Corações Perdidos escrita por Syrah
Notas iniciais do capítulo
Olá! ♥
Espero que gostem do capítulo, boa leitura!
SINTO COMO SE não muito mais que poucos minutos tivessem se passado até que ouvi o motor do Impala, me alertando de que a carona havia chegado.
Peguei minha arma e meu canivete; coloquei a arma na cintura e o canivete dentro da bota — nunca se sabe quando iremos precisar, ainda mais com o tipo de “trabalho” que tenho.
Saí de casa e vi Dean, com o braço para fora da janela, me esperando; o som estava alto e ele balançava a cabeça de maneira rítmica, apreciando a música. Quando entrei no carro, ele abaixou um pouco o volume e sorriu.
— Olá, M — seus olhos continham um brilho malicioso.
— Americanos costumam dizer “oi” e não “olá” — resmunguei enquanto prendia o cinto.
Eu ainda estava um pouco irritada pelo que tinha acontecido na noite passada, embora não tivesse motivos para isso. Dean riu — uma risada rouca — e deu partida no motor.
Ele dirigiu rumo à floresta, sua expressão descartando qualquer sinal de preocupação; daria para acreditar que estávamos indo aproveitar um belo dia de piquenique no parque e não indo resolver mistérios.
— Você parece irritada. — Ele comentou após alguns minutos, quebrando a névoa do silêncio que havia se instalado entre nós.
— Ah, é? — minha voz saiu um pouco mais sarcástica do que eu realmente pretendia.
— Tudo bem, você está irritada.
Baixei meu olhar, pensando. Estava irritada? Claro que estava, mas pelo quê, exatamente? Por Dean? Ele não fez nada, fez? Que eu saiba, eu é quem tinha gritado com ele feito uma adolescente mimada.
— Foi pelo que eu disse ontem? — ele insistiu.
Não, não foi, pensei.
— Mais ou menos — respondi. — Eu estava chateada e frustrada, a nossa conversa só agravou isso. Tinha que descontar em alguém – admiti — e você criou a oportunidade. — Respirei fundo por um momento. — Desculpa — murmurei.
Apesar de tudo, ele sorriu.
— Humanidade é mesmo uma droga né? — ele riu.
— Com toda a certeza.
— Então — ele disse com um sorriso brincalhão nos lábios —, acho que sou metade culpado.
— Basicamente — suspirei. — Vamos dizer que você foi quem puxou o pino da granada.
Ele sorriu, relaxando a postura. Não tinha percebido que estava tão rígido.
— Tenho a impressão de que você quer me perguntar algo — ele disse quando me surpreendeu o encarando. — Pode dizer.
Pensei por alguns segundo e olhei para frente — a paisagem do lado de fora parecia uma daquelas cenas adiantadas dos filmes, onde tudo se acelerava a ponto de não se distinguir de um mero borrão.
— Você é virgem? — perguntei.
Ele arregalou os olhos e a próxima coisa que fez foi rir como uma criança, a ponto de quase perder o ar.
— Próxima — disse se recuperando.
— Você não respondeu!
— Próxima — ele repetiu.
— Certo. Estilo musical preferido?
Dean arqueou uma sobrancelha.
— Ainda não adivinhou? Sério? — ele riu. — Nem mesmo com Styx tocando agora, bem debaixo do seu nariz?
— Talvez você seja eclético — argumentei.
— Sem chance — ele revirou os olhos. — Resposta óbvia, rock in roll é o melhor.
Não consegui evitar um sorriso.
— Tem certeza de que não curte um pouco de country? — insisti.
Ele deu um sorriso torto.
— Alguma outra pergunta?
Mordi os lábios, pensando se devia mesmo fazer a pergunta que tinha em mente. Tomei coragem e, por fim, falei baixinho:
— Sobre ontem... quando eu gritei com você e disse que você não entendia nada do que eu estava passando... — hesitei quando ele apertou os dedos contra o volante de maneira controladora. — Você entendia, não é? Sabia exatamente do que eu estava falando.
Dean ficou mudo por alguns segundos, depois sua voz surgiu em um sussurro quase indecifrável:
— M, sei que pensa que eu não entendo o que está passando, mas acredite, eu entendo sim. Até mais do que você imagina — ele disse. — E vamos parar por aqui — não era uma sugestão.
— Me desculpa — pedi mais uma vez. — Não queria aborrecer, só entender e, se possível, me desculpar de alguma forma pelo meu ataque de fúria.
— Não precisa se desculpar, Emma — ele sorriu e não consegui evitar fazer o mesmo. — Todos nós temos os nossos maus momentos, nossos acessos de raiva. Há quem diga que isso é saudável.
Franzi o nariz.
— Então você acha que eu deveria gritar com você mais vezes porque isso é saudável? — sorri. — Pra mim tá tudo bem.
— Na verdade, não — ele riu. — Mas se encontrarmos algum monstro pelo caminho, está autorizada para praticar esse novo método terapêutico.
— Anotado.
Dean riu, se virando para me encarar.
— Estou começando a gostar de você — disse com um sorriso de lado —, só não me faça parar esse carro e te dar um abraço, por favor.
Não consegui conter o riso.
— Pode me chamar apenas de M — eu disse.
Ele sorriu.
— Como desejar.
O silêncio retornou novamente, só que desta vez, de maneira alguma era desconfortável — muito pelo contrário.
Pelo sorriso que mantinha estampado em seu rosto, Dean pensava o mesmo.
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E aí, gostaram?
Este capítulo foi pequeno mesmo, propositalmente apenas para fazer jus ao título, mas espero que tenha agradado vocês.
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