Mistake escrita por Lola Andrade


Capítulo 7
Decomposição


Notas iniciais do capítulo

Sim eu sei, um mês sem atualizar. Bem, fora a escola estou saindo com um garoto e então meu tempo tem sido escasso de mais para conseguir escrever e postar para vocês.

Agora prometo voltar com tudo, apesar de faltarem poucos capítulos para o fim da fic... :c

Boa leitura!



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Nos dias seguintes Timothy se recusava a dormir, Ezrael era quem cuidava dele fazendo os serviços domésticos. Nessas horas se lembrava um pouco de sua vida passada, das marcas de correntes em volta de seus tornozelos, a dor que sentia quando levava chibatadas e o quão quente era o sangue que escorria em suas costas.

Ele realmente foi grato pela gentileza que Sofia lhe mostrou, na época ela era filha de um nobre e ele trabalhava em sua casa. Todas as noites ela o visitava, todas as noites ficavam juntos imaginando como seriam suas vidas depois dali. Quando Sofia revelou sua verdadeira forma ele não se assustou, com um sorriso no rosto disse: “Você é o demônio mais lindo que já vi.” Mesmo hoje, sabendo que ela só queria sua alma, ele se sente grato e triste por ter que se opor a ela.

— Timothy, eu trouxe seu almoço… — Ezrael abriu devagar a porta de Timothy, para sua surpresa ele não estava na cama e o portal de Derorrim estava aberto.

“Se ele foi… será que Sofia percebeu que sei de tudo?”

Ele respirou fundo e entrou no espelho do quarto de Timothy, sabia que algo estava acontecendo. Ao chegar em Derorrim nada havia mudado, mas notou a presença de espíritos desde o início da floresta o que antes não era comum.

— Ajude o rei… — Um homem de idade sorriu se ajoelhando diante Ezrael, em seguida desapareceu.

— Ezrael, por favor… — Muitos espíritos estavam se ajoelhando diante ele, mas ele não entendia o motivo pelo qual faziam isso.

— Parem todos, eu não sou quem vai salvar suas almas, não sou quem vai salvar Timothy, o único que pode fazer algo é ele. — Passou rapidamente por todas aquelas almas que pareciam estar desapontadas.

Continuou andando e mais espíritos apareciam, a maioria agora tinham suas bocas costuradas estavam sendo consumidos por raízes de árvores. Quando estava próximo ao castelo viu Emily, que estava com a boca costurada e apenas com um olho.

Gentilmente ela o abraçou, tentou sorrir e o vermelho puro escorreu no canto da boca dela, aquela garota agora estava igual a todos os espíritos, parecia uma estátua viva. Emily e Ezrael foram amigos por um tempo, vê-la daquela forma o incomodava.

— Não sei o que está acontecendo, mas sabe qual é meu destino Mily. Faz tempo que te chamei assim, não? —Azrael sorriu e limpou o sangue com o dedo, sem olhar para trás seguiu seu rumo.

Abriu a porta do castelo, o som horripilante que o piano reproduzia ecoava por todo o castelo. Subir aquelas escadas levaria horas, então simplesmente se teleportou para a sala de piano. Quando chegou lá viu os longos cabelos dela indo até o chão, o tempo em Derorrim era diferente do tempo do mundo humano.

— Azrael, meu servo… por que me abandonaste? — Ela parou de tocar o piano e virou-se com um sorriso falso.

— Desculpe minha rainha… — Ele estava surpreso ao ver o estado em que ela estava. Sua pele agora estava mais clara, as raízes estavam apertando sua pele, seu corpo estava cheio de cortes profundos, suas unhas estavam virando cascas grossas de árvore.
— Sofia? Por que está voltando ao seu estado normal?

— Por que… Você se afastou, sabe que precisa ficar junto de mim, você é metade da minha força.

— Desculpe, mas tive uns assuntos para resolver.

— Ouça, ouça como minha voz está parecendo de velha. Veja, veja como estou horrível. — Ela riu maleficamente.

— Sofia… Onde está Timothy?

— Timothy? Ah sim… Meu mais novo servo.

— Pensei que eu fosse seu servo. — Ele franziu a sobrancelha.

— Você sempre será meu primeiro servo. — Ela passou suas mãos ásperas sobre as bochechas dele.

— Primeiro? Então é verdade que quer me substituir?

— Timothy será o novo rei… — Ela olhou para o canto mais escuro da sala.

Quem saiu de lá era Timothy, com seus olhos preenchidos por um vazio imenso, estava com vestes de príncipe. Sua coroa era feita de galhos retorcidos. Ele estava completamente branco, estava apenas com um dos olhos, o outro era coberto por uma rosa negra.

— Você tem a alma dele? — Ezrael tremia, seu plano todo havia ido por água abaixo.

— Não, ele está ali ainda, mas… ele pediu para se esquecer de tudo, agora ele não se lembra de nada. Não sabe nem mesmo seu nome, da onde veio, ou quem somos.

