Impossível | Cobrina escrita por Bruna


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Quem acompanha TVD, vai notar que a one é baseada, mas só baseada - já que não segue o mesmo roteiro - no episódio 3x19, onde Damon e Elena embarcam em uma viagem e tudo mais. Então, não é mera coincidência, hahaha.

Queria agradecer a Mai. Ela sugeriu e eu a escrevi. Essa é pra você, Mai! Muito obrigada. Por tudo!

É isso.

Boa leitura!



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22h:48min. A hora perfeita para eu sair sem gerar desconfiança.

Peguei minha carteira e as chaves no balcão do QG. Thawick iria assumir durante o final de semana. Ele estranhou, e tentando colocar fim naquilo, disse que ia visitar uns parentes. E ele pareceu acreditar.

Entrei no carro, jogando a bolsa que estava em minhas costas no banco de trás. Estava pronto para dar partida e ir embora, mas uma certa lutadora invadiu meu carro.

— Eu vou e você não vai me impedir — disse a garota antes que eu falasse qualquer coisa ou tomasse qualquer atitude.

Ka assim como eu, jogou sua bolsa de uma maneira qualquer no banco de trás.

— Você tava me espionando? — perguntei descrente.

— Talvez... — ela não daria o braço a torcer. Mas sabia que a garota trabalhava naquilo há dias — Agora vamos! — resmungou.

Fechei os olhos enquanto coçava a nuca, pensando no que faria. Adiar a minha ida não era uma opção. Não podia perder tempo. Ela sabia disso. E dadas as circunstâncias, não tive outra opção a não ser levá-la comigo. E lá estávamos nós, em uma aventura para o desconhecido.

— Ainda dá tempo de voltar, Karina — tentei, dobrando a esquina.

Ela precisava desistir daquela ideia absurda.

— Eu não vou!

— Mas devia.

— Eu devo isso a ela — não precisei perguntar para saber de quem ela falava, mas a garota resolveu completar mesmo assim — Pela Nat... — foi um sussurro quase inaudível.

Suspirei.

O silêncio pairou sobre o local. Era incômodo.

— Duca vai me matar se souber que você veio comigo, garota — comentei.

— Eu não conto, você não conta... — começou impaciente — Problema resolvido!

— Seu pai va ­—

— Cobra! — quase gritou — Ninguém vai saber. Relaxa, cara! — pediu ainda exaltada.

Segundos depois, olhando de relance, vi quando um sorriso pendurou em seus lábios e soube naquele instante que um comentário debochado deixaria sua boca.

— O quê? — me adiantei.

— Acho que você tá andando muito com o Duca — ela fez uma pausa — Tá ficando bonzinho e preocupado.

— Qual é, Ka! — uma de minhas mãos deixou o volante e seguiu até aos curtos fios, os bagunçando — Uma vez marginal, sempre marginal! — pisquei, fazendo com que ela gargalhasse.

E ouvindo aquela risada preencher o carro, soube que a viagem não seria em vão. Eu a teria do meu lado. Ela valia todos os riscos.

— Como cê enrolou o Lobão, Ka? — perguntei curioso.

Ela ainda morava com ele, e não seria qualquer desculpa que o mestre acataria. E para deixá-la sair em uma sexta feira à noite, teria que ser uma das boas.

— Disse que... — fez uma pausa. Eu não tinha uma visão completa da garota, a olhava de relance, mas pelo tom, sabia que ela estava a ponto de corar — Disse que ia passar a noite contigo — soltou de uma vez, liberando a respiração que nem sabia que prendia.

E eu entendi o porquê de ele a ter liberado. O cara sempre achou que rolava algo entre nós.

A marrenta era esperta.

— O que não é uma mentira... — lhe lancei um breve sorriso, a consolando. Tentando pôr fim àquele rosado que preenchia sua face. Era lindo vê-la corar.

Ela concordou em resposta.

