São Caminhos que Me Levam a Você escrita por PepitaPocket


Capítulo 1
Capítulo Único




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Era uma noite como outra qualquer de outono.

A noite era clara, quase luminosa, mas havia sempre aquele vento frio, para dissipar qualquer sensação de conforto.

Sobretudo, quando você trajava apenas uma yukata fina de seda, e andava descalça pelas estreitas ruas da Sereitei.

Em noites assim, Rangiku costumava dormir como uma pedra, as altas doses de bebida alcoólica contribuíam para que isto acontecesse.

Mas, naquela noite a mulher tivera a péssima ideia de encostar a cabeça no travesseiro ainda sóbria.

O resultado foram sonhos atordoantes... Desprovidos de sentido real, mas isto sempre acabava levando-a ao fantasma que o grande amor de sua vida se tornou, ao contrário do que as pessoas imaginam, ela já quase não pensava em Gim, não que ela tivesse esquecido ou que não fosse importante, mas é que depois de tudo o que aconteceu tudo o que se relacionasse a ele reverberava em sua mente, como se fosse um eco longínquo e disforme.

Manifestados naquela noite na forma de sonhos. Sonhos estes que ela teria dado qualquer coisa para tornar realidade.

Seu pensamento foi interrompido por uma brisa de vento que soprara com mais intensidade, espalhando as mechas de seu cabelo ruivo por vários lados.

Rangiku abraçara o próprio corpo, ao mesmo tempo ralhando consigo primeiro por estar perdendo tempo pensando em coisas que não tinham remédio, depois por ter saído sem rumo, com pouca roupa, numa noite como aquela.

Teria mudado o caminho se alguma coisa não tivesse chamado sua atenção.

#

Não muito longe dali parado no meio da rua encontrava-se Abarai Renji.

Parado contemplado o céu, com seus olhos repletos de tristeza.

Como se percebesse isto Rangiku aproximou-se lenta e vagarosamente, mas mesmo seus movimentos mais suaves foram percebidos, mas não reconhecidos.

_ Quem está ai? – Perguntou Renji num tom de voz que tinha notas de tristeza, mas também de raiva.

_ Sou eu Rangiku! – A mulher dissera tentando impregnar suas palavras com um bom humor que não sentia.

_ Rangiku?! – Renji mencionou seu nome com certa surpresa. O que não era de se estranhar, afinal passavam das duas da manhã, e há esta hora ela costumava encontrar-se dormindo, já que não era dia de beber com a camaradagem.

Ele a encarava fixamente, mas ela não conseguia decifrar seu olhar e isto a deixava ansiosa de um jeito intrigante.

Rangiku forçou-se para sorrir, mas este surgiu em seu rosto igual uma flor que murcha num vaso.

_ Algum problema? – Renji quebrara o silencio.

A meia luz vinda da casa, a ruiva podia contemplar cada um dos bíceps muito bem definidos do ruivo, que ainda mantinha seu rosto na penumbra.

_ Se eu pudesse ver seu rosto estaria melhor. – Ela disse com um sorriso de canto enquanto o vento bagunçava um pouco mais os seus cabelos.

Renji caminhara a passos curtos na pequena linha de luz refletida no chão, no fim dela estava Rangiku parada a espera de algo que nem ela sabia ao certo.

_ Você também esta escondida nas sombras! – Renji falou num sussurro. A voz baixa quase sexy, se ela não tivesse sóbria ela diria que era efeito da bebida. Desde quando Renji era sexy?

_ Um copo de saquê para espantar o frio e iluminar a noite... – Ela sabia que o trocadilho era idiota, mas ela agarrava-se com agrado a qualquer oportunidade de sair da mesmice.

#

E assim os dois velhos amigos foram parar frente a frente, na sala do pequeno apartamento dele.

Engraçado, ela conhecia Renji há anos, mas nunca havia estado em sua casa antes. Pensando bem ela nem sabia que ele tinha um lugar que ele pudesse chamar de seu.

_ Comprei recentemente! – O ruivo falou como se tivesse lido seu pensamento, talvez tivesse sido indiscreta demais, se bem que Rangiku nunca foi muito boa em se conter.

_ Então ainda não me falou o que faz acordada zanzando sozinha pela noite! – Renji falara com a sobrancelha arqueada, parecia seguro de si, apesar de estar travando uma luta interna, para fazer com que as palavras não se enredassem no caminho.

_ Você também não costuma ficar acordado esta hora zanzando pela noite.

_ Estava sem sono. – Ele disse em um tom cortante. – Sabe como é? – Tentou remendar ele crente que estava estragando algo que nem ele sabia ao certo o que era.

