Visitando O Futuro escrita por Dri Viana


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Essa fic a princípio, seria dividida em cinco capítulos, mas aí depois eu pensei: ''Dane-se!'', vou postá-la inteira mesmo, porque vai ficar melhor.



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‘’Grissom,

Eu não sei bem por onde começar essa pequena carta de despedida. Talvez o certo fosse... Começar te agradecendo por ter me chamado pra trabalhar com você no segundo melhor laboratório do país. Aí, com você e os demais, eu aprendi muito ao longo desses quase quatro anos que trabalhei no laboratório e cresci muitos degraus profissionalmente falando. Serei eternamente grata a você por isso. Mas agora eu preciso seguir outro caminho. Não sou mais capaz de continuar trabalhando ao seu lado e creio que sabe a razão.

Eu te amo já deixei claro isso inúmeras vezes a você, mas você me rejeita e diz que não sabe o que fazer em relação à gente, e creio que não saiba realmente! E por isso mesmo é que eu decidi ir embora. Afastar-me de você vai ser o melhor pra eu parar de sofrer e talvez te esquecer... Pra sempre!

Só desejo o melhor pra você mesmo que tenha me feito sofrer com sua rejeição durante todo o período que passei trabalhando ao seu lado.

Seja feliz, Grissom, porque eu tentarei ser longe de você.

Adeus... Sara!’’

A caminho de sua cena de crime, o supervisor relembrava com riqueza de detalhes pela centésima vez naquela noite, a pequena carta de despedida que sua subordinada havia lhe deixado ontem anexo ao pedido de demissão dela.

Ele quase não acreditou quando no começo do turno, abriu o envelope pardo sobre sua mesa e descobriu dentro dele a demissão de Sara e aquela carta de despedida que ele já havia até memorizado cada palavra dela de tanto que já havia lido em apenas 24h.

A demissão repentina de Sara pegou a todos de surpresa e mais ainda, o supervisor. Ninguém esperava que Sara saísse do nada do laboratório e muito menos, sem dizer nada a nenhum membro da equipe.

_Ela foi embora por minha culpa! – Grissom socou o volante do carro com uma das mãos.

Sentia raiva de si próprio. Seu medo bobo, sua covardia fizeram perder a única mulher por quem ele havia se apaixonado. A única que conseguira vencer o campo até então intransponível na armadura que Grissom tinha posto a sua volta e em volta de seu coração.

Ele a rejeitou todos esses anos e ela acabou se cansando de sua falta de ‘’jeito’’ quando o assunto se resumia a eles, e foi embora. Ele havia perdido-a por culpa dele mesmo. Mas o que podia fazer se seu medo de deixar aquela jovem mulher fazer parte de sua vida era tão grande que o privava de ser feliz com ela?

Ele tinha medo de se envolver com ela por inúmeros motivos. Talvez os principais fossem: dela se cansar dele depois de certo tempo de relacionamento e trocá-lo por alguém mais jovem ou de ser abandonado por ela; e mais ainda... Medo de não ser capaz de fazê-la feliz como ela merecia.

Ela era jovem, na flor de sua maturidade e ele entrando na casa dos cinqüenta. Que futuro poderia lhe oferecer?

