Era cedo da manhã, 6:15 para se dizer precisamente. As ruas se encontravam vazias, olhando assim nem parecia se tratar do bairro de Santana, a famosa comunidade. Entre uma das ruas caminhava alguém, uma garota. Caminhava calmamente com suas botas de couro preto, acompanhadas por uma calça legging de couro da mesma cor, e uma blusa branca. Seu cabelo loiro platinado e ondulado, batiam um pouco acima da cintura, mas, não era apenas isso que lhe chamava atenção, a sua maquiagem pesada nos olhos, escondiam suas olheiras de noites em claro, e em sua mão direita segurava um cigarro aceso. De repente, a garota parou de caminhar, e se pôs em frente a uma casa, onde tocou a campainha. Então alguém abriu a porta.

– Bom dia, Viviane… – Disse o garoto a porta. Sim, aquela era a Vivi, a mesma que há dois anos era patricinha, sonhava em ser modelo e morava no orfanato raio de luz com sua irmã. Estava totalmente mudada, e sua mudança deu-se a um simples motivo, a saída do orfanato, para morar com o pai, na comunidade, que além disso havia se casado de novo, e tido outro filho, com Shirley. Vivi nunca se conformou com isso, e acabou se tornando cada vez mais rebelde, se tornando o que agora é.

– Bom dia Paçoca. – Respondeu a garota, dando um trago em seu cigarro. – Cadê a Bia? – Perguntou expelindo a fumaça.

– Dormindo ainda. – Respondeu o garoto. – E não me chama de Paçoca, é Carlos. – Corrigiu irritado. Paçoca… Quer dizer, Carlos, também havia mudado desses dois anos pra cá. Andava mais arrumado, com cabelo em corte social e roupas bem apresentáveis. Também estava um pouco mais forte do que antes, e havia feito duas tatuagens, sendo uma delas um par de asas nas costas, e a outra uma frase em letra japonesa, a qual quase ninguém sabia seu significado.

– Você pode não gostar agora, mas vai continuar sendo o Paçoca pra mim e pra todos que te conhecem daquela época. – Disse Vivi, dando um tapa no ombro do garoto.

– Uhum, com licença que eu tô atrasado pro trampo. – Disse o garoto pegando uma mochila, e direcionando-se a porta. Paç… Carlos (Tenho que me acostumar com isso e.e) agora trabalhava num armazém, onde seu tio, Edgar era o dono.

– Mas hoje é véspera de ano novo! Ninguém trabalha… – Disse Vivi.

– Eu trabalho. – Disse Carlos.

– Mas e mais tarde, você vai tocar com os garotos na festa, né? – Perguntou Vivi.

– Claro, né? Combinado é combinado. – Afirmou Carlos, saindo. Nas horas vagas (que eram poucas) Carlos se dedicava a música, sendo vocalista de uma banda de rock, que formou com uns amigos. Entre eles, Juca (Baixista) e André (Baterista), os outros eram Caio, o garoto do estúdio (Guitarrista base), e Marcelo, o garoto quem havia emprestado o violão a Carlos, dois anos atrás (Guitarrista solo). O fato é que depois do acontecido, os dois se tornaram amigos, e Marcelo propôs a ideia de montar uma banda, então Carlos falou com Juca, que falou com Caio, e comentou com André. Então ambos formaram uma banda, chamada Ramsay.

Assim que Paçoca (É Carlos!!!) saiu, Vivi direcionou-se ao quarto de Bia, e bateu a porta, ninguém atendeu, logo, como a mesma estava apenas encostada, Vivi abriu, adentrando no quarto. Bia dormia como uma pedra. Esta se encontrava embrulhada da cabeça aos pés em sua cama.

– Acorda, saco de batatas! – Exclamou Vivi, na tentativa de acordá-la. Só o que conseguiu foi um resmungo. Então decidiu usar outro método, soprando a fumaça do cigarro no rosto coberto da garota.

