Eu saí correndo e agora estou me sentindo tão mal, Castiel precisava de minha ajuda e eu apenas fugi sem dizer e ouvi mais nada, qual é o meu problema?!

Eu sei que ajudá-lo seria um problema para mim, mas eu poderia fazer em sigilo, afinal poder é o que não me falta e ele parecia tão cheio de esperança, não posso tira isso dele, nem se eu quisesse.

Eu só preciso encontrar uma maneira de fazer um feitiço que o ajude. Meu Deus! Que feitiço eu vou usar?!

***

No dia seguinte, terça-feira, eu já estou na porta do colégio, decidida que vou ajudar Castiel, preciso falar com ele e talvez deva pedir desculpas? Enfim, ele nunca está aqui quando eu chego, porém quando eu chego na porta da sala, dou de cara com ele, e nós fizemos aquela coisa irritante de andar para o mesmo lado, três vezes! Onde ele esta indo? Eu segurei seu pulso e falei:

– Castiel, espera! - Só que ele é mais forte que eu, soltou o braço e saiu sem me ouvir!

– EU QUERO TE AJUDAR! - Eu posso ter dito isso um pouco mais alto do quê eu esperava, realmente mais alto, pois todos da sala (não era muita gente, Lysandre, Nath, Ken, Ambre, Li e Charlotte) estavam me olhando e o Lysandre caminhando em minha direção.

Ele deu meia-volta e retornou o pouco caminho andado, me olhando um pouco surpreso - Você está falando sério?

– Eu não brincaria com isso, só que eu não faço ideia de por onde começar!

– Talvez aqui não seja o melhor lugar para conversar sobre isso. - A voz do Lysandre penetra meus ouvidos e eu concordo com a cabeça

– No mesmo lugar, na mesma hora? - Disse Castiel, bem-humorado

– Eu não perderia por nada - Foi a minha vez de falar.

***
No final daquela tarde, eu encontrei com os dois, nós conversamos e conversamos sobre como eu poderia ajudar, Castiel disse que ele e o Lysandre tinham procurado livros sobre a maldição, acharam vários, e prometeram que trariam para mim. Um mês se passou desde aquele dia. Durante esse mês, eu criei uma certa amizade por Castiel, eu gosto dele com todo meu coração.

Lysandre e Nathaniel não ficam fora disso, já que eu coloquei os três na mesma sala e partilhei nossos segredos, agora nós quatro meio que formamos um grupo, que eu chamo de: O quarteto fantástico. Eles são tudo que eu precisava para esquecer o Kentin, todo aquele amor que eu sentia se perdeu dentro de mim, e agora eu só sinto, não sei, uma mistura de raiva e amizade, afinal foram sete anos...

No dia que eu juntei os três e partilhei segredos, descobri como Castiel ganhou a maldição, o que era a maldição e qual o papel de Lysandre em tudo isso. Resumindo, quando Castiel era bebé, seu pai e sua mãe enganaram uma feiticeira/bruxa igual a mim, chamada Morgana, então essa tal bruxa lançou uma maldição nele de que todos os dias a meia-noite ele se transformaria em lobo, enquanto todos os lobisomens normais seriam apenas um lua cheia por mês. Os pais dele o abandonaram quando ele tinha 10 anos e a família de Lysandre o encontrou, e agora todo dia por volta da meia-noite Lysandre amarra Castiel em correntes de prata, para que ele não machuque ninguém na sua forma de lobo.

Ele não tem consciência do quê faz, mas quando acorda, tudo volta a sua mente. O motivo de suas olheiras são bem óbvios, ele passa a noite inteira acordado e nem sempre consegue dormir pela tarde, mas com tanta coisa pra pensar, quem conseguiria?

Hoje a noite, quando Castiel estiver se transformando, será quando eu farei o feitiço, e tentarei quebrar a maldição que apenas feiticeiras iguais a mim conseguem, se eu não conseguir, quanto tempo demoraria até ele achar outra? Prefiro não pensar nisso.