_ Coisas do amor. – Rangiku dissera afundando o nariz no recipiente de saquê.

_ Coisas de quem está cansado de esperar. – Renji falara novamente naquele tom, um arrepio na nuca foi inevitável.

_ É óbvio que tudo vai dar errado, ainda assim você insiste em acreditar. – Rangiku falara olhando no fundo dos olhos.

_ Você sabe que é um idiota, mas não consegue evitar. – Renji fala demorando seu olhar nos cabelos ruivos acetinados.

_ A pessoa que você ama está em suas mãos, ainda assim continua fora de seu alcance ela nunca será sua. – Rangiku falara demorando-se na linha do queixo de Renji o contorno másculo quase convidativo.

_ Mas, você não se convence. Você continua insistindo. – Dissera ele deslizando os olhos pelo rosto de traços tão delicados.

_ Mesmo que isto machuque. – Rangiku falara deslizando os olhos pelas bochechas, pelo nariz, mas são os olhos dele que a detém.

_ Ou alguém no fim acabe morto. – Renji dissera devolvendo o olhar.

_ Você continua amando e quando menos espera se torna uma obsessão que o consome... – A distância entre os dois foi fechada sem que se desse por conta.

Seus rostos próximos, os corpos separados por poucos centímetros. A respiração de um batendo na pele do outro, os batimentos cardíacos, intercalados pelos aromas misturados da bebida e de seus perfumes.

Longe o barulho do vento soprava afastando pouco a pouco as razões que os levaram até ali.

Rangiku atormentada por pesadelos. Renji atormentado pela rejeição de sua melhor amiga.

Ambos, vítima de um amor que nunca se concretizaria.

As razões eram diferentes, mas os sentimentos quase iguais.

Frustração. Decepção. Ansiedade. Desespero.

Quantas razões podem levar os lábios de duas pessoas se encontrarem? Estas são as mais raras, mas foi o que levou com que Rangiku se desse a chance de saber o que os lábios de outro alguém reservavam.

Mentiras. Traições. Sacrifício. Desejo.

Renji ficara inerte envolvido pelos braços da mulher que se jogara sobre este roubando algo que ele oferecera mais cedo a outro alguém e foi rejeitado.

Um beijo.

Embora a surpresa tenha o colocado em letargia, esta não durara mais que alguns segundos.

Os cabelos dela caiam em cascata sobre seu rosto, enquanto a maciez dos lábios dela chocava-se com a rigidez dos dele.

A língua deslizara por sua bochecha pedindo passagem, e então quando a língua dos dois amantes se encontrou uma explosão de sensações explodiu por seu sistema nervoso.

Desejo. Volúpia. Embriaguez. Era como estar em um braseiro.

Um braseiro que eliminava todas as emoções anteriores e dava lugar apenas um homem e uma mulher

Rangiku Matsumoto.

Abarai Renji.

Sem marcas. Sem remorsos.

Apenas um homem e mulher prontos para amar e serem amados.

Mas, estes eram apenas fetiches criados por suas mentes contundidas. Uma desculpa a mais para continuar aquele jogo, quase insano.

Separaram-se quando já não havia mais nenhum resquício de oxigênio em seus pulmões.

Mas, com o ar que revigorava seus pulmões vinha à lucidez.

Décadas de amizade.

Velhos companheiros de beberagem e diversão.

Nunca haviam ido tão longe por uma razão:

Ainda não estavam prontos.

_ Quem sabe num outro dia. – Ela dissera se permitindo corar.

_ Numa outra noite. – Ele dissera alargando o sorriso, apesar do desconforto de senti-la se afastar e sair pela mesma porta onde uma hora antes ele a convidara para entrar.

Ele estava apenas caminhando na noite, tentando usar o frio da mesma para esvaziar sua mente...

Mas, acabara encontrara algo a mais para sonhar.

E ele tinha a impressão que não era o único.

#

Quando pisara de volta em seu quarto, Rangiku sentia-se viva novamente.

Aconchegando-se em sua cama, ela encontrara-se com o travesseiro sabendo que não haveria pesadelos, nem fantasmas... E sim algo real o bastante para fazer seu coração bater sem doer.


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Notas finais do capítulo

Era uma songfic que fiz inspiradas pelo som de Desespero, da banda Reação em Cadeia. Tive de adaptar por causa das novas regras do Nyah, o casal é diferente, mas não é nenhuma novidade que gosto de coisas diferentes.Obrigada a todos que leram e até mais.



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