It's You escrita por Malina


Capítulo 23
We ARE friends


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoas, demorei um pouco né? Desculpa gente, mas é isso que acontece quando se ta com bloqueio, mas como sempre a criatividade bateu e eram 2:45 quando eu terminei de escrever. Não ta fácil.



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POV. Maura

Eu estava olhando para os galhos das arvores dançando com o vento quando Angela me chamou, ela estava pondo algo no forno quando pediu para que eu abrisse a porta para quem chegara. Andei calmamente até a porta e a abri, recebendo um forte abraço de Frost e Sam, abri um sorriso enorme com a surpresa, apesar de que eu esperava que fosse Jane atrás da porta.

– Aqui, isso é pra você já que não pode beber vinho... – disse Frost me entregando um arranjo de alstroemerias rosas. – A vendedora disse que significa amizade.

– Ela está certa, obrigada Frost, são lindas. – o abracei mais uma vez e então abri espaço para eles entrarem.

Levei as flores até a cozinha para pô-las em um jarro com água, os rapazes me seguiram até a cozinha para pegar cervejas na geladeira. Vi Angela picando tomates para a salada e perguntei se ela precisava de ajuda, mas ela negou dizendo que eu precisava descansar. Seguindo suas ordens me sentei no sofá, imaginando que hora Jane chegaria, tinha assuntos importantes pra falar com ela. Senti o sofá afundar ao meu lado, olhei e Sam havia se sentado.

– Como você está Maura? – Sam me perguntou

– Melhor, obrigada. Como estão indo as coisas na BPD?

– Devagar... Acho que vamos perder o caso.

– Sério? – perguntei preocupada.

Ele fez que sim com a cabeça. Suspirei.

– No meu antigo departamento nós perdíamos bastante casos, vim pra cá achando que melhoraria.

– E melhorou?

– Com certeza. Lá em Nova York era muito bom, mas aqui é bem melhor.

– Você era de Nova York?

– Sim... – ele demorou um pouco para continuar – Você está indo pra lá não está?

– Estou sim.

– Bom, aposto que com você lá Nova York terá muitas mudanças.

– Aham... – eu disse desconfiada.

Fiquei pensando no que Boucher disse, e então tudo começou a fazer sentido. Era ele, Sam era o informante de Frank! Como não percebi antes? Sam é apaixonado por Jane, Frank disse em nossa conversa que havia alguém que lhe contava as coisas, só poderia ser Boucher. Minha raiva começou a subir, eu não faço suposições, mas dessa vez eu me permiti, não poderia perder Jane, eu prometi a mim mesma que correria atrás de meu sonho, Jane, e eu vou. Ouvi Angela chamando Frost para ajudá-la a pegar algo pesado e eu aproveitei o momento.

– Então Boucher, já conseguiu algo com Jane?

– Não, mas ela é sua melhor amiga, te contaria essas coisas não?

– Ela conta, mas você sabe como é, Jane não fala tanto de sua vida pessoal.

– Ah sim, bem, eu ainda não a chamei pra sair nem nada, sou muito introvertido pra isso.

– Eu imagino – digo entre dentes.

– Vou ver se eles precisam de ajuda ali na cozinha.

Eu forcei um sorriso e o observei levantar. Eu precisava conversar com Frank, precisava falar com ele, falar que descobri o informante dele, e que ele não tinha mais nada contra mim depois do que eu iria fazer. Senti meu celular vibrar, era minha mãe eu atendi prontamente.

– Olá.

– Olá filha, tudo bem?

– Sim, e a senhora como está?

Bem, obrigada... Filha eu preciso falar algo.

– Okay, estou ouvindo.

Seu voo foi antecipado.

– Como assim? – franzo o cenho.

Seu voo iria segunda, mas agora ele partirá sábado.

– Como assim? Ele não pode fazer isso.

Aparentemente pode.

– Okay, mas... – me interrompeu.

Eu preciso desligar filha, me ligue quando estiver em Nova York.

– Certo, tchau mãe.

Ela desligou, eu estava chocada, um tanto catatônica, o que acabou de acontecer? Eu iria mais cedo pra NY? Teria menos tempo com meus amigos, com os Rizzoli? Isso não pode estar certo. Fui até a ilha da cozinha e me sentei no banco alto, Angela decorava uma travessa com salada em minha frente.