— Ele não parece normal, mesmo que tivesse perdido a memória, ele age como um zumbi.

— Mas não é lindo? Eu arruinei a vida dele… isso é suficiente para me satisfazer.

— Ainda não acabou Sofia, você precisa de alguma alma para voltar a ser forte.

— Quando eu acordar será primavera, então… eu acabarei com você. — Ela caiu no chão e as raízes de seu corpo começaram a revestir todo o castelo. Rapidamente, Ezrael pegou Timothy no colo e pulou pela janela.

— Então você negou sua alma a ela. Muito bem. — Ele fez um carinho rápido na cabeça do Timothy.

— Quem é você? — Sua voz estava baixa, ele falava extremamente devagar, seu corpo parecia apodrecer aos poucos, como se realmente estivesse morto.

— Me chamo Ezrael, eu sou seu amigo…

— Ezrael, por que não me lembro de você?

— É uma história meio longa, mas preciso que confie em mim.

— Já que não me lembro de nada, não tenho escolha. — Ezrael notou que aos poucos ele estava começando a conversar e parecer mais humano, o que era bom. Ficou horas e horas falando tudo o que sabia, mas essa história parecia confusa de mais para o garoto.

— Acho que isso não faz sentido, mas se você diz. Acredito que… talvez eu esteja sonhando, quando isso tudo acabar me deixe ao menos agradecer.

— Logo esse pesadelo acaba. — Ezrael respirou fundo e começou a correr pela floresta em busca de Emily, talvez se ela aparecesse ele se lembrasse de algo.

A chuva forte e a neblina atrapalhavam a visão dele, então decidiu gritá-la o mais alto que pudesse. Não importa o quão alto gritasse Emily não aparecia, então ele foi buscar Timothy, que ficou parado o tempo todo esperando que ele voltasse.

— Onde estamos indo? — Timothy se sentiu desconfortável por ser arrastado a lugares desconhecidos.

— Para sua casa, Emily provavelmente está no início da floresta. Tenho certeza de que Sofia planejou algo.

— Sofia? Ela quer minha alma…

— Como sabe disso? Ela lhe contou?

— Ela me contou muitas coisas, disse que eu não deveria confiar em você. Disse que eu deveria matá-lo. — Ele retira uma adaga de prata do bolso.

— Isso não vai me matar, vai apenas me deixar mais fraco.

— Se você estiver fraco você não passa para meu mundo… Sofia me contou tudo. — Ele avançava lentamente em direção ao Ezrael.

—É uma pena Timothy, mas você também está fraco. — Azrael segura com força o punho dele e adquire a personificação da morte.

O garoto fica assustado caindo no chão, não sabia que Ezrael era a morte. Seu maior medo no momento era morrer, não sabia o motivo de tremer tanto diante ele já que… ele foi seu salvador.

—Ezrael… Eu sei quem você é. Acho que sei, talvez… eu esteja alucinando mas… é você não é?

—Não precisa ter medo de mim. Sua mente deve estar confusa garoto, mas apenas faça o que digo. —Ele deu a adaga nas mãos dele.

—Você vai saber quando usá-la. —Apenas… venha comigo.

O resto do caminho os dois foram andando em silêncio, Timothy se esforçava o máximo possível para lembrar quem era a morte e por qual motivo aquele ser não deixou que se suicidasse, queria lembrar também o motivo de querer morrer.

—Por que precisamos da Emily?

—Por que Sofia provavelmente inventou algo para colocá-la contra nós.

—Mas, ela sabe como Sofia é… bem, pelo menos é isso que você me disse.

—Espero estar certo sobre isso também. —Ele acelerou os passos e a viu no início da floresta, estava tirando as linhas da boca, sua pele branca estava manchada de vermelho.

—Emily… O que Sofia quer que você faça? —Azrael aproximou-se rapidamente dela.

—Preciso impedir que vocês passem, vou quebrar o espelho, assim a outra saída jamais será encontrada.

—Emily, você não precisa disso.

—Ela disse que eu iria ao paraíso, ela me libertaria caso eu a ajudasse.

—Sinto em lhe dizer Emily, mas nossas almas estarão perdidas mesmo que isso tudo acabe. —Os olhos dela demonstraram o desespero que sentia naquele momento, mas mesmo assim ela sorriu.

—Vamos então acabar com isso, acho que tudo bem em acabar assim. —Ela atravessou o espelho, era possível ouvir um pouco do choro dela.

—Vocês realmente não têm salvação? Eu quero fazer algo por vocês.

—Não se esqueça disso, já será suficiente… —Azrael o puxou para dentro do espelho.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, por favor, não abandonem a história. Eu adoro ver os comentários dizendo o quanto gostaram, ou falando do seu personagem favorito, sério!

Muito obrigada por chegarem até aqui, bye



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