Nesse mesmo instante, uma camionete vinda do nada e em alta velocidade, acertou em cheio o carro de Grissom quando o supervisor passava o cruzamento da rodovia 42.

~~~~~&~~~~~

‘Ele abriu os olhos e confuso não entendeu como tinha ido parar naquele quarto desconhecido, sendo que segundos atrás se encontrava em sua denali a caminho de uma cena de crime.

O que estava acontecendo?... Que quarto era aquele?

Grissom sentou-se na cama macia que estava deitado e jogando as pernas pra fora dela, pôs-se a observar com atenção aquele bonito e bem decorado cômodo em que estava pra vê se descobria que quarto era aquele e o que fazia ali, mas nada ele reconheceu naquele lugar.

Foi então que a confusão na cabeça do supervisor ficou maior, quando a porta do quarto abriu um pouco e ele viu surgir pela pequena brecha aberta, um garoto que devia ter uns seis anos de idade. O pequeno sorriu de um jeito bem traquina para Gil.

‘’Puxa que bom que já acordou papai!’’

O menino entrou no quarto feito um raio, correndo em sua direção e jogou-se em seus braços.

Completamente atônito Grissom não conseguia entender um décimo do que acontecia.

Ele tinha um filho?

Desde quando?

E quem era a mãe dessa criança?

Essa ultima pergunta foi rapidamente respondida, causando a maior de todas as confusões na cabeça do supervisor, pois ele viu entrar no quarto ninguém menos que Sara e ela ainda exibia um barrigão enorme.

‘’Aí está você, garotinho danado!... Eu não disse pra não vir acordar o papai, Adam?’’

‘’Sara?’’, Grissom sussurrou quase não acreditando que ela estivesse ali há poucos passos de distância dele.

‘’Mas eu não acordei, ele já tava acordado quando espiei pela porta, mamãe, juro. ’’, o garotinho disse docemente e agarrado ao pai.

Sara não teve coragem de brigar com aquele pingo de gente que era a copia do pai.

‘’Tudo bem, vou acreditar em você, rapazinho. Agora desça pra tomar sua vitamina e depois banho pra sair com seu pai pra comprarem a nossa árvore de Natal. ’’

‘’Eba!!’’

O garotinho largou o pai e saiu correndo do quarto, gritando todo alegre que compraria a árvore de Natal mais bonita que visse na loja.

‘’Esse molequinho não tem jeito. Ele te acordou não foi, amor?... Desculpe, eu me distraí e aí ele se aproveitou disso. ’’

‘’Você está grávida?!’’

‘’Ah, vai dizer que só reparou nesse ‘detalhe’ agora?! Nossa como é o observador o meu marido!’’

Sara comentou em tom de brincadeira enquanto se dirigia até a janela e abria as cortinas.

‘’Marido?? Esse é meu também?’’

A esposa se virou pra ele rapidamente.

‘’E de quem mais seria? Só tenho um marido, você que coincidentemente hoje acordou cheio de gracinhas fazendo esses tipos de perguntas não é?’’

‘’De quanto tempo está grávida?’’

Sara revirou os olhos balançando a cabeça.

‘’Você sempre me pergunta isso não é?!... Estou de quase nove meses da nossa garotinha, amor. Ela é fruto daquela nossa comemoração de sete anos de casados ou já se esqueceu?’’

Sete anos de casados? Como isso era possível?

Aquela situação toda parecia tão surreal!

‘’Qual é o problema, Gris?’’, Sara se preocupou ao notar a expressão de confusão do marido e imediatamente foi até ele, pondo-se diante de Grissom e afagando-lhe os cabelos.

O problema que na verdade não podia ser taxado de problema e sim algo bom, um sonho, que era estar ali diante dela, ouvindo-a chamar-lhe de amor e saber que tinham um filho e que mais um estava a caminho. Isso era bom demais pra ser verdade. Não podia ser real... Não estava acontecendo ou será que estava?

Não!

Sara tinha ido embora ontem por culpa dele que a renegou e rejeitou inúmeras vezes. Como era possível agora ela estar ali diante dele, grávida e eles serem casados há sete anos e ainda já terem outro filho? Isso não fazia muito sentido.

‘’Eu acho que estou sonhando!... Você aqui comigo. ’’

‘’E onde mais eu estaria senhor Grissom, senão ao lado do homem que amo?’’

Ela lhe sorriu daquele jeito tão garota dela, ao qual ele só viu nas vezes em que ela só passava de uma aluna curiosa que ele teve num curso que deu na Universidade de San Francisco, onde se conheceram.

As sobrancelhas dele se arquearam em virtude das ultimas palavras dela. Ela o amava?! Parecia algo inacreditável.

Grissom pôs-se de pé sem tirar os olhos de Sara. Se aquilo era um sonho, ele não queria acordar nunca mais. Viveria preso naquele ‘mundo alternativo’ sem pensar duas vezes.

‘’Que bom que está aqui, Sara!’’

Ela sorriu acariciando seu rosto.

‘’Não há outro lugar onde eu queira estar no mundo que não seja este... Ao seu lado, Gris!’’

Sara aproximou seu rosto do de Grissom e pegando totalmente de surpresa o supervisor, ela o beijo. ’

_Pressão arterial caindo drasticamente e os batimentos também, doutor... Ele está tendo uma parada cardíaca. – A enfermeira informou ao médico.

_Desfibrilador rápido!

A enfermeira prontamente trouxe o aparelho.

O medico deu a primeira carga de 120 watts de choque no paciente e pelo monitor não viu o resultado esperado.

_Vamos lá Grissom. Fique conosco!

Outra carga agora de 150 watts foi dada pelo médico em Grissom e nada. Ele fazia todo o esforço pra não perder seu paciente que também era um velho conhecido seu. Uma terceira tentativa foi feita e com alivio o bom médico viu resultado em seu paciente. Os batimentos de Grissom se elevaram até se estabilizarem.

Na sala de espera, a equipe de Grissom aguardava noticias do amigo/chefe que estava em cirurgia. Nervosos e angustiados nenhum deles ainda conseguia acreditar no que tinha acontecido.

Uma viatura tinha sido a primeira a chegar ao local do acidente do supervisor e um dos policias reconheceu imediatamente Grissom e ligou para Jim que posteriormente ligou a Catherine que ficou em choque com a notícia. E não demorou pra todos os membros da equipe e demais funcionários do laboratório, estarem a par do que tinha acontecido com o supervisor do turno da noite.

A espera e a falta de notícias impacientavam a todos. Queriam saber logo sobre o estado do chefe, mas tiveram que esperar mais um tempo até o médico que cuidava de Gil apareceu na sala onde o grupo estava e uma enxurrada de perguntas foi feita por eles ao médico. Ele os tranqüilizou dizendo que tudo tinha dado certo e que havia conseguido estancar a hemorragia na cabeça do supervisor. Todos se abraçaram aliviados com a notícia.