– COF COF! – Tossiu Bia, acordando de uma vez. – Porra Vivi! Porque você sempre faz isso? – Reclamou, descobrindo-se. Vivi passou a rir. Bia também estava mudada, esta abriu mão de suas mechas falsas, por mechas californianas extremamente azuis, e agora usava alargadores nas orelhas. Porém a mudança não foi somente em sua aparência, apesar de continuar marrenta, Bia havia se tornado mais compreensiva, e seu relacionamento com o irmão havia melhorado bastante. Além disso, também acabou tornando-se uma das melhores amigas de Vivi, mesmo odiando o cheiro de cigarro constante. – Você sabe que eu ODEIO, todo tipo de cigarro! – Lembrou.

– E é exatamente por isso que é divertido! – Afirmou Vivi, aos risos. Bia ficou com cara de tacho.

– Mas então, o que faz aqui em plenas 6:23 da madrugada?! De novo! – Perguntou Bia estressada. – Apaga essa droga de cigarro, caramba! – Exclamou.

– Caraca, você já acorda de mau humor… – Disse Vivi, apagando o cigarro na beirada da cama. – Isso é o que dar dormir demais… – Afirmou.

– Esqueci que 6 horas de sono por dia é uma eternidade, pra você que nunca dorme. – Reparou Bia, com sarcasmo. – Até quando vai mentir pro seu pai dizendo que vem dormir aqui, quado na verdade tá perambulando no meio do mundo com a sua turminha da pesada?

– Até ter idade o suficiente pra sair daquela droga de casa sem dar satisfações a ninguém1 – Afirmou Vivi.

– Queria o quê? Você só tem 15 anos! – Exclamou Bia.

– Você também! – Retrucou Vivi.

– Mas ao contrário de você, eu não ultrapasso meus limites. – Rebateu Bia, deixando Vivi sem palavras para rebater.

– Bom, que seja, eu não vim aqui pra receber lição de moral. – Afirmou Vivi. Bia revirou os olhos. – E aí, você tá animada pra festa de ano novo da Mili? – Perguntou, mudando de assunto.

– Tô claro! – Afirmou Bia. – Vai ser da hora, já que nenhum adulto vai tá presente! – Acrescentou.

– Pode crer! – Concordou Vivi.

– Por falar nisso, você falou com ela ou com o Mosca esses dias? – Perguntou Vivi.

– Uhum, falei com o Mosca ontem no whatsapp. – Disse Bia. – E ele tava na casa da Mili. – Contou.

– Hum, faz tempo que não falo com eles, soube da festa pelo evento no facebook. – Contou Vivi. – Eu nem acreditei, fiquei tipo, “a MILI, dando uma festa? WTF?”, mas aí soube pela Teca, que era mesmo verdade. – Concluiu.

– No meu caso eu perguntei a Mili no face, e ela mesma confirmou. – Disse Bia.

– Sério? – Perguntou Vivi. – Legal… – Vivi andava um tanto afastada de todos os antigos amigos do orfanato, a não ser de Bia, por ser sua vizinha na comunidade, e Teca, que era agora a melhor amiga de sua irmã. – Bom, então você vai com o Paçoca, daquí?

– Sim... – Disse Bia. – A gente vai mais cedo, com o pessoal da banda, você vai?

– Não, não. A gente se ver lá, eu vou chegar com a Janu. – Disse Vivi.

– Xi, deixa eu adivinhar… Brigou com o André, de novo. – Deduziu Bia.

– Pois é… Nem todo namoro é um mar de rosas como o seu com o Binho… – Afirmou Vivi.

– Qual foi o motivo dessa vez? – Perguntou Bia.

– Ciúmes da parte dele, por causa do Caio, de novo. – Contou Vivi.

– Mas também, todo mundo sabe que o Caio é tarado! – Disse Bia.

