O Rei de Nova Midgard: Sangue escrita por Xampz


Capítulo 4
III


Notas iniciais do capítulo

O Jovem Rei saíra na calada da noite para conversar com o Mago dos Elementos, Wiz Njor, no Palácio dos Magos.



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Siegfried

Siegfried não esperava que o palácio fosse tão grande. Era todo branco, com vários pilares sustentando-o, paredes brancas com desenhos de cavaleiros,  magos, heróis, deuses e... dragões. Será que a notícia é real? Perguntou-se Siegfried. O Jovem Rei olhava as paredes do Palácio dos Magos quando passou seus olhos para os deuses. Odin estava maior que os outros, era o deus rei. Ao seu lado direito estava Thor, seu filho, com seu poderoso martelo Mjolnir. À esqureda de Odin estava Loki, o deus da trapaça. Quando era pequeno, Siegfried tivera um sonho com esse deus. Estava em uma cela, úmida e escura, e um homem aparecia para ele. Era calvo, alto e estava vestido somente com um manto preto. O homem aparecia e dizia somente algumas palavras: “Loki sempre o seguirá de perto.” Após disso, o homem misterioso desaparecia em névoa e o garoto acordava assustado.

O Jovem Rei usava uma roupa mais leve, uma vestimenta simples. Ele não usava coroa, iria atrapalhar seus treinos. Tinha Dragonheart embainhada na cintura, a espada vermelha de seu pai.  O seu escudeiro, Odur, chegou um pouco depois.

— Vossa Graça, necessita de algo? – Perguntou ele à Siegfried. Tinha estatura baixa, cabelos negros e espinhas no nariz. Era um ótimo escudeiro, apesar de seus poucos 13 anos. Eu já sabia lutar nessa idade, pensou Siegfried Berthold, mas não tão bem. Odur era muito bom com a espada longa, e ainda melhor com a lança.

“É um escudeiro digno de um Rei, Vossa Graça.” Tinha dito o pai do garoto, quando o levou para servir Siegfried. Vejo isso agora, talvez possa até me superar.

— Não preciso de nada Odur, espere junto de Hodrik e os cavalos.

— Com licença, Vossa Graça. – O escudeiro correu para fora do palácio. Siegfried abolira o uso de liteiras, ao invés disso, preferia cavalgar junto a seus guardas.

Ao andar mais um pouco, Siegfried percebeu que muitas pessoas rezavam em frente a imagens de deuses. Elas traziam-lhes oferendas, pediam por saúde e agradeciam a suposta tranquilidade nessa parte do Reino. Tudo isso foi graças a meu pai. Tyr Berthold havia sido um Rei melhor que Siegfried esperava ser. Quando morreu, o Jovem Rei tinha apenas dez anos, mas estava ciente que o povo amava seu pai. Os conselheiros que seu pai deixara para ele eram bons. Sempre ficava sabendo de tudo o que acontecia no reino, norte a sul. E agora sei disso. Corvos tinham chegado, ataques à pequenas vilas no oeste, por seu próprio capitão das guardas, Wotan. No sul, as pessoas se matavam por pedaços de terra, uma guerra civil. Siegfried mandara homens para lá, para conter a pequena guerra que desolava as Ilhas de Primavera. Mas nada havia sido tão assustador como o reaparecimento dos dragões.

Desde que seu pai e a mulher de cabelos vermelhos morreram, dragões nunca mais haviam sido vistos. Após Tyr condenar o assassinato das criaturas, menos ataques haviam sido frequentes, mas aquilo foi uma surpresa para todos. Se meu pai soubesse que ia morrer daquele jeito, teria ele mudado sua decisão? Indagou-se Siegfried. Acho que não. Seu pai não era um homem de voltar atrás no que dizia, sua espada Dragonheart, era uma prova disso. A espada nem sempre fora vermelha. Há muito tempo, quando o rei Sigurd e Fafnir lutavam lado a lado, caçando dragões e os assassinando, os Cavaleiros Reais tinham o dever de seguí-los. Tyr Berthold era um deles. Ninguém sabe porque Fafnir nunca foi um Cavaleiro Real, mas sempre estava ao lado de Sigurd. Tyr, separado do resto do grupo, encontrou um dragão vermelho, chamado Simurgh. Ele e o dragão lutaram, com Tyr desviando de seu fogo e de suas garras, e atacando com ferocidade. O fogo pegou numa parte do braço de Tyr, ele havia dito à Siegfried que era a pior queimadura do mundo, o fogo de um dragão vermelho. Ele achava que era a pior dor que poderia sentir, até enfiar a espada no coração da criatura. O rugido de Simurgh foi ensurdecedor, foram ouvidos rugidos como aquele por todas as partes do reino, incluindo da boca de Tyr. Talvez tivesse sido por isso que Hodrik o encontrara. Quando acordou, Tyr revelou que aquela tinha sido a pior dor. Trocaria o fogo em todo corpo por aquela dor no coração. Quando Tyr enfiou sua lâmina na criatura, ele sentiu como se seu corpo estivesse explodindo, de dentro para fora. A Morte de Um. A espada ficara vermelha como sangue, e nunca havia mudado de cor. Nomeou-a Dragonheart por esse motivo. Tyr costumava dizer que era para nunca se esquecer da dor, por isso jurou usá-la sempre, e o fez.