— Então, para onde estamos indo? — perguntou depois de um tempo.

— Angra — respondi enquanto uma minhas mãos ia até minha bermuda — Aqui! — entreguei o pedaço de papel amassado quando o encontrei.

— Duca que te entregou? — encarou o papel.

— Foi.

Nos últimos dias, eu e o garoto de ouro estávamos colhendo provas sobre o tal esquema da Khan. Esquema esse que ele me garantiu que existia. Duca, com a ajuda de Karina, conseguiu entrar no apartamento dele, e foi lá onde encontraram esse endereço. Bem na toca do Lobo.

Poderia não ser nada demais, mas tínhamos que conferir. Toda e qualquer informação nos era útil. E mesmo que fosse um tiro no escuro, eu estava disposto a perder a bala.

Me perguntei o motivo para eu estar tão envolvido naquilo a ponto de querer bancar o herói. Mas ao olhar para o lado, tive a reposta.

Karina.

Sempre por ela.

Ela queria estar com Gael. E eu queria ajudá-la. Além de Lobão ser preso pelo tal esquema, Karina poderia voltar, finalmente para os braços do pai. Do verdadeiro pai.

Nenhum de nós falou nada por um tempo, por um longo tempo.

Ka apoiou a cabeça na janela do carro enquanto cantava baixinho uma música que eu não conseguia identificar. Quando minutos depois virei para olhá-la, percebi que ela havia dormido. A estrada quase deserta me permitiu admirá-la por alguns segundos.

O rosto sereno transmitia uma tranqüilidade que eu me perguntava se existia dentro dela. A boca prendia um pequeno bico. Meses se passaram, mas eu ainda sentia a maciez daqueles lábios sobre os meus. Quentes e doce. Tão convidativos para uma Cobra. Meus olhos desceram um pouco, e me arrependi quando eles encontraram o maldito decote. Discreto, mas o suficiente para fazer minha imaginação ir longe. A blusa cinza e larga me fazia imaginar como era atrás daquele fino tecido. Como magnetismo, meus olhos desceram ainda mais, encontrando aquelas pernas tão bem definidas e torneadas.

Ela era gostosa.

Pensamentos impuros para um irmão, sorri ao lembrar da nossa conversa sobre a nossa irmandade. Que de uns tempos pra cá, eu me perguntava se realmente existia.

Voltei a minha atenção para a estrada, tentando conter aqueles pensamentos.

Quando avistei um prédio alguns metros depois, estacionei sem hesitar. Nós precisávamos descansar e estava fora de cogitação dormir no carro. Se eu estivesse sozinho, com certeza faria aquilo. Mas ela precisava de um mínimo de conforto.

— Pequena... — tendo todo o cuidado para não reparar demais na garota.

Ela abriu os olhos lentamente, um pouco atordoada.

— Tô cansado, Ka — informei — Vamos ter que parar.

— Motel? — arregalou o lhos ao ler o letreiro do prédio que piscava em luzes avermelhadas. Seu sono pareceu se for em poucos segundos.

Sorri de lado, pegando nossas bolsas e saindo do carro. Já poderia prever aquela reação.

— É o que temos por hoje.

Ela resmungou um pouco, mas pareceu concordar depois de um tempo.

Fomos até a recepção onde um velho barbudo fumava algo, nos observando ir até ele. Ele encarou Karina por longos segundos. A garota tinha seus olhos fixos no chão, estava constrangida.

Mesmo com toda aquela marra, certas coisas ainda a desmontavam.

— Qual é, cara? — intimidei.

— Ela não é muita novinha pra você? — me lançou um sorriso asqueroso, e com ele a fumaça que ele fizera questão de soltar na minha cara.

— Não, não é — garanti, tenteando me controlar.

Ele pareceu pensar, mas ao ver algumas notas que eu havia o jogado, não teve dúvidas do seu próximo passo. Pegou uma chave atrás de si e me entregou.