– Pois é, mas, é meu amigo… Assim como todos da galera. – Afirmou Vivi.

– Tô ligada… – Concluiu Bia.

– Mas mudando de assunto, e o Binho, vai pra festa? – Perguntou Vivi.

– Vai sim, com o pessoal do orfanato. – Disse Bia.

– E será que dessa vez desenrola? – Perguntou Vivi, arqueando as sobrancelhas.

– Não sei... – Exclamou Bia. – Eu e o Binho não tocamos mais no assunto desde aquele dia… – Lembrou, insegura.

– Putz véi, dois anos de namoro, e vocês não transaram ainda! – Gritou Vivi, inconformada.

– Ta bom de drama, né? A gente começou a namorar quando eramos crianças! Você queria o quê? – Perguntou Bia.

– Vocês são uns frouxos mesmo! Eu até já perdi as contas de quantas vezes transei com o André, acho que foi bem umas 300 vezes! – Afirmou Vivi.

– Qual a necessidade de eu saber disso? – Perguntou Bia. – Você e o André são dois pervertidos. – Acusou.

– Tá, mas, enfim, não quero falar disso, tô com nojo da cara do André! – Afirmou Vivi. – A gente terminou o namoro e dessa vez foi pra valer! – Revelou.

– Você também disse isso da ultima vez que terminaram, e no dia seguinte tavam se agarrando na festa do Marcelo! – Lembrou Bia.

– Mas dessa vez isso não vai acontecer, amiga. – Afirmou Vivi.

– Tá bom, vamos ver hoje na festa… – Disse Bia, incrédula.

– Na festa pretendo curtir e beber todas! – Afirmou Vivi.

– É mas não se esquece de que a anfitriã é a Mili. – Afirmou Bia.

– E daí? – Perguntou Vivi.

– Isso significa que não vai ter nada além refri e suco. – Disse Bia.

– Pode não ter, mas, tem quem leve… – Afirmou Vivi, com cara que quem iria aprontar.

Enquanto isso, longe dalí…

Alguém folheava as páginas de um livro a beira de uma enorme piscina, uma garota de cabelos ondulados e longos, a qual usava um lindo biquíni de marca, e óculos de sol.

– Mili! – Chamou o garoto atrás dela, moreno, alto (bonito e sensual… parei e.e), o qual usava o corte de cabelo em estilo top knot man, e vestia apenas um short confortável para se dormir.

– Oi amor! – Atendeu Mili, baixando o óculos de sol.

– Por que acordou tão cedo? – Perguntou o garoto, a abraçando por trás da espreguiçadeira.

– Bom dia pra você também, Mosca! – Retrucou Mili, olhando para cima, na direção de seu rosto. Logo o garoto adiantou-se lhe dando um leve beijo nos lábios. – Eu acordei bem cedo, daí fiquei pensando em como será festa mais tarde e não consegui voltar a dormir, então resolvi vir ler aqui embaixo. – Explicou. – Ai Mosca, será que eu fiz bem mesmo em organizar essa festa? – Perguntou. – Levando em conta que meus pais tão na Suíça e não vão saber de nada… – Acrescentou, desconfortável. Sim, exato, depois de tanto tempo, Mili acabou reencontrando os pais, e eles eram ninguém mais ninguém menos que Gabriela Almeida Campos e Miguel, o “Fantasma”, foi uma história muito longa e complicada, até chegarmos aqui. Porém o que tenho a adiantar é que tudo acabou bem, ah, exceto para dona Carmen, claro, que ao tentar fugir com a herança da família, sofreu um terrível acidente de carro e partiu dessa pra pior (desceu pro inferno haha), dexiando a mansão livre para Gabriela e sua família, incluindo Júnior que casou-se com Carol e adotou Dani, à mais ou menos um ano, e agora ambas também eram da família Almeida Campos.

– Mas a gente avisou pro Júnior e pra Carol, esqueceu? – Lembrou Mosca.

