Relatos de 11 de Setembro escrita por Kikonsam


Capítulo 33
Henry - capítulo final


Notas iniciais do capítulo

Oi, comentários nas notas finais...



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/615167/chapter/33

– Grávida? - entra minha tia no quarto no exato momento que Diana fala de sua gravidez. E antes de eu poder falar ou pensar qualquer coisa.
– Tia, você estava ouvindo atrás da porta? - pergunto.
– Não interessa, Henry. - fala minha tia, se sentando do lado de Diana na minha cama. - Isso é verdade, querida?
Diana faz que sim com a cabeça. E é somente agora que caiu a ficha do que realmente está acontecendo comigo. Só agora que realmente me toquei que eu serei pai, e neste momento eu abaixo a minha cabeça enquanto penso nos milhares de rumos que minha vida pode tomar neste dia em diante. Diana pode abortar, perder o bebê ou simplesmente passar por todos os estágios da gravidez, ter o filho e ser abandonada por mim. Posso me casar com Diana e vivermos felizes para sempre ou podemos nos casar e nos divorciarmos e criarmos uma criança no meio de brigas de um ex-casal, ou a criança pode crescer sob o teto de pais que nunca se casaram, namoraram algum tempo mas continuam se dando muito bem e cada toma o rumo na sua vida. Juro que isso não é nem metade das possibilidades que passam na minha cabeça.
Olho para o lado e vejo Diana debruçada sob minha tia aos prantos, apenas deixando as lágrimas escorrerem.
– Mas, como isso foi acontecer? Vocês só namoram a uma semana... - fala minha tia.
– Não. - fala Diana, se desgrudando olhando para ela. - No dia, no dia do atentado. Nós nos conhecemos na noite anterior, e transamos de manhã cedo. Pouco depois, aconteceu.
Minha tia apenas olha para nossas caras, olhando com olhos de indagação.
– Os jovens de hoje em dia... - fala ela. - Então, quando você começou a suspeitar?
– Eu fiquei enjoada. Muito enjoada esses dias, inclusive em uma noite eu me levantei para vomitar. Daí minha menstruação atrasou, e suspeitei. Hoje eu não saí para ir ao parque passear. Eu fui na farmácia comprar um teste de gravidez. E deu positivo.
Apenas não sei o que pensar. Fico parado vendo minha tia acariciar a cabeça dela. Minha mente entra em um certo estado de transe. A única coisa que eu consigo dizer, e a coisa que eu acho mais certa a se fazer:
– Eu vou assumir. - digo.
Diana olha para mim, com seus olhos molhados, e fala:
– Mas... Não dá, eu vou abortar, Henry. Não dá.
– Não. - fala eu e minha tia em coro, ela com mais intensidade que eu.
– Você vai ter. - diz tia Mandy.
– Mas como vamos nos sustentar? Eu não quero ser um peso para a senhora, dona Mandy.
– Diana - começo. - Amanhã será a leitura do testamento, mas provavelmente o apartamento do meu pai ficará para mim. Você é a última da sua família, não é?
– Sou - fala ela. - Só minha mãe está viva, teoricamente. Mas ela não tem poder algum sob mim.
– Então você é a única herdeira do apartamento da sua avó também. - digo. - tia Mandy pode nos ajudar a vender-los. Nós podemos economizar, damos nosso jeito. Mas você vai ter esta criança.
No momento Diana me abraça forte, encharcando minha camisa de lágrimas de alegria.

Devo dizer que minhas expectativas se realizaram. Realmente o apartamento de meu pai ficou para mim e o da avó de Diana ficou para ela. Vendemos o da avó dela depois de um ano anunciando, dado o fato que ninguém queria morar em New York. Mas arranjamos um doido para comprar, no final das contas. Moramos durante toda a gravidez com tia Mandy, que ajudou em tudo. Alguns meses depois da razão da minha vida vir ao mundo. Dei o nome de Richard, em uma pequena homenagem ao meu pai. E com isso, passamos a morar alguns meses com nossa fada madrinha, tia Mandy. Depois disso, fomos morar no antigo apartamento do meu pai. Já com idade para trabalharmos, apertamos as coisas e passamos pelo sufoco. E aqui estamos nós, atendendo a melhor das expectativas que passaram na minha cabeça quando Diana anunciou a gravidez. Dez anos depois, com uma criança e uma mulher que eu amo. Nos viramos bem abrindo nosso pequeno negócio de hambúrgueres. Realmente nos demos muito bem. Mas nada vai apagar da memória o pior momento de minha vida. Nada me fará esquecer meu pai, nem nada. Todo ano vamos ao local do ataque, lembrar. E agora com a abertura do memorial fica melhor ainda, para nunca esquecermos do pior dia da história, e que marcou tantas pessoas. Incluindo nós três e nossa pequena Helen vindo a caminho no útero de Diana. Nunca nos esqueceremos, nunca mesmo. E acho que ninguém neste mundo vai se esquecer do dia que destruiu várias famílias, mas que conseguiu construir a melhor família que alguém pode ter: a minha. Não sei se outras foram criadas, mas acho que a vida de nenhuma pessoa na terra foi igual após aquele dia.

Henry Port,
11 de Setembro de 2011.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Bem, gostaria de agradecer a todos que acompanharam até aqui (mesmo os fantasmas). A todos que comentaram, favoritaram, acompanharam, se emocionaram, vibraram com esse meu pequeno projeto. Me desculpe se alguma coisa não terminou como vocês queriam, mas eu achei melhor deixar assim. E me desculpem também por não cumprir minha primessa de "a última história ser a mais comovente". Mas eu considero um bom desfecho. Obrigado á Nightmare, Suicide, Lord Neron e Alaska que comentaram aqui. Se pode servir como uma última vontade, por favor, todos que acompanharam e tem uma conta no Nyah por favor comentem pelo menos este último capítulo, só pra eu ter noção da pequena repercursão disso. Obrigado novamente. No momento, se quiserem continuar a acompanhar minhas histórias, tenho algumas já registradas, mas atualmente estou mais focado em uma chamada "Pride and Hate" juntamente com outras duas autoras. Se quiserem conferir, deem uma olhada no meu perfil. É só isso, adeus! :)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Relatos de 11 de Setembro" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.