~~~~~&~~~~~

‘’Papai estou pronto!’’

Ele se virou para o garotinho. Era estranho o fato de ouvir alguém lhe chamar por aquela palavrinha mágica chamada... Papai! Mas Grissom começava a adorar aquilo.

‘’Vamos?!’’

O garoto segurou sua mão e começou a pular feito um cordeiro saltitante, fazendo Grissom sorrir dele. Meio sem jeito, o supervisor pegou o garoto no colo e ficou olhando para o menino. Seu filho era uma coisinha linda e ele já amava aquele garoto como se o conhecesse desde sempre.

‘’ Acho bom irem logo, amor, porque esse mocinho está impaciente. ’’

Grissom desviou o olhar do filho para Sara e assentiu, seguindo a mulher até a garagem da casa onde seu carro se encontrava.

Estendendo a cadeirinha do filho ao marido pra que ele a colocasse no banco de trás do veiculo, Sara pediu a Grissom pra que não demorassem muito pra voltar, pois senão não teriam tempo suficiente pra enfeitar com calma a árvore. E avisou de que a noite eles irão ceiar na casa de Catherine.

‘’Eu vou tentar não demorar tanto!’’, ele falava se enrolando todo pra ajeitar a cadeirinha no banco de sua camionete. ‘’Droga!’’

‘’ Deixa que eu ajeito isso pra você. ’’

Sara afastou o marido um pouco pra posicionar a cadeirinha que o marido não acertava colocar direito.

‘’ Um dia você aprende a colocá-la, não é doutor Grissom?’’

Ele viu-a ajeitar com facilidade e praticidade a cadeirinha.

‘’Entre, Adam. ’’

O menino obedientemente fez o que sua mãe pediu.

‘’ Gil, por favor, querido, tente não ceder às vontades do nosso filho e trazer uma árvore enorme como a do ano passado que quase não coube na sala por conta da altura da árvore. Pode ser?‘’

Ele assentiu abobalhadamente e ganhou um selinho da esposa.

‘’Agora vão! Comporte-se com o papai, Adam. ’’

‘’Hãham!’’

(...)

‘’Puxa, olha aquela árvore papai, que gigantona! ‘’

Adam apontava embasbacado para o enorme pinheiro que era um dos maiores ali da loja.

‘’É mesmo!’’

‘’Vamos levar essa?’’

‘’A Sara... Ou melhor, sua mãe disse pra não comprarmos uma árvore tão grande. ’’

‘’Gil... Adam?’’

‘’Tio Greggo!!’’

O garoto correu até o tio que o pegando no colo, o jogou pra cima três vezes como seu sobrinho adorava que fizessem com ele.

‘’E aí, chefe! Escolhendo a árvore desse ano?’’

‘’Sim. ’’

Grissom olhava com surpresa pra Greg que estava diferente fisicamente. Ele estava mais forte, encorpado. Os cabelos sempre arrepiados de seu subordinado mais novo, agora estavam comportadamente penteados, e se não bastasse isso, Greg ainda exibia uma barba, tirando dele o ar de garoto.

‘’Tio Greggo, você vai à festa na casa da tia Cath?’’

‘’Mas é claro que vou, meu garotão. E Sara como está, Gil?’’

‘’Muito bem!’’, o supervisor respondeu meio aéreo.

‘’Sabe que agora estou sentindo na pele o que você passou com Sara logo nos primeiros meses das duas vezes em que ela ficou grávida, quando ela tinha aqueles desejos malucos. Minha mulher só falta me deixar louco com os desejos dela. ’’

‘’Você se casou e vai ser pai?’’