– Sim, que ia fazer uma reunião com a galera do orfanato… – Lembrou Mili. – Não que ia dar uma festa com direito a banda tocando ao vivo… – Completou.

– Relaxa amor, vai ser da hora! – Afirmou Mosca. – E tem mais o Júnior e a Carol nem vão tá aqui, eles vão comemorar a virada do ano com a Dani, lá na casa da vó da Carol, então não tem com o que se preocupar.

– Mas esse a minha avó vier pra cá com o Simão?! – Perguntou Mili.

– Da fazenda pra cá, em pleno ano novo? – Perguntou Mosca. Mili respirou fundo.

– É acho que tô um pouco tensa, porque nunca dei uma festa, e ainda por cima de reunião, levando em conta o pessoal mais afastado… – Afirmou Mili.

– Pois é, e você tá precisando relaxar um pouco, que tal uma massagem nos pés? – Perguntou o garoto, com uma voz sedutora.

– Só nos pés? – Perguntou Mili, achando pouco.

– Depois eu vou subindo, que tal? – Perguntou Mosca.

– Ai que safado!!! – Exclamou Mili, rindo, logo ambos passaram a rir, então Mili o puxou para um beijo, que durou até que Mosca se jogou com a mesma na piscina.

No orfanato…

– Então amor, qual desses você acha melhor pra festa? – Perguntava Teca, mostrando dois vestidos na web cam do notebook, no quarto das meninas. Teca havia crescido bastante, com 13 anos agora, a garota estava mais alta, com cabelo super liso, longo e tingido de preto azulado, também havia aderido a uma franja, idêntica de Cris.

– Vamo Teca! Eu preciso do meu notebook pra atualizar no meu blog! – Exclamou Cris, aparecendo ao lado da garota. Cris, estava praticamente do mesmo jeito, baixinha, e extravagante, porém, com uma pequena diferença, seu cabelo agora estava em corte chanel, apesar de continuar mantendo a franja.

– Tem calma! – Disse Teca. – Deixa o Fáfá me responder! – Completou. – Nossa essa merda de skype trava demais! – Reclamou. (Teca apesar de mais bonita também continuava reclamona, e um tanto irritante)

– Olha o palavreado garota! – Repreendeu Cris.

*– Amor? Tá me ouvindo? – Chamou Fábio na tela do notebook.

– Tô amor, agora eu tô! – Disse agarota, sorrindo. Fábio continuava na China, porém, agora estava também mais crescido, e mais bonito. – Então, qual dos vestidos? O branco, ou o azul bebê? – Perguntou.

*– O branco amor. – Escolheu Fábio.

– Tá certo, vou com o azul bebê! – Decidiu Teca escolhendo o outro vestido, deixando Fábio com cara de tacho.

*– Por que ela sempre faz isso? – Perguntou Fábio, ainda com cara de tacho.

– Por que ela é feminista, devia ter se acostumado, Fafá! – Disse Cris.

– Tenho que ir amor, essa irritante quer o notebook dela de volta. – Disse Teca, despedindo-se.

– Ok, até mais tarde! – Disse Fábio.

– Até! – Disse Teca, desligando a câmera.

– Quando é que o Fábio vai vir mesmo? – Perguntou Cris.

– Depois do ano novo Chinês. – Respondeu Teca. – Ele e o Tio vão passar um mês inteiro aqui! – Afirmou, animada.

– Um mês é tão pouco… – Afirmou Cris.

– Pra quem nunca se ver isso é uma benção! – Afirmou Teca. – Vou pedir pra Ernestina engomar meu vestido. – Concluiu, saindo. Após a descoberta sobre Ernestina na verdade ser Matilde disfarçada, a verdadeira Ernestina voltou a seu posto no orfanato, e Matilde fugiu para o exterior. Além disso, Ernestina e Chico, estavam noivos agora, e ambos pretendiam adotar Teca, futuramente. Assim que Teca saiu do quarto, Cris passou a usar seu blog. Sim, aquele mesmo blog, “Cris por Cris” onde Cris contava tudo sobre sua vida.

