Miles Apart escrita por rutepim


Capítulo 9
Island in the Sun


Notas iniciais do capítulo

...



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/61411/chapter/9

(Pim / Algures no meio do Oceano Atlântico / 25 de Junho de 2006 / Terça-Feira / 10:56H)

Deparei-me com uma paisagem que nunca vira antes. A mais maravilhosa. Era uma ilha, onde as suas cores conseguiam formar uma boa parte do arco-íris. O azul claro do brilhante mar estendido ao nosso lado, o amarelo vivo da quente areia aos nossos pés, os mais variados verdes das grandes árvores que se estendiam ao longo de toda a ilha e, nessas mesmas árvores ainda conseguia ver vermelhos vivos, rosas clarinhos, roxos, laranjas e até o branco. Era uma visão linda, contada apenas conseguiria acreditar se a visse assim a minha frente, como agora estava.

Somente consegui abrir a boca na tentativa de poder elogiar toda aquela beleza, mas tudo aquilo que saiu foram uns grunhidos estranhos que eu própria não reconheci. Não haviam palavras sequer para poder descrever tudo aquilo que eu estava a ver.

Fechei os olhos, no intuito de poder respirar o ar puro. Sim, até o ar era especial. Sem fumos, sem poluição. Era saudável.

Por momentos deixei-me ficar a levar com a leva brisa do mar na cara e, a interiorizar tudo aquilo que existia à minha volta.

É lindo! – Ouvi o Bill dizer a meu lado, num tom de voz bastante suave e meigo.
Hm hm. – Tentei me exprimir, abrindo os olhos e olhando-o.

Mas o silêncio continuo a reinar, apenas se conseguia ouvir o embater das ondas e o estômago do Bill a roncar… a roncar? Olhei-o nos olhos fazendo-o encolher os ombros. Ri-me com aquela sua atitude.

Pois, a fome já aperta. – Pronunciou, batendo com as finas mãos na sua barriga completamente lisa.
Sim, podemos ver se à alguma coisa no jacto para comer. Mas… – olhei à minha volta – Bill. – Inquiri, bastante concentrada no mar ao nosso lado.
Diz – respondeu, olhando para mim desconfiado.
E que tal um banho antes do grande banquete? – Perguntei-lhe ao mesmo tempo que esboçava um grande sorriso.
Sim, um banho será muito bem-vindo! – Respondeu, já começando a tirar toda a sua roupa. Mas só quando ela já estava apenas de boxeurs é que me apercebi que estava a olhar fixamente para o seu corpo. – Não vens? – Perguntou-me.
Ah… sim… vou. – Respondi-lhe atrapalhadamente, começando também a tirar todas as minhas roupas, até ficar apenas de soutien e cuecas. – E que tal uma corrida? – Propus e, logo de seguida comecei a correr até ao mar.

***

Bill? – Chamei por ele, já tínhamos ido ao banho e agora encontrávamo-nos deitados na areia a olhar para o céu.
Sim. – Respondeu-me, continuando a fitar a céu azul.
Sabes? Nós estamos numa ilha com três mortos – fiz uma pausa para assimilar aquilo – Bill nós podemos nunca ser salvos. – Disse, começando a entrar em choque. – Eu tenho medo. – Continuei, mas a ultima parte quase murmurei.
Não tivesses vindo… – disse, fitando-me.
E tu és um pouco estúpido não és? – Perguntei retoricamente.
E tu és um pouco pita não és? – Perguntou da mesma forma.
Vai à merda! – Gritei-lhe furiosa, enquanto me levantava da areia.

Queria ir procurar no jacto se haveria alguma forma de contactar com alguém, pois eu não podia estar perdida no meio do oceano Atlântico com um Bill Kaulitz armado em diva. Simplesmente não podia.

Entrei para o jacto e ainda consegui ouvir otária, mas nem liguei. Percorri aquele pequeno espaço todo destruído à procura do meu telemóvel, mas quando o encontrei restava apenas pedaços do telemóvel todo destruído. Encontrei também o do Bill, mas este aparentava também estar tão destruído com o meu.

Corri até à cabine de comando do jacto, na esperança de lá ter um rádio com que pudesse comunicar com alguma central de controlo. Mas o que apenas vi foi um rádio completamente destruído e dois cadáveres.

AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH!

Gritei ao mesmo tempo que me atirava para o chão e que grossas lágrimas me caíam pelo rosto. O piloto e o co-piloto tinham pequenos vidros espetados por todo o corpo e, os seus olhos ainda estavam abertos.