– Acho que amanhã a gente pode ir em um restaurante, eu, você, Jane, Frankie e quem sabe até Tommy.

– Uma ótima ideia Maura!... Mas falando em Jane e Frankie, onde esses dois estão?

– Atrasados – Frost disse rindo, eu sorri.

– Posso ligar pra eles se quiser – eu ofereci.

– Por favor Maura.

Sorri e peguei meu celular discando o número de Jane esperando que ela atendesse, no terceiro toque ela atendeu.

Maura?

– Sim, é... Sua mãe ela quer é... saber porque você ta atrasada... – gaguejei.

– Eu estava em uma reunião com o Cavanaugh, eu já estou saindo daqui, e avisa pra ma que eu estou levando mais um convidado – ela disse com um tom de indiferença.

– Okay, e Jane, o seu irmão.

– Ele não vai poder ir, disse que tem um compromisso sei lá.

– Ta bem então, até mais tarde.

– Até – desligou

Voltei a cozinha e aviso a Angela do motivo de atraso de Jane, e eu Frankie não viria. Mesmo contra as vontades de Angela, eu pego algumas travessas e distribuo na mesa, Frost e Sam ajudaram também distribuindo os pratos e talheres. Voltei ao sofá esperando que Jane aparecesse a qualquer instante com seu convidado, enquanto isso não acontecia eu trocava os canais da TV a procura de algo para assistir, mas nada me convinha. Frost sentou ao meu lado puxando conversa sobre os últimos dias, conversávamos alegremente, eu ria com o que ele falava do precinto, das brincadeiras que ele e os colegas detetives faziam entre si. Me assustei quando ouvi a campainha tocar subitamente. Observei Angela ir abrir a porta, Jane a abraçou e entrou na casa, e logo atrás dela Korsak apareceu com um grande sorriso no rosto e uma garrafa de cidra na mão.

Frost pediu licença e foi até Sam para conversar, ouvi os dois falando algo sobre o Red Sox, mas meus olhos apenas prestavam atenção em uma coisa, ou melhor, pessoa, Jane. Ela estava com sua roupa de sempre, seu terninho, calça largas, sua blusa verde e é claro, suas inseparáveis botas, seus cabelos cacheados ainda mais revoltos que o normal pelo fato de estar um clima muito quente lá fora. A observei andar até a cozinha para pegar uma cerveja, quando virou nossos olhos se encontraram, mas não consegui distinguir o que o olhar dela me falava, foi algo complexo que durou apenas alguns minutos pois Korsak me chamou desviando minha atenção, ele me abraçou com carinho e me mostrou a garrafa de cidra.

– Sem álcool – ele disse com um sorriso.

Eu sorri de volta e ele levou a garrafa até a geladeira. Voltei meu olhar à cozinha para achar Jane, mas ela não e encontrava mais ali, ela se juntou à Frost e Sam na conversa animada e alta sobre baseball. Angela punha na mesa as últimas coisas, e então chamou todos para almoçar, sem pressa eu caminhei até a mesa e me sentei ao lado de Frost, Jane se encontrava em minha frente, e ao lado dela Boucher. Jane quase pulou de alegria quando viu que Angela havia feito nhoque, mas essa não era a única coisa, Angela preparara também macarrão à bolonhesa, e do forno saia o cheiro de cokies, provavelmente a sobremesa. Agradeci quando Frost me serviu da cidra que Korsak tinha trazido.

Almoçamos em meio de risadas altas das conversas que trocávamos, mas o clima ficou meio tenso quando Angela me fez tal pergunta:

– Então, como vão os preparativos para a mudança?

– Estão indo... – eu ri frouxo – na verdade eu ainda não arrumei nada, e Constance me ligou mais cedo com notícias do voo.

– Notícias? – Korsak me olhou curioso.

– Sim, aparentemente meu voo foi antecipado então eu irei mais cedo que o planejado.

O som do garfo de Jane caindo no prato dominou o cômodo, todos estavam em silencio me encarando, Jane me olhava de uma forma que fazia eu me sentir culpada por algo que eu não sei o que.

– Quando você terá que ir? – Angela perguntou, a tristeza evidente no seu olhar.

– Sábado.

