Reféns de um segredo escrita por magalud


Capítulo 3
Dezessete




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Mia acordou cedo, deixou a estalagem e foi tomar seu café da manhã na confeitaria de Madame Puddifoot. Aquilo trouxe ainda mais lembranças, e ela não se esquivou a mais nostalgia.

Embora só no sétimo ano Severus tenha consentido em se aproximar dela, Mia sentiu o clima esquentar ainda no sexto. Houve uma aula de Poções, em especial, quando o Prof. Slughorn a repreendeu por ter alterado a ordem dos ingredientes, e Severus estranhamente a ajudou a corrigir a poção, para que ela obtivesse o resultado esperado.

Mas efetivamente, só no ano seguinte, com a ajuda de Lily Evans, Severus começou a dirigir a palavra a Mia. Isso acontecia mais na biblioteca. No local, claro, Madame Pince não deixava que eles falassem muito, mas pelo menos eles estudavam juntos.

Fora da biblioteca, contudo, eles eram impedidos de se falar. Os Marotos, principalmente Sirius, não podiam ver os dois juntos: logo enxotavam Severus, irritando Mia, que saía de perto. Severus não podia deixar de notar que, mesmo com a pressão dos amigos, Mia não deixava de falar com ele.

Os dois passaram a se encontrar às escondidas.

– Eu ainda não sei se você está aprontando alguma brincadeira com eles.

– Severus, por favor. Acha que isso tudo é uma brincadeira elaborada? Eu não faria isso com você. Nem com ninguém, claro, mas especialmente com você.

– Como assim?

– Sirius e os outros odeiam você, e acho que isso já foi longe demais. Você não merece mais isso.

– Eu já disse que pode ser melhor para você não ser vista andando comigo. Hugh Brindisi, de Corvinal, está querendo namorar você, e se você continuar andando comigo, ele vai desistir.

– Hugh é um pastel e um mauricinho. Eu jamais namoraria alguém assim. – Ela olhou para ele. – Prefiro você.

– Oh, obrigado pela preferência – zombou.

– Severus, eu não brinquei. Prefiro você. – Ela aproveitou para chegar mais perto dele. – Aliás, eu mais que prefiro. Eu quero muito.

Os olhos pretos se arregalaram, e Mia viu que ele ficou tenso. Então, lentamente, ela aproximou seu rosto do dele, mais e mais, e mais. Até que, finalmente, seus lábios se encontraram. Foi sem pressão, só o toque.

Ele não recuou.

Foi o começo de tudo.

Naquela manhã, em meio a goles de café com leite misturado à canela em rama, do alto de seus mais de 40 anos, Mia recordou-se do começo do namoro com um sorriso nos lábios. Aqueles tinham sido os tempos mais felizes de sua vida. Ela tinha 17 anos e tinha o rapaz a quem amava nos braços. O que mais ela podia querer? Eles não tinham responsabilidades, nem preocupações.

Exceto, claro, os Marotos.

Para evitar constrangimentos e desgostos que poderiam ter resultados mais sérios, eles decidiram namorar escondido. Aí ficou ainda mais gostoso, recordou-se Mia. Eles viviam escapulindo em cantinhos e corredores abandonados. O jogo de esconde aparentemente excitava Severus, que passou a ser audacioso em suas carícias. A jovem Mia tinha dúvidas sobre uma iniciação sexual com o rapaz de Sonserina. A Mia madura encarava a angústia de seu *self* adolescente com uma nostalgia de quem tem algo muito precioso guardado em sua lembrança.

Então, após a devida medida de sofrimento adolescente, Mia e Severus concretizaram seu amor. A troca de ardentes carícias teve lugar não na já conhecida Torre de Astronomia, mas sim numa sala de aula vazia, na qual os dois costumavam se encontrar. Era fim de ano letivo, o verão ia chegando, os N.I.E.M.s também, mas ambos estavam mais preocupados em tentar aliviar os hormônios.

Mia lembrou-se que Severus foi um cavalheiro perfeito. Conjurou um colchão, cobriu-o com lençóis sedosos e macios. Foi carinhoso e respeitoso, e procurou deixar Mia bem à vontade. Ele se preocupou com Mia na maior parte do tempo, até que os instintos tomaram conta dos dois. Só depois é que ele buscou seu prazer.

Por sua vez, Mia se entregou toda, de corpo e alma. Isso não quis dizer que ela foi passiva ou submissa, não. Ela se satisfez e proporcionou prazer ao homem que amava.

A noite foi mágica em vários sentidos.

Foi a primeira vez de Mia.

Depois daquilo, a relação deles foi a um nível mais íntimo. Mia estava completamente apaixonada e podia sentir que era correspondida. Ao menos, era o que ela achava.

A fofoqueira Bertha Jorkins começou a espalhar que tinha visto Severus beijar alguém atrás das estufas de Herbologia. Mia empalideceu: eles tinham se encontrado naquele local dois dias antes. O segredo estava ameaçado! Mas a ameaça não durou muito, pois Bertha recebeu uma azaração que a deixou na enfermaria.

– Sev, foi você?

– Bertha Jorkins não devia sair por aí espalhando coisas que não lhe dizem respeito. Se alguém não gostou, bem, ela deveria esperar por isso, não? E não que eu esteja admitindo que fui eu quem a azarou.

– Olhe, Hogwarts toda sabe que Bertha adora uma fofoca. Mas por favor, prometa que não vai mais azarar ninguém só por ser fofoqueiro.

– Eu não disse que azarei.

– Eu sei que não disse. Só me prometa, por favor.

– Está bem.

Com um beijinho, o assunto se resolveu. Pelo menos era o que Mia tinha pensado.

No dia seguinte, após o almoço, uma confusão se armou numa das entradas do Grande Salão. Mia só chegou tarde demais, mas os envolvidos não causaram surpresa: mais uma vez, Snape e seus amigos se confrontavam com os Marotos.

Ela chegou sem esconder sua irritação:

– Parem com isso! Querem chamar a atenção de Filch?

Sirius parecia enojado:

– Não aconteceu nada, Mia. Foi só um aviso para esse seboso ficar longe de você!

– Quantas vezes eu já te pedi para deixar ele em paz, Sirius?

– Não o suficiente para ele achar que pode chegar perto de você! Ele fica rondando a gente, querendo saber, querendo ficar perto de você! Você não gosta de gente que não lava o cabelo nem as cuecas!

Risadas irromperam entre os Grifinórios, às quais Severus respondeu com um olhar de desprezo e um comentário ácido:

– Ao menos eu não me escondo atrás de garotas.

– Seu nojento! – gritou Sirius, partindo para cima dele. – Agora você vai ver só!

Os dois grupos estavam a um passo de partir para o confronto aberto, quando uma voz gritou:

– Lá vem o Filch!

Foi o suficiente para muitos dos envolvidos debandarem na hora, sem nem olhar para trás. Mas Sirius teve que ser contido por James e Remus, e ainda assim gritava para Severus:

– Isso não acabou, Snivellus! Você vai ver só!

– Tente o melhor que puder, Black – desafiou Severus. – Pode vir.

Foi quando uma voz irritante gritou:

– ARRUACEIROS! ARRUACEIROS!

Peeves tinha entrado na história, e aí não deu tempo de dizerem mais nada. Os dois grupos se separaram, indo em direções opostas. Mia olhou Severus se afastando pelo corredor, com os demais sonserinos.

Mal sabia ela que Severus estava se afastando para sempre.


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