Sou acordada por beijos calmos no rosto, abro os olhos e vejo Jane com um sorriso lindo, seus olhos brilhavam.

— Bom dia amor.

Eu poderia muito bem me acostumar com essas manhãs, com Jane ao meu lado, com o anel envolvendo seu dedo brilhando na luz do sol que vinha da janela.

— É você - minha voz sai mais sonolenta que imaginei.

— Tem mais alguém que te acorda com beijos? 

— Bom dia - digo sorrindo e lhe dando um breve beijo como resposta.

— Diga que eu sou a melhor noiva do mundo.

Ela levantou da cama e eu me sentei ainda nas cobertas. 

— Por que? - nunca sabia se ela estava prestes a pregar uma pegadinha ou não.

— Porque eu sou - Jane então pegou uma bandeja no aparador e trouxe até mim.

— Café na cama? O que fiz pra merecer? - pergunto já saboreando uma torrada.

— Você voltou. 

— Sempre voltarei.

— Não mesmo - a olho confusa - você não voltará sempre porque eu nunca mais deixarei você ir embora.

— Você me entendeu - digo sorrindo e tomo um gole do café na bandeja - Não é expresso? 

— Eu disse que eu era a melhor noiva do mundo. 

De fato Jane era a melhor noiva do mundo, mas não só isso, ela era também a melhor coisa que já me aconteceu, ela causou um impacto tão grande em mim desde que a conheci me mudando de certo jeito que me fez uma pessoa melhor, mas humana, antes dela eu era conhecida apenas como Dra. Isles, a rainha dos mortos, agora as pessoas me vêem como Maura, legista, amiga, colega de trabalho, e enfim, eu era tão robótica antes dela, afundada em livros sempre tentando adquirir mais e mais conhecimento, eu via como um modo de fazer as pessoas se interessarem por mim, mas meu jeito prolixo só os afastava, e então alguém se interessou, Jane se interessou. Ela viu além do meu conhecimento e me fez perceber que não preciso correr atrás para me encaixar. Afinal, quem gostaria de ser amiga de uma pessoa que passa a maioria do dia com mortos? Ela abriu meus olhos, e agora eramos duas pessoas perdidas no mar de rótulos e grupos sociais. 

   Como era sábado Angela estava preparando um de seus grandes porém simples, jantares. Frost e Amy apareceriam à noite, esse era como um jantar em família, uma comemoração intima em comemoração ao casamento de ontem à noite.

— Sabe... - Jane começou, tirando a bandeja de cima de mim e se colocando no lugar - Eu estava pensando - dizia beijando meu pescoço - talvez você devesse relaxar um pouco. 

— É mesmo? - digo entrando no jogo - Talvez uma massagem nas costas me ajudaria.

— Eu vou lhe fazer uma massagem, só não nas costas - ela sorri maliciosamente. 

Não respondo e me deixo levar, essa seria a nossa segunda íntima comemoração pelo recém noivado. 

Nossos lábios se encontram em um beijo ávido, suas mãos percorriam todo meu corpo lentamente me atiçando, os beijos se deslocam dos lábios para meu pescoço, minha clavícula, lóbulo, sinto o meio das minhas pernas se umedecer e arfo sentindo o prazer de seus beijos. Meu pijama é arrancado rapidamente junto com os seus, agarro seus cabelos procurando encontrar um pouco de controle, ela suga meus seios me tirando do sério, todos os seus movimentos eram lentos como se quisesse me torturar, o que acho que seria a intenção. Seus dedos massageavam preguiçosamente meu clitóris, meus gemidos frustrados a deixavam com um sorriso malicioso no rosto. Encontro controle e viro as posições, hoje eu queria algo diferente, lhe dou um beijo escasso nos lábios e arrumo as posições deixando Jane um pouco surpreendida. Com ela embaixo de mim, começo a cavalgar em seus dedos, meu sexo estava mais que molhado, eu precisava daquilo, precisava de Jane, precisava sentir ela. Meus movimentos influenciavam um vai e vem em seu próprio sexo com as costas da mão. Nossos gemidos se misturavam e formavam um único som, sua mão livre apertando meu seio, e eu apertando os dela. Mas então... 

— Vocês já estão acor... AI MEU DEUS! 

