Runaway escrita por Grace


Capítulo 21
Simulation


Notas iniciais do capítulo

Aproveitando que eu já estou ferrada na faculdade mesmo, e atualizando as fics! Hahahahaha
espero que gostem dessa capítulo!
Beijos e boa leitura! ♥



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Jennifer

Eu estava sentada no chão de um dos corredores da Audácia. Hoje era o primeiro dia da segunda fase da iniciação. Eu já estava começando a ficam impaciente. Era uma das últimas para fazer o teste e meu coração estava disparado. Eu estava com medo. As simulações que eles estavam aplicando não podiam durar tanto assim, podiam?

Me lembrei de tudo que havia acontecido ontem. A visita dos meus pais, a reunião dos rebeldes da Audácia. A eliminação de alguns dos Iniciados à Audácia. Tinha sido um longo dia.

Meus pais haviam aparecido, como eu já esperava. Eles não estavam bravos nem chateados comigo. Se estivesses, eles teriam falado, com certeza. Nós havíamos conversado um pouco e matado um pouquinho da imensa saudade que estávamos sentindo, mas eles foram embora rápido, já que estavam ocupados com alguma coisa.

Antes de ir, eles haviam dito que me amavam e que sabiam que eu seria forte o suficiente para conseguir chegar até o fim da Iniciação e garantir a minha vaga.

Antes de ir, eles tinham esbarrado em Tris, que entrava no saguão no mesmo instante que eles saíam. Ela parecia distraída e ansiosa. Vi quando ela encontrou com Quatro e falou alguma coisa apressadamente. Fiquei imaginando o que seria.

Descobri o que ela tinha falado quando, um pouco mais tarde, me juntei aos rebeldes da Audácia, para a nossa reunião na sala de treinamentos. Eles começaram as explicações apresentando um tal de Edward. Uma cara sinistro, que usava um tapa olho, era um sem facção e que não parecia bonzinho em nada, mas que Tris afirmava com veemência que ele estava do nosso lado.

Parecia que a parte do plano que envolvia Edward já estava em andamento. Eles não contaram a importância dele ao projeto, nem o que exatamente ele faria, mas para ele estar ali, alguma coisa bem grande estava acontecendo.

Nós combinamos mais alguns encontros, em oportunidades que não era arriscado de sermos pegos. A discussão sobre uma maneira de derrubar Max e os outros também havia tomado conta da reunião. O plano era encurralá-los e expô-los perante toda a Audácia. Tris e Quatro tinham prova do que eles estavam fazendo. A Audácia unida conseguiria derrubá-los em um piscar de olhos.

Uma tal de Christina sugeriu que fizéssemos a derrubada dos líderes durante um jantar, no refeitório, quando a maioria estivesse presente. Ela também sugeriu que nós os executássemos por traição e mais um monte de coisas. A ideia ficou dividida. Uns apoiavam a execução, já outros achavam que prisão era o bastante. Esse assunto ficaria para o próximo encontro.

Olhei novamente para a parede a minha frente, voltando a realidade. A hora realmente não passava. Anna havia entrado lá antes de mim. Pelas minhas contas, fazia uns quinze minutos.

Eu queria que isso acabasse logo. Estava cansada de ficar de aqui, perdida em pensamentos e em meus medos. Não queria lembrar dos que tinham ido embora da Audácia e que agora eram sem facção. Eu achava isso extremamente injusto.

— Jennifer? — Ouço a voz de Quatro chamando. Eu olho pra ele, que parecia um pouco irritado. Eu podia perceber que ele estava um pouco pensativo e até um pouco receoso. Será que era por minha causa? Ele então lança um olhar irritado para dentro da sala. Ele estava irritado com Max. Muito irritado — Pode entrar.

Era um pouco reconfortante saber que Quatro estaria lá na sala. Me dava mais coragem saber que eu teria um aliado ao meu lado e não só um inimigo. Me levanto do chão e entro na sala.

