Assim que Maura terminou de arrumar sua surpresa, ela recebeu uma ligação, sua mãe Constance. Maura atendeu o telefonema, a mais velha não parecia nem um pouco feliz.

— Mamãe?

— Maura Dorothea Isles!

Foi aí que ela soube que algo acontecera.

— o que houve mamãe?

— Eu que lhe pergunto minha filha. O que houve? Onde foi que eu errei na sua educação?

— perdão, eu estou confusa.

Maura não entendeu o que sua mãe quis dizer, sempre fez o possível para ser a melhor filha para seus pais, mesmo que os dois estivessem ocupados demais para notar o esforço da menina.

— Eu fui informada de que você está tendo um tipo de... Relacionamento com Jane Rizzoli. Eu não te criei pra isso minha filha, eu não adotei uma decepção.

Maura não entendia o que ouvia, se recusava a acreditar em uma palavra se quer.

— Eu me formei em medicina, me tornei médica legista chefe do estado de Masachussets, sempre fui uma aluna que só tirava A's, eu sou tudo menos uma decepção.

— A decisão já está tomada Maura.

— Do que está falando?

— Já irá descobrir.

O telefone silenciou. Olhou ao redor, Jane chegaria em meia hora, estava tudo pronto, e então seu telefone tocou novamente.

— Isles - atendeu.

— adivinha quem saiu da prisão?

Aquela voz fez um arrepio gelado subir pela espinha de Maura até sua nuca.

— O que você quer?

****

18:15

Maura recolheu tudo que conseguiu e colocou de volta na caixa de onde vieram, os portas retratos, as flores, as velas, e o mais importante, a comida chinesa. Deixou apenas uma vela acesa na cômoda da detetive, pegou um pedaço de papel e escreveu o triste bilhete derramando milhares de lágrimas, deixou a vela de peso para o papel, e apagou as luzes, acabou. Trancou a porta de Jane e se pôs a andar até seu carro, dirigiu lentamente até sua casa, não querendo que o tempo passasse, querendo na verdade voltar no tempo e reviver todos os momentos que tivera com Jane.

Ao chegar em sua casa, andou até o quarto de hóspedes onde estavam as caixas de mudança, ela lembra de tê-las feito da primeira vez que pensou que iria embora. Levou todas elas para seu carro, colocou suas roupas em malas novamente com lágrimas nos olhos e as levou para o carro. Voltou para dentro e olhou ao redor, aqui vivera os melhores momentos com Jane, com a família Rizzoli, pegou um pedaço de papel e começou a escrever um bilhete para Angela, dizendo que poderia usar sua casa quando quisesse, poderia inclusive morar ali se assim desejasse.
Subiu para seu quarto e olhou para a cama em que beijara Jane, as noites em que passaram nelas, tanto como amigas quanto como algo mais.

Pôs-se a dirigir até o aeroporto, se despedindo das ruas de Boston. Já embarcada no avião com destino para Londres, ela se despediu da completa cidade de Boston, onde passara os melhores momentos de sua vida.
Olhou para a bolsa ao seu lado e a abriu sabendo que encontraria a sacola de comida chinesa. Abriu o pacote de Jane, retirando o biscoito da sorte, com pesar ela abriu a embalagem e logo em seguida abriu o biscoito, sabendo que Jane jamais o abriria. De dentro do biscoito ela retirou a frase da sorte, com os olhos marejados ela leu a simples frase:

"Quer namorar comigo?"

Virou o verso do papel, os números da sorte eram a data do dia em que Maura iria pedir Jane em namoro, mas infelizmente, não foi um dia de tanta sorte.

****

Jane pensou que seria difícil dormir sem Maura ao seu lado, mas agora ela tinha esquecido totalmente que queria dormir. Ela tinha posto seu celular na tomada e quando viu a luz acender correu para ele, ligou diversas vezes para Maura, mas a loira não atendia, mandou mensagens que não eram retornadas, até que desistiu de tentar telefonar, largou seu celular e entrou no carro o mais rápido que pôde, dirigiu rapidamente sem se preocupar com o trânsito.
Ao chegar na casa de Maura, Jane usou sua chave para entrar, ainda se enrolando para encontrar a chave certa, mas ao entrar na casa correu até o quarto da legista. Vazio.
Abriu o armário de roupas. Vazio.
Jane começou a se desesperar, não sabia o que fazer, sua mente estava confusa e seu dia ensolarado tornou-se nublado. Desceu as escadas igualmente correndo, e então avistou um pedaço de papel preso na geladeira, receosa do que poderia estar escrito, ela se aproximou.

"Angela, sinto muito ter que ir sem me despedir, sentirei saudades suas e de todos os Rizzoli's. Por favor, não deixe Jane ficar triste por muito tempo, eu fiz o que deveria ter feito desde o começo. A casa está para seu uso agora, ela é sua se quiser sair da casa de hóspedes, fique à vontade pra fazer encontros na minha/sua cozinha. Eu amo você Angela, você foi como uma mãe pra mim, sentirei saudades de tudo e de todos. Por favor diga isso à Korsak e Frost, diga que morrerei de saudades.
Com amor, Maura."

Jane não podia acreditar no que lera, tentou entender o que a fez se mudar tão repentinamente, ainda mais agora que estavam felizes, sentou-se no chão da cozinha apoiando suas costas no balcão e se permitiu chorar, ela segurando seus joelhos próximos ao peito tentava encontrar algum conforto, mas nada, afundou seu rosto por entre os olhos e chorou. Chorou até que pegasse no sono.