— 2365, segundo andar — informou — Tenham uma boa noite, casal.

Agradeci.

Karina corava diante do comentário do velho. Foi inevitável não sorrir diante daquilo. E para provocá-la ainda mais, a puxei para mais perto, em um abraço.

— Então, que tal aproveitarmos a noite? — sussurrei em seu ouvido enquanto subíamos as escadas. Ela se encolheu, arrepiada. Ka me empurrou com um sorriso, o que me fez perder o equilíbrio, que por sorte o recuperei logo. Prevendo meu próximo movimento, a garota saiu correndo enquanto gargalhava. Como estava a alguns passos à minha frente, pude ter uma bela visão de sua bunda. E que bunda.

Passei pela garota, a entregando sua bolsa. Abri o quarto o mais rápido que pude e segui em direção ao banheiro. Precisava de um banho. Um banho frio.

Depois de longos minutos, finalmente saí de lá. E a cena que vi me fez sorrir.

Karina segurava uma garrafa de uísque e dois copos com gelo.

— Cortesia da casa — disse animada. E vendo toda aquela empolgação me perguntei se ela havia começado sem mim — Agora pega!

K foi até o banheiro.

Peguei a garrafa de uísque e os copos que a garota havia me dado, indo até a varanda que cercava todo o andar do prédio. Andei até a pequena grade que batia um pouco acima da minha cintura, e tive toda a visão do andar de baixo. Inclusive, do cara no balcão. O chamei e o agradeci pelo pequeno agrado. Ele apenas acenou.

Sentei no chão, minhas costas apoiadas naquelas barras frias de metal. Me servi e passei a beber lentamente.

Não estava nos meus planos. Mas já que a bebida estava ali, iria aproveitar.

— Começando sem mim, Cobreloa... Que coisa feia! — a voz de Ka soou após alguns minutos.

E ali de baixo, nada era feio. Seu short ainda era o mesmo e agora ela vestia uma blusa azul larga. Meus olhos mudaram de foco rapidamente, temendo que aquelas... coisas voltassem de novo.

Karina escorregou pela parede, sentando em minha frente.

Ela segurou o copo vazio e o balançou em minha direção, em um pedido. E contra todas as suas expectativas, peguei a garrafa ao meu lado e a servi.

— Você não vai me proibir disso? — perguntou descrente.

— Duca faria isso — deixei claro — E eu até faria o mesmo, mas nós sabemos que seria em vão.

— É, seria — concordou, dando um pequeno gole no uísque em seu copo. Ela fez uma leve careta, mas continuou assim mesmo.

Ficamos conversando durante um bom tempo enquanto bebíamos. Os assuntos eram os mais diversos. Seu pai, os treinos, Lobão, a vida... E quando perguntei sobre seu relacionamento com o guitarrista, ela soltou um “sem eles por hoje, ok?”. Eles. No plural. Não precisei pensar muito para saber de quem ela falava. Pedro e Jade.

— Por que não deixa as pessoas verem o bem em você, Cobra? — me perguntou de repente. Sabia que ela se referia ao fato de eu estar ajudando com aquilo tudo.

— Não quero ver com as expectativas de ninguém. Talvez nem com as minhas. Então, é melhor ser o marginal de sempre... — dei um grande gole no copo de uísque, fechando os olhos. Sentia que o álcool já fazia efeito.

Ka roubou o copo da minha mão, tomando o resto da bebida de uma só vez.

— Ei, mocinha — segurei seu pulso ao notar que suas mãos iam até a garrafa — Já chega. Não quero tomar conta de uma bêbada — brinquei. Ela não estava bêbada, talvez um pouco. Mas nada que comprometesse, totalmente, sua lucidez.

— O impossível te atrai, né? — Ka perguntou em um sussurro, se aproximando um pouco mais.

— Você não tem noção do quanto... — meus olhos encaravam seus lábios sem pudor algum. Me referia a ela. Meu pequeno impossível.

