Não demorou muito para que a notícia de que detetive Rizzoli fora sequestrada novamente pelo mascarado se espalhasse, quem recebeu a ligação foi Maura, a segunda vítima de todo o plano do Mascarado. A legista desesperou-se quando ouviu medo na voz de Jane na ligação, coisa na qual não está acostumada, afinal, Jane é a pessoa mais bravia que ela conhece. Quando recebeu a ligação correu até Frost e Korsak, os rapazes trabalhavam com muita rapidez e preocupação, esse caso daqui a pouco mataria Jane e eles faziam de tudo para evitar tal acontecimento. Maura olhava em volta todos concentrados e apressados em seu trabalho, todos com muita raiva pelo o Mascarado ter conseguido mais uma vez sequestrar Jane. A legista estava em choque, mas mesmo assim se mantinha ao lado de Angela a consolando, a mulher estava chorando desesperadamente.

– Por que isso está acontecendo de novo? – Perguntava a mais velha, com a voz embargada.

– Eu queria poder ter uma resposta pra isso.

Maura se segurava para não chorar, ela estava se sentindo fraca por não poder fazer nada, por não ter nenhuma resposta para as próprias perguntas, e as perguntas dos outros. Tudo o que queria era sair dali e salvar Jane, mas ela não tinha nenhuma pista de onde a detetive poderia estar. A loira sentiu Angela soltando-se de seus braços quando Frankie apareceu, então aproveitou a oportunidade e correu para seu escritório, chegando lá tudo parecia o mesmo, como se ela jamais tivesse saído dali. A legista pegou todas as informações que tinha do caso e escreveu em um papel, tudo o que poderia ajudar a encontrar Jane ela anotava. Esse era seu objetivo, iria achar Jane com ou sem a ajuda dos detetives.

*****

Jane estava amarrada a uma cadeira com o homem em sua frente. O quarto era escuro, mas não o mesmo que o da outra vez.

– Olá Jane – disse o homem afundado nas sombras.

– Você... Eu pensei que...

– Que eu fosse o mascarado? – ele riu – Não, não. Ele está em algum lugar se lamentando.

– Não pensei que fosse ver sua cara... ou melhor sombra, novamente.

– Eu disse que eu iria te caçar quando saísse daquele ninho de ratos.

– Olha Tyler, eu sei que você está chateado pela morte das suas irmãs, mas se você quer que prendamos o homem que fez isso com elas, você tem que me soltar.

– Do que você tá falando? Não estou fazendo isso por causa delas, mas sim por você ter feito aquele homem quase me matar.

– Mas você não morreu! Não tem motivos pra me manter aqui!

– Eu disse que te mataria não disse? E é isso que eu vou fazer. Mas é claro, temos que esperar nosso convidado especial.

– Mascarado?

– Maura Isles – respondeu com um sorriso vitorioso.

*****

– Você não pode fazer isso Maura! – dizia severamente Sam

– Não só posso como vou. É da Jane que estamos falando, não podemos deixar que aconteça algo com ela.

– E não vamos! Mas você não pode sair caçando ela! Amanhã você tem que estar de volta no hospital, e mais, você nem está liberada para serviço!

– Sam... você não está entendendo. Isso é entre eu, Jane, e aquele homem.

– Doutora Isles, você não pode simplesmente bater em todas as portas de Boston a procura de Jane.

– Isso seria impossível... – Ela foi interrompida pelo celular – Doutora Isles.

Boucher observava Maura falar no telefone, ela parecia atenta a cada palavra que ouvia. Ele acenou um “não” com a cabeça quando viu Angela se aproximar da mesa em que estavam sentados, não poderiam ser interrompidos.

– Onde posso lhe encontrar? – A loira perguntava quase atravessando a mão na mesa.

Quando a legista desligou, o detetive a olhava curioso para saber do que se tratava a ligação que parecia importante.

– Era Tyler – Ela disse com uma expressão que ele não pode identificar.

– Tyler? O irmão das vítimas?

– Sim... Ele está com Jane.

– Mas, não era o mascarado?

–Fomos enganados.

– Você vai encontra-lo?

– Sim.

– Eu vou junto.

– Não, você não vai, eu disse que iria sozinha e tiver mais alguém comigo ele mataria a Jane em um piscar de olhos.

– Você não pode ir sozinha Maura.