Eu vou conseguir, eu preciso. Ninguém além do meu quarteto fantástico sabe que eu estou ajudando Castiel com a maldição, até que fomos bem secretos. Para mim poder sair de casa, tive que dizer a minha mãe que iria fazer um trabalho gigantesco para amanhã na casa de uma colega, e que precisaria dormir lá porque ela estava ocupada pela tarde.
Depois de muita luta, ela deixou e me fez prometer que ligaria, muitas vezes, muitas mesmo. Detesto mentir, mas tem coisas na minha vida que devem continuar em segredo para o bem de todos que amo. Saí de casa 19hrs porque minha mãe não iria acreditar em trabalho escolar se eu saísse as onze. Lysandre vem me buscar perto de casa e Nathaniel vai nos encontrar na lanchonete onde eu marquei com Castiel e Lysandre para falar sobre a maldição pela primeira vez.

Lysandre está parado no ponto de ônibus perto da minha casa.

– Olá Lys - Chego ao seu lado, digo e o abraço, aparentemente é isso que eu faço agora, com meus novos três amigos

– Jane, querida Jane, está ansiosa? - Ele diz, me abraça de volta e beija minha bochecha, talvez, só talvez eu possa ter ficado um tanto vermelha, está escuro por causa da noite, mas eu sei que ele reparou - Tanto como você - digo e começamos a andar, Lysandre parece muito feliz, é pelo Castiel, certo? Sim, deve ser!

Pouco tempo depois, chegamos ao local combinado com Nath e ele já está lá, eu grito seu nome e corro para abraçá-lo, comprimento ele no nosso abraço e eu, ele e o Lysandre caminhamos em direção a casa do Castiel. No meio do caminho eu decido pegar na mão de meus amigos, começando pelo Lysandre, que não parecia se incomodar, até que eu peguei na do Nath também, e isso o deixou um pouco contrariado, eu para disfarçar o momento, comecei a balançar minhas mãos entrelaçadas com as deles no ar e a rir, o que deixou o momento constrangedor de lado, porque não foi só eu que percebi a cara do Lys, o Nath também... Estranho, não?

Quando chegamos em nosso destino, ainda não é nem 20hrs, até meia-noite demoraria, ainda bem que eu levei meu Uno, nós jogamos e jogamos, quando cansamos, fomos conversar e Castiel percebeu que já se passava das onze e meia, Ele avisou Lysandre que começou a pegar as coisas para acorrentar o próprio.

– Pela última vez - eu disse
– Pela última vez - Castiel repetiu

Enquanto Castiel e Lysandre, trabalhavam com as correntes, Nathaniel me puxou para o lado e cochichou:

– Acho que Lysandre gosta de você - Modo corada ativado

– O q-que? V-você deve esta i-imaginando coisas! - Ele gosta de mim? Não, não, ele não pode...

– Hahaha talvez, porém eu vi o olhar dele quando você pegou minha mão, não foi muito amigável...

– Somos apenas amigos. Agora chega de falar disso! - Eu fugi do assunto, sentei no sofá e esperei a meia-noite chegar.

E ela chegou... Minutos antes eu peguei na mão do Castiel e falei que tudo ia ficar bem, que eu iria tirar ele dessa e que ele poderia dormir o final de semana inteiro, eu queria falar mais, porém Lys mandou eu me afastar, que já estava na hora, e eu fiz, agora estou aqui vendo meu querido amigo passando pela mesma dor agoniante de todos os dias, sendo transformado contra sua vontade em uma besta assustadora, mas nesse momento eu decido que nem que eu gaste todas minhas forças, vou tirar ele dessa.

Os minutos se passam, eu vou para trás do Lysandre, sem querer olhar o sofrimento no rosto do Castiel, mas eu não posso parar, eu tenho que olhar e assim terei forças para quebrar a maldita maldição.

Ele está transformado, seu corpo não muda muito, não é como em filmes que ele virá um cachorro, ele ainda tem 2 pernas e 2 braços, só que a maldição está controlando seus instintos, lobisomens normais controlam suas mentes, o mesmo vai acontecer com Castiel, quando eu estive terminado.

Agora é a hora, eu fico numa distância segura, estendo meu braço para o Cassy e penso, procuro palavras que sejam suficientes para esse grande momento, e elas chegam - Dor, Maldição, Amizade - Deve ter dado certo, tem que ter dado certo, por uns segundos, eu me sinto feliz, minha mente descansa com o pensamento de meu amigo não estará mais preso a uma maldição, e é com esse pensamento que eu sinto meus olhos pensando, até eu não aguentar mais deixá-los abertos, então eu caio, e deixo o sono me levar.