[HIATUS] Savin' me escrita por PC Boêta


Capítulo 4
A seleção


Notas iniciais do capítulo

Já vou avisando que o capítulo não ficou exatamente como eu queria... Bom, eu escrevi 3 capítulos diferentes mas com o mesmo tema e o que eu acho que ficou melhor e mais condizente com a história foi esse.
Ah! E eu não revisei... Então, perdoem-me pelos erros que possam ter.
Então, enjoy it!
E boa leitura.



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Hermione sentou-se ereta, ao perceber que o trem diminuía a velocidade gradativamente, relanceou o olhar ao redor e percebeu que todos os seus amigos estavam dormindo.

“Gina! Gina, acorde!” sussurrou chacoalhando o ombro da amiga suavemente. Aos poucos todos acordaram olhando ao redor com os olhos nublados de sono e confusão. Então depois de alguns poucos segundos começaram a conversar animados. Hermione se desligou das palavras desconexas que dançavam em seus ouvidos e se concentrou nas gotas de chuva que fustigam a janela furiosamente. Mexia na ponta de seu cabelo preso com capricho no alto da cabeça e se imaginava com a chuva: forte e implacável. Durante a guerra, ela havia sido obrigada a ser corajosa e manter a pose de heroína... Porém nunca passou da pequena menina indefesa que se escondeu no banheiro feminino no primeiro ano e chorou por não ter amigos.

Quando o trem parou completamente, com um silvo fraco em meio às trovoadas, pôde-se ouvir o barulho das portas das cabines aos lados se abrindo. Todos na cabine de Hermione se levantaram e pegaram seus malões e gaiolas nos bagageiros e foram, um a um, para o corredor do trem que estava abarrotado de alunos com seus bichos bufando e chiando. Neville havia continuado com um sapo, que coaxava alto, mas o havia batizado de Greg. Gina tinha pego outro pufoso na Gemialidades Weasley e o nomeado em homenagem à Fred. E Luna dizia que não precisava de um bicho de estimação só seu por já ter muitos zonzóbulos dançando em torno de sua cabeça e bagunçando seu cérebro. Avançando lentamente por entre os colegas Hermione conseguiu chegar à plataforma e, rapidamente, correu para a primeira carruagem que conseguiu alcançar para poder se livrar das grossas gotas de chuva que estavam deixando-a encharcada. Ela olhou pela janela e pode ver as luzes distantes do castelo borradas pela torrencial chuva que se derramava ao redor. Abaixando um pouco os olhos, pode ver a forma difusa dos testrálios que puxavam as carruagens para o castelo. Depois da guerra, infelizmente, quase todos os alunos podiam vê-los. A pele negra colada aos ossos e as órbitas brancas e fundas davam um ar fantasmagórico aos dóceis cavalos alados que Hagrid havia domesticado com tanto carinho.

Luna, Neville e Gina se juntaram à Hermione na carruagem que, após ter a porta fechada, começou a subir aos solavancos a estrada até Hogwarts.

***

Draco suspirou quando percebeu que a chuva só aumentava a medida que o trem diminuía a velocidade próximo à estação de Hogsmeade. Rolou os olhos para Blasio quando o trem parou na plataforma que acenou afirmativamente com a cabeça, encorajando-o. Suspirou novamente fechando os olhos com força. Ele havia escolhido voltar por mais difícil que imaginasse que o ano seria. Ele sabia desde o início quais seriam as consequências de suas escolhas e atitudes; tendo ele permanecido neutro, do lado negro ou do lado bom da guerra. E quando se viu sem alternativas, a não ser se juntar ao lado negro para proteger sua família, percebeu que por mais que resistisse à tudo aquilo... Ele, ainda assim, seria julgado. Seria julgado pela escolha que fora obrigado a fazer. Porque as pessoas são assim: elas não esperam provas e indícios de sentimentos para fazer uma percepção sobre algo. As pessoas simplesmente julgam por hábito. Um hábito que já está tão arraigado nelas que passa despercebido. Draco suspirou novamente abrindo os olhos e se levantou.

Apanhou seu malão e a gaiola de Ethan, sua coruja, e se encaminhou com Blasio para o corredor apinhado de alunos. Todos que reparavam em Draco se afastavam para os lados para lhe dar passagem. Sua boca estava crispada de desgosto mas, fora isso, seu rosto estava impassível. O queixo erguido, os olhos azuis acinzentados semicerrados de forma altiva e o andar alinhado, como sempre. Passando pelos alunos, com cuidado, se encaminhou para a saída na primeira porta que encontrou e correu para a carruagem mais próxima que estava desocupada. Blasio se juntou à ele e, quando os testrálios perceberam que mais ninguém entraria, rumou sacolejando pelo caminho enlameado através dos portões da escola.