– Mas eu vou, e você não vai conseguir me impedir.

– Pode pelo menos fazer do nosso jeito?

– Se está pensando em me encher de fios pode esquecer.

– É só em caso de segurança.

– Eu sei, mas isso tudo é algo que eu e Jane temos que resolver.

– Mesmo assim Maura! Você não pode fazer isso sozinha.

– Mas se ele descobrir que estou com escuta ele me mata, e mata Jane.

Boucher levantou, sabia que a conversa ficaria mais intensa, então levou Maura para o quarto de descanso que estava vazio. Ela subia as escadas se preparando para o que viria, preparando suas respostas. Quando chegaram Sam fez questão de trancar a porta para que não fossem interrompidos, após ter trancado, ele virou para Maura e com calma disse:

– Você não está pensando de forma sensata Maura. Você é tão esperta e quer fazer algo tão estupido. Você não é a única que está preocupada com Jane okay?

– Eu só não quero que ele a machuque – ela dizia com agua nos olhos.

– Ele não vai machuca-la. Ele não pode

– Sim ele pode! Quando o vimos pela primeira vez ele jurou que iria atrás de Jane, e quando a encontrasse ele a mataria. Você não tem ideia de como é saber que a pessoa que você mais ama pode morrer a qualquer instante!... Ela é minha melhor amiga e não posso perde-la – Ela ajustou a frase quando viu que tinha falado de mais.

– Sim eu sei como é! E você não é a única que ama a Jane! Eu também não posso perde-la, ela pode não dar a mínima pra mim, mas eu não posso deixar que algo aconteça com ela! – Sam gritava de um jeito que fazia Maura sentir que havia feito algo errado.

A loira estava atônita com as palavras do homem, suas pernas enfraqueceram e ela caiu sentada no sofá

– Você ama Jane? – Ela perguntava com a voz fraca.

– Eu não... – Boucher parecia não ter percebido que soltara informações demais – Eu... sim. – Ele suspirou.

– Como assim? ...

– Aconteceu... eu nunca contei a ela porque pensava que havia algo entre vocês, mesmo que com todos dizendo que não havia nada além de amizade.

– O que... Jane disse algo?

– Não precisou, eu sinto que tem algo entre vocês, e não vou atrapalhar.

– Não se preocupe, não há nada entre Jane e eu.

– Você está me dando a carta verde?

– Como? – Perguntou confusa

– Digo, você está dizendo que devo contar para Jane o que sinto.

Maura congelou por um segundo, não poderia dizer que sim, lhe traria muita dor, mas também não poderia dizer não.

– Acho que isso não é tão importante quanto salvar Jane. Olha, vamos fazer o seguinte, você pode vir, mas com uma condição.

– Estou ouvindo.

– Sem escutas, lhe darei o endereço e o horário depois.

– Okay, obrigada mesmo Maura.

– Estou fazendo isso por Jane.

Ela levantou do sofá e saiu do quarto, precisava descansar depois de tanta confusão, e mais que isso, ela encontraria o Tyler na manhã do outro dia, precisaria guardar energias. Maura resolveu andar um pouco pelo parque de Boston, ela andava calmamente, mas seus pensamentos estavam embaralhados e confusos. Parou de andar quando ouviu um assobio, olhou ao redor para descobrir se alguém tentava chamar sua atenção, mas não viu nada, então se pôs a andar novamente. E de novo um assobio, Maura olhou para trás, mas dessa vez viu a silhueta que se escondia no meio das sombras de arvores. Silhueta que conhecia muito bem de outros encontros desavisados, e aparentemente teriam outro. A médica anda até o homem e só para quando fica cara a cara com ele.

– Está cumprindo sua parte do acordo? – Ele perguntou

– Sim, você sabe que sim.

– Jane suspeita de algo?

– Até onde eu sei, não.

– Você sabe o que vai acontecer se você resolver abrir a boca?

– Coisas ruins, sei.

– Ótimo, torça para que ela não saiba de nada. Logo isso tudo vai acabar.

– Como você sabe?

– Eu me garanto. Posso confiar em você? Não vai furar comigo?

– Não vou, pode confiar. Tem certeza que esse é o melhor para ela?

Ele a olhou furioso, aproximou-se de seu rosto e sussurrou olhando em seus olhos.

– Cuidado com as palavras mocinha, elas podem causar problemas pra você... Ou para Jane