Eu continuava ali, a olhar para aqueles dois corpos sem vida e cobertos de sangue. Não conseguia parar as lágrimas e, a estas já se tinham juntado tremores. O meu corpo estava bloqueado, para além dos tremores nada em mim parecia mexer.

Ouvi um barulho proveniente de lá fora, mas nem consegui virar a cara para ver o que poderia ser, continuava absorvida por aqueles dois rostos sem vida e, que ainda ontem eu tinha visto que estavam perfeitamente normal.

Anda. – Disse o Bill, com um tom calmo patente na voz, pegando-me nos braços e começando a arrastar-me dali.

Sem nada que lhe conseguisse dizer, devido aos tremores e ao medo ele levou-me lá para fora e sentou-me na areia quente. Quando a senti por baixo de mim, cai de costas voluntariamente sobre ela, com o choque ainda bastante presente dentro de mim.

Ficamos ali durante algum tempo, apenas observando o céu e o sol.

Quando dei por mim já estava bastante embrenhada nos meus pensamentos. Pensava sobretudo na minha família, nos meus amigos e … no Pedro. O meu namorado. Nunca me havia despedido deles decentemente. Sempre demasiado ocupada a pensar na vida social e, não conseguira despedir-me de nenhum deles. E é claro que a saudade apoderou se rapidamente de mim. A saudade de todos aqueles momentos que eu nunca havia de esquecer. A saudade daqueles momentos que eu provavelmente não iria repetir.

O que se passa? – Perguntou-me o Bill, acordando-me do transe em que me encontrava e fazendo-me ver que estava a chorar.
Tenho saudades. – Respondi sinceramente, limpando as lágrimas que se formavam nos meus olhos.

Virou-se todo para mim e olhou-me nos olhos.

Eu também já tenho saudades do Tom. – Deixou-se cair novamente para trás, largando um suspiro. Ele estava calmo e, eu não percebia como é que o conseguia.
Bill, nós estamos aqui perdidos… – Disse enquanto me sentava e, apontava para a imensidão de árvores atrás de nós –, como é que consegues estar tão calmo?
Algum de nós tem de estar. – Respondeu, sorrindo-me.
Obrigado. – Agradeci, sorrindo também.
Pelo o que? – Ele levantou-se e, aproximou-se bastante de mim. Ficando com a sua cara a poucos cm da minha.
Não sei, por… – fiz uma pausa, pois a minha respiração começava agora a acelerar e o meu cérebro estava bloqueado, esquecendo-me completamente do que ia dizer. Culpa da proximidade com que ambos estávamos.
Por? – Perguntou sorrindo e, aproximando-se ainda mais. Calculei que se ele se aproximasse mais algo de errado iria acontecer.
Não me lembro. – Respondi-lhe confusa, sem saber muito bem o que estava a dizer. Viu-o sorrir e, sem saber como depositou um suave beijo no canto da minha boca. Quando parecia que já se estava a encaminhar para os meus lábios eu travei-o com uma pergunta – O que é que estás a fazer?
Adoro ver-te falhar as palavras. – Sorriu e deu-me um rápido beijo nos lábios, ao qual eu respondi com uma chapada. Ele rapidamente afastou-se de mim e, olhou-me furioso – Então? – Gritou, levando a mão à parte vermelha da sua cara.
Adoro ver te furioso! – Respondi-lhe num tom seco e falso, enquanto me levantava.
Tu não passas mesmo de uma pita! – Bufou furioso.
AAAH. – Gritei completamente frustrada, saltando na areia. Só depois de muitos gritos e pontapés na areia é que me virei para ir me embora, para longe dele.
Agora onde é que vais? – Ouvi ele gritar.
Para longe de ti, seu anormal! – Gritei-lhe de volta.

Comecei a correr pela vasta floresta, sem qualquer intenção de parar. Não estava triste, como antes já havia ficado pelas ofensas, mas corri para fazer com que toda a frustração que existia agora dentro de mim, pudesse desaparecer.

Corri e continuei a correr sem medo de me perder. Não queria pensar, não queria relembrar, não queria nada. Queria apenas correr.

Ás tantas o cansaço começava a dar sinais e, os meus passos começavam a abrandar. Quando dei por mim estava caída no chão a respirar ofegantemente e, quando já parecia que a minha respiração voltara ao normal levantei-me. Má escolha! Caí no chão sem forças e sem sentidos.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Acho que vou começar a postar só quando tiver reviews...



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Miles Apart" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.