***

A entrada do castelo estava lotada de estudantes chacoalhando as cabeças e abanando as mãos nas capas para tirar as grossas gotas de chuva que se acumulavam, encharcando-os. As portas para o Salão Principal estavam abertas mostrando as milhares de velas suspensas iluminando o ambiente. O teto do salão estava escuro, cinza chumbo, carregado de nuvens... O que imitava o céu do lado de fora. Várias cabeças se encaminhavam lentamente, conversando animadamente, para o Grande Salão. Uma grande juba de cabelos castanhos, presos firmemente em um rabo de cavalo no alto da cabeça, tinha acabado de passar pelas portas se encaminhando para a mesa, que tinha uma bandeira vermelha com um leão e adornos dourados acima, no extremo do salão e se sentado no grande banco olhando pensativamente para o céu tempestuoso. Enquanto isso uma massa lisa de cabelo loiro prateado se encaminhava, pouco depois, para uma mesa no outro extremo do salão, que tinha uma bandeira verde com uma serpente e adornos prateados.

***

Hermione pensava sobre coisas aleatórias. Sua mente vagava rapidamente pela seleção, pela monitoria, as matérias, as mudanças que ela pretendia fazer em sua própria personalidade. Quando chegou nesse assunto sua mente estacionou se perguntando se seria certo mudar tanto apenas para agradar às normas sociais pré-estabelecidas pelas pessoas. Talvez ela devesse continuar sendo como era. Talvez, só talvez, ela não precisasse mesmo se importar com a opinião que os outros formavam à respeito dela. Ela poderia continuar fazendo o que gostava, do jeito que gostava e, justamente, porque gostava. Não precisava dar satisfação pra ninguém e muito menos precisava se importar com o que achavam que ela devia ser. Ela seria Hermione, apenas Hermione. Inteligente, amorosa, atenciosa, estudiosa, caprichosa. Seria feliz custe o que custasse. Independentemente do que o futuro à reservasse.

“Boa noite! Bem vindos: bem vindos de volta aos antigos alunos e bem vindos aos novos alunos!” fez-se ouvir a voz da profª McGonagall.

Draco estava sentado entre Blasio e Pansy. Olhando para o prato de ouro em sua frente e tentando rechaçar com a mente todos os olhares que ele sentia arder em seus ombros. As pessoas deviam achar que ele não percebia mas ele podia sentir suas costas serem perfuradas com os olhares rancorosos que lhe eram lançados. Suspirou e levantou os olhos quando a voz da profª McGonagall tornou a falar.

“Gostaria de dizer algumas palavras antes de podermos nos deliciar com o excelente banquete...” ela fez uma pausa sorrindo calmamente e olhando para todos os cantos do salão através dos óculos de aro quadrado que a deixava com uma aparência rigorosa. Ela usava vestes púrpura, de gola alta e o cabelo preso firmemente por um coque na nuca. Ainda sorrindo voltou a dizer:

“O Sr. Filch gostaria que eu lhes informasse que a floresta que faz parte da propriedade da escola ainda é proibida à todos os alunos e que os objetos adquiridos na loja Gemialidades Weasley, também, não são permitidos.” Ela balançou a cabeça levemente para os lados e seu semblante tornou-se mais grave. “Receio que tenhamos que falar sobre os incidentes recentes... Mesmo que seja um assunto triste para todos aqui.” Sua testa se vincou e ela olhou ao redor enquanto todos os rostos no salão se tingiam de dor. “Por mais desagradável que seja, para todos, relembrar o quanto perdemos durante a guerra... Quero que isso sirva de trampolim para algo maior. Todos que estão nesse salão foram abençoados com a sorte de poderem continuar vivos, lutando e aprendendo que pré-conceitos são formas cruéis e desmedidas de brutalidade pessoal. A cada pessoa que atingimos com nossas especulações ou julgamentos, tornam-se pessoas que poderiam ser algo maior em nossas vidas no futuro.” Ela olhou para a mesa da Grifinória e continuou:

“Fred Weasley era ousado, engraçado e corajoso. Muitas das qualidades que definem a casa de Grifinória foram perdidas através dele para que esse dia chegasse: o dia de liberdade. O dia em que deitamos nossas cabeças em nossos travesseiros à noite e podemos dormir tranquilamente, sabendo que não há um sussurro atrapalhando o mundo que amamos e vivemos.” Os olhos de todos na mesa de Grifinória estavam banhados de lágrimas quando a profª McGonagall virou a cabeça lentamente, olhando para a mesa da Corvinal:

“Miguel Corner era inteligente, de mente aberta e estudioso. Corvinal perdeu um integrante de grande fibra moral e querido. Mas não foi em vão que o mundo mágico perdeu Corner... Foi para que o alvorecer fosse mais bonito e o anoitecer menos angustiante.” A mesa da Corvinal permaneceu calada e de cabeça baixa ao ouvir a profª discursar sobre o colega.

