Segunda Feira

Levantar da cama era a última coisa que Maura queria fazer, mas o trabalho chamava, tinha medo do que iria acontecer quando chegasse no departamento, quando visse Jane de novo, o que diria pra ela? Teria que dizer algo? Aquilo tudo estava errado, ela não queria estar se sentindo assim, ela pensava que se não tivesse beijado Jane, ela talvez não estivesse nessa situação. Maura abandonou os pensamentos e levantou da cama, fez sua higiene, tomou café da manhã e se vestiu para o trabalho. E foi quando entrou no carro que seu celular tocou.

– Isles – Respondeu – Okay, estou indo.

Mais uma vitima havia sido encontrada. Deu a partida e dirigiu até o local do crime um apartamento de luxo. Quando já na cena, ela não desceu imediatamente do carro. Apenas ficou sentada por um minuto, focando na respiração, mas foi só ver a detetive Rizzoli, que seu coração acelerou, e por um momento ela quis voltar para casa o mais rápido possível. Mas não o fez, Maura saiu do carro e andou até a cena do crime. E levou um susto quando viu a vitima.

– Essa é.... – Não terminou a frase e logo Sam afirmou.

– Sim. A irmã, Payton.

– Estranho. – Ajoelhou-se perto da vítima, analisando atentamente cada detalhe.

– Quem a achou? – Aquela voz rouca fez Maura estremecer. Jane...

– O marido, eles compraram esse apartamento há pouco tempo, não querem voltar para o antigo – Boucher respondeu

– Imagino – Jane limpou a garganta, e relutante virou para Maura – Achou algo, doutora?

– Não, esse foi um assassinato limpo, quase não tem sangue aqui, então só vou poder dizer a causa da morte quando fizer a autópsia.

– Okay, obrigada – E saiu

– O que houve? – Perguntou Sam.

Maura o olhou, queria responder “nada”, mas aquilo não era nada, aquilo era tudo, então apenas abaixou a cabeça e voltou a olhar para o corpo frio de Payton. Logo se levantou e liberou o corpo, voltou para o seu carro, e seus olhos encheram de lágrimas, se arrependeu tanto de tudo aquilo, Jane mal a olhava diretamente. Teria que fazer algo, mas não agora, agora ela tinha uma autópsia a fazer.

Quando Jane viu Maura correndo para entrar em seu carro, pensou em ir falar com ela, mas não podia, não conseguia, simplesmente não conseguia olhar nos olhos de Maura sem sentir seu estomago virar de cabeça pra baixo, ela queria beijá-la novamente, e de novo, e de novo, queria beijá-la quantas vezes pudesse, apenas queria Maura para si. Mas ela tinha esse sentimento de que Maura apenas a beijou para experimentar a sensação, e ela não queria ser um experimento, porém quando lembrou do beijo, de todos os toques, ela sentiu que havia algo mais que não sabia o nome. Se lembra de ver os olhos de Maura completamente negros de desejo e por um minuto pensou. Talvez ela me quisesse tanto quanto quero ela.

No entanto, na mente de Jane uma mulher como Maura jamais se apaixonaria por uma mulher como ela. Maura era tudo o que Jane não era, e para Jane isso era razão suficiente. A detetive entrou em seu carro, e voltou para a BPD.

No necrotério Maura fazia a autópsia de Payton, quando foi interrompida.

– Doutora Isles?

– Olá Frost, entre – Ela cobriu a vítima para o detetive.

– Como estão as coisas aqui?

– Normais, eu ainda não tenho uma causa da morte.

– Ta certo. Então eu volto depois.

– Você vai vir? Por que a Jane não desce?

– Ela disse que estava com dor de cabeça.

– Sei... Obrigada Frost.

O detetive saiu da sala e ela continuou a autópsia.

Jane no andar dos detetives, estava observando o quadro branco coberto de fotos e anotações. Porém não prestava muita atenção, seus pensamentos estavam focados em Maura. Como ela queria ter descido no lugar de Frost, mas sabia que seria desconfortável demais.

– Jane?! – Korsak gritou

– Oi? Desculpa Korsak, eu estava distraída

– Tudo bem, vai querer participar do interrogatório do marido?

– Ah, não obrigada, eu vou...vou fazer algo por aqui mesmo.

– A doutora Isles não vai estar lá

– ...Okay, eu vou.

Korsak e Frost estranharam, mas não falaram nada, mexer com Jane brava já é ruim, Jane brava com Maura era pior ainda, então eles apenas foram à sala de interrogação.

– Boa tarde Senhor Ramson, sinto muito pela sua perda – Disse Jane sentando na cadeira em frente ao homem.

– Obrigada.

– Nos perdoe, mas temos que fazer perguntas. Você sabe de alguém que queria machucar sua mulher?

– Não, Payton é...era uma pessoa muito gentil, e fácil de fazer amizade.

– E você não notou nada de estanho nos últimos dias?

– Não, ela ficou bem abalada por causa da morte de Gabe, estava tomando remédios para poder dormir. E...bom, o ex-marido dela estava ligando bastante nas ultimas semanas.

– Ex-marido?

– Sim, Daniel Faluck, ele é cirurgião no Boston General Hospital. Ele estava ligando para Payton repetidamente, tanto que fomos para a casa de praia, onde desligamos os celulares, computadores, tudo.

– Gabe sabia dessa viagem de vocês? – Jane perguntou colocando os braços encima da mesa.

– Não, eu acho que não.

– E vo...- Korsak não conseguiu terminar, alguém batia na porta. Que logo foi aberta.

E lá estava doutora Isles. Frost levantou-se e foi até a legista que cochichou algo em seu ouvido. Sem demora ele voltou para a mesa e disse.

– Onde o senhor estava ontem, entre 17:00 e 20:30 horas?

– Eu... – pensou um pouco, tentando lembrar – eu estava no escritório, nem voltei pra casa, dormi lá;

Ele passou a mão nos cabelos loiros e tristemente disse

– Se eu tivesse voltado Payton poderia estar viva.

Os detetives se olharam, e logo encerraram o interrogatório. Já no lado de fora, Jane e Frost andavam até suas salas.

– O que você acha? – Perguntou a detetive Rizzoli

– Acho que tenho que checar o álibi dele, mas não sei se ele conseguiria matar a esposa.

– E quanto a Daniel Faluk?

– Isso eu já não sei.

– O que a doutora Isles te falou sobre a causa da morte?

– Ah sim, ela foi sufocada.

– Já pode fazer as anotações para a doutora. – Riu

– O que houve entre vocês, Jane? Estavam felizes e amigas, mas agora estão trocando farpas

– Não estamos trocando farpas. Nos viu brigando por acaso?

– Exatamente! Vocês sempre ficam provocando uma a outra, e quase não disseram “bom dia”

– Não é nada Frost, sério.

– Ei, eu sou seu amigo, e seu parceiro, se quiser conversar é só me chamar.

– Se eu quiser conversar, você vai ser a primeira pessoa a quem vou recorrer.

Em seu escritório, Maura relia suas anotações, mas foi interrompida por uma batida na porta.

– Entre – Ela disse

– Com licença doutora.

– Ah, olá Korsak, o que posso fazer por você?

– Jane.

– O que tem ela?

– Ela desmaiou.