Reféns de um segredo escrita por magalud


Capítulo 6
Vivendo no passado




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– Droga, eu sinto falta de Sirius.

– Eu também – confessou Remus.

– Sem mencionar que foi um choque. Durante anos eu achei que Sirius tivesse traído James, e depois fiquei sabendo que foi Peter. Nossa, eu chorei a morte de Peter.

– Infelizmente ele estava muito vivo, nessa época, e trabalhando para Voldemort. Forjou sua morte e incriminou Sirius – disse Tonks.

– Por outro lado, Mia, foi até bom que você não tivesse visto Sirius nos últimos anos. Ele passou 12 anos em Azkaban e não saiu de lá o mesmo. Era apenas uma sombra do velho Sirius. Pelo menos, ele teve uma alegria: viu Harry crescer forte e bonito.

– O filho de James, não é?

– Sim. Você vai conhecê-lo. Ele virá para concluir seus estudos. Um rapaz adorável.

– E matador de Lordes das Trevas. – Mia suspirou, tomando mais um gole de sua cerveja amanteigada. – Hogwarts precisa de algo que anime as pessoas, tanto alunos quanto professores. Se eu estivesse na Grécia, saberia o que fazer.

Remus sorriu:

– Eu nunca teria imaginado que você fosse se estabelecer na Grécia.

– Pois é, eu simplesmente fui ficando. Cheguei apenas para fazer uma especialização médica e terminei me casando por lá.

– Quanto tempo ficou casada?

– Nove anos. Dimitri era um bom homem e um excelente pai.

– Você tem dois filhos, não é?

– Não, apenas um. Heitor. – Ela tirou a carteira e mostrou a foto bruxa do filho. – Pena que ele nunca sentiu qualquer identidade com a Inglaterra. Criou-se na Grécia, mas agora está na Macedônia. Ele é desfazedor de maldições.

– Bill Weasley, um dos sobrinhos de Fabian Prewett também tem essa profissão. Lembra dele?

– Fabian? Sim, claro. Os gêmeos Prewett, irmãos de Molly Prewett. Ela se casou com Arthur Weasley, não? Os gêmeos terminaram Hogwarts logo que entramos, e aí vocês assumiram o lugar de encrenqueiros da escola.

– Você também não era nenhuma santinha, se a memória não falha.

Mia riu-se:

– Ah, nós éramos felizes. Nem sabíamos.

– É verdade.

– Senti muita saudade daqui.

– Poderia ter voltado depois que seu marido morreu. Quem sabe Heitor criasse maior identidade com seu lado inglês.

Mia não iria admitir jamais que temia voltar e encarar Severus. Na época, ela estava vulnerável, ainda com dificuldade de lidar com o fato de que ele não a amava. Ela precisava de tempo. Agora estava mais estruturada, mais madura, mais capacitada a enfrentar rejeição do homem a quem nunca deixara de amar.

Ao menos, era disso que ela precisava se convencer. Mas ver Severus ao vivo e em cores tinha literalmente balançado suas estruturas.

Para seus amigos, porém, Mia apenas deu um sorriso e deu de ombros:

– É, talvez, Remus. Agora Heitor já é um homem. O tempo passa para todo mundo.

– É – concordou Tonks. – Exceto, talvez, para Snape. O que o homem tem, que não se dá com ninguém?

Remus deu de ombros:

– Ele sempre foi assim.

– Hoje, ele estava particularmente desagradável – reclamou Tonks. – Especialmente com Mia. Vocês não eram amigos?

– Sim – disse Mia. – Até houve um namorico.

Tonks ficou admirada:

– Jura? Snape namorando alguém? Isso é um espanto! – Ela deu um tapinha no marido. – Remus, você nunca me conta nada!

– Isso foi há muito tempo, Dora.

– Dora? – indagou Mia. – É seu apelido?

– Eu vivo pedindo para Remus parar de me chamar assim, mas ele não se convence. Ao invés disso, ele podia me falar desse namorico seu com Snape!

– Já faz tanto tempo. Aposto como Mia já deixou isso para trás, e Severus também.

A esperta metamorfomaga ergueu uma sobrancelha e fez cara de marota:

– Hum, eu não teria tanta certeza disso, Remus. Viu a grosseria que ele fez com Mia? É óbvio que ele ainda sente alguma coisa por ela.

Mia tentou desviar o assunto:

– Acho que agora você está exagerando, querida. Severus sempre foi um tanto... ríspido.

– Ainda mais com quem depois namorou Sirius. – Remus não resistiu em soltar um veneninho. – Eles se odiavam.

– E depois você namorou Sirius? – A moça de cabelos roxos arregalou os olhos. – Mia, que danadinha, hein?

– Isso não é verdade. Nunca cheguei a namorar Sirius.

– Ele bem que tentou – Remus deu um risinho.

– Verdade – confirmou Mia. – Mas eu me dei conta de que precisava passar nos meus N.I.E.M.S para seguir minha careira, e deixei isso de lado. Lembro que ele ficou bem desapontado.

– É, ele ficou um tanto deprimido. Mas logo se recuperou.

– Com umas duas namoradas ao mesmo tempo, posso apostar – ironizou Mia. – Sirius era incorrigível.

– Ele não gostou nada de ver Severus se engraçando para seu lado. Eu lembro que Sirius pegava no pé de Severus sempre, mas ele era muito protetor quando se tratava de você.

– Então fiz bem em esconder que namorei Severus, não?

Tonks parecia interessadíssima no assunto:

– Mas isso é muito romântico. Os dois namoraram escondido, como um amor proibido. Havia um livro Muggle com esse tema, não havia?

– Romeu e Julieta – citou Remus. – Eu li. O autor é bem conhecido entre os Muggles, mas ele definitivamente era bruxo, querida.

– Só podia ser! – Mia se entusiasmou com o assunto. – O homem era um mago das palavras, não?

– Com certeza! Mas devo dizer que gostei mais das outras peças.

– Tem razão, Remus – Mia se virou. – Ele tem comédias ótimas, não acha, Tonks?

– Eu não conheço.

– Ah, mas não perca oportunidade. Se quiser, posso lhe dar umas dicas. Ele é chamado de Bardo.

Remus engajou-se numa animada conversa sobre Shakespeare e outros autores Muggles famosos, e Mia ficou extremamente grata ao amigo pela oportunidade de mudar de assunto. Tonks parecia bastante interessada no passado dos Marotos, e, mesmo que de maneira inocente, a mulher de Remus poderia trazer à tona assuntos doloridos para Mia.

Não pela primeira vez, a única Marota agradeceu sua formação em Psicologia, Psiquiatria e Psicocura. Essa bagagem, além da terapia, é que possibilitava Mia conviver com sua grande mágoa sem se entregar ao desespero. Se Tonks deixasse o assunto quieto, Mia conseguiria conviver com Severus sem se magoar ainda mais.

Mal Mia sabia que tudo que Tonks planejava era justamente bancar o Cupido e juntar o que ela considerava serem dois pombinhos.


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