Enquanto Cris usava o notebook, não percebeu, mas, alguém adentrou no quarto, e aproximou-se lentamente, a agarrando por detrás. Nessa hora a mesma pessoa, avançou em direção do rosto da garota, a beijando ferozmente, até que a mesma resistiu, o empurrando para trás.

– Qual é Thiago! – Exclamou a garota. – Já disse pra não fazer isso desse jeito! – Afirmou a garota.

– Até parece que você não gosta da minha pegada, hein, sua cachorra! – Exclamou o garoto, beijado seu pescoço.

– Para de me chamar de cachorra… – Disse Cris, fechando os olhos prazerosamente. Logo a mesma puxou o garoto para um beijo.

Mas espera!!! Tem alguma coisa errada aí, a Cris não namorava o Samuca, e o Thiago não namorava a Ana? (By: Algum leitor observador)

Acontece que entre os dois anos que se passaram, muita coisa aconteceu, e entre elas uma foi a ida de Ana para a Índia, lugar o qual nunca mais deu notícias desde sua partida, e isso deixou Thiago arrasado. A outra coisa foi uma grandiosa invenção de Samuca no início de 2016, tão grandiosa que chamou a atenção de um casal de cientistas alemães, que ao saberem sobre a comovente história do garoto, apaixonaram-se pelo mesmo, resolvendo adotá-lo, assim o levando embora para seu país. Samuca, sabendo que não faria sentido prender Cris a um namoro o qual nunca aproveitaria, preferiu deixá-la livre, rompendo 1 ano de namoro. Isso deixou a garota tão mal que a mesma ficou deprimida por algum tempo, assim como Thiago, que não recebia notícias de Ana, então, um belo dia ambos compartilhavam de sua depressão, quando tornaram a se pegar, e deu nisso até hoje.

– Você nunca resiste que eu sei… – Afirmou Thiago, com um sorriso vitorioso, após o beijo de Cris, que revirou os olhos e voltou a atenção para seu blog. Thiago também estava mudado, havia crescido bastante, estava bem alto, porém continuava magro. Seus cabelos continuavam um tanto compridos, estilo surfista, como antes, porém, agora os cobria sempre com uma touca, pois era “descolado”, na sua opinião. Outra coisa que havia mudado também, era os uniformes do orfanato. Agora não mais eram em cores extravagantes como antes, o que tornava infantil demais. Agora todos usavam uniformes estilo escolar britânico, os quais Gabriela Almeida Campos, fizera questão de encomendar diretamente da Inglaterra. Se tratava de blusas brancas, calças e saias cáqui, e um colete vinho com uma gravata listrada. – E aí, já postou no seu “blog” hoje? – Perguntou.

– Eu tava acabando de fazer isso. – Disse Cris. – Quando você chegou pra me atrapalhar! – Completou.

– Eu só vim aqui dizer que a Bel tá te chamando lá em baixo. – Afirmou Thiago. – E te dar uns amassos é claro… – Acrescentou com um sorriso safado.

– A Bel tá lá em baixo? Porque você não disse logo, garoto? – Perguntou Cris, levantando-se rapidamente. – Não posso deixar minha BFF esperando! – Afirmou, saindo em direção a sala.

– Pff… Garotas! – Bufou Thiago.

Na sala…

– Nossa, que demora hein Cris? – Afirmou Bel, ao ver Cris descendo as escadas.

– Oi amiga! Desculpa, é que o imbecil do Thiago só veio me avisar agora! – Afirmou irritada, Thiago sorriu cinicamente, descendo as escadas também. Ninguém sabia do rolo entre Cris e Thiago.

– Mas e aí amiga, já escolheu o look pra festa de hoje? – Perguntou Bel.

