Relatos de 11 de Setembro escrita por Kikonsam


Capítulo 7
Jones - 7


Notas iniciais do capítulo

Outro pra vcs, espero que gostem.



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Acordo, olhando para o meu guarda-roupa branco. Noite passada foi uma das melhores da minha vida, e eu nunca havia me sentido tão bem ao fazer amor com uma mulher antes. Nunca havia sentido prazer amando uma pessoa, e isso é mágico. Me viro para o lado em que ela está deitada, mas não sinto nada. Ela não está aqui, nem suas roupas jogadas no chão. Me levanto, ainda pelado, da minha cama. Vou até a porta, passo pelo corredor branco e chego na sala, onde velo July McPhee arrumada e colocando uma carta em cima do balcão da cozinha americana.
– Oi - diz ela. Percebo que ela não se assusta com o fato de eu estar pelado.
– July, o que houve? - pergunto. Não sou burro, claro que sei que ela está colocando uma carta de despedida em cima do balcão.
– Jones, eu... - ela começa, e dá uma pausa. - Eu preciso voltar para New Jersey, e eu acho que não podemos levar isso para frente.
– Mas July, a noite passada foi mágica e...
– A noite passada foi um erro - diz ela, me interrompendo. Sinto que estou naqueles filmes de comédia romântica bem clichês. - Eu nunca devia ter me deixado levar, não vai dar para manter contato e...
– Não vai dar? - dessa vez sou eu quem a estou interrompendo. - July, meia hora de carro e eu já estarei em New Jersey, e...
– Jones - ela me interrompe de novo. - Eu vou me mudar de New Jersey.
Meu mundo pareceu desabar. Pela primeira vez sinto que estou amando uma mulher, e numa fração de segundo, ela escapa por entre meus dedos.
– Como assim? - pergunto.
– Ninguém mais quer morar por essas redondezas, Jones - fala ela - Esta cidade pode ser atingida por uma bomba a qualquer minuto. Depois do que aconteceu, todos estão com medo. E eu também. Eu vou para Vancouver.
Agora meu mundo desabou de vez.
– July, essa cidade é segura e...
– Jones, seja realista. - ela me fala. E percebo que seus olhos estão brilhando com lágrimas. - Esta cidade está uma loucura, este país está uma loucura. Os Estados Unidos vão desmoronar, e eu não quero estar aqui quando isso acontecer. - ela para. Percebo que ela pensa alguma coisa. E realmente pensa, por que fala: - Jones, eu sei que pode ser meio precipitado demais, mas, eu realmente gostei de ontem a noite apesar de saber que foi um erro. E eu acho que realmente gosto de você. Eu queria saber se... Se você quer se mudar para Vancouver comigo.
Vancouver? Como assim? Eu sair do meu país, por conta de medo?
– Não dá, July - digo. - Simplesmente não dá. Eu tenho minha vida aqui nos Estados Unidos, tenho meus pais e...
– Seus pais que moram no Oregon, como você disse. Ficaria até mais perto para chegar no lugar onde você mora. - diz July. - O que lhe prende? Seu escritório foi esmagado por um avião. Você não tem uma mulher, e teria se fosse comigo. Aqui você corre riscos, todo santo dia. Por que você acha que ninguém está saindo na rua? Por luto? Não! Por que estão com medo que uma bomba se exploda na sua frente! E desculpe, mas não vou viver perto de um lugar desse.
Não sei como respondo isso. Qualquer coisa que eu fale será insignificante.
– Desculpe, July. Não dá. - digo. E consigo sentir as lágrimas escorrendo por minha barba por fazer.
Ela olha para mim enquanto as lágrimas escorrem em seu rosto.
– Pensei que você fosse mais inteligente. - diz ela.
Ela anda pela sala e vai até a porta grande e branca de madeira que eu tenho no meu apartamento. Só consigo ouvir a porta bater.
Vou até meu quarto, onde me jogo em cima dos lençóis finos e brancos da minha cama, pelado, chorando.


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Notas finais do capítulo

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