Ok, Ok. Isso foi MUITO estranho. Primeiro o colar, depois, eu acordo e um cara chamado Phill (nome mais estranho... ele devia ouvir um monte de risadas na tal ‘’chamada’’ da escola). E, por fim, estou aqui, parado enquanto penso: como raios eu vou aparecer em casa, e falar ‘’Hey, lembra de mim? Sou seu gato, mas aconteceram algumas coisas, digamos, estranhas, e eu me transformei em um humano. Posso continuar morando aqui? Ou isso é muito estranho?’’

A coitada da Alice é capaz de cair dura, ter um treco, sei lá. Mas eu também não posso mais continuar aqui, nessa pensão velha. Depois de eu ter apagado por causa daquele gás amarelo, acordei em um quarto simples: uma cama, uma mesinha com um copo de leite em cima (muito engraçado Phill) além disso, só uma janela e uma porta.

Saio pela porta (não, não atravesso a parede). dava em um corredor enorme, cheio e portas iguais as do ‘’meu quarto’’. Tentei todas, mas nenhuma outra abria. No final dele, uma escadaria gigante, bem velha por sinal (enquanto eu descia, ela rangia, e MUITO).

Lá embaixo, uma recepção. A senhorinha que me atendeu foi muito engraçada, e não pareceu me estranhar:

–Pelo que fala aqui você já está hospedado á 3 dias, desde segunda-feira, correto? – falou ela, enquanto conferia o registro.

–O QUE?! 3 DIAS?!

– Sim, por que? Ah, e o dono mandou perguntar por que você nunca saía do quarto, nem para as refeições.

– Bem, é que eu...eu...- droga, o que eu respondo?! – Eu sempre perco as horas, além e ter um amigo que trabalha em uma lanchonete, o – espio o registro – o Carlos, aí ele leva comida no meu quarto.

– Mesmo que seja inconveniente, me desculpe, mas, por que você mesmo não foi buscar? – Estou com uma dor na perna que não passa... aí ele me ajuda.

– Oh, se é assim, Sr. Carvalho.

– Espera, que droga é essa de Carvalho?

– Mas, não é seu nome? Thomas Carvalho?

– É, meu nome, esse mesmo, esse aí.

– Queira me desculpar, mas o senhor é meio estranho...Tem certeza que está tudo bem?

– Sim, Sim, tá tudo certo, tudo ótimo! Eu vou, vou embora. Tchau!

– Ah, esqueci de falar que aqui é pago.

– Oh. Eu não tenho dinheiro....- Como é que o abestado do Phill me deixa sem dinheiro!

– Tudo bem, seu pai já pagou!

– Pera, meu PAI?

–Sim, o Phill.

– Oh. Ele não é meu pai.

– Como não?

– Na verdade, ele é meu padrasto.

– Ok. Tchau. Boa sorte, Thomas.

– Obrigada.

Essa foi a primeira conversa que eu tive com uma pessoa, tirando o Phill. Foi meio estranho. Não sei onde estou, mas acabei de achar um restaurante. É bem chique, ou seja, CARO. Tem vários espelhos. Me olho. Cabelo ruivo bagunçado, olhos verdes como esmeralda. Devo ter 1,80 (passei a Alice!).

Está ficando escuro, acho que vou voltar pra saleta, dá pra mim passar a noite lá. O caminho vai ser comprido, mas eu chego lá, afinal, quem é o felino aqui?

– ‘’Você, Thomas!’’

– “Não ouvi direito!”

– “Você, Thomas!’’

– Oooooh! Pequeno gatinho, foi transformado!

Pelo Phill, um humano adoidado!

AGORA.É.UM.HUMANO.PIRADO!

Se muitos peixes é o que eu quero

THOMAS.UM.HUMANO.PIRADO!

THOMAS.UM.HUMANO.PIRADO!

THOOOOMAAAAS.UM HUMANO.PIRADOOOO!

Eita! De onde foi que eu tirei toda essa droga? Aquela maratona e Bob Esponja que eu assisti com a Alice (agora que eu virei, você sabe, UM DELES vou chamar ela pelo nome mesmo. Aparentemente os humanos não tem uma hierarquia de quem-é-dono-de-quem ) não me fez bem, já que saiu essa música estranha. Acho que criar essa musiquinha pode ser acrescentada a minha lista mental de esquisitices (essa palavra existe?).

Bom, não importa. Eu finalmente cheguei no túnel que sai para a sala. Não me surpreendo nem um pouco pelo túnel ter aumentado de tamanho assim que eu passei por ele, e depois voltar a ser um cano fino, e PVC (não sei o que significa a sigla). Também não fiquei surpreso pelo lugar ter mudado completamente: uma cama, um frigobar (que, adivinhe só: tinha somente água e... leite. Isso aí. Era pra ser engraçado, Phill? ), uma cômoda cheia de calças jeans e camisas sem desenho, além de uma jaqueta preta e um all star azul. Também tinha um darmário com um micro-ondas em cima. No armário só tinha bolo pra caneca, miojo e sopa instantânea, além de várias canecas que eu nem olhei direito. O micro-ondas é exatamente igual ao da Alice... faz quanto tempo que aquele doente mental do Phill me observa?

Em um canto um tanto afastado, tem um banheiro-tudo-em-um. Achei que nunca diria isso, mas preciso URGENTE de um banho. Mas estou com mais fome do que nunca ...Melhor eu tomar uma sopa, é mais rápido. Abro o armário e retiro o primeiro pacotinho de sopa: batata com carne. Pelo que eu olhei, só tem esse sabor. Procuro uma caneca pra colocar a água que eu acabei de pegar no frigobar, e acho uma azul, escrito nela ‘’ Cats dominate” (os gatos dominam) gostei dela. Vou colocar na mochila que eu achei em baixo da cama.

Esquento a água e despejo o conteúdo do pacote nela; Depois de algumas mexidas, a sopa está prontinha pra beber. Terminei a sopa...finalmente, banho!

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Depois de me vestir (jeans e camisa verde) deito na cama e começo a encarar aquelas paredes. Como pode, ao menos de uma semana eu ainda tinha minhas quatro patas e, do nada, agora sou um humano. Espere! Na parede tem um contorno quadricular! Vou até lá, e puxo. É uma TV. Está aberto em um canal: Animal Planet. E adivinha o que está passando? Quem chutou ‘’Meu Gato Endiabrado’’ acertou. Começo a assistir, mas ainda não me conformo com aquele apresentador . Tem um controle remoto. Vou passando os canais, mas acho que só tem Animal Planet e Disney Channel. Fala sério! Bom, Gravity Falls deve ser melhor que aquele tio metido a sabichão dos gatos. É até engraçado, as vezes eu ri sozinho com o emburramento do Dipper. O Sus só engraçado por que é gordo, e os suéteres da Mabel são fofinhos. O Stan é mão-de-vaca. O que eu mais gostei? O porco: a Mabel colocou um suéter vermelho, com o bordado de um gato. Eu gostei. Mas sou suspeito, como uma mãe que diz para sua filha que ela está bonita quando a coitada parece uma fusão de palhaço com a Xuxa.

Estou com sono ...desligo a TV e me jogo na cama. Assim que fecho os olhos, as luzes se apagam. Dou um sorriso no escuro, viro me de bruços e adormeço.