Max me manda sentar em uma cadeira, como a que eu me sentei no dia do teste, na escola, e depois aplica alguma coisa em meu pescoço. Ele dá algumas instruções rápidas. Eu queria fazer perguntas, mas não consegui. Meus olhos se fecharam segundos depois, mesmo contra a minha vontade.

De repente eu estava de pé, no antido palco da minha escola. Era o palco que normalmente os alunos da Franqueza organizavam discussões polêmicas, ou que os alunos da Erudição faziam jogos inteligentes. O que será que eu estava fazendo ali?

Desci do palco vagarosamente. Um barulho repetitivo chegava aos meus ouvidos, mas parecia estar distante. Eu ia dar mais um passo quando vi uma poça no chão. Me aproximei vagarosamente. Era sangue.

Olhei pra cima, só para ver o corpo de alguém pendurado nas hastes de madeira do teto. Um corte brutal e grotesco na garganta fazia com que a possa de sangue aumentasse. Olhei para a pessoa. Era Allaric, um antigo colega de turma. Ele havia permanecido na Franqueza, pelo o que eu me lembrava.

Sai dali o mais rápido possível. Cheguei ao corredor, esperando encontrar a porta de saída para o pátio. Ela estava trancada e era impossível abrí-la. A minha direita, mais corpos jogados e mortos. Johanna, Lindsay, Madson… Todas as minhas ex colgas. Minhas ex melhores amigas. Todas mortas. Assassinadas com um corte brutal no pescoço. Olho a minha esquerda. Meus pais estavam caídos ali, um do lado do outro. Eles também tinham um corte no pescoço e estavam ensanguentados. Eles também estavam mortos.

O barulho aumenta, me fazendo começar a entrar em pânico. Eu estava pensando em voltar ao auditório, trancar a porta e tentar me acalmar. Eu só precisava diminuir meu medo e me lembrar constantemente que aquilo ali era uma simulação.

— Gostou do que viu, Jenn? — Uma voz chamou a minha atenção, me paralisando. Tris havia aparecido do nada. Ela estava parada ao lado dos meu pais, mexendo no corte do pescoço deles com o dedo, parecendo se divertir com isso — Gostou do que eu preparei pra você, querida? Ficou uma obra de arte, não? — Ela pergunta, sorrindo cruelmente e apontando para os corpos sem vida.

ISSO NÃO É REAL. Eu penso, tentando respirar fundo. Nada acontece. ISSO NÃO É REAL. NÃO É REAL. LARGA DE SER IDIOTA, JENNIFER. ISSO É UMA SIMULAÇÃO.

A Tris assustadora se aproxima de mim. Eu recuo. A faca ensanguentada na mão dela chamava a minha atenção. O sangue dos meus pais estavam naquela faca. Minha raiva aumenta, amenizando um pouco do meu medo.

Ela sorria maldosamente.

— Eu não vou machucar você, querida — Ela sibila, dando um sorriso assustador — Vou mandar você para uma facção que começa com a letra E — Ela faz uma pausa, dando uma gargalhada — Você é inteligente o suficiente para descobrir qual é, querida?

Ela continua a gargalhada alucinada. Eu saio do meu torpor assim que ela faz alusão à outra facção. A voz de Quatro entra na minha cabeça: faça o que alguém da Audácia faria, não o que você achar mais fácil ou correto.

O mais correto era correr pra longe de Tris e tentar me acalmar. Eu nunca ganharia uma luta contra ela, nem na minha própria simulação. O que eu tinha que fazer era lutar. Eu a ataco sem um sobre aviso, ela reage mais rápido do que eu achei que fosse possível. Segundos depois ela me joga contra um armário e eu bato com a cabeça.

E então eu abro os olhos.

Max estava parado em frente a mim. Ele sorria docilmente, o que me dava mais medo ainda.

— Bom. Muito bom — Ela diz — E muito interessante o seu medo — Ele olha sugestivamente para Quatro — Tris é uma pessoa perigosa, não é, Quatro?