Aquilo era uma baita surpresa. Um susto, na verdade, porque jamais imaginou que ele fosse se tornar um pai de família já que aquilo não condizia muito com o estilo garotão de seu subordinado.

‘’Como se você não soubesse disso antes!’’

‘’Senhor sua árvore já está pronta pra levá-la. ‘’

Um rapaz veio avisar Greg.

‘’Ah sim, obrigado já estou indo pegá-la!... Bom, preciso ir agora. ’’

Greg anunciou colocando Adam no chão. Ele despediu-se do sobrinho e depois de Grissom.

‘’Nos vemos a noite na casa da Cath, chefe!’’, Greg disse apertando a mão de Grissom e depois partindo, deixando o supervisor com o filho.

Essa parte só pode ser um delírio meu, pensou o supervisor observando o subordinado ir embora.

Greg um pai de família?? Era algo que ele jamais imaginou ver!

Quando Grissom retornou a sua casa no fim da tarde, exibia um sorriso tímido ao imaginar a reação de Sara quando visse aquela árvore enorme que tinha comprado. Ele não conseguiu resistir ao pedido do filho e acabou cedendo a vontade do garoto em ter aquela árvore ‘gigantona’.

‘’Mamãe, vem ver a árvore grandona e linda que compramos. ’’, Adam gritou saindo do carro.

A morena apareceu na varanda de casa e olhando de forma divertida para o marido, veio descendo com cuidado os três lances de escadas da varanda, parando diante de Grissom.

‘’Eu já podia imaginar que ele te dobraria mais uma vez não é doutor Grissom?’’

O supervisor apertou os lábios pra não rir dela que agora tentava se fingir de séria pra ele.

‘’Que posso fazer se ele tem um enorme poder de convencimento?!’’, Grissom deu de ombros e sorriu timidamente, arrancando de Sara um sorriso.

Um tempo depois a família admirava a árvore que estava toda decorada por eles.

‘’Ficou linda!’’

Grissom olhou enternecidamente para Sara que olhava para a árvore deles. Ele não se cabia de felicidade por estar ali ao seu lado, tendo uma vida com ela e vendo-a feliz como jamais imaginou que fosse vê-la.

