- É fácil: é aqui que você mora. - O Percy impostor respondeu, abrindo os braços e as pernas e se inclinando para trás na poltrona. - Num hospício.

Sem dar tempo para Jackson se pronunciar, o clone prosseguiu;

- Eu não passo de uma alucinação sua. Sou uma representação de uma pessoa que você queria ser, eu sou tudo que você não é, faço tudo que você não faz, e tenho tudo que você quer ter.

- M-mas... eu vivia no Acampamento Meio-Sangue!

- Não. Quem vive lá sou eu, Percy Jackson. - O clone rebateu. - Você é apenas um maluco qualquer de um hospício qualquer a beira da loucura. Eu... bem, eu sou quem lhe mantem são. Sua mente criou-me para vir até aqui uma vez ao dia e lhe contar todas as aventuras fantásticas que você deseja ter ao invés de viver aqui para sempre.

- N-não pode ser...

- É claro que pode. - O impostor interrompeu. - Grover é melhor amigo que você sempre quis ter, afinal, você nunca teve um amigo. Você o fez fraco e medroso, assim sempre teria que o proteger e sempre seria o herói da vez. Annabeth... é a representação mais real que seu cérebro já criou. Ela é bonita, inteligente, esperta, valente e deseja por outros garotos. TUDO oque você quer em uma garota. É a menina perfeita. Tyson... é o irmão seu que nunca existiu. O criou forte porque queria alguém para te proteger, alguém engraçado e divertido que pudesse lhe tirar de qualquer enrascada e bater em pessoas maiores que você.

Após um longo momento sem falas, apenas o som do vento batendo nas janelas trancadas do quarto, Percy prosseguiu.

- Já eu... eu sou tudo. Sou inteligente, versátil, bonito, engraçado, poderoso, filho de seu deus preferido... eu estou acima de todos os personagens que você já criou aqui dentro. Sou oque você mais levou tempo para criar. Sou tão real e seu cérebro deseja tanto que eu realmente exista... que você está me enxergando em sua frente agora, e você não se lembra nem mesmo de quem você é. Na sua cabecinha problemática, você seria o seu próprio amigo imaginário.

- É MENTIRA! - o garoto bradou, aos prantos. Em seguida, pôs as duas mãos na cabeça e fechou os olhos com força. - Você não existe, não existe, não é real. Não é real, meu nome é Percy Jackson, Annabeth virá me buscar daqui a pouco, EU SOU PERCY JACKSON, ANNABETH VIRÁ ME BUSCAR DAQUI A POUCO. EU SOU PERCY JACKSON, ANNABETH VIRÁ ME BUSCAR DAQUI A POUCO!

- Ah, você é ridículo. - O clone de olhos verdes reclamou. Ele se ergueu da poltrona e acertou um tapa no garoto desesperado. Mas, na verdade, o próprio menino havia se tapeado. - Você é estúpido, é idiota, incapaz, fraco, tímido... OLHA PRA MIM!

- VAI EMBORA! - o garoto, que chorava desesperadamente gritou.

- Annabeth nunca virá busca-lo, Grover não existe, nem todos os seus ''amigos'' imaginários que saíram desta sua cabeça psicótica!

De repente, o menino sentado na cama ergueu sua espada mágica e, num rápido movimento, perfurou profundamente seu pescoço com ela. Enquanto seus olhos vidravam, sua mente caia na inércia e seu corpo despencava da cama, a última coisa que ele pode observar foi Percy Jackson, o garoto filho de Poseidon, namorado de Annabeth e que vivia no Acampamento Meio-Sangue com todos seus amigos e sua vida perfeita, gargalhando em vão, enquanto fitava o menino caindo no duro piso do cômodo.

- Até nunca mais. - Ele falou.

Horas depois, foi achado um garoto de cabelos marrons, olhos castanhos que usava a roupa do hospício, estirado ao chão, com os olhos vidrados, e com uma caneta perfurando seu pescoço. O sangue ao seu lado virara uma poça de sangue, e, naquela poça, um desenho flutuava; era um garoto forte, de cabelos negros e olhos verdes. Ele tinha uma linda moça loira ao seu lado. Haviam nomes escritos na camiseta de cada um dos dois;

Annabeth Chase e Percy Jackson.