It's You escrita por Malina


Capítulo 54
Why Wait?


Notas iniciais do capítulo

Antes tarde do que nunca. Desculpa mesmo gente, tava sem tempo e com bloqueio, mas obrigada pela paciência :3 Love ya'll



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   Acordei por conta própria, antes mesmo do despertador, mas mais importante e estranho que isso, acordei de bom humor, acordei sorrindo e ansiosa para chegar na BPD, me senti meio mal por estar tão feliz, afinal, magoei alguém que eu gostava, mas agora posso ficar com quem amo. Troco de roupa rapidamente e tomo meu café da manhã, que é na verdade cereal puro porque meu leite azedou. Então entro no carro e me preparo psicologicamente para o momento em que eu encontrar Maura. Dou a partida.

Chego na BPD em pouco tempo, normalmente faço meu caminho pra lá prestando atenção apenas nos sinais de trânsito, mas hoje eu vi tudo, vi a paisagem, o céu azul quase cinza, vi as pessoas passando para seus próprios compromissos. 

Entro no departamento cumprimentando todos que passavam por mim. A Jane de hoje era diferente, ela é simpática e da 'bom dias' para as pessoas. Vou direto na lanchonete pegar meu café de sempre, cumprimento minha mãe que me olha estranho.

— Por que toda essa felicidade? Posso saber? 

— Por enquanto não, mas logo.

Ela me dá as costas e vai preparar meu café.

— A Maura já chegou?

— Ainda não. Por que?

— Por nada. Só perguntando. Curiosidade.

— Sei... 

— Pode preparar aquele café especial 1% de sei lá o que da Maura? - pergunto quando ela me entrega meu café. Ela faz que sim com a cabeça.

Espero mais um minuto até o café e saio em direção ao elevador depois de ter pago. 

Olho no relógio e faltavam poucos minutos para Maura chegar no horário que sempre chega. Entro no elevador e o direciono para o andar do necrotério.

Está quase que vazio, a única pessoa que vejo ali é Susie, depois de a cumprimentar com um aceno, me dirijo até o escritório de Maura, onde deixo seu copo de café e um bilhete.

Não sabia se bilhete era uma boa ideia, por algum motivo bilhetes são um tanto quanto traumáticos na nossa relação, mas por que não mudar isso? Transformar em algo bom.

Subo para a sala dos detetives e me preparo para mais um dia de trabalho.

— Rebecca - Frost diz aparecendo em minha frente.

— Muito prazer Rebecca, sou Jane. - brinco com ele.

— Não, para o nome. O que acha de Rebecca? 

— É um belo nome. - digo desviando e indo à sala. Ele vem atrás de mim.

— O que? Só isso? E as chances de ela ser zoada na escola?

— Frost, são crianças, se ela não for zoada pelo nome vai ser por outra coisa, crianças zoam, faz parte.

— Jane!

— Conforme-se. Pelo menos Rebecca não faz soar como se ela tivesse sessenta anos. 

Sento em minha cadeira e relaxo sentindo minhas pernas descansarem.

— Você ainda não propôs – digo mudando de assunto.

— Ainda não, não sei como.

— É fácil, primeiro você se ajoelha, daí faz um discurso do quão lindos são os olhos dela, mostra o anel e pronto.

— Sobre isso... - ele sorri amarelo e já entendo o que significa.

— Você não comprou o anel né?

— Não, eu estava esperando que você fosse me ajudar.

— Você tem que começar a fazer as coisas sem ajuda - bufo logando no computador - Mas claro, eu ajudo. 

— Ótimo! Te adoro Jane.

— Claro que adora, eu sou uma ótima amiga.

As horas passaram voando, entrei às nove e depois de interrogar os irmãos da vítima e o melhor amigo já eram onze horas. Voltei para a sala para anotar as novas informações na ficha do caso, mas havia uma Maura alheia sentada em minha cadeira.

— Bom dia - digo sorridente.

Ela se assusta pelo meu tom alto súbito, e então sorri para mim.

— Gostou do café? 

— Se está procurando por um agradecimento deveria escrever seu nome no bilhete antes - ela diz se levantando e me dando um beijo na bochecha.

— Achei que estivesse subentendido - sorri.

— Ficou. Mas é verdade? 

— O que? 

— Vocês terminaram?

— Sim. 

Ela ficou sem reação, mas eu sabia que por dentro ela estava se segurando para não sorrir ou parecer feliz. Eu estava séria, mas não consegui me conter e deixei meu sorriso escapar, ela sorriu incentivada e me abraçou.

— Isso significa que podemos ficar juntas? - ela perguntou com a voz abafada pelo meus cachos.

— Sim. 