Ela era sua mulher e estava com ele há sete anos. Não se cansou dele e nem o abandou como seus medos o faziam imaginar que ela fosse fazer um dia. Ela estava ali com ele, lhe proporcionando uma família e uma vida de sonhos. ’

~~~~~&~~~~~~

Catherine observava seu amigo deitado a sono profundo naquela cama de hospital. Já fazia três dias, que o acidente de Grissom tinha acontecido e curiosamente, ele continuava naquele ‘sono’ e não despertava, mesmo após os efeitos dos anestésicos terem passado, ele ainda permanecia como que em coma, o que causava estranheza nos médicos.

Enquanto ele se encontrava naquele hospital, sua melhor amiga não saiu dali pra nada e desde ontem era sua acompanhante no quarto. Ela pedia e implorava pra que ele despertasse logo, mas por alguma razão isso ainda não havia acontecido.

_Vamos, meu amigo, acorde! De onde quer que esteja volte pra gente!

‘Com Sara e Adam ao seu lado, Grissom tocou a campainha da casa de Catherine que não era mais no endereço que ele conhecia até... Ontem!

‘’Oi!Até que enfim chegaram!’’, Catherine cumprimentou os amigos e o sobrinho cada com um abraço logo após ter aberto a porta pra eles.

‘’Desculpe Cath, a culpa foi minha. Está cada vez mais complicado se vestir quando se tem esse barrigão. ‘’

‘’Sei como é isso. Mas entrem. Todos já chegaram só faltavam vocês. ’’

Na espaçosa sala, Grissom viu todos os amigos reunidos e mais algumas outras pessoas do laboratório inclusive, Ecklie, e algumas outras que ele não reconhecia. Mas a maioria ali era de rostos conhecidos, porem um pouco mais envelhecidos pelo tempo que se passou.

‘’Se vocês demorassem mais um pouco, eu teria que ir atrás de vocês a mando da Cath. Ela já estava impaciente com a demora. ’’

‘’Sua mulher é a impaciência em pessoa, cara!’’

Grissom quase cuspiu o frisante que bebia ao escutar essas palavras de Nick.

‘’Mulher?? Você e Catherine estão juntos?... Que surpresa!’’

Quando que ele ia imaginar algo assim!

Warrick e Nick se olharam e depois olharam confusos para o chefe.

‘’Surpresa, cara? Cath e eu estamos casados há três anos. Você foi o padrinho do casamento. Não lembra? ’’

‘’Oh... Lembro claro!’’, Grissom mentiu. Era obvio que não lembrava. Nada daquilo ali fazia sentindo algum, mas pouco importava. Ele estava feliz por estar onde estava com as pessoas que amava, principalmente, com Sara e o filho que descobriu ter tido com ela.

(...)

Sozinho no jardim da casa, olhando o céu estrelado daquela noite, Grissom repassava mentalmente aquele dia cheio de surpresas agradáveis que o cercou.

Ali ele tinha a vida que sempre sonhou, mas que achava ser impossível de ter. Uma vida feliz ao lado de Sara, onde ele era um marido e um pai amado por sua esposa e seu adorável filho, e não um homem solitário, cheio de medos e que por causa desses mesmos medos... Perdeu a mulher que agora estava ao seu lado!

‘’É a melhor vida que você podia imaginar pra si não é Gil?’’

Ele olhou para o seu lado direito e se assustou ao dar de cara com sua mãe postada ao seu lado.

‘’Mãe??’’

‘’Olá, meu filho!’’

‘’Como é possível que esteja aqui? Você está morta!’’

‘’Querido, existem coisas que não ser explicam! Essa é uma delas. ’’

Ele olhava desconfiado pra figura de sua mãe que já havia falecido há quase dez anos, nas suas contas até ontem.

‘’Mas me diga, essa é ou não é a melhor vida que você podia imaginar pra si?’’

O olhar dele se desviou da mãe e voltou-se para o céu. E foi com um sorriso escapando de seus lábios que Grissom disse que sim a mulher ao seu lado.

‘’Eu te trouxe aqui, filho. Queria que visse o quão sua vida pode ser diferente da vida solitária que vem levando. ’’

‘’Por acaso isso é alguma espécie de viagem no tempo?’’, ele a indagou mantendo seu olhar no céu.

‘’Exatamente! Essa é uma viagem ao futuro... Seu futuro! Um futuro que só será possível se você fizer algo que já devia ter feito há tempos. ’’

‘’E o que seria isso que eu já devia ter feito?’’

‘’Com quem está falando velho amigo?’’

Grissom virou-se e encontrou seu amigo capitão atrás de si.

‘’Ah, com... ’’, ele parou de falar ao ver que sua mãe não estava mais ali ao seu lado. Ela havia desaparecido da mesma forma como surgiu... Do nada!

‘’Com...?’’

‘’Comigo mesmo, Jim!’’

O capitão sorriu daquele jeito sarcástico típico dele e caminhando alguns poucos passos, postou-se ao lado do amigo.

‘’E posso saber o que falava?’’

‘’Da vida que tenho ao lado da Sara. Eu tenho com ela muito mais do que imaginei que pudesse ter um dia, Jim. ’’

‘’Você só tem o que merece meu amigo. Uma esposa linda que te ama. Um filho esperto e ainda tem uma garotinha a caminho. ’’

O sorriso de Grissom se alargou com aquilo.

‘’Eu tenho uma família e ainda custo a crer nisso. ’’

‘’Pois não devia!’’

‘’Sara e eu. Como isso foi possível?’’

‘’Sendo, ora! Você deixou de ser cabeça dura e correu atrás da sua felicidade. Precisou quase morrer naquele acidente há quase oito anos, pra tomar uma atitude e seguir seu coração ao invés de continuar dando ouvidos aos seus medos tolos. ’’

Grissom olhou espantado para Jim. Ia perguntar como ele sabia de seus medos e também sobre esse acidente que ele mencionara, mas não teve tempo pra isso, pois Greg apareceu onde os dois homens estavam e avisou ao supervisor pra correr a sala, porque a bolsa de Sara tinha estourado e a filha deles ia nascer.

(...)

‘’Ela é perfeita, Sara!’’, Grissom comentou emocionado enquanto admirava a filha nos braços da esposa.

‘’E linda!’’

‘’Que belo presente de Natal você me deu. Obrigado!’’

Ele olhou pra Sara e sorrindo, acariciou seu rosto.

‘’Eu amo você, Sara!’’

‘’Eu também amo você, Gris. ’’

Um tempo depois, Grissom que velava o sono de Sara, sentiu uma mão pousar em seu ombro. Virando um pouco rosto, ele viu que novamente era sua mãe.

‘’Agora você precisa voltar para o presente, filho e fazer o que deve ser feito lá pra que tudo isso que viveu hoje seja possível daqui a uns anos. ’’

‘’E o que eu tenho que fazer lá?’’

‘’Será mesmo que preciso dizer, Gil. ’’

Beth olhou pra frente e Grissom seguiu o olhar dela que pousava na figura de Sara adormecida e aí o supervisor se deu conta do que precisava fazer.

‘’Eu tenho que ir atrás dela...! Só que ela foi embora e eu não faço idéia de onde esteja. ’’

As mãos de sua mãe envolveram as dele e sorrindo, Beth lhe deu uma pequena ‘dica’ do paradeiro de Sara.

‘’Ela está onde o seu caminho cruzou com o dela pela primeira. ’’

‘’San Francisco!!’’, sorrindo ele murmurou.

‘’Agora vai em frente e sem medo, filho!’’