– Já sim, vou com um vestidinho branco, lindo! Que comprei com as minhas economias. – Disse Cris. – E você? – Perguntou.

– Vou com a minha roupa nova da JUICY. – Afirmou Bel, Cris sentiu-se humilhada, pela garota ter roupas de marca. Bel também estava mudada, continuava baixinha, porém agora seus cabelos estavam longos, com californianas loiras.

– Ah… – Conformou-se Cris. – E sua câmera? Vai levar? – Perguntou.

– Claro! Já tá até carregada! – Disse Bel, animada. – Quero tirar fotos com todo mundo hoje! – Afirmou. Nessa hora, alguém entrou na sala. – Menos com ele claro… – Acrescentou Bel, com desprezo.

– Qual é meninas? – Perguntou o garoto, aproximando-se. – Por que tão me olhando assim? – Perguntou. Era alto, estiloso, cabelos espetados, e o mais importante, tinha um corpo totalmente definido, até demais.

– Não é nada, Rafa… – Disse Cris. Sim aquele era Rafa, de todos os garotos, ele era quem havia mudado mais radicalmente, a causa disso? Um ano e meio de academia e treino pesado, fez com que o garoto antes gordinho agora se tornasse um verdadeiro boy magia. E o pior, ele estava completamente esnobe e superficial.

– Vocês viram o Binho e o Neco? – Perguntou Rafa.

– Não. – Disse Cris.

– O orfanato é grande, porque você não procura? – Perguntou Bel.

– Ah, Belzinha, Belzinha… – Iniciou Rafa aproximando-se da garota. – Não me lembro de ter falado com você. – Acrescentou, dando uma patada na mesma. Agora está explicado o porque da mudança radical tanto no físico, como na personalidade. O termino de namoro com Bel, Rafa acabou guardando um rancor eterno da garota, e tudo que fazia era apenas para jogar na cara da mesma o quanto estava bem. Mas será que isso era verdade?

– Sai daqui, imbecil. – Disse Bel, irritada.

– Já deu né Rafa? – Perguntou Cris.

– Se você acha. – Disse Rafa. – Até mais, meninas. – Concluiu rindo, subindo as escadas.

No quarto dos meninos…

– Eu tô cansado de tentar me declarar e ela não perceber, cara, ela é muito lerda! – Dramatizava Neco. Neco continuava exatamente do mesmo jeito, porém um pouco maior.

– Lerdo é você, que não sabe se declarar direito! – Afirmou Binho. – Cara quem é que se declara com indiretas? – Perguntou. – Você tá querendo que a mina seja vidente? – Binho havia mudado bastante, estava bem mais alto (finalmente mais alto que Bia õ), seu porte físico estava assim como o de Thiago, porém, seu cabelo estava diferente, o garoto agora usava um topete o qual o deixava com cara de integrante de boyband, segundo Bia.

– Mas eu praticamente disse a ela que a amo, e ela nada! – Disse Neco.

– Friendzone level 1 milhão… – Afirmou Rafa, que já escutava a conversa, entrando no quarto. – É por isso que eu não me apaixono, só me divirto. – Acrescentou.

– Falou o garanhão… – Disse Binho.

– Ah, sou mesmo, ou você se esqueceu de que eu peguei praticamente metade das garotas do ensino médio esse ano? – Lembrou Rafa, convencido.

– Quem disse que eu tava seno irônico? – Perguntou Binho.

– Pareceu. – Disse Rafa. – Enfim, espero que essa festa da Mili tenha alguma carne nova, porque não tô afim de figurinha repetida. – Afirmou.

– Você fala das garotas como se fossem objetos. – Disse Neco.

– E são! – Disse Rafa. – Deus fez a mulher para garantir a satisfação do homem na terra, será que você não lêr a bíblia? – Perguntou.

– Eu já li, e não me lembro de ter isso escrito nela. – Afirmou Binho.

