– Já está escurecendo. Você deveria voltar para o castelo.

Me virei para ver quem era, apesar de já saber pela voz. Diário, não dá para se esquecer aquela voz após conviver seis anos da sua vida com ela.

– Ah, ta. E você não precisa voltar também, não?

– Não. Eu posso, você não. - Disse Harry, sentando ao meu lado e pegando um pedaço de chocolate. Dei um tapa na mão dele.

– Que horas são? Já está tão tarde assim? - Perguntei, olhando para o sol, que já estava se pondo.

– São seis horas. Mas você sabe, o toque de recolher abaixou para as 20h - o toque era ás 22h. - Depois que o aluno lá desapareceu e tals.

Ano passado, um calouro havia sumido do dia para a noite. Tipo, ninguém conseguiu achar ele. Até hoje. Alguns dizem que ele foi se aventurar na floresta proibida, mas seus amigos falavam que ele nunca foi de ideias malucas, nem nada. Esquisito. Como poderia ter várias hipóteses para isso, os professores sendo professores decidiram que era melhor abaixar o toque de recolher (eu não via sentido nisso).

– Sei. E oque você estava fazendo aqui fora?

– Fui visitar o Hagrid. Mas ele não estava lá. Tem ideia da onde ele possa estar?? - Disse Harry, na vã tentativa de pegar um pedaço do chocolate.

– Não. - Peguei o chocolate da mao dele de novo.

Nós estávamos batendo um no outro, disputando o chocolate, quando um grito vindo dos jardins cortou o silencio da tarde. Mais gritos. Vários alunos saíram da escola correndo. Alguem gritou a palavra "corram!!!!" no meio da multidão. Estudantes corriam para todos os lados. Vi uma figura loira correndo na nossa direção. Supus ser Luna.

Harry e eu nos levantamos imediatamente.

Sobrara apenas um ultimo raio de sol, que iluminava o suficiente para eu achar minha bolsa e guardar lá dentro o resto do chocolate, a bala de cereja intocada e meu livro.

Peguei tudo isso e saí ao encalso de Harry, que já estava correndo na direção de nossa amiga.

– O que aconteceu? - Perguntei ao alcançar os dois.

– Invadiram o castelo. Um grupo de comensais apareceu lá e todos começaram a correr. Fui seguindo a confusão e vi vocês aqui fora. - Disse Luna, apoiando as mãos nos joelhos para recuperar o fôlego.

– E o que a gente faz? - Perguntou Harry.

– Não sei. Foge? Provavelmente eles estão atrás de você, Harry. Precisamos nos esconder. - Respondeu a loira.

– Aonde estão os outros? Viu algum deles? - Mas Luna não teve que responder a minha pergunta, pois vi por cima do ombro dela a figura de Rony, Lilá, Simas, Dino e Gina correndo na direção da floresta proibida.

Harry também os viu, e notei seu olhar preocupado ao ver a figura ruiva da Weasley. Ele hesitou, como se fosse sair correndo atrás dela, mas, parecendo mudar de ideia, voltou ao lugar de antes e olhou para o castelo.

– Não vi ninguém, eu estava na biblioteca quando soube do ataque - disse Luna, finalmente respondendo a minha pergunta.

– Aquele ali não é o Vincent?? - Eu perguntei, cutucando Luna, que se virou rapidamente e saiu atrás do namorado, gritando seu nome.

Mas, infelizmente, Vincent não ouviu e foi correndo direto para a floresta proibida, junto com os outros diversos estudantes.

Virei na direção de Harry, e com um aceno de cabeça corremos na direção de Luna, que já entrava na floresta.

Alguns alunos iam na direção oposta, para se esconder no lago ou sei lá, talvez queiram morrer, pois Diário, não tinha muitos lugares para se esconder em volta de Hogwarts.

Harry e eu já estávamos quase alcançando a abertura que dava para a entrada da floresta, onde estava absolutamente escuro e não dava para ver absolutamente nada, apenas ouvir o barulho dos galhos se partindo e o burburinho dos vários alunos que haviam escolhido aquele lugar para se esconder.

Notei que sobraram poucos alunos atrás de nos, e supus que a maioria já havia saído da escola.

Peguei minha varinha no bolso da minha calça.

– lumus! – uma luz clara iluminou os galhos a minha frente e Harry, que estava ao meu lado.

Desviei dos galhos e, puxando Harry comigo, corri em direção a uma trilha onde se avistava alguns estudantes, que corriam e se empurravam.

No meio da confusão, avistei Luna e corri mais rápido para alcançar seu braço.