~~~~~&~~~~~

Uma semana depois...

_Tudo isso é pressa pra ir embora do hospital? – Jim brincou ao entrar no quarto do amigo e encontrá-lo pronto pra pegar sua alta e sair daquele hospital ao qual já estava internado há dias.

_Pode apostar que é! Já passei tempo demais aqui.

Seu amigo sorriu e depois resolveu contar ao supervisor algo que tinha certeza que o deixaria mais animado e agitado.

_Gil, enfim consegui o que me pediu. – O capitão tirou um papel de dentro do bolso de seu blazer e estendeu-o a Grissom que pegou afoitamente de sua mão. _Meu contato em San Francisco conseguiu encontrar Sara e aí está o endereço dela. Ela tá morando com a mãe.

O supervisor mal podia acreditar que seu velho amigo tinha mesmo conseguido aquilo. Como não podia procurar ele mesmo o paradeiro de Sara, porque estava internado naquele hospital, Grissom acabou pedindo a Jim que procurasse a morena pra ele. Mas pra isso, contou ao capitão sobre seus sentimentos pela subordinada morena e também seus medos que agora ele já não tinha mais.

Foi com surpresa que Grissom escutou do amigo ao final de seu relato, que ele já sabia do seu amor por Sara. O supervisor estupefato indagou Brass sobre como ele sabia daquilo. Sorrindo, o capitão confessou que isso estava estampado na cara do amigo, só um cego não veria que ele era apaixonado pela morena.

_Obrigado, Jim. Hoje mesmo vou atrás dela.

_Opa, espera aí amigo! Não acho uma boa idéia fazer isso tão rapidamente. Você ainda está se recuperando de um acidente que sofreu recentemente. Não seria melhor esperar uns dias mais pra viajar até ela?

_Não quero esperar mais nenhum dia pra ir atrás dela. Preciso ir hoje mesmo atrás da minha felicidade, meu futuro, Jim.

O capitão deixou que um pequeno sorriso escapasse. Sabia que não o convenceria do contrario já que parecia tão decidido.

_Tudo bem então, mas vou com você nessa viagem, porque sozinho você não vai.

_Desde quando preciso de baba?

_Você ainda não está bem o suficiente pra viajar, muito menos sozinho. Ou eu vou junto ou nada feito. E ainda conto para o medico suas intenções de viajar hoje e sozinho. E aí, qual vai ser?

