Era natal finalmente. Haviam presentes para todos debaixo da árvore, para todos, até mesmo para a filha de Frost que ainda nem tinha nascido. A família toda estava reunida, Angela e Korsak estavam na cozinha deixando tudo pronto para a ceia, Frankie e Tommy assistiam ao desfile na TV, Jane... Jane estava sentada no chão brincando com TJ da forma mais linda possível, aquela era sem dúvidas a cena mais perfeita que eu já vira e um dos lados mais bonitos de Jane, ela era tão boa com crianças, era como um dom natural. Apesar do seu jeito durona ela tem seus lados moles, e o jeito de lidar com crianças era encantador.

Olho ao redor e a casa está em perfeito estado, nunca esteve mais colorida pra falar a verdade, os enfeites, o cheiro de peru no forno, a família reunida. Não tinha como melhorar, tudo estava

— O que está fazendo sozinha aqui no canto? - Jane me pergunta, aparecendo com TJ no colo.

— Pensando e observando.

— Está gostando do natal? - ela se põe ao meu lado. 

— Muito. Está maravilhoso. - disse brincando com TJ que estava no colo de Jane.

O menino ria docemente aquele som gostoso de criança, suas bochechas rosadas e seus olhos verdes puxados de Tommy o deixava impossível de se resistir.

— Já estão treinando? - a voz de Frankie apareceu na conversa.

— O que?

— Com TJ. Estão treinando pra quando tiverem o de vocês? - ele pergunta brincando.

— Não! - Jane responde rapidamente meio assustada.

— Não?

— Maura?

— Quer dizer... – penso em mudar minha frase para não causar uma longa conversa, mas o assunto me chamou atenção – Não?

— Podemos conversar sobre isso mais tarde? De preferência quando estivermos sozinhas. – eu sorrio e concordo.

Nunca fui muito bem com crianças, nem quando eu era uma, nunca me imaginei mãe e nunca quis ser uma de fato, mas com Jane... Com Jane eu quero tudo, quero o pacote completo, ela me transforma, me faz querer coisas que nunca pensei querer, casamento, filhos, família, passar a vida inteira com a mesma pessoa, e essas coisas, esse futuro eu quero ele, sei que serei feliz, feliz de um jeito que nunca pensei ser possível para mim. Afinal, meu histórico de relacionamentos não é dos melhores, os que não eram assassinos desistiam de mim depois de ver minhas "esquisitices" como Jane chama. Ela ama minhas esquisitices, me ama do jeito que sou, isso me faz a pessoa mais feliz do mundo.

— Vamos jantar? - Angela pergunta feliz colocando o peru na mesa. 

— Não podemos abrir os presentes antes? - Jane indaga com carinha de cachorro pidão.

— Jane Rizzoli! Não seja rude. Sente-se na mesa.

Depois de alguns protestos e insistências de Jane, finalmente sentamos e pudemos jantar em meio à conversas e risadas, relembramos tudo que aconteceu durante o ano e dizendo o que queríamos que acontecesse no próximo que não estava muito longe. Korsak dizia querer poder encontrar o amor, Frankie queria se tornar um detetive melhor, Tommy uma família completa, queria casar-se com a Lydia. Angela pedia apenas por coisas boas. Meus ouvidos aguçaram quando Jane se pronunciou dizendo que no ano que viria gostaria que nada de ruim acontecesse durante o trabalho, mais nenhum sequestro para nós ou alguém da família. Não pude concordar mais, as lembranças daqueles dias ficaram pra sempre em minha memória e em minha pele.

Depois da janta e de muito insistir da parte de Jane, Angela anunciou que seria hora de abri-los, se dando por vencida das investidas da filha, Jane na mesma hora correu para perto da árvore como uma criança, eu ri da situação a achando adorável, ela estava sentada no chão com TJ ao seu lado enquanto o resto de nós estávamos ao sofá. Passamos o resto da noite em meio à conversas e risadas, e de pouco em pouco os poucos convidados iam se retirando, Korsak foi o primeiro, e então Tommy se foi com um TJ adormecido em seus braços. Frankie só se foi depois de mais algumas horas, até que restou-se apenas Angela, Jane e eu.

— Eu vou deixa-las aproveitar o resto da noite e ir dormir – Angela disse se levantando.

— Não quer ficar um pouco mais? – pergunto e recebo um apertão discreto de Jane.

— Não, está tarde e amanhã eu acordo cedo.

— Tudo bem então. Boa noite Angela.

— Boa noite querida, comportem-se – ela nos sopra um beijo e se vai.

— Finalmente! – Jane diz se virando no sofá e me puxando para si.

De uma forma bem desconfortável começamos beijos leves, até que minha coluna começou a reclamar da posição e me virei ficando quase que encima de Jane. Eu conhecia seu jeito, ela queria terminar o que começamos mais cedo, e eu queria a mesma coisa, mas uma coisa martelava em minha mente. Quando sinto suas mãos adentrarem minha blusa e percorrerem minhas costas, eu me sento e digo:

— Eu queria conversar com você – ela me olha preocupada.

— Devo me preocupar?

— Não! – respondo rapidamente não querendo que pense algo errado – Mas eu fiquei curiosa sobre algo, e agora isso não sai da minha cabeça.

— Desembucha Maura!

— Mais cedo você disse que não queria ter filhos. Quando você imagina um futuro, comigo de preferência, você não vê crianças?

— O que? Pensei que não gostasse de crianças.

— Eu não gosto... quer dizer... de algumas, mas eu gostarei das nossas.

— Então você quer filhos?

— No máximo dois. Você não?

Um sorriso se estende em seu rosto, ele se ilumina rapidamente. Jane segura meu rosto e me rouba um beijo rápido.

— Mas é claro que eu quero meu amor. Eu te amo Maur, eu quero uma família com você.

— Quer mesmo?

— Claro que sim. Eu só disse ‘não’ àquela hora porque pensei que você não quisesse.

— Eu também pensei que eu não quisesse, mas... Não sei, com você é diferente, eu me vejo tendo essas coisas com você no futuro.

— Isso é bom?

— Isso é ótimo.

— Então já deveríamos estar planejando o futuro?

— Acho que sim – respondo sorrindo.

— Nosso futuro. – ela diz feliz me puxando de volta para seus braços e lábios.