– Mas hoje é quarta. É tão pouco tempo.

– Eu sei, e eu estou tão triste quanto vocês, eu queria poder passar mais tempo com vocês. Então eu vou aproveitar cada segundo dos três dias que restam.

– Dois dias. – disse Jane com a voz mais rouca que o normal. – São dois dias, sábado não conta.

Todos ficaram em silencio novamente, um silencio torturante, os rapazes sempre tentavam puxar algum assunto, e as vezes funcionava, mas nada que durasse, eu nem estava prestando muita atenção no que eles falavam pois eu não conseguia parar de olhar para Jane, eu sei que ela sentia meu olhar sobre ela, mas ela nada dizia, estava quieta diferente de alguns minutos atrás quando contava piadas fazendo todos rirem.

– Jane, Maura disse que você se atrasou por causa de uma reunião com o Cavanaugh? – Frost disse.

– Ah sim, eu e Korsak fomos chamados.

– E sobre o que era a reunião?

Jane e Korsak trocaram um olhar não sabendo se podiam ou não falar algo.

– Acho que não podemos falar nada, sinto muito – ela dizia com pesar.

Depois que todos terminaram de comer, eles ajudaram Angela a limpar tudo, eu fui proibida de fazer qualquer coisa o que me irritou um pouco, mas não protestei, apenas me dirigi para a varanda de casa com minha taça de cidra na mão. Eu podia ouvir a conversa alta que eles trocavam, Angela estava contando alguma história da infância de Jane, que tentava se defender, todos riam alegremente. Eu gostava de fazer parte dessa grande família esquisita e barulhenta, e me doía saber que eu os estava deixando para trás. Sentei no banco ao lado da porta, admirando o céu e as nuvens passando.

– Aquela parece um pato. – Jane disse me assustando.

– O que?

– Aquela nuvem ao lado da arvore, ela parece um pato. – ela se sentou ao meu lado.

– Ah... não sei se minha imaginação é tão fértil assim.

– Claro que é, você só precisa ver.

Olhei de novo para a nuvem, mas tudo que eu via era um borrão branco e fofo no céu.

– Ainda não viu? – eu fiz que não com a cabeça – então deixa pra lá.

O silencio entre nós era quase papável, eu podia ouvir sua respiração leve.

– Por que veio até aqui? – perguntei.

– Bem, tem quatro pessoas super engraçadas lá dentro, e você está aqui fora quase entrando em depressão.

– Não estou quase entrando em depressão. Eu gosto de apreciar o silencio.

– Eu aposto que lá dentro está bem mais divertido.

Eu abaixei minha cabeça tentando manter meu contato com Jane distante, não que eu não queira conversar com ela, eu queria, mas sozinha, sem toda essa gente como som de fundo.

– Você deve estar morrendo de calor nessa calça.

Eu não respondo sabendo que mentiria dizendo que não.

– Quer dizer... eu estou com uma calça larga e estou me sentindo embalada a vácuo, imagina você com essa calça jeans apertada. – eu ri de sua piada

– Eu só não me sinto confortável sem elas.

– É por causa das cicatrizes? – eu viro o rosto para o lado oposto de Jane – Ei, eu estava com você lá, você pode falar comigo Maura, mesmo que com as indiferenças devido ao... bem você sabe... você ainda pode falar comigo sobre isso se quiser.

Balancei a cabeça e então eu a olhei, ela me olhava confusa pela expressão que eu tinha no meu rosto.

– Eu não te entendo Jane, uma hora você me odeia e não quer falar comigo, e na outra você quer puxar papo comigo, voltar a ser amigas.

– Não tem como voltarmos a sermos amigas.

– Como assim? – senti um nó se formar em minha garganta.

– Nós já somos amigas, não importa se nos odiarmos nós não vamos deixar de sermos amigas.

– Por que isso agora?

– O que?

– Como posso ter certeza de que você não vai me odiar amanhã?

– Amanhã é outro dia. Hoje é o que importa. Se eu te odiar amanhã eu te aviso.

– Okay – sorrimos.

E então eu comecei a andar no meu caminho longo, foi o primeiro passo da trilha que é o meu sonho. E o próximo passo é esclarecer algumas coisas com um homem um tanto quanto repugnante.


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Notas finais do capítulo

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