Me desvinculo do abraço e seguro seu rosto em minhas mãos, sua pele tão suave e macio, as bochechas rosadas, as leves sardas não tão visíveis, ela era linda, era minha de um modo não obsessivo. Eu me perdia em seus olhos verdes, eles brilhavam como se implorassem por um simples toque, um simples beijo, um simples importante "eu te amo".

— Ainda não - ela disse segurando minhas mãos, mas não as tirando do seu rosto.

— Como assim?

— Quis dizer que ainda não podemos nos beijar, podemos ficar juntas, mas ainda não podemos nos beijar.

Eu não entendi o que ela estava querendo dizer e minha face e olhar transmitiam isso.

— Por respeito - ela disse esclarecendo, mas eu ainda estava confusa - Pela Cassandra, vocês terminaram ontem, devemos respeitar ela, se nos beijarmos logo hoje estaremos desrespeitando ela e não dando importância aos sentimentos dela. 

Eu sorrio e abraço ela novamente, acariciando suas ondas loiras.

— Tem como ser mais perfeita? 

— Isso é retórico?

Sorri com sua voz inocente, tê-la em meus braços era como estar segura em um refúgio confortável. 

— Eu tenho que voltar ao trabalho - ela disse se soltando dos meus braços - Nos vemos depois.

Lhe dei um beijo na testa e fiz que sim com a cabeça. Sentei-me minha cadeira em fim, e então pude atualizar a ficha do caso.

As horas passaram voando, fiquei um tempo pensando no que Maura havia dito, sobre esperar um pouco, e concordo um pouco com ela, mas eu sentia tanto sua falta, seus lábios chamavam os meus em gritos, mas eu tentarei me segurar e fazer sua vontade, que é um pouco minha também. Korsak apareceu me tirando dos meus devaneios, ficamos discutíamos sobre o caso tentando solucioná-lo, foi quando Frost correu em nossa direção fazendo um discurso gigante sobre os irmãos da vítima estarem mentindo. 

— E Maura disse que precisa falar com você. - Frost dizia tentando recuperar o fôlego.

— Okay, chamem os irmãos separadamente, vamos pôr essa história à limpo.

Eles concordaram e corri para o elevador. Eu sabia que não era urgente, ou ela não teria pedido para Frost me chamar, teria me chamado pessoalmente, a pressa era a saudade. Ela já estava aqui a bastante tempo, e já passamos algum tempo juntas, mas nunca será o suficiente, foram seis meses perdidos. Andei o corredor em modo piloto automático, eu conhecia o caminho para o necrotério como a palpa da minha mão. Pela porta de vidro consigo vê-la fechando um cadáver com a maior delicadeza, isso me lembra da primeira vez que a vi nessa sala, primeira vez que soube que iria trabalhar com a moça da cafeteria. Claro que em vez de estar costurando com delicadeza ela estava na verdade serrando fora a caixa torácica de um cara. Nunca pensei que me tornaria a melhor amiga daquela pessoa estranha, muito menos namorada. 

Entro na sala gelada e ela se vira ao ouvir o som da porta abrindo e fechando.

— Ah, é você. - sorrio.

— Me chamou não chamou?

— Sim, queria te entregar o relatório da autópsia.

Ela segue para seu escritório e eu a sigo. Maura logo me entrega os papéis necessários para a ficha do caso.

— Só isso? 

— Só isso.

— Você poderia ter me levado esses papéis.

— Me desculpe, mas eu precisava fechar os cadáveres.

— Tudo bem.

Fiquei ali parada, sim, parada. Ela estava estática também em seu lugar, podia ver que estava inquieta assim como eu. Estar ali com ela era tão significativo, e algo tão indescritível, eu me sentia assim como ela inquieta, não percebi quando comecei a morder minha boca nervosamente, no fundo eu sabia o que significava. Coloquei os papéis no canto da mesa e limpei as palmas da mão em minha calça. Maura levantou subitamente e caminhou em minha direção, não vi quando aconteceu, mas eu sabia que ia acontecer quando ela levantou, nós queríamos o mesmo. Um beijo ela me roubou, um beijo ardente e avido, o que estávamos esperando havia muito tempo. Suas mãos estavam perdidas em meus cachos e acariciavam minha nuca, enquanto as minhas envolviam sua cintura com possessão. Nossos lábios se encaixavam perfeitamente, nossas línguas vorazes se encontravam novamente depois de tempos, e era como se nada tivesse mudado, porém nesse beijo havia saudade e vontade de matá-la; havia ardor, necessidade. Foi como tomar um copo de água gelada depois de seis meses no deserto. Nossa conexão só de quebrou quando o ar se fez extremamente necessário.

— Pensei que iríamos esperar - eu disse ofegante.

— Não consegui me segurar - ela respondeu do mesmo jeito. - Mas sabe...

— Hm.

— Fico feliz que não consegui me segurar.

— Eu também.


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