Corações Perdidos escrita por Syrah


Capítulo 3
03. Desculpas


Notas iniciais do capítulo

Olá! ♥

Espero que gostem do capítulo, boa leitura!



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SINTO COMO SE não muito mais que poucos minutos tivessem se passado até que ouvi o motor do Impala, me alertando de que a carona havia chegado.

Peguei minha arma e meu canivete; coloquei a arma na cintura e o canivete dentro da bota — nunca se sabe quando iremos precisar, ainda mais com o tipo de “trabalho” que tenho.

Saí de casa e vi Dean, com o braço para fora da janela, me esperando; o som estava alto e ele balançava a cabeça de maneira rítmica, apreciando a música. Quando entrei no carro, ele abaixou um pouco o volume e sorriu.

— Olá, M — seus olhos continham um brilho malicioso.

— Americanos costumam dizer “oi” e não “olá” — resmunguei enquanto prendia o cinto.

Eu ainda estava um pouco irritada pelo que tinha acontecido na noite passada, embora não tivesse motivos para isso. Dean riu — uma risada rouca — e deu partida no motor.

Ele dirigiu rumo à floresta, sua expressão descartando qualquer sinal de preocupação; daria para acreditar que estávamos indo aproveitar um belo dia de piquenique no parque e não indo resolver mistérios.

— Você parece irritada. — Ele comentou após alguns minutos, quebrando a névoa do silêncio que havia se instalado entre nós.

— Ah, é? — minha voz saiu um pouco mais sarcástica do que eu realmente pretendia.

— Tudo bem, você está irritada.

Baixei meu olhar, pensando. Estava irritada? Claro que estava, mas pelo quê, exatamente? Por Dean? Ele não fez nada, fez? Que eu saiba, eu é quem tinha gritado com ele feito uma adolescente mimada.

— Foi pelo que eu disse ontem? — ele insistiu.

Não, não foi, pensei.

— Mais ou menos — respondi. — Eu estava chateada e frustrada, a nossa conversa só agravou isso. Tinha que descontar em alguém – admiti — e você criou a oportunidade. — Respirei fundo por um momento. — Desculpa — murmurei.

Apesar de tudo, ele sorriu.

— Humanidade é mesmo uma droga né? — ele riu.

— Com toda a certeza.

— Então — ele disse com um sorriso brincalhão nos lábios —, acho que sou metade culpado.

— Basicamente — suspirei. — Vamos dizer que você foi quem puxou o pino da granada.

Ele sorriu, relaxando a postura. Não tinha percebido que estava tão rígido.

— Tenho a impressão de que você quer me perguntar algo — ele disse quando me surpreendeu o encarando. — Pode dizer.

Pensei por alguns segundo e olhei para frente — a paisagem do lado de fora parecia uma daquelas cenas adiantadas dos filmes, onde tudo se acelerava a ponto de não se distinguir de um mero borrão.

— Você é virgem? — perguntei.

Ele arregalou os olhos e a próxima coisa que fez foi rir como uma criança, a ponto de quase perder o ar.

— Próxima — disse se recuperando.

— Você não respondeu!

— Próxima — ele repetiu.

— Certo. Estilo musical preferido?

Dean arqueou uma sobrancelha.

— Ainda não adivinhou? Sério? — ele riu. — Nem mesmo com Styx tocando agora, bem debaixo do seu nariz?

— Talvez você seja eclético — argumentei.

— Sem chance — ele revirou os olhos. — Resposta óbvia, rock in roll é o melhor.

Não consegui evitar um sorriso.

— Tem certeza de que não curte um pouco de country? — insisti.

Ele deu um sorriso torto.

— Alguma outra pergunta?

Mordi os lábios, pensando se devia mesmo fazer a pergunta que tinha em mente. Tomei coragem e, por fim, falei baixinho:

— Sobre ontem... quando eu gritei com você e disse que você não entendia nada do que eu estava passando... — hesitei quando ele apertou os dedos contra o volante de maneira controladora. — Você entendia, não é? Sabia exatamente do que eu estava falando.

Dean ficou mudo por alguns segundos, depois sua voz surgiu em um sussurro quase indecifrável:

— M, sei que pensa que eu não entendo o que está passando, mas acredite, eu entendo sim. Até mais do que você imagina — ele disse. — E vamos parar por aqui — não era uma sugestão.

— Me desculpa — pedi mais uma vez. — Não queria aborrecer, só entender e, se possível, me desculpar de alguma forma pelo meu ataque de fúria.

— Não precisa se desculpar, Emma — ele sorriu e não consegui evitar fazer o mesmo. — Todos nós temos os nossos maus momentos, nossos acessos de raiva. Há quem diga que isso é saudável.

Franzi o nariz.

— Então você acha que eu deveria gritar com você mais vezes porque isso é saudável? — sorri. — Pra mim tá tudo bem.

— Na verdade, não — ele riu. — Mas se encontrarmos algum monstro pelo caminho, está autorizada para praticar esse novo método terapêutico.

— Anotado.

Dean riu, se virando para me encarar.

— Estou começando a gostar de você — disse com um sorriso de lado —, só não me faça parar esse carro e te dar um abraço, por favor.

Não consegui conter o riso.

— Pode me chamar apenas de M — eu disse.

Ele sorriu.

— Como desejar.

O silêncio retornou novamente, só que desta vez, de maneira alguma era desconfortável — muito pelo contrário.

Pelo sorriso que mantinha estampado em seu rosto, Dean pensava o mesmo.


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Notas finais do capítulo

E aí, gostaram?

Este capítulo foi pequeno mesmo, propositalmente apenas para fazer jus ao título, mas espero que tenha agradado vocês.

Deixem suas opiniões e críticas nos comentários, responderei a todos o mais rápido possível!



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