Hodrik era o mestre-ferreiro, vindo de um continente a oeste do mar de Nova Midgard, que havia ficado amigo de Tyr, e se encarregou de tornar Siegfried o melhor guerreiro. Era alto, calvo, muito forte, e extremamente rigoroso. Mas ao mesmo tempo que era rigoroso, eram também honroso. Dizia para Siegfried “Os ferimentos são lições de batalha, e lições que foram aprendidas não precisam ser recebidas novamente”. Era mestre em todas as armas, até arco e flecha, mas sua principal era uma espada de duas mãos, chamada Rigormortis. Era tão forte e pesada que Siegfried não conseguia erguê-la. Era o melhor ferreiro, e um dos melhores guerreiros de Midgard, mas não aceitava virar Cavaleiro Real, não se sabe por quê. O Jovem Rei adorava-o.

Siegfried Berthold foi até a quarta sala do palácio, a sala de Njor, mas não o encontrou lá, em vez disso, encontrou uma mulher morena, com cabelos encaracolados.

— Com licença, o Mago dos Elementos está? – Perguntou ele, com toda a educação que tinha aprendido.

— Não, Vossa Graça, Mestre Njor saiu, mas logo voltará. – Respondeu ela, timidamente.

— Obrigado então. – Siegfried saiu da sala e foi em direção ao estábulo, do lado de fora do palácio.

O grande Hodrik estava treinando com Odur com espadas de madeira. Quando o avistaram, interromperam o treinamento e foram falar com ele.

— O que houve lá, garoto? – Hodrik não gostava de formalidades.

— O Mago Njor não está, precisava me consultar com ele.

— Terá mais tempo para treinar, não pense que esqueci que não dominou totalmente o golpe giratório. – Hodrik sorriu, e Siegfried também.

— Já vim preparado. – Siegfried tirou a capa que usava e entrgou a Odur. Pegou a espada de treino, do tamanho de Dragonheart, e se posicionou na frente de Hodrik.

Ele portava uma espada do mesmo tamanho, mas de espessura diferente, para equilibrar o peso. Siegfried saltou para frente, dando um estocada, Hodrik a parou facilmente. O Rei girou e mirou na perna do Gigante, que bloqueou novamente.

— Gire todo o corpo, não apenas finja que vai me acertar de um lado, o inimigo irá perceber se fizer isso.

Siegfried avançou novamente, espada em punho, dessa vez atacou com a ponta da espada, Hodrik recuou com um pé e a sua espada voou para parar o ataque. Siegfried tentou girar novamente, mas foi pego por Hodrik, que o acertou nas costelas. Ele gritou e pulou para trás, suas costelas latejando.

— Previsível.

Hodrik defendia todos os ataques, vindos de cima, de baixo, dos lados. Acertou mais duas vezes Siegfried, uma vez na perna e outra no ombro.

— Desiste? – Provocou o Gigante. Siegfried apenas sorriu e atacou.

O golpe passou de raspão, rasgando uma tira do couro da roupa de Hodrik. Quando ele revidou, o jovem desviou sua lâmina para o lado.

— Pode vir com tudo. – Disse o Rei à seu mestre.

Quando Hodrik girou a grande espada por cima da cabeça de Siegfried, em direção a sua têmpora, o Rei parou o ataque. Abaixou-se e girou todo o corpo, como havia sido ensinado, e acertou um golpe lateral na coxa de Hodrik. O Gigante fraquejou, e foi o tempo suficiente para Siegfried pular e acertar seu braço com a espada, fazendo-o derrubar sua arma no chão.

O Gigante levantou-se e riu alto. – Muito bom! – Ele adorava ver seus aprendizes melhorando as habilidades. – Isso é o que eu espero de você, Siegfried. No último momento, quando pulou, baixou a guarda por um instante, mas quero que saiba que se saiu muito bem.

— Obrigado, mestre. – Disse, o Rei, sorrindo.

— Venha, Siegfried, e você também, Odur, vamos comer alguma coisa enquanto esperamos esse Mago dos Elementos. – Dizia ele, voltando ao seu aspecto sério.

Siegfried estava feliz, mas não se deixava tranqulizar. Posso estar melhorando, mas ainda falta muito para me tornar tão bom quando meu pai. Será que ele teria orgulho de mim? E o que será que pensaria sobre os dragões e sobre meu juramentado Cavaleiro ser um traidor?


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Notas finais do capítulo

A magia age sobre tudo e todos de maneiras diferentes. O poder leva a ganância, que leva à traição. Os traidores vivem entre os bons, assim como parasitas, sugando a vida de um ser.

"– Como deve saber, o reino está em crise – Começou Njor. – Os dragões voltaram, e com isso, vieram os desastres. No norte, tempestades de neve capazes de soterrar casas. Tsunamis no sul, vulcões entrando em erupção no oeste. Era para manterem o equilíbrio desse mundo, mas há algo errado. O Jovem Rei precisa aprender tudo o que ele puder sobre a magia dos elementos."



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