— Armin, eu não quero falar sobre isso. — cortei.

— Então você não vai mesmo me contar? — ele me encarou.

— Eu realmente queria. — senti meus olhos encherem de lágrimas. — Não insista para que eu não precise mentir. Por favor.

Armin saiu da cozinha em silêncio. Eu fingi ignorar, mas por dentro estava realmente muito triste.

— Lynn... — Iris começou a chorar. — Eu sinto muito. Muito mesmo, obrigada por não contar. Eu ainda não acredito que fiz uma coisa dessas, eu estava desesperada...

— Calma, tá tudo bem. — tentei consola-lá.

— Eu estou me sentindo muito mal. — soluçou.

Eu conheço Iris a um tempo. Quando ela mente, ela gagueja, igual Violette. Por isso, eu sabia que ela não conseguiria chorar para me enganar, eu sabia que era verdade.

— Eu te perdôo. — falei calma.

Eu sei que tenho pena demais, se fosse outra pessoa, já denunciaria ela para a polícia. Mas eu tenho coração muito frágil e precisava acabar com isso, mesmo muito triste com Iris. Eu falei um pouco com ela e fiz chocolate quente pra todo mundo. Quando eu fui ver o filme, já era 3h00 da manhã. Sentei num sofá junto ao Lysandre, pois, iria dar o filme que ele me deu. Eu estava pensando em sentar junto com os gêmeos, mas Armin deve estar bravo comigo. Bom, uma coisa que eu aprendi, é superar.

— Tem medo de filmes de terror? — perguntou Lysandre.

— Não. — disse.

— BÚ! — gritou Alexy, que apareceu atrás de mim, que me fez dar um gritinho.

Os dois cairam na gargalhada enquanto eu os mandava pastar.

— Biscoitos ou bolo? — perguntava Rosalya.

— Ora, você é a garçonete desse filme? Vejamos... bolo. — sorri. — Também quero um copo de leite, por favor.

— Eu te odeio. — Rosalya disse num tom delicado.

— Eu quero biscoitos, leve para Armin também. — disse Alexy se levantando e indo a direção do sofá do irmão.

No filme, apareciam coisas do nada que faziam todos gritarem, mas teve um que eu quase infartei. Era um palhaço. Eu realmente havia muito medo de palhaços, desde sempre. Eu gritei muito alto e todos olharam pra mim, que depois percebi que estava abraçando muito forte Lysandre, e ele, achava graça.

— Lynn arrasando corações, hein? — murmurou Rosalya para mim, piscando.

— Ah, ah, ah. — ri bem irônica, fazendo uma careta.

Acabou o filme e já era muito tarde, eles veriam outro filme e iriam dormir, eu vi o começo do último filme, mas cai no sono. Só acordei no outro dia, sendo balançada por Melody.

— Lynn! Lynn! — murmurava.

— Melody... — olhei pras janelas semi-abertas. - Melody! Ainda nem amanheceu!

— Eu estava com muita fome e percebi uma coisa.

— O que? — falei desinteressada.

— Que acabou toda comida! — disse quase gritando.

— Ata, e você quer que eu compre mais?

— Na verdade, sim... — falou mais baixo, envergonhada. — Por favor. Eu acordo seus amigos pra ir com você.

— Ah, tudo bem, deixa que eu acordo. Pode ir dormir, eu vou. — sorri. Quando pequena, meu objetivo de vida era ir ao mercado de madrugada.

Acordei Rosalya e Alexy, mas aqueles barulhentos acordaram Armin e Lysandre também e levaram junto.

— Vamos no carro de quem? — disse Alexy.

— Eu tenho a chave do carro da Kim. — sorriu Iris, que eu nem notei que estava acordada.

— Ah, eu pensei que era a única acordada. Então, vou com vocês. — disse Charlotte aparecendo na sala.

— Beleza! Vamos? — disse Armin.

— Claro! — disse Rosalya.

Fiquei feliz em Iris ter ajudado, ela foi atrás junto a mim, Charlotte, Rosalya e Alexy enquanto Armin iria ao lado de Lysandre, que dirigia. Nós fomos num mercado bem pequeninho de 24 horas, que tinha uma mulher grudada ao seu celular. Tirando isso, completamente vazio.

— Ei, Rosalya. — disse Alexy. — Aposto que Armin pega mais coisas que o Lysandre.

— Está brincando? — disse Rosalya. — Armin é um lerdo.

— Apostado. — falavam baixo o suficiente para Armin e Lysandre não os escutarem.

— Se Lysandre perder, vai ter que beijar Charlotte. — sorriu Rosalya.

— Se Armin perder, vai beijar Iris. — murmurou Alexy. — Fechado?