“Cedrico Diggory era aplicado, leal e paciente e foi o primeiro aluno que perdemos na guerra contra o mal. Lufa-Lufa sabe o que é a dor da perda de um amigo desde que Diggory foi assassinado sem dó ou piedade no início da ascensão das artes das trevas, 4 anos atrás. E, a partir da morte dele não olhamos mais para nós mesmos igual. Ele lutou bravamente para que possamos ter paz de espírito.” Ela disse cabisbaixa olhando para a mesa da Lufa-Lufa onde todos choravam copiosamente na manga das vestes.

Todos imaginavam o que vinha a seguir e muitas cabeças começaram a se virar para a mesa da Sonserina, onde os alunos estavam com a cabeça baixa e encaravam as próprias mãos. A profª McGonagall foi a última a virar seu olhar para a mesa contudo foi a única que não a olhava de forma odiosa, acusatória ou rancorosa.

“Sonserina... Eu poderia soar indagadora e chateada ao dizer sobre. Mas como poderia sendo que o próprio Merlin foi desta casa?” Ela sorriu amavelmente ao dizer isso. “Tom Riddle, que preferia ser chamado de Lord Voldemort, pertenceu à casa de vocês e fez coisas terríveis... Entretanto, Severo Snape, também membro de sua casa, foi o homem mais corajoso que todo o mundo bruxo já viu.” Ela suspirou e uma lagrima solitária lhe escorreu pela bochecha enquanto ela, calmamente, a limpava com as costas da mão. “Sonserina pode ter má fama pelos estudantes que já passaram por sua sala comunal mas não deixemos que o preconceito nos cegue. Foi pra isso que Snape morreu... Para mostrar-nos que julgar pelas aparências não nos leva a nada.” Ela sorriu, cansada, e abriu os braços abarcando todo o salão em um abraço imaginário.

“Não deixemos que as nossas diferenças nos façam inimigos... Afinal, nós não somos.” Ela finalizou enquanto todos juntavam as mãos em palmas que rapidamente cessaram. “Agora, vamos à seleção!” ela anunciou e as portas do salão se abriram repentinamente com o profº Flitwick encabeçando algumas dúzias de alunos primeiranistas.

Todos olhavam assustados para o teto, para as mesas. Os rostos ansiosos disparavam dos professores alinhados na mesa ao fundo do salão para os fantasmas, que ocasionalmente disparavam entre uma mesa e outra para falarem em tom grave. Chegando próximo à mesa principal, o pequeno profº Flitwick alinhou os alunos e colocou os velhos banquinho de três pernas e Chapéu Seletor sobre ele. Passado alguns instantes, o rasgo junto à aba se abriu e o Chapéu entoou uma canção:

“Livre de todo horror Hogwarts hoje está,

Oh! Que alegria poder cantar novamente,

Sabendo que salvos estamos de todo terror que

Nos estava sendo infligido.

Hoje eu vos selecionarei para sua casa,

Que será sua família pelos próximos sete anos

Em que você estudará magia aqui.

Não tema! Não tema! Não tema!

Eu adentrarei seus sentimentos e vontades,

Seus desejos mais secretamente escondidos,

E assim, então, poderei dizer a que casa

O seu coração, realmente, pertence.

Será na Grifinória que você encontrará abrigo,

Junto dos leões ousados e de coração de fibra.

Ou será na Lufa-Lufa onde fará seus verdadeiros amigos,

Sempre sinceros e justos que te estenderão a mão.

Talvez na Corvinal você encontre os seus iguais,

Sábios e de grande espírito que te ajudarão a alçar sabedoria.

Ou, finalmente, a Sonserina será sua família,

Onde encontrará seus iguais, astutos e ambiciosos.

Deixem-me ler seu coração

E eu te ajudarei a aperfeiçoar as qualidades

Que antes não foram usadas!”

Todos bateram palmas depois que o chapéu amoleceu, finalizando a canção, sob o banquinho.

“Assim que eu chamar os seus nomes, venham até aqui, sentem-se no banco e eu colocarei o chapéu em suas cabeças. Quando ele anunciar a casa, encaminhem-se para a mesa correspondente.” Profº Flitwick disse e prosseguiu. “Amber, Rosa.” Uma menininha de cabelos claros e olhos cor de caramelo se adiantou e sentou-se no banquinho. Depois de alguns segundos...

“Sonserina!” poucas palmas foram ouvidas. E ficou claro que tudo que a profª McGonagall havia dito ainda demoraria a se confirmar. O preconceito ainda era grande demais, recente demais. E assim a seleção prosseguiu até o ultimo primeiranista ser selecionado. Então a profª McGonagall levantou-se.

“Bom, sejam todos bem vindos, novamente. E bom apetite!”

Então as travessas se encheram nas mesas e o jantar prosseguiu com conversas paralelas, ocasionalmente.


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Notas finais do capítulo

Não esqueçam de comentar! Me digam o que acharam, o que precisa ser melhorado e o que vocês querem que aconteça... Talvez eu até ouça hahahha
Beijão e até o próximo!



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