– Diego, olha pra mim - me virei para trás e dei de cara com um homem alto, vestia uma capa preta com um capuz grande o suficiente para esconder seu rosto e nas suas mãos tinha um machado gigante onde se apoiava.

– Agora sim, podemos conversar?

– Quem é você? O que quer comigo?

– Não seja ingênuo, não me reconhece? Machado, roupas pretas, realmente não te lembra alguém?

– Morte? - disse tão baixo que não ficaria surpreso se o homem não me ouvisse.

– Dã. Mas vamos direto ao assunto, você só tem um mês.

– O que? Um mês? O que isso significa? - Você é lerdinho mesmo hein. Você só tem mais um mês de vida, tinha dois, mas devido a meu ódio de você diminuí o prazo. Não me agradeça.

– O que? Não é possível, o que faço agora? E porque me odeia?

– Simples, você é muito bom, odeio gente assim. E faz o que todo mundo faz quando descobre que vai morrer, realize todos os seus sonhos enquanto pode. E sugiro que corra, porque no dia 17 do outro mês, exatamente à meia noite venho te buscar.

Levantei apressado, meu corpo estava completamente molhado de suor e minhas mãos tremiam como um celular no modo de vibrar. Foi tudo tão real que não diria que foi um aviso em forma de sonho. "O que todo mundo faz quando descobre que vai morrer, realize todos os seus sonhos enquanto pode." Então é melhor eu começar minha lista.

1- Nadar pelado no mar

2- Andar de cavalo no centro de NY

3- Beber tanto até passar mal

4- Beijar Charlotte Jhonson*

– Um mês de vida? E é isso que você quer fazer?

– Exatamente, vai me ajudar ou não?

– Olha cara, é muito complicado - já ia começar a apelar para o drama quando Adam continuou:

– Prefere um cavalo preto ou branco?

– Sabia que você não ia me deixar na mão cara - pulei no braços dele dando um abraço tão apertado que quase o matei.

– Porque esse número quatro na em negrito e com um asterisco?

– Porque é o desejo principal, você sabe, sou apaixonado pela Charlotte desde que nasci.

– Ah cara, ainda não superou isso? Se você não tivesse prestes a bater as botas juro que te daria um tapa.

Passou-se vinte e nove dias desde o tal aviso, todos os meus desejos foram realizados, nadei pelado na praia de São Francisco (e quase fui preso por isso), eu e Adam passeamos pelo centro de Nova Iorque e causamos o maior caos e além disso bebi tanto que vomitei em cima do vestido de uma madame que não pareceu muito feliz, nunca fui tão observado em toda a minha vida, realmente me diverti muito nesses últimos dias, mas faltou um último desejo a ser realizado: beijar Charlotte Jhonson. Já tinha me aproximado o suficiente dela para poder tentar beijá-la, Adam tinha me dito para contá-la sobre meu prazo de vida logo, que assim ela não me negaria um beijo, mas eu não queria que fosse assim, queria que ela me beijasse porque queria me beijar, não por pena. Então faltando apenas algumas horas para terminar o prazo marquei de me encontrar na praia com Charlotte para um piquenique, estava tudo perfeito.

– Diego? - Olhei para trás e lá estava ela, completamente linda, com um vestido florido que ia até a metade de suas coxas, o vento balançava levemente seus cabelos ruivos, e seus olhos verdes estavam quase imperceptíveis atrás dos óculos.

– Desculpe o atraso.

– Não, tudo bem Charlie, eu que cheguei cedo. - Disse enquanto entregava um buquê de rosas vermelhas para ela.

Ela sentou ao meu lado e ficamos horas conversando, comemos quase todos os sanduíches, rimos e brincamos muito, até que olhei no relógio e vi que eram 23:58, nem tinha percebido o tempo passar, foi quando me aproximei lentamente dela, inclinando minha cabeça para beija-la, seus olhos se fechavam vagarosamente a medida que me aproximava, nossos rostos estavam tão próximos que sentia sua respiração, mas faltando menos de um centímetro para nossos lábios se tocarem ouvi uma voz:

"Desculpe-me".

Tinha chegado a hora, fui embora logo após realizar todos os meus sonhos.

Bom, quase todos, exceto o mais importante.