Parte 1 - como influenciar bateristas.

-Vamos à praia! - a voz tão bem conhecida anunciou e o dono da mesma, um baixista alto, com camiseta de algum anime e uma boina, carregando uma mochila com um sem-número de chaveiros barulhentos, adentrou o apartamento, jogando-se ao lado do dono da moradia, um rapaz consideravelmente mais baixo, de cabelos longos e braços tatuados, que lia algum livro antigo, já com as páginas amareladas.

O rapaz menor ergueu uma sobrancelha elegantemente, desviando o olhar das páginas amareladas, fixando-as no namorado parado à sua frente, encarando-o por alguns segundos antes de suspirar profundamente, voltando a olhar o livro.

-Boa viajem.

O mais velho sentiu o sorriso animado morrer em seus lábios lentamente, vendo Ryuutarou virar a página que lia, ignorando completamente sua presença. Balançou a cabeça algumas vezes, se dando conta do que havia escutado, tirando o volume das mãos do baterista, ganhando novamente sua atenção.

-Como assim "boa viajem"? Jackie, você vai com nós! - exclamou, cruzando os braços, quase exasperado, sentando no colo do namorado, de frente para ele.

-Quando você diz "nós" eu devo entender isso como, Inferninho? - o mais novo descruzou as pernas para não se machucar com o peso do mais velho, pegando o livro das mãos do outro, calmamente o fechando após marcar a página e voltando a olhar o namorado, esperando uma resposta que, se Kami-sama tivesse piedade de si, não seria aquela que esperava.

-O primo, o Tachi, o Teruo, você e eu. - Ikeuchi foi contando nos dedos, para dar mais enfase, abraçando o pequeno em seus braços, logo depois sentindo-o circular sua cintura com os braços. - Vamos, ursinho! Vai ser divertido!

-Ikeuchi. - começou, obrigando-se a não gritar, girar os olhos ou chutá-lo de seu colo pelo apelido.- Temos aí alguns pontos que me impedem de sair do conforto do meu lar e me fazer entrar em um calção de banho.

-Quais? - separou-se levemente, encarando-o. Não havia pensado na possibilidade de que algo impedisse seus planos de viajar com o namorado.

-Primeiro: Eu odeio areia. Segundo: Baleias soltam vinte litros de sêmen no mar, junte isso com todos os produtos que navios pesqueiros e outras empresas soltam. Terceiro e mais importante: Eu não vou me arriscar a viajar para a praia com o doente do Shiroyama.

Abriu a boca repetidas vezes, assimilando os absurdos que o baterista havia enumerado. Asamura sorria triunfante, enquanto cruzava os braços, na postura de quem ja havia ganhado aquela pequena discussão.

Jin respirou fundo, abrindo um sorriso de canto e inclinando-se e aproximando os lábios da orelha do amante, roçando-os ali enquanto sussurrava algo que somente o mais novo havia escutado, ainda que não houvesse uma alma viva dentro daquele apartamento, além deles.

Jack piscou uma vez, duas, três, antes de tirar o maior de seu colo e começar a andar na direção de seu quarto, mas sendo parado em seguida pela mão de Jin em seu braço, o mais velho ostentando um sorriso malicioso.

-Vai aonde, Koi?

-Arrumar minhas malas. - ainda respondeu, mas sentiu o corpo ser puxado e acabou por cair por cima do baixista, tendo os lábios roubados pelos de Jin rapidamente, antes de ser abraçado.

-Como é fácil convencer você, urso...