Também me aproximei um pouco. A distância agora era quase inexistente.

— Você tá errado, Cobra... — sua voz estava arrastada.

Nossos narizes se roçavam. E eu me perguntava até onde iríamos com aquilo.

Você atrai o impossível — frisou a palavra — E não tem noção do quanto...

Sorrimos antes de finalmente acabarmos com aquela distância.

Não foi um beijo calmo como da primeira vez. Era urgente, selvagem e eu poderia jurar que tinha um pouco de saudade nele. Poderia, mas não o fiz. Talvez fosse apenas o álcool fazendo efeito.

Enquanto mordia seu lábio inferior em busca de ar, minhas mãos encontraram sua cintura, a cercando com meus braços. Senti as mãos dela em minha nuca. Suas unhas, mesmo que pequenas, cravaram ali, me fazendo soltar um gemido rouco que foi abafado por sua boca que voltou com toda a urgência para a minha.

De alguma maneira, consegui me levantar. O choque de seu corpo com a parede a assustou, mas durou pouco tempo. O susto foi rapidamente substituído por desejo. Os olhos em que eu tantas vezes me perdi, agora dilatavam de desejo. Por mim. Sorri sem controlar.

Uma de suas pernas me cercou, nos aproximando ainda mais. Ela não sabia, ou talvez soubesse muito bem, o efeito que aquilo tinha sobre mim. Ou sobre qualquer homem.

Uma de minhas mãos foi até sua coxa, a acariciando. Lentamente a desci até a parte que me fez perder a cabeça quando havíamos chegado. Foi inevitável não apertar sua bunda. O gesto fez a loira levantar um pouco e um gemido baixo e rouco deixar sua boca. Sorri entre o vão de seu pescoço ao ouvi-la.

As mãos dela se revezavam em bagunçar alguns fios do meu cabelo de uma maneira adorável e excitante e arranhar minha nuca e costa, mesmo a última ainda estando coberta pelo tecido.

A única coisa que se ouvia naquele andar extremamente vazio, eram as nossas respirações ofegantes e, talvez, as batidas de nossos corações que pareciam martelar em nosso peito.

Karina me levaria a loucura se não parássemos com aquilo naquele instante.

Quando fiz menção de me afastar, ela puxou alguns fios do meu cabelo com uma força desnecessária, me aproximando novamente, Era para ter sido doloroso, mas a última coisa que senti foi dor.

— Não... — sussurrou, aproximando nossas bocas em um selinho demorado.

E aquela foi a deixa. Antes que me arrependesse ou qualquer pensamento lúcido passasse por minha mente, eu a guiei até a porta. Entramos no quarto e fechei a porta em um baque.

Estávamos na beirada da cama, ainda nos beijando. Quando o maldito oxigênio se fazia necessário, meus lábios iam até seu pescoço distribuindo beijos e chupões por toda aquela extensão. Sabia que os últimos deixariam marcas ali, mas não me importei.

Karina puxou a barra da minha blusa, em um pedido. Eu a tirei rapidamente. Ka fez o mesmo com a sua.

Quando meus olhos encontraram os seus seios ainda cobertos pelo sutiã, percebi que a visão era mil vezes melhor da que eu imaginara. E quando ela fez menção de corar devido a intensidade com a qual eu a olhava, meus lábios encontraram os dela novamente. E da maneira mais calma que consegui, a deitei na cama. Minhas mãos foram até a gaveta do criado-mudo em busca de um preservativo.

E ali, com ela quase entregue, lembrei do uísque e dos copos que havíamos abandonado na varanda.

Álcool. O beijo tinha sabor de álcool. E era nele que colocariam a culpa no outro dia.


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Notas finais do capítulo

É isso, galera!

Se gostaram, comentem, favoritem e recomendem. Tudo isso é muito importante pra mim.

Beeeeeijos e até qualquer dia.