Corações Perdidos escrita por Syrah


Capítulo 11
11. Lanchonetes e clichês


Notas iniciais do capítulo

Hello guys ♥

E aí, quem tava com saudades? Ahsauhs.

Então, people, esse capítulo é um dos que eu mais aguardava pra postar, porque... bem, o nome já diz tudo, ashauhs. Espero que vocês gostem, não se esqueçam de deixar suas opiniões nos comentários.

Boa leitura! ♥



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AS HORAS SEGUINTES se passaram em um borrão.

Dean e Castiel demoraram algumas horas para nos encontrar na tal lanchonete, o que gerou uma nova sequência de piadas “Destiel” que acarretaram vários risos meus e de Sam.

Então estávamos os quatro sentados em uma das mesas de uma lanchonete qualquer em Denver, discutindo sobre nossas buscas. Os outros dois basicamente não haviam se saído muito melhor do que Sam e eu. De acordo com Dean, tudo o que conseguiram achar foram alguns desenhos entalhados nas paredes rochosas da caverna e restos humanos (“Uma podridão sem fim, literalmente.”, como afirmara Dean).

— Mas isso não é nada de mais, digo, os desenhos — continuou ele, dando de ombros. — Wendigos fazem isso, de fato. Pelo menos é o que consta no diário do papai.

— Então não conseguiram nenhuma pista que nos leve ao nosso vilão misterioso. — Suspirei. Eu me sentia como se estivéssemos em uma espécie de novela; com bastante drama e sem um final feliz à vista.

Castiel balançou a cabeça, parecendo frustrado, algo que lhe era incomum.

— Não — respondeu. — Mas e quanto a vocês, acharam algo? — percebi uma pontada de desesperança em seu tom de voz e me senti um pouco mal.

Sam me lançou um olhar questionador e decidimos silenciosamente que ele é quem deveria falar primeiro. Baixei o olhar para o meu prato vazio, que repentinamente parecia a coisa mais interessante do mundo.

Castiel aguardava pacientemente por nossa resposta. Sam limpou a garganta e começou a falar em uma voz rouca:

— Nós achamos... bem... — ele parecia estar decidindo se ia ou não direto ao ponto. — Algo interessante.

— Algo interessante? — Dean pareceu confuso. — Que raios vocês encontraram?

— Corpos — respondi de uma vez, sem delongas. — Muitos. Corpos.

Dean abriu a boca para dizer algo, mas pareceu pensar melhor e decidiu permanecer calado; ainda assim, o choque de minhas palavras foi visível em sua expressão. O rosto de Castiel estava indecifrável e este também parecia ter decidido que o melhor a fazer era apenas escutar.

— Corpos de animais — Sam se apressou em ressaltar. — Mas... — ele mordeu o lábio. — Estavam sem os corações.

Dean arregalou os olhos.

— Quê?! Sem os corações? — sua voz continha uma pontada de surpresa, seguida pela triste compreensão. — Isso quer dizer que era um... — ele deixou o final da frase pairando avulsamente, incompleto, mas totalmente compreensível.

— Sim — confirmou Sam parecendo meio desconfortável.

Eu permanecia calada diante daquela conversa desagradável.

— Droga, nunca um lobisomem nos deu tanto trabalho! — exclamou Dean. Seu olhar recaiu sobre mim quando ele percebeu o que acabara de dizer, mas eu permaneci como estava e não demonstrei ressentimento algum. — É o mesmo que... o mesmo que atacou o seu pai, Emma? — ele perguntou cautelosamente.

— Não sabemos. Provavelmente — dei de ombros sem erguer o olhar.

Naquele momento fomos interrompidos por uma garçonete loira que apareceu portando uma caderneta para anotar nossos pedidos. Ela era bonita — olhos cor-de-outono e um corpo esbelto, com cabelos quase tão dourados quanto um raio de sol. Dean também notou isso, reparei, pela forma como corrigiu sua postura e passou a exibir um sorriso galanteador e irritante assim que ela surgiu em nossa mesa.

— O que vão querer? — a loira perguntou de maneira simpática. Às minhas costas, o sorriso de Dean chegava a ser palpável.

Dei uma olhada rápida no cardápio e limpei a garganta antes de fazer meu pedido:

— Uma porção de donuts e um cappuccino — sorri para ela. — E, por favor, pode abusar do chantilly.

Ela assentiu e soltou uma risadinha, seu olhar recaiu em algum ponto às minhas costas e novamente sobre mim.

— Seu namorado vai querer outra coisa, ou posso anotar o mesmo para ele também? — ela perguntou novamente, num tom gentil.