– EI! - gritei. - Achou o amor da sua vida??

– Não - disse ela, ofegante.

– Vamos procurar ele. E o resto do pessoal.

**

No final, conseguimos reunir Rony, Lilá, Vincent, Um Garoto Da Corvinal Que Só Luna Conhecia Mais Eu Não Fazia Ideia Do Nome, Neville (que brotou do chão) , Simas, Parvati e Padma, e a Weasley (que, por minha opniao, poderia ter morrido e eu ia achar lindo).

A essa altura, nos estavamos cansados, suados, e perdidos. Eu chutaria que estávamos bem no meio da floresta, que, não sei se você sabe, diário, mas é enorme. Tipo, enorme mesmo. E, depois de andar provavelmente por todo o território dela, não encontramos a porcaria da saída em lugar nenhum. E, por mais estranho que pareça, nenhum comensal apareceu no nosso caminho. o que era suspeito, por que eu tinha quase certeza de que eles atacaram a escolar em busca de Harry.

– Vamos voltar para a escola. - opinou Simas. - Deve ser umas duas horas da manha. O ataque já deve ter acabado.

– Ta, mais para onde é a saída?? - perguntou Padma.

Mas nao demos atenção ao que ela disse, pois um barulho de galhos quebrando a nossa direita e o vulto de um centauro pulou por nossas cabeças sabe lá deus como e aterrisou do outro lado. Era Agouro.

**

– O que voces, humanos, estao fazendo na nossa propriedade?

Começamos a explicar a situação do ataque e o motive de estarmos aqui e o fato de estarmos perdidos. Acrescentamos o fato de que fora Dumbledore que mandara os alunos fugirem para cá.

– Tudo bem. Como voces são apenas filhotes, vou permitir que saiam daqui. Mas dá proxima vez que invadirem a floresta, meu grupo não irá perdoa-los.

E, apontou em uma direção, afirmando ser lá a saida para o castelo, e depois desapareceu na escuridão da floresta.

O grupo foi caminhando como zumbis, tanto era o sono que nós estavamos. Depois de caminhar, tipo, 5 minutos, chegamos a saída da floresta. Era inacreditável o quando era perto de onde estavamos. Palmas para a nossa inteligencia.

Mas, diário, nos deviamos ter ficado na aconchegante floresta, pois no momento em que pisamos fora dela, cinco vassouras desceram o ceu na nossa direção.

Feitiços atingiam a grama aos nossos pés enquanto corriamos desembestados na direção do castelo. Desviei de um feitiço estuporante e me virei para atingir a pessoa que havia quase me atingido e vi a figura de Bellatrix, Lúcio e outros tres comensais descendo das vassouras e começando a nos perseguir correndo.

Neville foi estuporado, e caiu de borco no chão, Parvati e Ron perderam suas varinhas e estavam correndo para o castelo. Luna foi atingida em seguida. Lilá tropeçou e caiu de cara em uma pedra, batendo sua cabeça e ficando imóvel. Tomara que ela tenha morrido. Brincadeira, diário, nao sou tao cruel. Mentira, sou sim.

Harry, eu, Gina, o cara da Corvinal, Luna, Vincent, Simas e Padma ainda estavamos lutando. Mas o objetivo dos comensais nao era Harry. Eles montaram em suas vassouras e nos ultrapassaram, indo parar na frente de Ronald.

– Crucius! - nem percebi qual comensal o atingiu, pois Rony gritou, agonizado, se contorcendo no chão.

Os comensais deram risadas. Corri na direção deles, capaz de dar um crucio em cada um.

– Expelliarmus! - minha varinha saiu voando da minha mão, indo parar 10 metros a minha frente. Continuei correndo até tropeçar em uma pedra que eu sequer ví, pois estava muito escuro. Caí em cima do meu braço, e senti uma forte dor latejante percorrer meu cotovelo e minha cabeça bater no chão.

Sentei, ainda um pouco tonta com a queda e olhei a minha volta. Vi Lúcio apanhar uma pedra no chão e bater com força no canto da cabeça de Rony, fazendo ele desmaiar. Agarrou o Weasley pelo braço e montou-o em sua vassoura.

A ultima coisa que eu lembro é da figura da Lestrange, rindo e decolando em sua vassoura, os outros comensais a seguindo, incluindo o Malfoy com Rony inerte em seus braços, e a Weasley fêmea correr atras deles em vão. Então tudo ficou preto e eu desmaiei, de cansaço, falta de energia, pela batida na pedra ou sei lá mais o que Merlin justifique como motivo.