– Tem que ler nas entrelinhas meu chapa… – Disse Rafa, piscando.

– Mas então, a Lúcia vai pra festa, Neco? – Perguntou Binho.

– Vai né… – Disse Neco.

– Então sabe o que você faz? – Perguntou Binho.

– O que? – Perguntou Neco.

– Na hora que tocar uma música bem romântica, você tira ela pra dançar, e quando tiver clima, você vai lá e pá! – Afirmou Binho, dando ênfase em “Pá!”, o que assustou Neco um pouco.

– O quer dizer com “Pá!”? – Perguntou Neco.

– Ele quis dizer pra você dar uns amassos nela! – Disse Rafa.

– Na verdade não exagera Rafa. Neco, eu quis dizer pra você beijá-la! – Afirmou Binho.

– Quê?! – Exclamou Neco. – Mas eu nunca beijei ninguém! – Completou.

– Sempre existe uma primeira vez. – Afirmou Binho.

– É é melhor você beijar ela do que ela te beijar! – Completou Rafa. – Pra poder você não ficar por baixo da relação, que nem o Binho! – Acrescentou. Binho mostrou o dedo do meio. Nessa hora seu celular tocou, era Bia. – Oi minha gatinha linda! – Disse atendendo o celular. Rafa e Neco passaram a rir. – É eu tava aqui com os meninos… Voz de mulher? Que nada, é só o Neco rindo! – Exclamou.

– Ei! – Repreendeu Neco.

No pátio…

– Não fica assim Dani, com certeza vai ser legal lá na vó da Carol… – Dizia Maria.

– Pff, oh sim muito legal, ficar ouvindo papo de velho e vendo o “Show da Virada” na TV. – Disse Dani com irônia. – E o pior, sabendo que vai ter uma festa na minha própria casa, e eu não vou tá lá. – Completou.

– É, tem razão, é um saco… – Concordou Maria.

– Não era pra ter concordado! – Exclamou Dani, assustando Maria.

Maria e Dani também haviam mudado de dois anos pra cá. Maria estava com 11 anos, e agora usava o cabelo solto com um boné de lado, o qual nunca tirava nem mesmo com o uniforme formal do orfanato. A garota também tinha agora um skate, o qual costumava andar sempre para refletir um pouco, e desestressar. Ela parecia uma mini Avril Lavigne versão antiga. Já Dani, agora estava um pouco mais alta, tinha o cabelo mais longo e sem franjinha, além disso havia aderido a mechas vermelhas no cabelo, e suas roupas eram todas de marca, sempre andava com vestidos floridos, e um casaco de couro preto por cima (que nem o que Bia costumava usar). Na personalidade, Dani continuava chata, mandona e irritante, porém quase ninguém lhe dava ouvidos, a não ser Maria e Lúcia.

– Ah! Vou ligar pra Lúcia, tava esquecendo, ela pediu pra eu avisar a ela a hora de vir, pra gente ir pra festa. – Lembrou Maria.

– Pera aí, quer dizer que a Lúcia também vai pra festa? – Perguntou Dani.

– Sim, por quê? – Perguntou Maria.

– Isso é um absurdo meu Deus! – Exclamou Dani. – Até minhas melhores amigas vão pra uma festa na minha casa, e eu não vou! – Dramatizou, saindo do pátio.

– Eu hein… – Disse Maria, reparando o drama da amiga. Logo esta passou a telefonar para Lúcia. – Oi amiga, tudo bem? Olha, você chega aqui umas 18 horas, beleza? A festa começa às 19… O que dizer pra sua vó? Ah, sei lá, fala que você vai pra casa da vó da Carol, com ela, o Júnior e a Dani. – A vó de Lúcia era uma mulher severa demais, que mal deixava a garota sair de casa, porém isso não impedia a mesma de fugir de vez em quando. – Ok então, até 18 horas! Beijo. – Maria desligou o telefone.

***

Continua...