Levei alguns segundos para perceber que ela ainda estava falando comigo, e referindo-se a Dean. Senti minhas bochechas esquentarem quase que imediatamente e murmurei um palavrão mentalmente.

— O quê? Ah, não. Ele não... — me atrapalhei ao falar e ouvi um riso abafado atrás de mim. Lancei um olhar furioso a Dean, que ergueu as mãos em sinal de desculpas e sorriu para a garçonete.

— Ela não é minha namorada, ainda. Essa morena é mais difícil que a maioria — ele explicou com um sorriso travesso nos lábios. Dei-lhe um chute na perna debaixo da mesa, mas ele apenas riu. — Pode me providenciar uma porção de nuggets, algumas fritas e... ah, claro, uma porção extra de costeletas. Uma cerveja seria bom, também — pediu, lançando à garota uma piscadela, senti uma súbita pontada de raiva com aquele gesto. Por que ele tinha sempre que ser daquela maneira?

Não é de se espantar que Dean tenha pedido metade do cardápio, então apenas revirei os olhos e passei a analisar as opções vegetarianas. A garota sorriu outra vez e anotou o pedido de Sam, que optou por um X-Bacon e uma cerveja, apenas. Castiel não quis nada, acho que anjos não devem ter muito apetite, de qualquer forma.

Os minutos a partir daí passaram de maneira arrastada. Os garotos discutiam possibilidades de para onde ir e, por unanimidade, ficou decidido que iríamos voltar para a minha casa em Los Angeles e após alguns dias retornaríamos à Denver. Castiel concordou em ficar e procurar por mais pistas na cidade e eu o agradeci silenciosamente por sua gentileza, uma vez que achava que as chances de encontrarmos outras pistas fossem infinitamente maiores caso estivéssemos em mais de um lugar.

Era mais fácil admitir somente para mim mesma o motivo de eu querer que voltássemos à Los Angeles: o sentimento de esperança, mesmo que mínimo, de que meu pai, de algum jeito, tivesse voltado para casa.

Era algo de certa forma insano, eu reconhecia isso. Porém, não podia evitar me permitir essa pequena chama de esperança — não podia evitar me agarrar a esse fino tronco de coragem em meio à correnteza de desespero iminente.

— Está tudo bem? — ouvi a voz de Dean arrancar-me de meus devaneios.

— Sim — respondi e minha voz soou parecida com a de um robô, mas ainda assim forcei um sorriso e continuei: — Por quê?

— Nada, é que você parece preocupada, só isso — ele deu de ombros.

Assenti e desviei o olhar para Sam e Castiel, que estavam discutindo sobre um possível centro hospitaleiro próximo da floresta. Chequei meu celular, que possuía três chamadas não atendidas de Moira. Lembrei-me de que precisava retornar suas ligações ainda naquele dia.

A essa altura o céu já adquirira um brilho meio amarelado e o sol forte já começava a se amenizar. A garçonete bonita surgiu vinda de uma porta aos fundos do estabelecimento, atrás do balcão, equilibrando na mão uma bandeja com os nossos pedidos. Ela se aproximou de nós ainda usando o mesmo sorriso simpático que devia usar com a maioria, talvez todos os clientes. Ao chegar na nossa mesa, ela depositou cada pedido com precisão em sua respectiva ordem, deixando um pequeno pote com raspas de chocolate para meu cappuccino e uma porção extra de molho para as costeletas de Dean. Reparei em um pequeno retângulo plastificado acima de seu peito esquerdo, que continha um nome em letras impressas; Sunny foi o que consegui distinguir. Lançando-me uma piscadela rápida e um sorriso para Dean, ela desapareceu logo depois pela mesma porta da qual havia saído.

— Acho que ela gostou de você — disse Dean para mim, o mesmo sorriso travesso de antes cruzou seus lábios.

— Ou ela é lésbica, ou apenas quer o seu telefone — dei de ombros e ele riu alto.

— A propósito, acharam alguma coisa? — me virei novamente, a fim de olhar Sam e Cas, enquanto saboreava um de meus donuts.

— Não muito — Sam respondeu. — Tem uma hospedaria a alguns poucos quilômetros da floresta. O lugar é pequeno mas aparentemente movimentado. Estava pensando em passar lá hoje ainda, para conferir de quem foram as últimas reservas feitas.

— Quando vamos? — perguntei sem muito ânimo.

Ele percebeu meu desinteresse de imediato e sorriu de maneira compreensiva.

— Na verdade, não precisa ir, se não quiser. Eu esperava que você e Dean fizessem o que fazem de melhor na internet — ele deu de ombros.

Às vezes eu realmente amava o Sam.

— Por mim tudo bem — eu disse feliz por poder passar o resto da tarde no hotel. — E quanto a você, Cas?