_Chantagista!

~~~~~&~~~~~

Como não deu pra viajar no mesmo dia como Grissom queria o que causou insatisfação no supervisor, ele e Jim só embarcaram no dia seguinte para San Francisco, num vôo tranqüilo e rápido.

_Tem certeza que essa é a casa dela, Jim?

Da janela do taxi parado, Grissom observava a casa de fachada amarela localizada do outro lado da rua, a qual Brass lhe assegurara segundos atrás tratar-se da casa onde Sara morava atualmente.

_Acha que eu te traria no endereço errado?

_Não, me desculpe. Estou nervoso.

Poucos instantes e poucos passos o privavam de estar diante de Sara. Desejava tão avidamente encontrá-la pra lhe falar sobre seus sentimentos que veio do aeroporto direto para o endereço onde a mulher que amava vivia agora. Ele não quis nem ir primeiro ao hotel pra deixar sua pequena bagagem que havia trazido, preferiu vir logo pra encontrar Sara.

Precisava resolver aquela situação toda entre eles. Durante todo o período que passou internado no hospital, não teve um dia que fosse que ele não ansiasse por esse momento desde que acordara daquela sua ida ao futuro.

_Eu vou para o hotel que reservei pra gente. Espero que dê tudo certo e você se entenda com ela.

Se despedindo do amigo, o supervisor desceu do taxi e atravessando a rua, seguiu em direção a casa onde Sara morava.

Com a mão tremula de nervoso e o coração batendo acelerado, Grissom tocou a campainha com uma das mãos que se encontrava livre. A outra estava imobilizada assim como todo seu braço direito.

Não tardou nada e a porta era aberta por uma mulher que o supervisor deduziu ser a mãe de sua subordina já que tinha os mesmo traços de Sara.

_Olá!

_Olá!... Gostaria de falar com a Sara. Ela se encontra?

_Sim, ela se encontra. Mas o senhor é quem? – Laura olhava com certa desconfiança o homem a sua frente.

_Sou Gil Grissom.

_O chefe da Sara. – Laura afirmou com tanta certeza que surpreendeu Grissom. Mas é que sua filha já havia lhe contato sobre certo Gil Grissom, seu chefe por quem ela havia se apaixonado e agora tentava esquecer para quem sabe parar de sofrer.

_Ex-chefe, na verdade.

_Claro!... Sou Laura, a mãe da Sara.

A mulher estendeu a mão a Grissom pra cumprimentá-lo e após trocarem um aperto de mãos, Laura o convidou a entrar.

_Sei que isso não é da minha conta, mas... O que quer falar com a minha filha?

Esperava que fosse algo importante e/ou relevante ou do contrario, estava disposta a não deixar aquele homem falar com Sara.

_Bem... Eu... Preciso muito... Dizer a ela uma coisa que eu já devia ter dito há muito tempo, mas que... Por causa de uns medos tolos nunca tive coragem de lhe dizer. Por favor, diga a ela que estou aquilo é muito importante.

A mãe de Sara ficou encarando Grissom por alguns segundos após ele ter terminado de falar. Ela podia sentir franqueza em suas palavras e verdade em seu olhar.

_Vou chamá-la. Fique a vontade.

Ele assentiu, sentando no sofá apontado por Laura. Depois viu a mulher se dirigir as escadas e logo depois, ela sumiu andar acima.

Inquieto e nervoso, o supervisor levantou-se do sofá segundos após ter sentado nele e pôs-se a andar de um lado para o outro naquela sala. Os minutos foram passando e nada de Sara aparecer. Será que ela não viria?... Estaria em seu direito e total razão se não quisesse vê-lo depois de tê-la magoado por anos com sua covardia e medo. Só que ele não desistiria dela. Se ela não aceitasse vê-lo hoje, amanha ele voltaria... Depois de amanhã também... E depois também, até que ela aceitasse vê-lo. Insistiria e não cansaria, pois ela era sua felicidade, a pessoa com quem estava destinado a ter um futuro maravilhoso.

_Grissom??

Ele se virou no mesmo instante em que ouviu o doce som da voz dela, chamando seu nome.

_Oi!!

_O que aconteceu com você, Grissom?

Sara se assustou um pouco ao vê-lo com o braço imobilizado e o rosto com algumas cicatrizes, decorrentes do acidente que ele sofrera recentemente.

_Um acidente, mas já estou bem, não se preocupe. – Ele tratou de tranqüilizá-la assim que ela lhe indagou.

Ela se limitou a apenas assentir olhando-o ainda assustada por conta de seus machucados e também em virtude de sua presença ali. Quando sua mãe lhe disse que seu ex-chefe estava na sala querendo falar com ela, Sara levou um tremendo susto tanto que custou a acreditar nisso e demorou a vir à sala. Só veio após muita insistência de sua mãe, porque do contrario, talvez não tivesse vindo.

Diante dela foi impossível Grissom não relembrar daquele futuro ao qual ele tinha tido a chance de vivenciar por um dia. Tudo lá parecia um sonho ao qual ele estava disposto a tornar real.

Não mais se privaria ou privaria a mulher que amava de serem felizes juntos e construírem a família deles.

_Eu já estava achando que você não viria me atender. – Ele confessou após ambos ficarem se encarando no mais puro silencio.

_Como me encontrou?

A pergunta dela saiu num sopro de voz.