— Claro. — os dois apertaram a mão.

Os dois chegaram perto do Armin e Lysandre e fizeram a mesma cena, quase gritando para eles ouvissem, porém, sem a última parte. Armin foi correndo pegar o carrinho e Lysandre pegou tudo que conseguiu com a mão. Eu tapei meus olhos.

— Aí, meu Deus. — murmurei. — Vai Armin, pelo amor de Deus.

— Tempo esgotado. — disse Rosalya ao ver o relógio.

Alexy contava os pontos de cada um, provavelmente, eu ainda não estava olhando. Mas fiquei mas aliviada com o grito de felicidade de Alexy. Sinceramente, eu não gostava de Armin junto a Iris. Charlotte e Lysandre também não, mas, a diferença é que Charlotte não é louca por ele e Lysandre menos ainda. Eu sinto que vou perder Armin se Lys ganhasse.

Rosalya suspirou e contou pro Lysandre a aposta, que disse coisas nada vitorianas.

— Sem chance, Rosalya! — murmurou.

— Ah, Charlotte e Iris estão no carro, se você prefere privacidade eu tiro a Iris de lá. — Rosa riu com a própria piada.

— Eu não vou fazer nem que você me obrigue.

— Lysandre não vai fazer. — cochichei pro Alexy.

— É o justo. — disse rindo.

— Como assim?

— Eu menti, diva. Você acha que me engana? Não iria deixar Iris e Armin juntos com uma pessoa que pode se magoar. — ele disse e eu corei.

— A-Alexy! Eu não gosto do Armin. Não desse jeito.

— Então posso falar a verdade pra Rosalya?

— Isso é maldade! — disse baixinho.

— Ei, Alexy? — Armin se intrometeu.

— Sim?

— Rosa está dizendo que Lysandre perdeu, então terá que beijar Charlotte. Se eu perdesse, eu beijaria a...

— Iris.

— Oh Armin, não se sinta mal. Você vai ter outro dia pra me beijar. — ironizei e Alexy riu.

— Não será hoje que vou realizar meu sonho? — ele brincou também.

Rosalya chamou Charlotte e falou pra mim ir comprando as coisas. Peguei muitas coisas e achei até melhor, acho que empurrou Lysandre pra ela, eu conheço Rosalya, e foi até melhor eu não ver. Avistei Armin sentado perto dos sorvetes.

— Foi a Iris. — falei. — Ela estava louca e eu já a desculpei. Por favor, finja que não ouviu, não conte a Alexy ou Rosalya e não fique brava com ela.

— Por que não me contou antes? — ele se levantou.

— Não quero que você fique bravo com Iris, eu irritei-a demais e eu merecia.

— Eu entendo. — sorriu.

— Entende?

— Não, mas estou me desculpando, então aceite meus pedidos de desculpas e não falamos mais nisso. — sorriu de lado.

— Eu aceito seus pedidos de desculpas. — ri.

Peguei três potes de sorvete e coloquei no carrinho.

— Acha que Charlotte e Lysandre estão fazendo o que agora?

— Sendo empurrados pela Rosa. — ele falou, como se fosse óbvio.

— Você prefere chocolate ou morango? — disse mostrando dois potes de sorvete.

— Chocolate. — ele disse.

— Certo, então vamos levar morango. — pisquei.

— Quando reclamarem que queriam chocolate, eu vou esfregar o morango na sua cara. — mostrou a língua.

— Não se eu jogar farinha em você primeiro.

— Da onde você tem farinha? — ele riu.

— Bom... — eu peguei uma do carrinho e abri.

— Lynn, você não vai jogar isso e-em mim né?

— Nããão. — disse irônica, enquanto jogava nele.

Assim foi. Armin pegou e jogou outro em mim, sujando todo o chão.

— Me rendo. Você venceu. — disse, estava sentada no chão. — Me ajuda a me levantar?

Ele ofereceu a mão e eu puxei ele pro chão junto.

— Quem é o bobo agora? — ri.

— Você é maluca. — ele riu e se levantou sozinho.

— Eu também te amo.

— Eu iria dizer pra voltarmos pra casa, pois aqui tá frio. — disse Rosalya, aparecendo do além, rindo. — Mas aqui tá quente.

— Você é muito sem graça. Eu já terminei mesmo. — ri, pegando o carrinho.

— E essa farinha? — disse Armin apontando pro chão.

— Ela não tem pernas. Deixe que limpem amanhã. — disse Rosa.

Fomos para o carro. Ninguém disse uma palavra. Dava pra ver que tinha acontecido alguma coisa, mas ninguém disse nada para mim.

— Vocês preferem chocolate ou morango?