— Problemas, de novo — o anjo respondeu. — Tenho que conversar com Hannah, marcamos um encontro hoje à noite — comentou e então se corrigiu rapidamente: — Um encontro amigável.

— Claro — concordei sorrindo. — Obrigada, por tudo.

— Não há de que, Emma — ele retribui o sorriso.

Estiquei a mão para pegar mais um donut, sem perceber que já havia devorado toda a caixa. Suspirei entristecida e voltei a atenção para a minha bebida, que já estava morna.

— Tenho que ir, o lugar fecha às cinco e meia — afirmou Sam, se levantando. — Vejo vocês à noite — ele de despediu; então caminhou até a porta de entrada e saiu.

— Acho que vou indo também — disse Castiel. — Talvez Hannah não se importe se eu visitá-la mais cedo, há muita coisa a ser feita. Precisam de mais alguma coisa?

Balancei a cabeça em negativa e olhei para Dean, que acabara de devorar todas as suas costeletas e estava terminando de liquidar os pobres nuggets, com molho até no nariz, o que era uma cena cômica. Castiel sorriu e caminhou em direção à saída. Ao menos aqui ele não pode fazer seu famoso truque de desaparecimento, pensei.

Pousei a caneca com o resto da bebida sobre a mesa e despejei toda a raspa de chocolate lá dentro. Ouvi uma risada rouca ao meu lado, e virei-me para encarar Dean, que parecia sem fôlego, agora rindo de maneira quase escandalosa.

Alguns dos outros clientes se viram para nós e depois desviaram seus olhares preguiçosamente. Encarei o Winchester, curiosa e ao mesmo tempo irritada.

— Do quê está rindo, idiota? — perguntei com uma de minhas sobrancelhas arqueadas.

Ele sorriu divertidamente e esticou uma das mãos para tocar meu rosto. O gesto repentino me surpreendeu.

— Está “chantillyzado” bem aqui... — disse passando o dedo por cima do meu lábio superior e levando o mesmo aos próprios em seguida.

— Ah — ri e passei a língua sobre o meu “bigode de chantilly”. — Acho que é agora que eu deixo escapar uma risadinha fofa e comento o quão lindo são seus olhos, certo?

Ele riu novamente, limpando a boca com um guardanapo.

— Os meus olhos são lindos. Não sabia que era fã de clichês — comentou.

— Não sou — respondi. — Não de todos, na verdade. Mas você precisa admitir: isso foi um total clichê — ele assentiu voltando a rir.

Pareceu pensativo por alguns instantes, antes de falar em um tom malicioso:

— Então, acho que chegou a minha parte favorita — Dean sorriu e aproximou seu rosto do meu. — Quando o badboy beija a garota.

— Tenho certeza de que a Sunny quer ser beijada pelo badboy — eu disse automaticamente, ele riu.

— Está com ciúmes da garçonete? A que ponto chegamos, não é mesmo, docinho?

Revirei os olhos. Precisava mesmo colocar um limite nesses apelidos ridículos que ele arranjava.

— Então é só isso que sou pra você? A garota que tem ciúmes da garçonete? Achei que tivéssemos algo especial! — Arregalei os olhos teatralmente e fingi uma expressão magoada.

Dean balançou a cabeça, sorrindo.

— Não fique assim querida, posso tentar me redimir? — ele mordeu o lábio inferior e sorriu.

— Não acho que consiga, estou muito magoada. Desta vez não tem volta.

— Ah, baby... — Dean aproximou seu rosto ainda mais, segurando meu queixo com uma das mãos e aproximando nossos lábios.

Ergui uma sobrancelha, desafiando-o, porque se ele fizesse o que eu estava pensando, levaria um belo soco. Mas nosso pequeno teatro foi interrompido quando meu telefone começou a tocar. Não precisei nem olhar para saber que era o número de Moira piscando na tela.

Dean revirou os olhos, contrariado e voltou sua atenção para sua comida; mas ainda tinha um sorriso no rosto quando deslizei o dedo pelo botão verde para confirmar a chamada.

— Ei, Moira. — Eu disse limpando a boca com um guardanapo.

Oi, querida — ela respondeu animada. — Já decidiu quando volta?

Não pude evitar sorrir ao responder:

— Você vai matar suas saudades em breve — dei um quê a mais de animação na voz. — Estarei de volta em uma semana, Mory, em casa.


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Notas finais do capítulo

E então, gostaram? Quem aí curtiu o momento Demma? :3 ahsuh.

Queria informar que os capítulos a partir de agora estarão na média das 2.000 palavras. Acho que não é muito cansativo de ler e nem muito curto de apreciar, haha.

Vejo vocês nos reviews, bye bye!



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