_Jim me ajudou. Ele contatou um amigo aqui na cidade e esse conseguiu te encontrar. Não sei como esse sujeito conseguiu isso e também não me importa. O importante era ele te encontrar e ele fez isso pra mim.

Grissom deu um passo pra se aproximar mais de Sara, mas viu-a recuar também um passo, evitando sua aproximação dela.

_E por que queria me encontrar?

Novamente sua voz saiu baixa quase num sopro e dessa vez, tremula de nervoso.

Não havia razão alguma pra ele estar ali.

Só que Grissom tinha sim uma razão pra estar ali e diria a Sara.

_Sara... Eu quero te pedir desculpas por ter te causado tanto sofrimento...

_Grissom...

_Por favor, me escute, eu preciso que me escute. Depois você pode dizer o que quiser ou me mandar embora se assim for sua vontade. – Ela assentiu quase que imperceptivelmente. _Por medo e minha total falta de jeito eu fui um completo idiota com você e te fiz sofre todo esse tempo em que esteve trabalhando comigo!... Lembra da vez que eu te disse que não sabia o que fazer em relação a nós?

Sara apenas assentiu com tristeza. Jamais esqueceria isso. Esse fato foi o ponta pé pra que ela começasse a cogitar a idéia de ir embora, por ver que isso era a melhor solução pra esquecer seu chefe e parar de sofrer por ele que não a queria.

_Realmente, eu não sabia o que fazer, mas agora, depois de ter tido uma experiência onde eu pude ver que os meus maiores medos não tinham fundamento algum, eu... Já sei o que fazer, tanto que estou aqui.

Ele fez uma breve pausa pra tomar um pouco de ar e arriscou uma nova aproximação de Sara, dando um passo na direção dela. Dessa vez, a morena não recusou como fizera anteriormente pra evitar sua aproximação e isso um alivio pra Grissom.

Agora ele precisava dizer o mais importante de tudo e o que sempre omitiu dela ao longe desse tempo, seus sentimentos.

Não havia mais medo pra inibi-lo a não dizer o que havia em seu coração. Agora só havia a vontade de expor aquele sentimento a pessoa que ele amava mais que a si mesmo e ser feliz com ela.

_Sara... Todo esse tempo eu te dei a entender que não havia reciprocidade ao que você sentia por mim, mas a verdade é que há. Eu amo você!... E não há nada que eu queira mais nesse mundo do que ficar ao seu lado pra sempre! Partilhar cada minuto e cada dia da minha vida com você, daqui pra frente. Você me daria essa chance?

Ela ficou estática com aquela enxurrada de palavras dele. Não conseguindo responder a pergunta de Grissom, Sara começou a chorar, escondendo o rosto com as mãos. Por anos desejou ouvir dele as coisas que acabara de ouvir. Já tinha desistido dele tanto que havia partido de Las Vegas na tentativa de esquecê-lo e esquecer aquele sentimento que nutria por ele e que achava ser algo unilateral. Mas aí, ele vem atrás dela, algo que ela jamais imaginou acontecer e lhe expõem sentimentos que ela pensava, ou melhor, jurava que não existissem da parte dele. O que era aquilo? Alguma espécie de sonho maluco?

Grissom não esperava aquela reação dela. Tanto que levou alguns segundos pra ele reagir e tomar a atitude de puxá-la delicadamente pra perto de si e abraçá-la com apenas um dos braços, na tentativa de lhe acalmar. Ele estava apavorado com a hipótese de ela lhe dizer não, de lhe rejeitar como ele havia feito algumas vezes com ela.

_Sara, por favor, me diga que não é tarde demais. Eu não sei e nem quero mais ficar sem você um dia sequer!

_Por que... Essa brincadeira comigo, Grissom? – Ela tinha o rosto escondido em seu peito e ainda chorando. _Pra que eu volte para o laboratório é isso?

_Não é brincadeira, Sara, eu juro pra você que eu te amo!... Quero estar com você pra sempre. Te fazer feliz. Me dei essa chance ou você não me quer mais?

A espera pela resposta dela foi angustiante. Foram segundos que mais pareceram horas até que ele a viu levantar a cabeça pra encará-lo. As lagrimas ainda escorriam por seu rosto e Grissom tratou de enxugá-las delicadamente. Daria tudo pra não tê-la feito sofrer tanto todos esses anos. E daria tudo pra ouvir um sim dela agora.

_Eu sempre quis você do meu lado.

_Quis?... Não quer mais?

_Eu continuo querendo, mesmo não devendo depois de tudo o que passei. Você me magoou diversas vezes, Grissom.

_Eu sei. E estou disposto a mudar isso se você me deixar.

Sem dizer nada, ela tocou seu rosto como tantas vezes desejara fazer e em resposta, ele fechou os olhos. O toque não podia ser melhor e mais agradável.

_Não é tarde ainda é?

_Não!

Oito anos depois...

Lá estava ele acomodado na poltrona de um quarto de hospital, observando sua linda esposa que tinha dado à luz a garotinha deles, na noite de Natal. Ele sorriu recordando-se que tudo tinha acontecido exatamente igual a como ele teve a chance de ver anos atrás naquela experiência de visitar o futuro, a qual ele não esquecera jamais.

#FIM!#


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Notas finais do capítulo

Um enorme beijo a todos.



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