Angela entrou no quarto. Me jogo pro lado e me cubro até o queixo com o lençol, sinto meu rosto queimar fortemente, mas sinto também uma tremenda vontade de rir. Angela do mesmo jeito inesperado que entrou saiu do quarto. Jane estava coberta até o busto e podia ver seu rosto queimando de vergonha.

— Ér... Eu vou fingir que não vi nada. - disse Angela por detrás da porta - Não vi nada. 

— Mãe! - Jane diz jogando um travesseiro na porta fechada. 

Quando pudemos ouvir os passos da mais velha descendo as escadas, Jane se levanta pegando suas roupas no armário. Não me aguentei e caí na gargalhada. A situação era um tanto quanto cômica, tenho que admitir, mas pelo que pude ver pelo olhar desaprovador de Jane ela não achava o mesmo.

— Vamos lá, foi um pouco engraçado - digo ainda rindo.

— Você é louca. Eu não acredito que isso acabou de acontecer. - ela disse com uma muda de roupa para o banheiro. 

— Cedo ou tarde isso aconteceria um dia. 

— Que tal 'nunca'?

— Tarde demais – falo sorrindo.

Depois de tomarmos banho e nos prepararmos para descer já era onze horas da manhã, e após quase arrastar Jane para fora do quarto, fomos para a sala.

— Er... Bom dia – Angela disse meio sem graça.

— Bom dia Angela. – agi normalmente.

Sexo pra mim era algo tão normal quanto dormir, claro que foi um grande susto quando Angela apareceu no quarto em um momento íntimo, mas ela com certeza já havia feito sexo e não foi uma grande surpresa, afinal, o que ela esperava? Que sua filha adulta não fizesse sexo com sua noiva?

Noiva. Isso soava tão bem, tão certo, tão perfeito.

— Bom dia ma – Jane disse tentando não parecer estranha. E falhando miseravelmente.

— Meninas, eu sinto muito. Eu deveria ter batido na porta – a mais velha disse depois de um longo tempo de silencio.

— Deveria mesmo.

— Jane! – a repreendi – Não fale assim com a sua mãe. Está tudo bem Angela, não se preocupe.

Ela sorriu agradecida pelas palavras enquanto Jane revirava os olhos.

— Já comeram? – Angela perguntou – Quer dizer, já tomaram café? – ela mudou sua frase rapidamente.

Não entendi o motivo, mas afirmei. Jane pareceu ganhar um rubor rápido, mas logo sacudiu a cabeça e disse:

— Ma, hoje no jantar vamos ter que conversar sobre algo.

— O que é? – os olhos de Angela brilharam de curiosidade.

— Ainda não é o jantar até onde eu sei – disse gesticulando.

— AI MEU DEUS. JANE CLEMENTINE RIZZOLI!

— Ué – Eu disse me assustando com a alteração de tom – O que você fez? – pergunto ao ver Angela quase que hiperventilando.

Jane deu de ombros também não sabendo o que aconteceu.

— Por um acaso essa conversa tem a ver com o diamante que você está usando? – ela falou meio nervosa, gaguejando.

— Na verdade é uma Ágata marinha, significa amor verdadeiro e protege a felicidade – a corrijo.

— AI MEU DEUS! Vocês estão noivas?!

— Primeiro, por favor não se exalte. Sim, estamos noivas – Jane dizia com um sorriso lindo no rosto.

— Finalmente meu bebê vai se casar! Mas... – sua expressão mudou de incrivelmente feliz para confusa – Isso significa que foi a Maura quem propôs?

— Sim, fui eu.

— Huh – ela parecia surpresa – Interessante... Sempre achei que fosse Jane quem iria propor.

— Por que? –Jane perguntou.

— Não sei... Mas venham, vamos conversar sobre isso – ela voltou a empolgação de antes.

Jane é arrastada para o sofá pela sua mãe que já estava dando opiniões sobre a decoração do casamento, flores, vestidos, e até nomes de bebês. Eu estava ansiosa para minha nova-antiga-atual família, mal podia esperar para esse novo capítulo. Claro que Jane não durou um minuto com sua mãe falando e logo deu uma desculpa para sair, então ficamos discutindo sobre o dia esperado ainda não decidido.