Era meio dia, e ainda não tinham recebido ligações de caso algum, os detetives estavam em suas respectivas cadeiras, Frost se divertia conversando por mensagens com sua nova paquera, Korsak assistia vídeos de filhotes pelo computador, suas risadas terminadas em uma tosse seca chamava a atenção de todos, Frankie estava brincando com um cubo mágico, brincando, porque completar ele não conseguia. Boucher estava conversando sobre baseball com alguns policiais no local, e Jane... Jane olhava sua galeria de fotos, a pasta cheia de fotos suas com Maura, podia dar a data de todas àquelas fotos, uma do dia que se conheceram, lembra-se de cada segundo desse dia como se fosse ontem, da pequena discussão que tiveram, até descobrirem que iriam trabalhar juntas, uma do primeiro jogo de baseball que a loira tinha ido, Jane lembrava-se muito bem da animação da doutora quando dera a notícia de que iriam assistir ao jogo no estádio, a loira ficou tagarelando dias sobre o jogo, Jane adorava o quão fácil Maura se empolgava, como ela ficava feliz com as coisas mais simples. Encontrou uma foto de algum natal que passaram juntas com a família Rizzoli, Maura usava um vestido vermelho encantador, seus cabelos sempre impecáveis, a detetive ainda tinha o presente que Maura lhe dera naquela noite, um colar de algemas que raramente usava por não querer perder, sempre perdera muito facilmente coisas assim, mas não usava também pelo fato de que não era muito fã de joias. A próxima foto era de um fim de semana em que passaram o dia assistindo filmes e comendo pipoca, e claro que depois Maura a forçou a comer variedades de frutas saladas para compensar as besteiras que comeram, esse fora para Jane, um dos dias que mais riram juntas. Um pequeno sorriso se formou sem que ela percebesse. Ela foi até os contatos do celular, e tentou contatar a legista novamente, mas de novo ela não atendeu, ela se afastou dos rapazes pra que eles não ouvissem o recado que iria deixar.

— Maura, não me importa quantas vezes você ignorar minha chamada, eu vou continuar ligando até que você me atenda... Eu sinto sua falta – disse isso sussurrando, e então desligou.

Voltou para a sua cadeira e observou os amigos em suas ocupações, arrastou sua cadeira até estar atrás do Frost.

— “Quer ir ao Dirty mais tarde?” – ela leu a mensagem em voz alta, o moreno levou um susto e afastou o celular do campo de visão de Jane – Quer dizer que vamos conhecer sua nova namorada?

— Ela não é minha namorada.

— Ainda – ela riu, provocando o amigo – Qual o nome dela?

— Vocês vão descobrir hoje à noite.

— Isso não é justo Frost, eu te contei das minhas coisas. – ela tentou convencer o rapaz.

— Amelia – Frost disse desistindo.

— Belo nome, o que ela faz?

— Por que você mesma não pergunta isso mais tarde?

— Porque daí eu não vou poder dizer pra ela “ele falou muito de você” e garotas adoram isso.

— Adoram? – ele disse, Jane pôde ouvir o tom de interesse na voz dele, ela acenou com a cabeça – Ela é veterinária.

Jane sorriu vitoriosa, e arrastou sua cadeira de volta pra seu lugar. Olhou seu celular novamente, nenhuma mensagem, nenhuma ligação. Bufou.

— Já é uma hora, eu vou descer pra almoçar, vocês vêm? – ela perguntou se levantando.

Os detetives negaram e ela desceu sem pressa. Nos últimos dias desde a ida de Maura, Jane não tem se alimentado corretamente, não dormia direito, todos estavam preocupados com a saúde da morena, principalmente sua mãe, que queria ficar seguindo a filha o dia inteiro para ter a certeza de que a mesma estava se cuidando, passava os dias se preocupando, a mais velha sem Jane saber já tinha contatado Maura, não perguntou onde a legista estava, mas notificou que a morena estava demasiada mal, Maura na hora se preocupou, foi nesse dia em que pediu para Frost que cuidasse de Jane e não a deixasse fazer nenhuma loucura.

Jane sentou-se onde agora sempre se sentava, no banco alto do balcão. Esperou até que alguém viesse até ela, e pediu seu almoço de sempre. Durante o almoço avisou sua mãe entrando na lanchonete com uma calma que nunca vira antes. Estranhando a situação, do modo como sua mãe tinha saído irritada mais cedo, esperava que ela voltasse no mesmo estado, se não pior. Esperou sua mãe chegar até ela, e perguntou:

— A conversa foi boa?

— Conversa? Com seu pai? Você ainda não aprendeu depois de tanto tempo que seu pai não sabe conversar?

— Mas como foi? – Jane perguntou observando a mãe ficar atrás do balcão e pondo um avental.

— A princípio eu tentei ter uma conversa civilizada, mas seu pai sendo seu pai não soube conversar, então foram muitos gritos e um olho roxo.

— Pop bateu em você?!

— Meu olho está roxo? Não. Aquele homem já me fez muito mal, ele não pousa um dedo em mim.

— Ma! Para de enrolar! Vocês chegaram em algum acordo?

— Obvio que não. Mas eu disse que se ele chegar perto de você ou de Maura eu não hesitaria em fazer alguma loucura.

Jane sorriu para sua mãe, apreciando o gesto da mulher mesmo sabendo que não ajudaria tanto. A detetive ia voltar para o seu almoço, quando o seu celular tocou. Fechou os olhos esperando que fosse Maura, mas ao olhar o número desconhecido na tela, desanimou.

— Rizzoli.

— O que aconteceu? – a voz áspera soou e um arrepio percorreu seu corpo.

— Do que você está falando?

— Da Maura! Você acha que eu não notaria minha filha desaparecendo de Boston? – Paddy disse, Jane podia notar a ira e o desespero em sua voz.

— Eu não faço ideia de onde ela foi, uma hora ela estava aqui e na outra não estava. Não tem muito o que dizer.

— Hoje às seis, me encontre no endereço que eu vou te mandar, e não traga ninguém com você.

— Por que eu faria isso?

— Porque eu sou a única pessoa capaz de descobrir onde ela está e acabar com essa confusão de uma vez por todas.