Isabella ajeitou a mochila ao ombro enquanto atravessava um grupo de estudantes em frente à grade de ferro que conduzia ao seu edifício. Um miúdo derramou um pouco de cerveja no seu braço e Isabella tentou afastar-se, mas o jovem interpôs-se no seu caminho quando tentava abrir a grade.

Edward viu-a segurar com força a mochila enquanto olhava para o rapaz com uma expressão assustada.

O institanto na batalha dizia-lhe que as coisas podiam ficar feias porque os jovens estavam bêbedos, de maneira que apressou ainda mais o passo. À luz, o seu cabelo loiro-acobreado brilhava como um farol no meio do caos. Os passeios estavam repletos de gente, o estrondo dos carros alegóricos e da multidão que os recebia era tão retumbante que os seus gritos de socorro não seriam ouvidos.

Edward chegou ao seu lado e pôs uma mão sobre o ombro do indivíduo.

_Deixa passar a senhora.

_O que é que tens...? – o bêbado deu um passo atrás, olhando-o com olhos vidrados.

Isabella olhou para Edward e lançou uma exclamação. O brilho nos seus olhos cor de chocolate dizia que o tinha reconhecido e, de imediato, sentiu uma pontada de desejo. A mesma que tinha sentido desde que a viu pela primeira vez num desfile militar.

Ao vê-la com um lindo vestido azul, todas as células do seu corpo gritavam: minha!

Uns segundos depois, Jasper tinha-lha apresentado como a sua noiva e o amor da sua vida, mas o corpo de Edward continuava a reclamá-la como sua.

_Mete-te nas tuas coisas, amigo – disse o bêbedo.

_Receio que isto seja coisa minha – Edward passou o braço pela cintura de Isabella, fazendo um esforço para controlar a sua reação. – Esta senhora está comigo e é hora de procurares outro lugar para veres o desfile.

O tipo olhou para o blusão de aviador e decidiu que lutar com um militar não seria boa ideia.

_Não sabia que era sua namorada, comandante. Desculpe.

Comandante, sim. Mas parecia que no dia anterior ainda era um tenente recém-chegado à unidade. Sentia-se velho, embora só tivesse trinta e três anos.

_Desde que a deixes em paz, não há crise.

_Muito bem – o tipo fez um gesto aos amigos. – Vamos embora, rapazes.

Edward ficou a olhá-los até que foram engolidos pela multidão, enquanto olhava em redor.

_Edward? – murmurou Isabella. – Como me encontraste?

O som da sua voz pareceu envolvê-lo como um laço de ceda. Nada tinha mudado, continuava louco por ela. Dantes, quando Jasper e ela estavam noivos, era terrível. E naquele momento, ao recordar o seu amigo morto...

Tinha de comprovar que Isabella estava bem, como tinha prometido ao amigo, repetir-lhe as últimas palavras de Jasper e depois desaparecer da sua vida para sempre.

_Continuas a viver no mesmo lugar, de modo que não foi difícil – respondeu ele.

Decidido a controlar os seus sentimentos, Edward tinha acompanhado o amigo à cidade dois anos atrás...

Uma tortura do princípio ao fim.

_O que fazes aqui? Não sabia que estavas de volta aos Estados Unidos – disse Isabella, o seu ligeiro sotaque alemão dando-lhe um toque exótico.

Como se precisasse de algo mais para o deixar sem ar...

Era um veterano de guerra de trinta e três anos e ela fazia com que se sentisse como um colegial diante da menina mais bonita da escola.

Os olhos castanhos, os pómulos altos, o delicado queixo num rosto ovalado, as flores numa mão, a mochila colocada sobre o peito.

_Vim ver-te. Deixa-me ajudar...

_Não, obrigada – Isabella afastou-se quando tentou tirar-lhe a mochila e Edward percebeu o que era porque a sua irmã Alice tinha uma exatamente igual. Era uma mochila porta-bebés.

E ao ver um pezinho a assomar por um lado, descobriu que havia um bebé lá dentro.