— Depende pra quem, Max — Quatro responde friamente, soando muito irritado. Assim que Max para de encará-lo ele faz um sinal de positivo para mim, indicando o número cinco com a mão. Eu havia demorado cinco minutos na simulação.

Max me dispensa em seguida e eu saio da sala extremamente aliviada. Tinha corrido tudo bem. Acho que, por hora, eu não havia sido descoberta. Graças a Tris e a Quatro, que tinham me instruído como agir.

Eu me sento em um dos corredores gelados da Audácia. Eu não queria voltar para o dormitório. Eu queria pensar. Refletir. Tentar entender meus medos afim de achar uma maneira para combatê-los.

Eu tinha medo de ser levada para a Erudição. Tinha medo de ser traída por alguém em quem eu confiava e medo de perder meus pais e meus amigos, pessoas importantes pra mim.

Acho que havia um motivo para Tris, especificamente, aparecer na simulação. Eu confiava nela, assim como confiava em Quatro, Drew e Anna, mas ela aparecer, eu acho que tinha alguma coisa a ver com o que nós compartilhávamos. Nós éramos Divergentes e eles estavam atrás de pessoas como nós duas. Uma traição dela e ela entregaria inúmeros Divergentes. Será que Tris seria capaz de… não. É claro que não. Ela nunca faria isso. Ela parecia o tipo de pessoa que sofreria as consequências sozinha para não ter que entregar ninguém.

Respiro fundo e me levanto. Volto para o dormitório, tomo um banho bem quente e depois me dirijo para o refeitório, para jantar com os outros. Todo mundo estava silencioso. Provavelmente, cada um refletia sobre seus medos e como enfrentá-los. Todos imaginando o que fazer caso acontecesse na vida real.

O jantar em si estava gostoso. O bolo de chocolate sempre alegrava a todos na Audácia. Era bom alguma coisa familiar. Max e os outros líderes estavam sentados no centro do refeitório, junto com algumas garotas que não pareciam estar apreciando a presença deles mas não sabiam como confrontá-los. Eles riam e falavam muito alto.

Reconheci, pelo saguão, algumas pessoas que estavam na reunião de ontem. Amigos. Aliados. Christina e o pessoal que Tris costumava se sentar e Zeke e Shauna, amigos de Quatro. Tris e Quatro não apareceram em momento nenhum.

Nós deixamos o refeitório minutos depois. Todo mundo cansado demais pra conversar ou enrolar por aqui. Acho que o que nós todos queríamos era ficar em silêncio, no escuro, pensando.

Eu me deito na cama com medo de fechar os olhos. Eu tinha certeza que reviveria todo o pesadelo que tinha sido a simulação de hoje. E eu não queria ver meus pais mortos novamente, mesmo em sonho.

Fui vencida pelo cansaço um tempo depois, mas acordo assustada depois de o que me parece minutos. Pais mortos, muito sangue e Tris com o sorriso maldoso no rosto. Eu tinha que dar um jeito de controlar meus nervos, ou acabaria surtando.

Eu estava prestes a dormir novamente quando ouvi a porta do dormitório se abrir. Continuei respirando normalmente e deixei meus olhos entreabertos, Eu conseguia enxergar, mas a pessoa não conseguia ver que eu estava acordada. Eu tremia da cabeça aos pés.

Dois vultos passaram rapidamente pela minha cama e pararam ao lado da cama de Drew, e depois disso, tudo aconteceu muito rápido.

Um tapou a boca dele, que tentou se debater, e o outro injetou alguma coisa no braço do meu amigo. Alguns segundo depois, Drew parou de se debater e os caras saíram carregando seu corpo inerte.

Meu coração batia violentamente. Isso provavelmente significava que Drew era Divergente e havia sido descoberto. Eles o estavam levando para a Erudição. Só podia ser isso.

Me levantei da cama e fui procurar Tris e Quatro. Ou qualquer outro que estivesse disposto a ajudar.


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Notas finais do capítulo

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